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Consumo de pescado cresce 65% no Brasil desde 2004
Semana do Pescado, a ser realizada em todo o país no período de 1º a 15 de setembro, é tornar o consumo de pescado uma prática cotidiana do brasileiro.

A Semana do Pescado chega à sua 20ª edição com o intuito de ampliar ainda mais o consumo de pescado no Brasil. Desde a primeira edição, em 2004, o evento criado pelo Ministério da Pesca e, atualmente, sob a organização do setor privado, viu aumentar o consumo de 6,5 quilos por habitante ao ano para 10 quilos por habitante/ano hoje.
“Dá um aumento de 65%”, disse na quinta-feira (17) o presidente do International Fish Congress & Fish Expo Brasil (IFC Brasil) e membro da coordenação nacional do evento, Altemir Gregolin. O objetivo da Semana do Pescado, a ser realizada em todo o país no período de 1º a 15 de setembro, é tornar o consumo de pescado uma prática cotidiana do brasileiro.
Segundo Gregolin, dois fatores contribuem neste sentido. O primeiro diz respeito ao fato de a iniciativa, criada pelo governo e, agora, coordenada pelo setor privado, ter se perpetuado por 20 anos. “Só esse fato mostra a importância que o evento tem para o setor e para o aumento do consumo“. O ex-ministro informou que a meta é aumentar em 30% o consumo em relação às semanas normais, com o evento sendo realizado em todos os estados brasileiros. “Descentralizar mais, chegar nos pequenos e médios municípios, dar capilaridade nacional à Semana do Pescado.”
A perspectiva de descentralização vem sendo trabalhada nos últimos três anos. Gregolin observou que na semana deste ano, o objetivo é maior. “Além das capitais, a meta é o interior. Em todos os estados há coordenadores, e as superintendências do Ministério da Pesca estão trabalhando nos estados, bem como as entidades do setor. A ideia é fazer chegar o pescado onde ele não chegava.” Segundo Gregolin, essa possibilidade é maior porque mais empresas entraram no setor e fazem com que o pescado chegue nas pequenas cidades.
Entraves
Um dos entraves observados nos anos anteriores era que os consumidores diziam que não consumiam porque não havia onde comprar. Isso está sendo superado com a ampliação do número de pontos de venda nas cidades onde o pescado chega.
“O que a gente faz é envolver o setor produtivo, desde a pesca artesanal, que tem capilaridade nacional, a piscicultura, os produtores de camarão, empresas que processam e distribuem. De outro lado, quem faz a venda, que são os bares e restaurantes e a rede de supermercados”. Gregolin lembrou que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) tem 94 mil lojas no país. “Isso é uma capilaridade gigante. Se a gente conseguir mobilizar todo esse contingente, a gente faz o consumo bombar”.
O evento pretende ampliar também as informações para os consumidores, focadas principalmente em qualidade, em saber como escolher as espécies. Ao contrário do frango e do suíno, o pescado tem a particularidade de apresentar uma variedade de peixes. “Um dos entraves para o consumo é que muitas pessoas não sabem escolher, não sabem qual é a espécie, se está boa para o consumo”. Apesar disso, segundo o coordenador do evento, na última década, a qualidade tem melhorado muito porque as empresas têm modernizado os processos e aperfeiçoado a qualidade dos produtos, bem como a fiscalização dos órgãos públicos sobre o pescado tem aumentado.
“Hoje, você tem a segurança de ter um produto de melhor qualidade para o consumo”. Material de propaganda da semana será em todos os estados, nas lojas de supermercados, nos bares e restaurantes, para dar visibilidade ao evento.
