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Contratos futuros de milho, precificação regional e gestão de risco

Formação dos preços do milho tem como base principal as condições de oferta e de demanda domésticas e, muitas vezes, de oferta e demanda regionais

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Lucilio Rogerio Aparecido Alves, professor da Esalq/USP e pesquisador responsável pelas Equipes de Grãos, Fibras e Amidos do Cepea

Alta liquidez no mercado futuro de milho brasileiro

A formação dos preços do milho tem como base principal as condições de oferta e de demanda domésticas e, muitas vezes, de oferta e demanda regionais. Isso leva, como em momentos recentes, a descolamentos dos preços internos em relação aos internacionais no curto prazo – apesar de, no longo prazo, as cotações serem cointegradas. Em parte, isso pode ser atribuído ao fato de que as transações de milho entre países são relativamente modestas: equivalentes a pouco mais de 15% da produção, contra em torno de 2/3 da produção mundial no caso da soja e derivados, por exemplo.

Foi diante deste contexto que, em 2008, a Bolsa de Valores do Brasil – atual B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) – lançou o contrato Futuro de Milho com Liquidação Financeira, sendo a região base a de Campinas – SP (atualmente envolvendo 162 municípios). A liquidação financeira ocorre pela média aritmética dos últimos três dias úteis do Indicador do Milho ESALQ/BM&FBovespa, cujos processos de coleta, análise, armazenamento de dados, cálculo e divulgação diária são realizados pelo Cepea, com auditorias e averiguações realizadas por parte da Bolsa.

A Bolsa também tem listado o contrato Futuro de Base de Preços de Milho para as regiões de Cascavel (PR), Rio Verde (GO) e Triângulo Mineiro. Entretanto, não há liquidez para estes contratos de base.

Em mercados futuros, em geral, observa-se aumento no interesse nas negociações em momentos de fortes oscilações de preços no físico. No Brasil, as cotações do milho chegaram a patamares recordes no primeiro semestre de 2021, o que também motivou as negociações de contratos futuros e de opções, que registram os maiores volumes históricos desde o lançamento.

Segundo dados da B3, no primeiro semestre de 2021, foram negociados 1,63 milhão de contratos de milho, dos quais 87,1% foram de contratos futuros e 12,9%, de opções. As negociações envolveram, portanto, quase 44 milhões de toneladas de milho, um recorde semestral – inclui contratos para até 2022. Entre julho/20 e junho/21, foram negociados 2,83 milhões de contratos (76,4 milhões de toneladas), sendo 86,1% de futuros.

Aumentos da oferta e produtividade do milho

A boa liquidez do contrato futuro do milho também tem relação com o dinamismo da cadeia produtiva como um todo, desde a produção. Nos últimos 15 anos, uma série de fatores novos favoreceu ganhos de produtividade e aumento da oferta do cereal, colocando o Brasil como um dos maiores exportadores mundiais. Entre estes fatores estão a liberação de uso comercial de variedades geneticamente modificadas, o consequente melhoramento genético, ajustes nos períodos de cultivo e usos mais eficientes de fertilizantes e defensivos.

Dados da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) mostram que as primeiras liberações de eventos para o milho ocorreram em 2007. Até maio/21, 50 diferentes processos já haviam sido contabilizados, envolvendo eventos com características de resistência a insetos, tolerância a herbicidas ou mesmo tolerância a herbicidas e resistência a insetos, simultaneamente.

Enquanto na safra 2006/07 o Brasil produziu 51,4 milhões de toneladas de milho, em 2019/20, chegou a 102,6 milhões de toneladas. Na atual temporada 2020/21, por sua vez, a produção está estimada em 93,4 milhões de toneladas. Neste período (de 2006/07 a 2020/21), a oferta cresceu a 5,06% a.a., resultado de ganhos de 2,60% a.a. na produtividade média e de 2,39% a.a. em área destinada à cultura. De 2006/07 a 2020/21, o consumo doméstico passou de 42,8 milhões de toneladas para 72,1 milhões de toneladas, implicando, portanto, aumento de excedente.

