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Contaminação ambiental de Streptococcus uberis e implicações para a saúde do úbere

Essa é uma bactéria adaptada ao trato gastrointestinal de vacas leiteiras e que atua como oportunista na glândula mamária, especialmente pela presença na forma assintomática em diferentes locais das vacas ou pela capacidade de sobreviver no ambiente por longos períodos.

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Foto: Divulgação

Autores: MARCOS VEIGA SANTOS E GUSTAVO FREU

Streptococcus uberis é uma das principais causas de mastite em muitos países e que afeta negativamente a produção de leite e o bem-estar de vacas leiteiras. Apesar dos esforços concentrados para conhecer e entender este agente, atualmente, o controle é baseado no tratamento das vacas infectadas e na higiene do ambiente.

Strep. uberis é uma bactéria adaptada ao trato gastrointestinal de vacas leiteiras e que atua como oportunista na glândula mamária, especialmente pela presença na forma assintomática em diferentes locais das vacas (e.g., pele) ou pela capacidade de sobreviver no ambiente por longos períodos.

Considerando que a transmissão é predominantemente ambiental, as infecções intramamárias causadas por Strep. uberis resultam do contato das vacas leiteiras com ambientes contaminados. Neste cenário, as vacas leiteiras podem propagar o ciclo de infeção, uma vez que podem eliminar Strep. uberis via fezes.

Estudos anteriores demonstraram que a prevalência de Strep. uberis nas fezes de vacas varia de 5 a 23%. Portanto, compreender como as mudanças de ambiente, de manejo ou de fatores da própria vaca aumentam a prevalência de Strep. uberis nas fezes pode auxiliar no controle da contaminação ambiental e os riscos de infecções intramamárias.

Recentemente, pesquisadores do Reino Unido realizaram dois estudos com objetivo de avaliar a prevalência de Strep. uberis nas fezes de vacas leiteiras e os fatores que podem afetar o transporte gastrointestinal deste microrganismo. O primeiro estudo avaliou os padrões de eliminação em todas as vacas adultas de um rebanho (aproximadamente 216 vacas) ao longo de 9 meses, em intervalos de 8 semanas. Já o estudo 2, avaliou os padrões de eliminação em 46 vacas do mesmo rebanho, três vezes por semana, durante 4 semanas. Para isso, amostras de fezes das vacas selecionadas foram coletadas e submetidas a detecção de Strep. uberis usando método baseado em PCR. Durante os estudos, as vacas foram confinadas no período de inverno (novembro a março) e mantidas a pasto no restante do ano.

Os resultados do primeiro estudo mostraram que a prevalência geral de Strep. uberis nas fezes foi de 18% (195/1.080), variando de 10,2% durante a estação de pastejo (outubro) para 33,2% durante a temporada de confinamento (fevereiro). Apesar disso, as mesmas vacas não foram identificadas como positivas em todos os momentos de avaliação (vacas persistentes).

Já no segundo estudo, a prevalência média de detecção de Strep. uberis foi de 30%, o que foi semelhante ao descrito para o período de confinamento no primeiro estudo. Estes resultados sugerem que a presença de Strep. uberis no ambiente ocorreu devido a uma alta proporção de vacas eliminando o microrganismo nas fezes e não devido a um baixo número de vacas com “super eliminação” no rebanho. Por isso, os estes estudos sugerem que a colonização gastrointestinal por Strep. uberis é temporária e requer a ingestão contínua do microrganismo para repovoamento da flora gastrointestinal.

A sazonalidade influenciou as taxas de detecção de Strep. uberis em amostras de fezes. Houve 2,82 vezes mais chances de detecção o patógeno nos meses de inverno quando as vacas estavam confinadas em comparação com o período de pastejo.

Além disso, o aumento sazonal na detecção de Strep. uberis correspondeu ao aumento na incidência de mastite clínica durante o período de confinamento. Mudanças no manejo (e.g., diferenças na dieta), comportamento e no ambiente das vacas podem afetar a transmissão fecal-oral do Strep. uberis. É importante destacar que, enquanto pastam, as vacas não defecam em áreas restritas, mas quando confinadas há grande acúmulo em pequenas áreas. Esta característica pode resultar em concentrações mais altas de Strep. uberis em ambientes confinados e, consequentemente, aumentar o risco de transmissão fecal-oral e de contaminação da glândula mamária por Strep. uberis.

