Conectado com
VOZ DO COOP

Suínos / Peixes

Consumo em alta no Brasil e no mundo sustenta projeções ousadas da suinocultura verde e amarela

O crescimento da produção, consumo interno e exportações de carne suína é uma unanimidade entre grandes lideranças do setor. No entanto é preciso crescer com profissionalismo e eliminar algumas barreiras que ainda dificultam a produção de carne suína no Brasil.

Publicado em

em

Da esquerda para a direita, consultor de Mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, presidente da ABCS, Marcelo Lopes, CEO da Frimesa, Elias José Zydek, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul e presidente da Alibem Alimentos, José Roberto Goulart, e o consultor de Mercado da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles, durante debate sobre as perspectivas do setor para os próximos anos - Floto: Giuliano De Luca/OP Rural

O crescimento da produção, consumo interno e exportações de carne suína é uma unanimidade entre grandes lideranças do setor. Em um painel promovido pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), durante a Por Expo, que aconteceu em outubro, em Foz do Iguaçu, PR, eles destacaram que o consumo de carne suína deve subir substancialmente, atingindo cerca de 25 quilos/per capita/ano dentro de quatro ou cinco anos.

Um dos entusiastas desse avanço é o CEO da Frimesa, Elias Zydek, que observa a suinocultura brasileira bastante competitiva, especialmente em relação à carne bovina, apesar dos altos custos de produção alavancados pela alta do milho e farelo de soja. “Na suinocultura conseguimos ser mais competitivos em relação à carne bovina e temos previsão que isso continuará acontecendo até 2028 ou 2030, quando o Brasil deva estar consumindo 25 quilos per capita de carne suína. Ao ano. São praticamente sete quilos a mais em relação a cerca de 18 quilos de hoje, isso dá 1,5 milhão de tonelada a mais de produção somente para o mercado interno”, destacou Zydek. A Frimesa, com sede no Paraná, inaugura em dezembro deste ano o maior frigorífico de suínos da América Latina, com capacidade de abater 15 mil cabeças por dia. O empreendimento deve iniciar processando cerca de quatro mil animais por dia, com aumento gradual até atingir sua capacidade total.

O CEO da Frimesa destacou ainda que o mundo está consumindo mais carne e países que antes eram protagonistas da produção estão diminuindo seus volumes, abrindo mais espaço para a participação da carne suína brasileira no mercado global. “Fatores pontuais sacudiram o mercado mundial de carnes e houve um rearranjo. A China vai continuar a ser protagonista, mas está havendo uma redução de produção na Europa e os países asiáticos estão aumentando consumo e a compra do Brasil. Nossa visão é que o mercado externo deve demandar 1,7 milhão de toneladas a mais em cerca de cinco anos. É um cenário otimista, sem guerras ou problemas sanitários, por exemplo”, destacou Zydek.

No entanto, ele mencionou que é preciso crescer com profissionalismo e eliminar algumas barreiras que ainda dificultam a produção de carne suína no Brasil. Ele mencionou Temos “dois grandes problemas”, que são a tributação diferenciada entre cada Estado produtor e item por item em portfólios das agroindústrias que chegam a 300 produtos, além da condenação nas plantas frigoríficas, que ele entende ser demasiada no Brasil. “É preciso revisar todos esses critérios. As vezes essas questões passam despercebidas, mas temos que trabalhar para corrigir esses pontos de desiquilíbrio. Existe espaço para crescimento, mas precisa ser consciente, responsável, organizado, com informações seguras, dados precisos, para controlar preventivamente a produção”, citou Zydek.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Rio Grande do Sul e presidente da Alibem Alimentos, José Roberto Goulart, também concorda com o aumento do consumo interno nos próximos anos, mas alerta para a necessidade de regionalizar as campanhas para aumentar esse consumo onde hoje ele é mais baixo, como no Norte, Nordeste e Centro Oeste do Brasil. “O consumo na região Sul já é de 30 quilos por habitante por ano. E como ficam as regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste? Precisamos desenvolver essa cultura (de consumir carne suína) lá onde o consumo é menor. Fizemos uma campanha para aumentar o consumo no Rio Grande do Sul, não aumentou um quilo. Isso porque o Rio Grande do Sul já consome bastante. Campanhas (de promoção do consumo) têm que ser levadas para outras regiões. O foco é importante nesse tipo de campanha”, destacou. “A carne suína está caminhando para ter uma participação maior, mas é vital termos ações em regiões que têm consumo baixo”, reforçou o presidente da Alibem.