Enquanto em 2006/07 a primeira safra representou 71,2% da oferta total, em 2020/21, estima-se que a segunda safra represente 3/4 da oferta nacional. No período, a produção da primeira safra decresceu a 3,08% a.a., pressionada pela redução de área, em 6,19% a.a., mas a produtividade aumentou, 3,31% a.a..

Já na segunda safra, a oferta cresceu a uma taxa expressiva de 12,61% a.a.. A sustentação vem especialmente do ajuste dos períodos e dos sistemas de produção, fazendo com que a cultura tivesse ganhos de área de 9,3% a.a. na segunda safra. Importante que a produtividade também cresceu, 3,03% a.a..

A produção de semente de milho e o mercado futuro

Neste ambiente, também podem ser citadas as empresas de produção de semente de milho no Brasil, que fazem parcerias/cooperações com produtores para reproduzirem e/ou multiplicarem suas tecnologias. Após o beneficiamento, essas sementes são, então, disponibilizadas para os produtores de forma geral para o cultivo comercial.

Diversas empresas atuam neste segmento. Segundo o registro nacional de cultivares, do Mapa, desde 1998, 105 diferentes empresas solicitaram registros de cultivares de milho, sendo que, desde 2018, há registros para 50 diferentes requerentes. Essas empresas têm parcerias com produtores especialmente nas regiões em que há atividades de irrigação, permitindo, inclusive, o cultivo em períodos fora do regime mais intenso de chuvas e redução do risco de perdas devido a pluviometrias não adequadas.

Em linhas gerais, no processo de produção, as empresas se responsabilizam especialmente pela disponibilidade da tecnologia, pelas eliminações de linha de macho e despendoamento e pela colheita e beneficiamento, mas também por alguns defensivos químicos. Os produtores se responsabilizam pelas demais atividades e adubações.

Mas a questão chave está nos pagamentos aos produtores. As empresas tendem a oferecer pagamentos que envolvem um volume de produção como se fosse o cultivo comercial, com intervalos de volumes mínimos e máximos. A depender da relação comercial entre produtor e empresa, há pagamentos adicionais, inclusive por serviços prestados.

Um ponto central vem da fixação do preço. Consultas realizadas por pesquisadores do Cepea junto a produtores de sementes de milho apontam que estes dispõem da oportunidade de fixar valores com referência a um contrato futuro da B3 durante o ciclo da cultura, aplicando um deságio de acordo com a formação de preços da região de referência. Entende-se que, quando o produtor toma a decisão de fixar o preço, a empresa que fará o pagamento em momento futuro tende a realizar operação de hedge na Bolsa.

Informações relatadas por produtores indicam que os deságios oferecidos por estas empresas são equivalentes entre as regiões paulistas e mineiras, elevando-se parcialmente quando envolvem praças de Goiás e do oeste da Bahia. Como era de se esperar, os maiores deságios são aplicados para regiões de Mato Grosso.

Informações sobre a produção de semente de milho visam a mostrar como o mercado efetivamente considera os preços da Bolsa no Brasil para a formação de preços em diferentes regiões do Brasil, melhorando a liquidez dos contratos futuros. Certamente, outros setores a montante da cadeia apresentam ações desta natureza. Por outro lado, a dispersão de empresas atuando neste segmento, também em diferentes regiões do Brasil, juntamente com o uso da biotecnologia, vem contribuindo para melhorar a produtividade do milho brasileiro, independentemente do período em que é cultivado.

Fonte: Cepea

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Comércio exterior e logística no setor agropecuário: desafios e oportunidades para o transporte e escoamento

Exportações de soja em outubro, caíram 22,9% em relação ao mês anterior, um reflexo de flutuações no mercado, mas o acumulado de 2024 manteve-se robusto, com 94,2 milhões de toneladas exportadas de janeiro a outubro.

