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Avicultura Saúde Animal

Controlando a Salmonella: um importante parâmetro de segurança alimentar

Para um efetivo controle do agente, as empresas do setor devem investir em biosseguridade, na qualidade das matérias primas das rações, na qualidade dos ovos e pintinhos

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Divulgação/MAPA

Artigo escrito por Ricardo Scherer Simões, médico veterinário, mestre em Ciência Animal e coordenador Técnico Avicultura-Farmabase Saúde Animal; e Giovani Marco Stingelin, médico veterinário, mestre em Clínica Médica de Animais de Produção, doutorando em Clínica Médica de Suínos e gerente Técnico de Aves e Suínos da Farmabase Saúde Animal

A Salmonella spp. é um tema de extrema relevância na atual conjuntura da avicultura e acaba sendo destaque nas discussões técnicas espalhadas pelo mundo, o que não é por acaso, baseado no impacto do agente no contexto de saúde pública, sendo considerado um dos principais causadores de toxinfecções alimentares através da ingestão de alimentos contaminados. Outro ponto relevante é a questão das exportações dos produtos e abertura de novos mercados, que acabam sendo afetados diretamente através de exigências tanto dos consumidores, quanto dos órgãos nacionais reguladores e fiscalizadores.

Dentre as diversas características das salmonelas, o grupo das paratíficas, o qual engloba um grande número de sorovares distintos de Salmonella, são as mais prevalentes na agroindústria de aves e possuem ampla adaptabilidade tanto no organismo dos animais, quanto no ambiente das granjas e indústrias, o que de fato dificulta o controle em todo ciclo de produção.

Para um efetivo controle do agente, as empresas do setor devem investir em biosseguridade, na qualidade das matérias primas das rações, na qualidade dos ovos e pintinhos. Além disso, também podem incluir aditivos via ração que reduzam a excreção e positividade do patógeno na cadeia avícola e precisam investir em educação continuada e capacitação dos colaboradores e produtores envolvidos em todos os elos da cadeia produtiva.

Muitos aditivos nutricionais foram desenvolvidos com a finalidade de reduzir a contaminação e excreção da Salmonella spp. pelas aves. Há muitos produtos no mercado que prometem milagres sem fundamentação científica. Por outro lado, há tecnologias eubióticas disponíveis capazes de reduzir a excreção da Salmonella spp. pelas aves e a recontaminação desses animais na granja. Dentre as associações de moléculas com mais embasamento técnico e científico, está a combinação de ácido sórbico com óleos essenciais como o timol e o carvacrol.

Os óleos essenciais são uma mistura de compostos complexos que podem variar em suas composições e concentrações químicas. Por exemplo, os componentes predominantes Timol e o Carvacrol encontrados no Tomilho, podem variar de 3 a 60% do total de óleos essenciais dessa planta, pois dependem da região, clima, solo, das condições de cultivo e da parte da planta que foi coletada. Por esse motivo, é importante que os ensaios in vitro e in vivo utilizem ativos como o Timol e o Carvacrol sintetizados em laboratório de forma pura, isto é, o que chamamos de compostos naturais idênticos (CNI). Somente dessa forma é possível saber a concentração exata do ativo que está sendo usada. O uso da planta ou seu óleo essecial é impreciso, pois não se sabe a concentração exata de timol e carvacrol encontrada.

Outro fator determinante é proteger esses ativos através do microencapsulamento, de forma que sejam liberados de forma uniforme e gradativa durante todo o intestino das aves, para que atinjam altas concentrações no ceco e cólon. É importante lembrar que a Salmonella spp. é uma  bactéria que coloniza e se multiplica na porção final do intestino, principalmente no ceco.

Associação sinérgica e efetiva para o controle de Salmonella spp.

Pesquisadores da Universidade de Bologna na Itália desenvolveram um aditivo com tecnologia única de microencapsulamento por uma camada de triglicerídeos hidrolisados de origem vegetal, chamada de microesfera, permitindo que os ativos sejam liberados gradativamente até o ceco das aves.