Ele destacou, no entanto, que é a agroindústria precisa se planejar para superar as crises, como a recente, e evitar ficar reféns de alguns poucos mercados externos. “A suinocultura cresceu em cima de grandes mercados, como a Rússia, que foi a locomotiva que puxou o Brasil para exportação. Depois a China, com problemas da PSA, e todo mundo ganhou. Mas a China botou o pé no freio em 2021. Ficamos reféns da China. Todo mundo sabia que isso iria acontecer, só não sabia quando”, destacou.

Ele lembrou que a China recuperou rapidamente sua produção usando todas as fêmeas como matrizes. “A China começou a usar todas as fêmeas como matrizes. Isso justifica o crescimento chinês (nos últimos dois anos). A suinocultura brasileira tem que se preparar e saber passar as crises, ter caixa, planejar, ter estoque de milho, abrir mercados”, orientou.

Crescimento constante, mas preço e custos são desafios

Outras lideranças presentes no painel reforçaram que o Brasil vem crescendo constantemente nos últimos anos em consumo interno e vendas externas. “Tivemos um crescimento de 62% em dez anos, estamos crescendo todo ano, isso nos traz muitas responsabilidades”, apontou o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, que intermediou os debates.

O consultor de mercado da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), Alvimar Jalles, um dos responsáveis pela criação da Bolsa de Suínos mineira, que ajuda a regular o preço no Estado, fazendo uma intermediação entre produtores e agroindústrias, afirmou que o mercado precisa entender que a formação de preços é uma questão lógica e não emocional. “O mercado não é justo. O capitalismo é justo? Não. A especulação existe. Muitas vezes a gente se acha no triangulo perverso, onde o salvador é o presidente de associação, o perseguidor é o frigorifico e vítima é o produtor. Isso não existe, preço é feito por analise, por entendimento das forças que estão em curso, preço é feito de luta, não se iludam”, destacou Jalles.

O consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado destacou algumas lições que a suinocultura aprendeu nos últimos anos, como os reflexos da PSA em 2018, da pandemia em 2020 e da guerra na Ucrânia em 2022. “O Brasil vai continuar crescendo, nós temos capacidade para isso, com competitividade e custo. As importações da China recuaram a partir de 2021. Vai cair em 2022 e cair em 2023 também. Só em 2022 até setembro reduziu em 30%, mas aumentou para outros países, como Rússia, Uruguai, Argentina, Filipinas e Singapura”, frisou, lembrando que o mercado brasileiro “está absorvendo” o excesso de oferta de carne suína nos últimos dois anos. “Está projetado fechar em 19,05 quilos por habitante/ano em 2022. Vamos muito rápido chegar a 20 quilos/habitante/ano”, destacou, frisando que “a produção independente cresceu bastante” nos últimos meses no Brasil. “Mesmo com custos elevados, continuamos mundialmente competitivos”, apontou Pinheiro Machado.

Para ficar bem atualizado (a) acesse gratuitamente a edição digital de Nutrição & Saúde Animal.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Apesar dos custos de produção em queda, desafios persistem na suinocultura

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária Nicolle Andreassa Wilsek reforça que a gestão financeira e de dados é
essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A suinocultura, um dos pilares da agroindústria nacional, enfrenta desafios constantes, entre os quais o custo de produção se destaca como um dos mais significativos. O setor, altamente dependente de fatores como preços de insumos, produtividade e condições de mercado, é fortemente influenciado pelas variações desses elementos. Nesse contexto, o custo de produção afeta a rentabilidade dos produtores e a competitividade do setor no mercado global.

Médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek: “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O último ano encerrou com os custos de produção na atividade atingindo a marca de R$ 6,20 por quilo vivo, queda de 23,16% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves.