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Fotos: Claudio Neves

O mercado de fretes e a logística de escoamento se destacam como elementos essenciais no atual cenário da agricultura brasileira, especialmente diante do crescimento expressivo da produção de grãos previsto para a safra 2024/25. A estimativa de 322,53 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 8,2% em relação à safra anterior, traz desafios adicionais para a infraestrutura de transporte e os processos logísticos do país. A análise consta na nova edição do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta sexta-feira (22).

A melhoria nas condições climáticas tem favorecido o avanço das semeaduras, com destaque para as culturas de soja e milho, mas, para que a produção chegue ao mercado internacional, é crucial um sistema de escoamento eficiente. Nesse sentido, os portos brasileiros desempenham papel fundamental, especialmente os do Arco Norte, que têm se consolidado como uma via vital para exportação. Em outubro de 2024, os portos do Arco Norte responderam por 35,1% das exportações de grãos, superando a participação de 33,9% registrada no mesmo período de 2023.

Com o aumento da produção de soja e milho, as expectativas de escoamento nos próximos meses apontam para um cenário desafiador, com necessidade de otimizar os fretes para atender ao crescimento das exportações. Em outubro, as exportações de soja caíram 22,9% em relação ao mês anterior, um reflexo de flutuações no mercado, mas o acumulado de 2024 manteve-se robusto, com 94,2 milhões de toneladas exportadas de janeiro a outubro. Já as exportações de milho, que enfrentam uma redução de 34,1% nas estimativas para a safra 2023/24, exigem adaptação no transporte, uma vez que a oferta menor pode reduzir a demanda por fretes no curto prazo, mas com aumento da competição por capacidade logística.

A movimentação de fertilizantes, por sua vez, também demanda atenção na logística. Em outubro de 2024, os portos brasileiros importaram 4,9 milhões de toneladas de fertilizantes, o que representa um incremento de 5,9% em relação ao mês anterior. Este crescimento contínuo na importação exige um cuidado especial no transporte desses insumos, visto que o Brasil é um dos maiores compradores internacionais e uma base importante de consumo de fertilizantes.

Por outro lado, o transporte de cargas no Brasil segue enfrentando desafios estruturais. De acordo com o Boletim da Conab, a ampliação das capacidades de escoamento nos portos, especialmente no Arco Norte, é uma estratégia chave para lidar com o aumento do volume de exportações e garantir que os fretes se mantenham competitivos.

Em suma, a logística no setor agropecuário brasileiro se apresenta como um elo crucial para garantir o sucesso das exportações de grãos. A integração entre os diferentes modais de transporte, o aprimoramento da infraestrutura portuária e a adaptação às demandas de escoamento serão decisivos para que o Brasil continue sendo um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo.

Fretes

Em outubro de 2024, os preços do frete apresentaram variações significativas entre os estados brasileiros. Os preços subiram em estados como Bahia, Goiás e Minas Gerais e Distrito Federal, principalmente devido ao aumento na demanda, impulsionado pela exportação de grãos e a importação de fertilizantes. Em Goiás, a melhora nos preços do milho também gerou aumento na demanda por fretes. Já em estados como Paraná, Piauí e São Paulo, os preços ficaram mais baratos, com o Paraná registrando uma redução de 16,67% na região de Cascavel, refletindo a baixa demanda por grãos. No Piauí, a diminuição nas exportações de soja resultou em uma queda de 4,10% no mercado de fretes. Por outro lado, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentaram estabilidade nos preços, com pouca variação nas cotações, devido a um equilíbrio entre a demanda e a oferta de fretes.

O Boletim Logístico da Conab é um periódico mensal que coleta dados em dez estados produtores, com análises dos aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra. Confira a edição completa do Boletim Logístico – Novembro/2024, disponível no site da Companhia.

Fonte: Assessoria Conab
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Clima favorável impulsiona cultivos da primeira safra, aponta boletim de monitoramento

Precipitações regulares e bem distribuídas criaram um ambiente propício para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

As condições climáticas favoráveis nas primeiras semanas de novembro impactaram positivamente o cenário agrícola brasileiro. Na região Central do país, precipitações regulares e bem distribuídas criaram um ambiente propício para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra.