Além disso, associaram à formulação o Ácido Sórbico, um ácido orgânico de alto peso molecular e pKa com alto poder antimicrobiano e menor concentração inibitória mínima (MIC) quando comparados aos demais ácidos.

Na figura 1, podemos observar a maior eficácia do ácido sórbico na redução do crescimento de Salmonella Typhimurium se compararmos aos demais ácidos.

E como podemos observar na figura 2, o timol e o carvacrol possuem maior capacidade de redução de crescimento de Salmonella Typhimurium in vitro se compararmos com os demais óleos essenciais.

Mecanismo de Ação:

Conforme figura 3, o timol e o carvacrol sensibilizam as paredes celulares bacterianas, causam danos significativos à membrana e levam ao colapso da integridade citoplasmática bacteriana, facilitando a entrada e ação do Ácido Sórbico que, por sua vez, age reduzindo o pH intrabacteriano, provocando consequente lise e morte da bactéria. O extravazamento bacteriano acontece através de danos à parede celular, danos à membrana citoplasmática, coagulação do citoplasma e destruição da proteína da membrana (Conner e Beuchat, 1984; Cox et al., 1998; Helander et al., 1998; Ultee et al., 2002), bem como redução da força motriz de prótons (Nazzaro et al., 2013).

Eficácia contra Salmonella

Muitos trabalhos tem demonstrado a eficácia dos compostos naturais idênticos e do ácido sórbico na redução da contagem de Salmonella no ceco das aves. Dentre eles podemos destacar alguns estudos recentes feitos pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Jaboticabal – SP), que revelam a eficiência contra os sorovares mais prevalentes e importantes na avicultura.

Pelos resultados expressos na figura 4, podemos verificar redução significativa na contagem de Salmonella Typhimurium, Salmonella Minnesota e Salmonella Heidelberg no ceco dos grupos tratados com compostos naturais idênticos associados ao ácido sórbico.

Na figura 5, temos o resultado de um estudo realizado com aves tratadas com esse aditivo até os 42 dias de vida (idade de abate), onde ocorreu um aumento no percentual de suabes cloacais negativos no grupo tratado, com relação ao controle não tratado.

Na figura 6, evidencia-se o crescimento de Salmonella Typhimurium no grupo controle, em contrapartida no grupo tratado não há crescimento.

Na figura 7 observa-se que no grupo tratado não houve aparecimento de lesões hepáticas por Salmonella Typhimurium em aves com 14 dias.

Na figura 8 podemos destacar o efeito do timol, carvacrol e ácido sórbico na redução da contagem de Salmonella Enteritidis no ceco aos 21 dias pós infecção com a inclusão de 1, 2 e 5 kg/tonelada de ração desse aditivo eubiótico.

Em resumo

A combinação dos ativos Timol, Carvacrol e Ácido Sórbico é sinérgica na redução da pressão de infecção e excreção nas fezes de enteropatógenos como a Salmonella spp., e pode ser usada tanto em matrizes pesadas quanto em frangos de corte. Nesse novo aditivo citado, a concentração de Timol (9,5%), Carvacrol (2,5%) e de Ácido Sórbico (25%) não tinha sido utilizada em nenhum aditivo ou tecnologia para aves até então.

A utilização dos compostos naturais idênticos e do ácido sórbico é uma ferramenta inovadora importante que auxilia consideravelmente na redução da positividade de Salmonella spp. na cadeia avícola, principalmente quando associado a medidas de melhoria na biosseguridade, maior controle de qualidade nas matérias primas das rações e melhoria da qualidade dos pintinhos.

Outras notícias você encontra na edição de Avicultura de abril/maio de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração

Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

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O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).

O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.

A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.

A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.

No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).

Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.

No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.

Fonte: O Presente Rural com informações Boletim Deral
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Avicultura

Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços

Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

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A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.

O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.

Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.

Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.

De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.

Fonte: O Presente Rural com informações Epagri/Cepa
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Avicultura

Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

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O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.

De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.

Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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