Santa Catarina, líder nacional na produção de suínos e referência para os cálculos do CIAS, registrou em março uma queda de 1,42% em relação a fevereiro, com o custo de produção por quilo de suíno vivo chegando a R$ 5,61 em sistema de ciclo completo. No acumulado do ano, houve uma redução de -9,52%, fazendo com que o ICPSuíno atingisse 321,12 pontos. Essa diminuição foi impulsionada pelo custo da alimentação dos suínos, que caiu para R$ 4,09, representando 73,33% do custo total.

Composição dos custos de produção

A médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek, explica que os custos de produção na suinocultura são compostos por quatro categorias principais: os custos variáveis, que flutuam de acordo com o nível de produção, englobam despesas diretas do produtor e têm o maior impacto nos custos, incluindo genética, produtos veterinários, mão-de-obra, alimentação, transporte, energia e combustíveis, manutenção e conservação, EPIs, seguros, equipamentos, despesas financeiras, administrativas e ambientais; os custos fixos, por outro lado, ocorrem independentemente da produção e incluem depreciação de máquinas, equipamentos e edificações, além de pagamentos de capital investido na atividade; já os custos operacionais são a soma dos custos variáveis e depreciação; enquanto o custo total é a soma dos custos variáveis e fixos, excluindo o custo operacional.

Impacto direto

O preço dos insumos tem um impacto direto no custo de produção, especialmente porque a alimentação representa uma parcela significativa dos custos no setor, variando de 60 a 70%. “O aumento dos preços do milho e da soja tem um impacto imediato no aumento do custo de produção. Esse efeito também se estende a outros tipos de insumos, como energia elétrica, produtos veterinários, EPIs, entre outros”, expõe Nicolle, que tratou sobre o tema no início de abril durante o Inovameat Toledo, que se destaca como um dos principais encontros dedicados à proteína animal no Paraná.

Gestão financeira

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária reforça que a gestão financeira e de dados é essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor. “É muito importante para obter um retorno maior, para atenuar os gastos desnecessários e para conservar o patrimônio, preconizando a eficiência econômica e financeira da granja”, enfatizou.

Quanto às estratégias para diminuir os custos de produção na suinocultura, a profissional destaca a importância de identificar os gargalos dentro da granja, isso inclui evitar desperdícios, como de ração, vazamentos de água e a presença de fêmeas improdutivas, entre vários outros fatores que devem estar no radar do produtor.

E da porteira para fora da granja, Nicolle cita a necessidade de pensar na organização industrial, que envolve adequação do peso de abate, adequação de formulações nutricionais e logística de transportes.  “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas, o que é alcançado por meio de bons índices zootécnicos, práticas eficientes de gestão e considerações ambientais equilibradas”, evidencia.

A profissional menciona que a suinocultura se beneficia de diversas tecnologias que podem contribuir para diminuir os custos da atividade. “Nas granjas a automação ajuda a reduzir a necessidade de mão de obra, enquanto o uso de energias renováveis, como solar e biodigestor, auxilia na diminuição dos custos com energia elétrica e combustíveis”, relata, acrescentando: “E a escala de produção influência de forma direta os custos na suinocultura, por isso que quanto mais animais produzindo, mais eficiência terá a propriedade e, consequentemente, maior rentabilidade. Além de otimizar logística de transporte, alimentação e demais suprimentos”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos / Peixes No Paraná

Vizinhos compartilham biodigestor para produzir energia limpa da suinocultura

Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, dois produtores de Itaipulândia, no Oeste, decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, ambos conseguem baratear contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

Publicado em

em

A cerca que divide as propriedades de José Valdir Genaro e Ari Facioni, em Itaipulândia, no Oeste do Paraná, é uma mera formalidade quando o assunto é sustentabilidade na suinocultura. Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, os produtores decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, os dois conseguem baratear suas contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

Usina de BioGás – produção de energia gerada a partir, neste caso, dos dejetos de suínos -, em Itaipulândia, região Oeste do Paraná.- Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

O compartilhamento do sistema também permite que o investimento feito pelos produtores se pague mais rápido, com uma produção diária de energia ainda maior. O modelo também serve de exemplo para pequenos produtores, que individualmente não teriam fôlego financeiro ou volume de dejetos para manter um sistema sozinho.