O presidente do IFC Brasil destacou que cada região brasileira tem espécies mais consumidas e mais difundidas. Só de peixes de cultivo há cerca de 20 espécies, embora algumas se destaquem entre as demais, como é o caso da tilápia, do camarão, do tambaqui. Ele destacou que o aumento do consumo no mercado brasileiro é relevante não só para a questão da saúde da população, mas também porque puxa para cima a produção. O aumento de 65% no consumo em 20 anos refletiu em expansão de 60% na produção. “E, mesmo assim, esse aumento da produção não atendeu a demanda de pescado”. Peixes como salmão e bacalhau não são produzidos no Brasil, cuja balança comercial é negativa.
Balança comercial
Até 2006, a balança comercial era positiva para o Brasil. Ou seja, o país exportava mais do que importava. A partir dessa data, com o aumento do consumo, a balança comercial ficou negativa. Em 2022, o país importou US$ 1,4 bilhão em pescado, contra US$ 300 milhões exportados. “Significa que nós somos um país gigantesco, com infinidade de espécies e um potencial gigante, mas ainda deficitário.”
Gregolin argumentou que se o Brasil aumentar um quilo de pescado por habitante/ano, isso representa 200 mil toneladas de produto processado. “Se a gente for transformar isso em peixe vivo, são 500 mil toneladas a mais que temos que produzir. Veja o potencial gigante do nosso mercado”, disse, lembrando que o Brasil é o quarto maior produtor de tilápia do mundo, atrás da China, Indonésia e Egito.
De acordo com estimativa da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), o Produto Interno Bruto (PIB) da aquicultura e da pesca alcança R$ 25 bilhões. Segundo Gregolin, economicamente, ainda é uma fração pequena do PIB nacional, mas tem grande potencial em função da população brasileira. O pescado beneficia toda uma cadeia que engloba mais de um milhão de pescadores, 300 mil aquicultores e gera 16 mil empregos diretos na indústria.
O pico do consumo ocorre durante a Semana Santa, entre março e abril. Depois há queda até agosto ou setembro, quando o consumo de peixe é retomado. A Semana do Pescado foi pensada para alavancar o consumo no segundo semestre. O sonho, porém, é ter consumo o ano todo, externou o ex-ministro da Pesca.

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Plantio de milho em Santa Catarina entra na fase final com boas perspectivas
Controle fitossanitário segue ativo e produtores monitoram impacto das chuvas na germinação.

A semeadura do milho de verão em Santa Catarina entra na fase final, com 92% da área estimada já plantada, segundo os dados mais recentes do Boletim Agropecuário de Santa Catarina. Até o momento, 93% das lavouras apresentam condição considerada boa, reforçando a expectativa de um início de ciclo favorável no estado.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O ritmo da safra é descrito como adequado, com bom estabelecimento das plantas e condições climáticas favoráveis, o que tem permitido avanço dentro do calendário previsto pelo zoneamento agroclimático.
O controle fitossanitário segue ativo, especialmente no monitoramento da cigarrinha-do-milho, praga que preocupa produtores nos últimos anos. Até agora, porém, a incidência registrada é baixa. No litoral catarinense, técnicos observaram falhas de germinação em algumas áreas, atribuídas ao excesso de chuvas no período de emergência das plantas.
O boletim também alerta para as chuvas intensas na região Sul, que podem exigir maior atenção no manejo de doenças e na aplicação de adubação de cobertura, etapas cruciais para o desenvolvimento das lavouras.
Apesar dos pontos de atenção, o cenário até o momento é favorável. A Epagri/Cepa mantém perspectiva positiva de produtividade, condicionada à continuidade de clima e sanidade adequados nas próximas semanas.
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Caminho Verde recebe R$ 30 bilhões e inicia recuperação de 1,3 milhão de hectares no país
Primeiro aporte do Mapa viabiliza crédito com juros reduzidos para converter áreas degradadas em produção sustentável, com meta de restaurar 40 milhões de hectares em dez anos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou, na segunda-feira (17), o primeiro aporte de recursos da ordem de R$ 30 bilhões para o Programa Caminho Verde, com foco nos investimentos voltados para a conversão de áreas degradas para a produção de alimentos. O programa será financiado por bancos, com juros abaixo do mercado, entre eles o Banco do Brasil, o BNDES, o BTG, o Itaú, Caixa Econômica, entre outros. Os recursos começarão a ser acessados a partir de 2026 e conta com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Fazenda para o financiamento. A meta inicial é recuperar, com este montante, cerca de 1,3 milhão de hectares nesta primeira rodada.