A dieta das vacas variou entre as estações, com a inclusão de pastagens no verão. Este fator externo influenciou a presença e detecção de Strep. uberis nas fezes, pois a capacidade de Strep. uberis utilizar diferentes carboidratos como fonte de energia, pode favorecer a sobrevivência e proliferação deste patógeno em certos ambientes. Além disso, alterações na dieta podem alterar a consistência fezes e levar a um efeito de diluição resultando em menores chances de detecção do patógeno.

O número de lactações, escore de condição corporal (ECC) e alojamento também afetaram a detecção de Strep. uberis nas amostras de fezes. Houve aumento das chances de detecção de Strep. uberis nas vacas com ECC ≥ 3,5 em comparação com < 3,5. Além disso, as chances de detecção de Strep. uberis foram maiores em vacas primíparas em comparação com multíparas, ainda que sem uma explicação clara sobre as razões desta diferença.

Em termos gerais, as vacas mantidas em cama sem palha apresentaram 1,77 vezes mais chance detecção de Strep. uberis nas amostras de fezes do que àquelas alojadas em camas com palha, o que impacta as características da cama (e.g., umidade, pH, temperatura).

Como conclusão, o estudo aponta que as condições do ambiente, o tipo de cama e a limpeza geral das instalações alteram a carga de Strep. uberis no ambiente.

Portanto, rebanhos com problemas de mastite causada por Strep. uberis têm um desafio constante de para reduzir a contaminação ambiental desta agente e, assim, reduzir o risco de transmissão fecal-oral e de novos casos de mastite.

Referencias com o autor, via: gisele@assiscomunicacoes.com.br

Fonte: Assessoria

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Regeneração de pastagens e sistemas integrados ganham protagonismo na pecuária brasileira

Especialistas destacam que eficiência produtiva, solo saudável e adoção de ILPF são caminhos centrais para uma pecuária sustentável e de baixo carbono.

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Foto; Gabriel Faria

A regeneração de pastagens degradadas e a adoção de sistemas integrados de produção devem ocupar o centro da estratégia da pecuária brasileira para os próximos anos. Essa visão foi defendida por Fábio Dias, líder de Pecuária Sustentável da JBS, durante sua participação no VEJA Fórum de Agronegócio, realizado nesta segunda-feira (24), em São Paulo.

Ao participar do painel “Agricultura Sustentável: como produzir sem desmatar”, o executivo ressaltou que a eficiência produtiva e a sustentabilidade caminham juntas para garantir a perenidade do negócio. Com atuação em 20 países e relacionamento diário com centenas de milhares de produtores, a JBS enxerga a saúde da cadeia de fornecimento como prioridade. “A produção pecuária e agrícola precisa prosperar por muitos anos, não apenas por alguns. Se os produtores não forem bem, toda a cadeia não irá bem”, explicou.

Dias também analisou a mudança de paradigma no setor: se antes o foco estava exclusivamente no volume de produção, hoje a degradação e a queda de produtividade, especialmente em áreas de abertura mais antigas, impulsionaram uma nova mentalidade voltada à longevidade e à qualidade do solo.

Segundo Dias, essa agenda regenerativa é um imperativo de gestão, focada na melhoria contínua do ativo ambiental. “É fundamental garantir que a fazenda seja mantida em condições de produtividade superior a cada ano, demonstrando que a exploração pecuária de longo prazo é totalmente sustentável”, afirmou.

O executivo reforçou a singularidade do modelo brasileiro, capaz de acomodar duas ou três safras na mesma área. Nesse contexto, a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) surge como ferramenta vital. A presença animal no sistema não apenas diversifica a renda, mas eleva a biologia do solo e sua capacidade de estocagem de carbono. “Colocar animais numa área aumenta a vida do local, eleva a qualidade da terra e mantém o solo coberto durante todo o ano”, explicou Dias. De acordo com o executivo, a eficiência gerada pela ILPF, somada à redução da idade de abate dos animais, resulta em menor pressão por desmatamento e queda nas emissões entéricas, pavimentando o caminho para uma pecuária brasileira de baixo carbono.

Para acelerar a adoção dessas tecnologias e fortalecer a formalização da cadeia, a JBS estruturou um ecossistema robusto de difusão de conhecimento, assistência técnica e gerencial. O objetivo é empoderar o produtor para a tomada de decisões embasadas. “Construímos um ecossistema que difunde conhecimento e apoio aos produtores”, reforçou Dias.

Essa estratégia, operacionalizada por meio do programa Escritórios Verdes, criado em 2021, e que que oferecem assistência técnica, ambiental e gerencial gratuita, tem gerado impacto mensurável: desde então, já foram mais de 20.000 produtores apoiados, reinseridos na cadeia produtiva legal e sustentável.