A história dos produtores é tema da série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo”, que mostra exemplos de adesão ao programa RenovaPR e ao Banco do Agricultor Paranaense para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades.

“Para o meu vizinho montar o gerador, a quantidade de suínos que ele tinha não seria suficiente para a finalidade que ele tinha imaginado, então ele me convidou para fazer uma parceria, cedendo o esterco dos meus animais para aumentar a capacidade de geração de energia”, explica Ari Facioni.

Com a soma dos dejetos dos 3 mil suínos da propriedade de Genaro e de 1,8 mil da propriedade de Facioni, o gerador instalado por eles produz cerca de 75 kilowatts por hora, funcionando mais de 12 horas por dia. O volume é suficiente para dar independência energética para as duas propriedades de maneira limpa e renovável. “É algo que dá conforto para nós. É uma despesa a menos que nós temos, com perspectiva, inclusive, de render uma renda extra com a venda da energia excedente para a rede”, conta Genaro.

Sistema

A geração de energia a partir dos dejetos e resíduos orgânicos acontece em duas etapas. Na primeira, os restos de ração, fezes, urina e carcaças são depositados em um poço cavado no chão e coberto por uma lona especial, chamado de biodigestor, onde passar por reações químicas que produzem o biogás. Depois, os gases passam por um gerador que os transforma em energia.

Além da energia, o sistema garante o manejo adequado dos dejetos dos animais, um dos maiores passivos da suinocultura atualmente. Com os biodigestores, todos os resíduos têm uma destinação ambientalmente correta, dentro da propriedade. “Dar destino para os dejetos e as carcaças era um serviço complicado, quase insalubre, com muita mosca e mau cheiro. Hoje o material é depositado no biodigestor e o manejo é muito mais limpo e fácil”, explica Genaro.

Os processos químicos do sistema também produzem um composto que pode ser devolvido à lavoura ou ao pasto da propriedade como um fertilizante rico em nutrientes. “Os resíduos voltam como um adubo tratado, de boa qualidade, que não queima a terra”, afirma o produtor Ari Facioni.

Sem este processo, o depósito destes dejetos é altamente prejudicial ao meio ambiente. Por causa disso, muitos suinocultores só conseguem aumentar suas produções ao construírem biodigestores nas suas propriedades. “Muitos agricultores não produzem mais porque isso significa dar destinação a mais dejetos. Sem este processo, os dejetos produzem muitos agentes contaminantes. Por outro lado, quando ele passa pelo biodigestor, ele se transforma em um fertilizante natural que deixa de ser agressivo ao meio ambiente”, explica o diretor ambiental da Prefeitura de Itaipulândia, Altair Ruschel.

Apoio

O investimento feito para a instalação de todo o sistema, que também conta com um triturador de carcaças, foi de cerca de R$ 800 mil e contou com o incentivo do Programa Paraná Energia Renovável (RenovaPR), do Governo do Estado.

O empréstimo para a construção do sistema foi feito a juro zero, por meio do Banco do Agricultor Paranaense, como forma de estimular a transformação energética no campo. O programa é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, e conta com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), administrado pela Fomento Paraná.

Ao todo, a subvenção de juros por meio do Governo do Estado para projetos deste tipo já passou de R$ 231 milhões desde 2021. Com este estímulo, já foram investidos mais de R$ 4,2 bilhões em 34 mil projetos de energia renovável em todo o Estado.

Em Itaipulândia, um programa da prefeitura da cidade em parceria com a Itaipu Binacional também oferece subsídio para a instalação dos biodigestores e fornece os geradores em consignação aos suinocultores. “Era uma vontade antiga instalar um sistema destes para gerar energia e dar a destinação para os resíduos da produção. Só assim a gente vai conseguir aumentar a nossa produção. Graças ao subsídio do RenovaPR a gente conseguiu concluir um projeto como este”, diz José Valdir Genaro.