A meta geral do programa é recuperar até 40 milhões de hectares de áreas degradadas em dez anos. Este foi o debate do painel “Programa Caminho Verde Brasil: avanços, desafios e oportunidades”, realizado nesta segunda-feira em um dos auditórios da AgriZone, espaço da Embrapa e parceiros, também conhecido como “Casa da Agricultura Sustentável” na COP30. O evento técnico foi organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), a Embrapa e o Banco do Brasil.
Para o assessor especial do ministro da Agricultura e Pecuária e presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Carlos Augustin, o Caminho Verde reforça a posição estratégica do País na agenda global e destaca as práticas regenerativas como solução para garantir segurança alimentar e estabilidade climática.
“O programa cria condições para um expressivo aumento da produção de alimentos e de biocombustíveis, sem desmatamento de novas áreas, preservando matas nativas”, explica. “Dessa forma, promove simultaneamente a segurança alimentar, apoia a transição energética e conserva o meio ambiente”.
Dados do Mapa indicam que, atualmente, o Brasil possui cerca de 280 milhões de hectares destinados à agropecuária, dos quais 165 milhões são pastagens, sendo que aproximadamente 82 milhões de hectares estão em algum grau de degradação. A proposta do programa é a recuperação de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade ao longo dos próximos dez anos, convertendo essas áreas em terras agricultáveis de alto rendimento, sem a necessidade de desmatamento.
O recurso que será aportado no valor de R$ 30 bilhões representa o início do programa, mas o Mapa está em busca de novas parcerias. O programa Caminho Verde faz parte da carteira de financiamento do Ministério da Fazenda – O Eco Invest Brasil, parte do Novo Brasil, criado para impulsionar investimentos privados sustentáveis e atrair capital externo para projetos de longo prazo, oferecendo instrumentos de proteção contra a volatilidade do câmbio. Com mecanismos financeiros inovadores, o programa viabiliza projetos estratégicos para a indústria verde, recuperação de biomas, infraestrutura para lidar com os efeitos das mudanças do clima e de inovação tecnológica para a Transformação Ecológica. Serão R$16,5 bilhões do Tesouro e os outros R$ 16 bilhões das instituições financeiras.
Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, destacou que as áreas degradadas oferecem um potencial forte de recuperação para a produção de grãos, fibras e biocombustíveis, aumentando a capacidade brasileira de fornecimento de alimentos em um cenário global, de forma sustentável.
Na perspectiva da sustentabilidade, o Programa Caminho Verde inclui o uso de boas práticas recomendadas pela Embrapa. No caso de produção de alimentos, plantio conforme recomendação do ZARC, plantio direto, uso de bioinsumos e inoculantes, uso de sementes certificadas ou salvas legalmente, plantio de cobertura, gestão de embalagens de agroquímicos. No caso de pecuária o uso de sementes de forrageiras, divisão das pastagens e manejo do pastejo, proteção aos corpos d´água, taxa de lotação de acordo com a capacidade de suporte das pastagens e rastreabilidade. Para florestas plantadas a Embrapa sugere as seguintes recomendações: uso de bioinsumos, manejo de solos, manejo integrado de pragas, plano de combate a incêndios e proteção dos corpos d´água.
A Embrapa também elaborou um conjunto de indicadores métricas para aplicação no programa. Entre elas: metodologia de Bioanálise dos Solos (BioAs), metodologia de determinação de estoques de carbono no solo, metodologia de balanço de emissão de gáses, dentre outras. Além de calculadoras como o RenovaCalc, ABC+Calc, Zarc, Plataforma de Saúde do Solo, Carne Baixo Carbono, entre outras.
