Suínos
Contextualizando a crise da suinocultura nacional
Se a atividade da suinocultura vai bem, como é que o produtor de suínos vai mal e está em meio a pior crise da história da suinocultura? Quem, efetivamente, está mal nesse contexto, e quais foram os motivos que o levaram a esse quadro crítico?

* Cesar da Luz

Cesar da Luz
Ao contextualizarmos em torno da maior crise vivida pela suinocultura brasileira, algo precisa ficar muito claro para todos os interessados em entender o cenário do setor e a situação dos produtores de suínos.
Que se tem, de um lado, a suinocultura como atividade do agronegócio e, de outro lado, o produtor dessa proteína animal, em especial, os que atuam no mercado livre, os chamados produtores independentes. Assim como há as empresas integradoras e as cooperativas, com suas unidades frigoríficas que transformam a matéria prima e elaboram produtos de extrema qualidade, com marcas conhecidas internacionalmente.
Mas, por que diferenciar a atividade da suinocultura dos produtores de suínos, afinal, não é o produtor o personagem principal dessa cadeia produtiva? Sim. Ele é. Porém, é preciso perceber que a suinocultura para fins comerciais, como atividade vai muito bem, obrigado! É uma atividade que atende às melhores políticas de sanidade animal, que se tecnificou, se modernizou, que avançou em termos de melhoramento genético e que hoje entrega uma proteína animal da melhor qualidade.
No caso do Paraná, a suinocultura auxiliou o Estado a conquistar seu status sanitário de Zona Livre de Febre Aftosa sem vacinação e de Área Livre de Peste Suína Clássica, graças ao empenho dos produtores, de suas entidades e do Governo do Estado, que através da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) e da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) fez a lição de casa e que por isso pode celebrar, em final de maio passado, o primeiro ano dessa nova certificação internacional, que trouxe avanços nas exportações de carnes do Paraná.
Então, a atividade da suinocultura está em alta. E não se contestam os avanços e as conquistas, seja na questão da sanidade, seja nos números das exportações, seja ainda no aumento do consumo per capta. Não existem mais paradigmas sobre a qualidade e a saudabilidade da carne suína, que se encontra nos melhores restaurantes, dando sabor aos melhores pratos e combinações.
Mas, se a atividade da suinocultura vai bem, como é que o produtor de suínos vai mal e está em meio a pior crise da história da suinocultura? Quem, efetivamente, está mal nesse contexto, e quais foram os motivos que o levaram a esse quadro crítico?
Mais ainda: o que é possível ser feito, nas granjas e fora delas, pelos produtores, pelo mercado, pelo Governo do Estado e pela União, para que a condição da suinocultura corresponda à condição do suinocultor, evitando essa discrepância atual. É esse o cenário que precisa ser analisado.
Seria a falta de direcionamento e mais foco no mercado interno regional? Seria a falta de um maior controle na expansão de modais, evitando-se a ampliação de Unidades Produtivas sem uma análise mais criteriosa, para evitar desajustes no futuro? Sabíamos que haveria um aumento das exportações para a China, em razão do problema da Peste Suína Africana no plantel do maior produtor de carne suína do mundo, mas que essa situação iria, como de fato vai, se equalizar, e que para isso se poderia levar pouco tempo, e que logo o mercado interno da China estaria ajustado, podendo provocar a queda nas exportações para os chineses.
Por um tempo, a suinocultura nacional ficou entre a Rússia, que suspendia as importações do Brasil quando os mares congelavam, provocando crises na atividade, e agora a China, que de inexpressivas 5 mil toneladas importadas em 2016 passou para mais de 500 mil toneladas de carne suína importadas do Brasil no ano passado. Esse incremento era esperado, assim como a redução da participação da China no mercado mundial de carnes tão logo conclua os devidos ajustes internos. Esse tipo de leitura do mercado é preciso ser mais bem apurada, para evitar que a cada dez anos a suinocultura passe por violenta crise, como nos anos de 2002, 2012 e agora, 2022.
Por outro lado, temos a drástica elevação dos custos de produção nos últimos tempos, com o preço do milho e do farelo de soja provocando um prejuízo que chegou a cerca de R$ 300 por animal terminado. A conta é matemática e a ciência é exata. Prejuízos e mais prejuízos colocariam o produtor na condição de pagador da conta. E a conta chegou!
Quais medidas poderiam ser mencionadas para tentar reverter esse quadro? Dentre elas estão uma linha de Crédito Especial para o Produtor Independente; a Repactuação de dívidas de Custeio e Investimentos já contratados, com menor taxa de Juros e Prazos mais longos; a aquisição de Carne Suína para Programas Federais e estaduais; a disponibilidade de Milho a preços mais acessíveis para o produtor independente; e, no caso do Paraná, que se estenda a redução do ICMS sobre venda interestadual até o final do ano, e não somente até o dia 31/07.
E além de tudo isso, é preciso que o setor trabalhe novamente por uma bandeira tão antiga quanto a suinocultura: a adoção de uma Política de Garantia de Preço Mínimo para a carne suína, a fim de balizar o mercado.
* Cesar da Luz é Diretor do Grupo Agro 10, especialista em agronegócio. E-mail: cesardaluz@agro10.com.br.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