Economia

A produção de suínos para corte é a quinta cultura agropecuária com maior Valor Bruto da Produção (VBP) do Paraná, com R$ 8,45 bilhões movimentados em 2023, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Este valor representa 4,27% de toda a economia do campo paranaense.

A região Oeste do Paraná, onde fica Itaipulândia, concentra a maior parte desta produção. A cidade é a sétima maior produtora de suínos do Estado, com R$ 246 milhões em VBP a partir da suinocultura. Toledo (R$ 1,25 bilhão), Santa Helena (R$ 560 milhões), Missal (R$ 482 milhões) e Marechal Cândido Rondon (R$ 450 milhões) são as maiores produtoras do Paraná.

Na comparação com outros estados, o Paraná é o segundo maior produtor do Brasil, com 3,1 milhões de suínos abatidos no primeiro trimestre de 2024, segundo dados da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Santa Catarina lidera a produção nacional, com 4,1 milhões de animais abatidos. Rio Grande do Sul (2,3 milhões) e Minas Gerais (1,4 milhão) e São Paulo (735 mil) completam a lista de cinco maiores produtores do Brasil.

Série de reportagens

A série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas aqui.

Confira o vídeo

Fonte: AEN-PR
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Codigestão de dejetos e plantas: a nova era na produção de biogás

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos.

Publicado em

em

Foto: Geraldo Bubniak

Em busca de explorar o potencial de culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante combinados com resíduos da produção animal para a produção de biogás, pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Embrapa Milho e Sorgo e da Embrapa Gado de Leite apresentaram os primeiros resultados do estudo realizado na Bioköhler Biodigestores durante o Dia de Campo sobre codigestão de culturas energéticas e resíduos da produção animal para produção de biogás, que integrou a programação do Inovameat Toledo, um dos principais eventos dedicados à proteína animal no Paraná, realizado em meados de abril na região Oeste do estado.

Doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz: “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Liderada pelo doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz, a iniciativa visa avaliar a viabilidade de culturas energéticas na produção sustentável de biogás para validar essa nova abordagem. “A codigestão de resíduos da produção animal com as culturas energéticas representa uma alternativa promissora para melhorar a eficiência da produção de biogás. Essa nova abordagem envolve a mistura de vários resíduos para otimizar a produção de biogás. Ao combinar dejetos suínos, aves ou de bovinos, por exemplo, com culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante, podemos alcançar resultados significativos em termos de produção sustentável de energia”, explicou Kunz.

Em comparação com outras formas de produção de biogás, o pesquisador ressalta os benefícios ambientais associados à codigestão de dejetos e culturas energéticas, destacando sua capacidade de conferir maior estabilidade aos processos de geração de biogás. “Isso é fundamental para a implementação bem-sucedida de novos arranjos de produção e utilização do biogás”, afirma.

Desafios técnicos e operacionais

Em relação aos desafios técnicos e operacionais associados ao uso de culturas energéticas na codigestão com dejetos, Kunz destaca a importância de compreender os arranjos produtivos específicos dessas culturas. Ele ressalta a necessidade de considerar as peculiaridades de cada cultura, incluindo seus ciclos de cultivo e colheita, assim como os processos de silagem, para garantir um suprimento consistente desse substrato para a geração de biogás.

Com o uso das culturas energéticas, o pesquisador diz que se busca não apenas melhorar a estabilidade da composição do biogás, mas também dos volumes produzidos em comparação aos processos de monodigestão, que se restringem apenas aos dejetos. “Essa abordagem objetiva aprimorar tanto a qualidade quanto a consistência do biogás gerado. Ao introduzir culturas energéticas na codigestão, espera-se minimizar as variações na composição do biogás e otimizar os volumes produzidos, proporcionando uma fonte de energia mais confiável e previsível”, expõe Kunz.

Impactos sociais e econômicos

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos. De acordo com Kunz, esse processo impulsiona o desenvolvimento e a criação de empregos, especialmente nas regiões onde as cadeias de produção de proteína animal, como no Sul do Brasil, estão consolidadas, com modelos de integração bem estabelecidos que geram oportunidades de trabalho. “A integração de culturas energéticas e outros resíduos nesse contexto não só diversifica as atividades econômicas, mas também contribui para a geração e agregação de renda”, salienta, frisando: “Essa abordagem não apenas fortalece os elos existentes na cadeia produtiva, mas também abre novas perspectivas para a comunidade rural, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e equilibrado”.