Para o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, o tema da sustentabilidade é uma das suas prioridades. Ele explicou que o primeiro estímulo para que o produtor entre no programa é a expectativa efetiva de rentabilidade com a recuperação de suas áreas degradadas. “Este convencimento é o primeiro argumento para a tomada de decisão de recuperar a pastagem”, explicou. Ele acrescentou que o incentivo, via crédito e tecnologias, deve vir junto com o controle do estado brasileiro contra o desmatamento ilegal. Por fim, o acesso ao crédito será fundamental com pagamento a longo prazo. “As três ações serão determinantes para o acesso ao crédito para o Caminho Verde”.
Para ele, o Caminho Verde é uma das soluções que traz vários elementos positivos, mas para o agricultor familiar, o ideal ainda é o Pronaf. O Caminho Verde se aplicará melhor aos médios e grandes produtores rurais. Mas a grande vantagem deste financiamento é sua veiculação à uma área que usará boas práticas para a sua recuperação. “Um programa de governo com um compromisso mensurável do ponto de vista de área recuperada e o compromisso de não desmatar e um monitoramento que soma qualitativo e quantitativo”.
Saiba mais sobre o Programa Caminho Verde acessando aqui
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Brasil lidera integração inédita entre clima, natureza e uso da terra na COP30
No principal painel das três Convenções da ONU, o Mapa apresentou políticas públicas que recuperam áreas degradadas, reduzem emissões e fortalecem a produção sustentável, alinhando agendas globais.

Pela primeira vez, as três Convenções da ONU reuniram suas agendas de clima, natureza e uso da terra em um mesmo debate, e o Brasil foi protagonista. No painel realizado nesta terça-feira (18), na COP30, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou como políticas públicas já implementadas pela pasta integram essas frentes e transformam áreas degradadas em solos produtivos, resilientes e de baixa emissão.
O encontro destacou a necessidade de alinhar agendas globais de clima, natureza e uso do solo, reforçando soluções que reduzam emissões, restaurem ecossistemas e ampliem a segurança alimentar. O representante do Mapa no painel, Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Rural, afirmou que há caminhos concretos capazes de entregar resultados simultaneamente para as três convenções — e o Brasil já demonstra isso com políticas públicas consolidadas.
“Eles estão falando das sinergias e das complementaridades entre os objetivos das três convenções e que existem investimentos custo-eficientes do ponto de vista do clima, da natureza, da segurança alimentar e do desenvolvimento socioeconômico. Um bom exemplo é a recuperação de áreas agrícolas degradadas com boas práticas, como vemos no Plano ABC, no ABC+ e no Caminho Verde Brasil”, afirmou.
Durante sua intervenção, Bruno reforçou que o país chega ao debate com programas robustos, ampla experiência técnica e capacidade de escalar iniciativas alinhadas ao desenvolvimento sustentável. “O Brasil já possui políticas públicas de destaque nesse sentido, como as que mencionei. E esperamos continuar trabalhando em parceria com os países anfitriões das COPs de biodiversidade, combate à desertificação e do clima no próximo ano, de forma a atrair novos investimentos”, destacou o diretor.
O painel também marcou a preparação para o lançamento da Belém Joint Statement on Action Agendas on Land, Climate and Nature, iniciativa que orientará esforços conjuntos das três convenções para restaurar terras degradadas, proteger ecossistemas, fortalecer meios de vida sustentáveis e integrar agendas globais de adaptação, biodiversidade e produção agrícola.
A sessão reuniu representantes de governos, organismos internacionais, comunidade científica, setor privado e lideranças indígenas, reforçando que o avanço na restauração de paisagens depende de cooperação, ciência, financiamento adequado e do protagonismo de produtores, comunidades rurais e povos tradicionais.



