Notícias 23º SBSA
Controle de Salmonella e eficiência no processo produtivo de frangos
Professor Eduardo Cesar Tondo e médica veterinária Liris Kindlein palestraram nesta quarta-feira (5) no Simpósio Brasil Sul de Avicultura.

Algumas das principais e mais modernas ferramentas de segurança de alimentos da atualidade foram apresentadas na manhã desta quarta-feira (5) na primeira palestra da programação científica do 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA). O professor titular do Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos (ICTA/UFRGS), Eduardo Cesar Tondo, explanou sobre “Utilização prática da microbiologia preditiva e avaliação de risco em abatedouros de frango: estratégias para o controle de Salmonella”, no Bloco Abatedouro.
Tondo iniciou sua explanação ressaltando que o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo e o segundo maior produtor. A maior parte (68%) da produção brasileira abastece o mercado interno. Frisou que a Salmonella é um dos mais importantes patógenos alimentares do mundo, sendo responsável por 11,2% das Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) registradas no Brasil. “A Salmonella é o principal causador de surto no mundo e está, principalmente, envolvida com a carne frango. O Brasil tem uma das menores prevalências do mundo, mas ainda assim tem que controlar”, salientou.
Para fazer o trabalho de controle e contribuir com a segurança da carne de frango, são utilizadas a microbiologia preditiva e a avaliação de risco. A microbiologia preditiva é uma área da microbiologia de alimentos que utiliza modelos matemáticos alimentados por experimentos microbiológicos simples para prever o comportamento de microrganismos nos alimentos. Teve grande desenvolvimento nas últimas três décadas e pode apoiar a tomada de decisão em indústrias de alimentos e órgãos de regulação.
A temperatura certa garante a ausência de multiplicação de patógenos e, em sua explanação, Tondo falou da modelagem do crescimento da Salmonella. “Avaliamos as condições num frigorífico, conhecendo quanto a Salmonella cresce e se desenvolve na carne de frango e, de acordo com o tempo e a temperatura, calculamos até onde ela pode crescer. Então, usamos os cálculos feitos através da microbiologia preditiva e da modelagem matemática para planejar estratégias para controle, que pode ser feito com uma lavagem de carcaças com água, uso de um pouco de cloro no chiller que é permitido e também pode ser com tratamento térmico na casa do consumidor, pois cozinhar bem a carne mata a Salmonella”, explicou o palestrante.
Controle de condenas
A médica veterinária Liris Kindlein, doutora em Ciência Animal e Pastagens e pós-doutora em Ciência Animal-Zootecnia, trouxe aos congressistas do SBSA uma atualização da Portaria SDA Nº 736, de 29 de dezembro de 2022, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). A legislação moderniza o Sistema de Inspeção Federal (SIF) e aprova os procedimentos para a adesão dos abatedouros frigoríficos registrados no MAPA ao Sistema de Inspeção com Base em Risco aplicável aos frangos de corte.
Com o tema “Autocontrole x Condenas – teoria e prática”, Liris também mostrou a prática de experiências para viabilizar que as empresas consigam implementar e aderir ao Sistema de Inspeção com Base em Risco. A palestrante falou sobre os benefícios e as dificuldades na implantação das novas regras. “Com a nova portaria temos gestão do processo como um todo, não mais apenas até a plataforma de recebimento dos frangos, mas total, até o produto final”, explicou.
Com os avanços na gestão, é possível fazer um melhor aproveitamento do produto. “Tem mais trabalho, é uma responsabilidade maior, inclusive das ações que serão definidas, mas também agrega-se muito em relação à eficiência do processo, diminuindo as perdas, pois se consegue priorizar quais são os problemas e o que fazer, da melhor forma possível”, avaliou Liris.
Sobre condenações, a palestrante enfatizou que elas são um indicador muito importante para mostrar a eficiência de processo. “As condenações estão relacionadas também com processos que vêm do campo, da matriz, do incubatório. Isso mostra a importância de um trabalho com toda a cadeia, ou seja, é fundamental o autocontrole em todos os elos da cadeia produtiva para diminuirmos as condenações e sermos mais eficiente nos processos”, concluiu a palestrante.
Sobre o SBSA
O 23º Simpósio Brasil Sul de Avicultura é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) até esta quinta-feira (6), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC). Concomitantemente, acontecem a 14ª Brasil Sul Poultry Fair e a Granja do Futuro.
Confira a programação científica do evento
DIA 5 DE ABRIL DE 2023
Bloco Sanidade
14h: “Influenza Aviária – Vigilância epidemiológica ativa”
Palestrante: Anderlise Borsoi
(15 minutos de debate)
15h: “Salmonelas – Contaminação em alimentos”
Palestrante: Nelva Grando
(15 minutos de debate)
16h: Intervalo
16h30: “Nanotecnologia contra resistência bacteriana a antibióticos”
Palestrante: Humberto Brandão
(15 minutos de debate)
17h30: “Substituição de antimicrobianos – Possíveis alternativas e soluções”
Palestrante: Elizabeth Santin
(15 minutos de debate)
18h30: Eventos Paralelos
19h30: Happy Hour
DIA 6 DE ABRIL DE 2023
Bloco Nutrição e manejo
8h: “A nutrição como ferramenta para otimizar o desempenho do frango de corte”
Palestrante: Emilio Eduardo Cura Castro
(15 minutos de debate)
9h: “Imunonutrição: interação entre nutrição e imunidade em aves”
Palestrante: Melina Bonato
(15 minutos de debate)
10h: Intervalo
10h30: “Saúde óssea – conceitos e aplicações para as novas demandas e desafios da avicultura”
Palestrante: Jovanir Ines Muller
(15 minutos de debate)
11h30: “Falhas de ambiência x problemas respiratórios”
Palestrante: Rafael Castro
(15 minutos de debate)

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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.
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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.