Abordagem em evidência

Foto: Monalisa Pereira/Embrapa Suínos e Aves

A adoção da codigestão de dejetos e culturas energéticas para a produção de biogás está ganhando destaque em diversas partes do mundo, com a Europa liderando o caminho. Países como a Alemanha se sobressai, contando com aproximadamente 10 mil plantas de geração de biogás, muitas das quais fundamentadas no uso de culturas energéticas como substrato.

No entanto, o Brasil se diferencia ao adotar uma abordagem adaptada às suas condições tropicais. Aqui, explica o pesquisador, cultivares específicas são desenvolvidas com genética local, dedicadas à geração de biogás. “Esse foco em cultivares adaptadas garante uma eficiência ainda maior no processo de codigestão”, evidencia.

Os pesquisadores brasileiros estão empenhados no desenvolvimento de tecnologias que garantam a eficiência operacional da codigestão, dimensionando cuidadosamente os parâmetros técnicos envolvidos. Isso inclui a determinação precisa da produção de biogás por hectare, a relação ideal entre os materiais dentro dos biodigestores e a quantidade de biogás produzida. “Essa abordagem orientada para a eficiência técnica não apenas impulsiona a inovação no campo da produção de biogás, mas também facilita a adoção dessas tecnologias pelo setor produtivo. A equipe da Embrapa trabalha focada no aprimoramento contínuo desse processo, para posicionar o Brasil como um líder na produção sustentável de biogás, contribuindo desta forma para um futuro energético mais limpo e resiliente”, salienta Kunz.

Na vanguarda

O pesquisador ressalta que a equipe da Embrapa está empenhada em estabelecer arranjos completos para a codigestão de dejetos com culturas energéticas, considerando todos os parâmetros técnicos e as nuances de toda a cadeia produtiva. “Entendemos que este é um processo dinâmico, com espaço para inovação contínua. Uma das áreas-chave de foco da pesquisa é o desenvolvimento de processos de tratamento para aumentar a capacidade de geração de biogás a partir dessas culturas energéticas”, expõe.

Além disso, a Embrapa está conduzindo trabalhos de melhoramento genético de cultivares especificamente voltadas para a produção de biogás. “Este investimento em pesquisa visa otimizar ainda mais o desempenho dessas culturas em termos de produção de biogás”, constata Kunz.

O doutor em Química Ambiental reforça que uma das razões fundamentais para adotar a codigestão de culturas energéticas junto aos dejetos é a complementaridade entre esses materiais. “Enquanto os dejetos líquidos, como dos suínos, têm uma alta concentração de água, em torno de 98%, as culturas energéticas possuem uma porcentagem entre 20 a 27% de matéria seca. Ao combinar esses dois materiais, aumentamos a concentração de sólidos no biodigestor, resultando em processos mais otimizados e maior rendimento na produção de biogás”, sustenta, acrescentando: “Essa abordagem é fundamental para garantir um fornecimento estável de substrato, permitindo o estabelecimento de arranjos para diversos fins, desde a geração de energia elétrica até a produção de biometano, que nada mais é que o biogás purificado, e que está ganhando destaque como uma solução de mobilidade sustentável”.

Para o setor agropecuário, a sustentabilidade dessa operação é especialmente relevante, uam vez que contribui para a redução da dependência de combustíveis fósseis, fortalecendo a competitividade das commodities tanto no mercado nacional como internacional, ao mesmo tempo que o país avança na descarbonização das cadeias de produção animal. “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos”, exalta Kunz.

A pesquisa da Embrapa representa um importante avanço no setor de energia renovável, oferecendo uma alternativa econômica e ambientalmente sustentável para a produção de biogás. Com a continuidade dos estudos e o apoio de instituições parceiras, espera-se que essa tecnologia contribua significativamente para a transição para um futuro energético mais limpo e eficiente.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo
IFC

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.