O líder de Pecuária Sustentável da JBS concluiu que o potencial do Brasil em ter uma pecuária baixa em carbono é evidente, dada a capacidade de armazenagem do solo tropical e a redução da idade de abate dos animais. “Ao aumentar a produção por área, a JBS enxerga um futuro brilhante para a pecuária brasileira, onde a sustentabilidade se torna o novo padrão de eficiência e inclusão produtiva”, pontuou.

Fonte: Assessoria JBS
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Mercado do leite volta a cair em novembro e mantém pressão sobre o produtor

Demanda mais fraca e custos elevados sustentam pressão negativa sobre o preço ao produtor.

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Foto: Shutterstock

O preço médio nacional do leite ao produtor fechou novembro de 2025 em R$ 2,44 por litro, conforme o boletim Indicadores Leite e Derivados, elaborado pelo Cileite/Embrapa. O valor representa queda de 3,8% na comparação mensal e recuo de 14,8% em 12 meses, consolidando um ano de forte retração para o setor.

A análise regional mostra que todos os estados acompanhados registraram variações negativas, como em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. As barras do gráfico destacam uma tendência comum de queda, com redução próxima a 4%.

Derivados também caem

Foto: Sistema Faep

Os preços dos lácteos seguiram o mesmo movimento. O boletim indica retração de 1,0% no conjunto de “Leite e Derivados” e queda de 0,2% em outro agrupamento de produtos monitorados. Entre os itens acompanhados individualmente, o leite UHT apresentou variação negativa mais intensa, acompanhado por baixas em queijos, manteiga, creme de leite e leite condensado — todos com índices de redução destacados na coluna “Em 12 meses”.

Consumo interno não reage

O relatório também traz a evolução do ticket de compra de lácteos no varejo, mostrando oscilações ao longo de 2023, 2024 e 2025. A curva referente a 2025 revela leve recuperação no segundo semestre, mas ainda distante dos patamares observados em anos anteriores. Segundo o boletim, o consumo interno não tem acompanhado a oferta, o que contribui para a continuidade da pressão sobre os preços ao produtor.

Cenário segue desfavorável ao produtor

Com custos ainda elevados em várias regiões e baixa capacidade de repasse pela indústria, o momento permanece desafiador para a cadeia produtiva. A retração em praticamente todos os indicadores reforça o ambiente de margens apertadas e de incerteza para o início da temporada 2026.

Fonte: O Presente Rural com Cileite/Embrapa
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Mato Grosso institui Passaporte Verde e eleva padrão socioambiental da pecuária

Nova lei, que entra em vigor em 2026, estabelece critérios socioambientais e rastreabilidade completa do rebanho para atender às exigências dos mercados internacionais.

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Foto: Divulgação/Imac

A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou, em duas votações, na última quarta-feira (19), o projeto de lei que institui o Programa Passaporte Verde, iniciativa que coloca o Estado na vanguarda da pecuária sustentável no Brasil. A nova legislação entra em vigor em janeiro de 2026 e estabelece critérios socioambientais para todo o monitoramento de rebanho bovino e bubalino mato-grossense, com o objetivo de atender às exigências dos mercados internacionais mais competitivos.

O Passaporte Verde, desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) em parceria com o Governo do Estado e o setor produtivo, propõe o monitoramento socioambiental completo da cadeia da carne, desde o nascimento do animal até o abate. O programa prevê etapas de implantação para incluir propriedades de todos os portes, oferecendo suporte técnico e orientação aos produtores.

Entre os objetivos dessa política de sustentabilidade estão o desenvolvimento sustentável, a inclusão e consciência produtiva, o acesso ao mercado global, qualidade e monitoramento, incentivo de parcerias do setor privado com entidades públicas, a valorização de serviços ambientais, além do estímulo do ambiente de concorrência equitativa na cadeia produtiva.

A iniciativa reforça o compromisso de Mato Grosso com a produção responsável, rastreabilidade, transparência e conservação ambiental, critérios cada vez mais valorizados pelos importadores e consumidores globais. Países da Europa e da Ásia, por exemplo, têm adotado políticas que priorizam produtos com comprovação de origem sustentável e desmatamento zero. “Mato Grosso se consolida como pioneiro em sustentabilidade com o Passaporte Verde. Estamos mostrando ao mundo que é possível produzir mais, com responsabilidade ambiental e inclusão social. Esse programa será uma vitrine da pecuária moderna, transparente e comprometida com o futuro do planeta”, comemorou o presidente do Imac, Caio Penido.

Fonte: Assessoria Imac
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