O Norte-Nordeste experimentou uma expansão das áreas beneficiadas por chuvas, incluindo regiões do Matopiba que anteriormente enfrentavam déficit hídrico. Esse cenário impulsionou o processo de semeadura na maior parte dessa região.

Foto: Gilson Abreu

Em contraste, o Sul do país registrou uma redução nas precipitações, o que facilitou o avanço da colheita do trigo e a semeadura dos cultivos de primeira safra. De modo geral, as condições agroclimáticas se mostraram favoráveis, proporcionando umidade adequada para o desenvolvimento das lavouras.

No Rio Grande do Sul, a semeadura do arroz progrediu significativamente, com a maior parte concluída dentro do período considerado ideal. A maioria das lavouras encontra-se em fase de desenvolvimento vegetativo, beneficiando-se das condições climáticas que favoreceram a germinação e o estabelecimento das plantas. Em Santa Catarina, temperaturas médias e incidência solar adequadas contribuíram para o bom desenvolvimento das culturas.

Estas informações estão presentes no Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA), publicado mensalmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam).

A versão completa do Boletim está disponível para consulta no site oficial da Conab, acesse clicando aqui.

Fonte: Assessoria Conab
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Show Rural investe em obras para melhorar experiência de visitantes

Com o objetivo de garantir mais conforto e eficiência à experiência de visitantes e expositores, várias obras físicas acontecem no parque e serão entregues já para a 37ª edição.

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Fotos: Divulgação/Coopavel

Avançam os preparativos para a 37ª edição do Show Rural Coopavel, evento que reafirma o Oeste do Paraná como um dos principais polos do agronegócio mundial. De 10 a 14 de fevereiro de 2025, visitantes do Brasil e do exterior terão acesso a um espaço renovado, com melhorias que reforçam o compromisso da Coopavel com a inovação, a sustentabilidade e a excelência em infraestrutura. “Melhorar continuamente é uma das regras que fazem o sucesso do Show Rural, referência em inovações e tendências para o agronegócio”, destaca o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.

Com o objetivo de garantir mais conforto e eficiência à experiência de visitantes e expositores, várias obras físicas acontecem no parque e serão entregues já para a 37ª edição. O restaurante do parque está em ampliação em 500 metros quadrados, permitindo o atendimento de mais mil pessoas por refeição. A área de entrega de bebidas é reformulada para otimizar o fluxo, enquanto novos buffets, mesas e utensílios foram adquiridos para manter o alto padrão de qualidade em uma estrutura com capacidade para servir mais de 40 mil refeições diariamente.

A mobilidade no parque também recebe melhorias. São mais de seis mil metros quadrados de ruas asfaltadas. Uma das novidades mais aguardadas é a cobertura da Rua 10, que conecta o Portal 4 ao Pavilhão da Agricultura Familiar. Com 400 metros lineares, essa obra, viabilizada em parceria com a Barigui/Volkswagen, eleva para mais de 6,2 mil metros quadrados a área coberta do parque, garantindo conforto aos visitantes em qualquer condição climática, observa o coordenador geral Rogério Rizzardi.

Para ônibus

Para receber caravanas de todo o Brasil e de outros países será criado um estacionamento exclusivo para ônibus com capacidade para 400 veículos. Estrategicamente localizada, a nova estrutura promete praticidade e organização para os grupos que participam da maior mostra de tecnologia para o campo da América Latina.

Outro destaque é o barracão de 1,2 mil metros quadrados dedicado à gestão de resíduos. Essa estrutura permitirá separação e correta destinação de materiais antes, durante e depois do evento, reforçando o compromisso da cooperativa e do evento técnico com práticas ambientalmente responsáveis.

Evolução

Com essas inovações e investimentos, o Show Rural Coopavel segue como referência global, combinando hospitalidade, tecnologia e respeito ao meio ambiente, reforça o presidente Dilvo Grolli. O tema da 37ª edição será Nossa natureza fala mais alto.

Fonte: Assessoria Coopavel
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