Notícias Mercado Halal
Consumo consciente orienta compras no mundo islâmico, diz pesquisa
De acordo com o levantamento, marcas que não praticam crueldade animal, utilizam insumos reciclados, não-transgênicos e contam com certificação halal têm a preferência desse grupo em percentuais que variam de 69 a 95%, conforme a região do mundo onde a sondagem foi realizada.

Os consumidores muçulmanos tomam decisões de compra priorizando as oportunidades de consumo responsável, segundo revela pesquisa da H2R Pesquisas Avançadas feita a pedido da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e apresentada nesta quarta-feira (08) no Global Halal Brazil Business Forum, em São Paulo.
De acordo com o levantamento, marcas que não praticam crueldade animal, utilizam insumos reciclados, não-transgênicos e contam com certificação halal (de respeito às tradições islâmicas) têm a preferência desse grupo em percentuais que variam de 69 a 95%, conforme a região do mundo onde a sondagem foi realizada.
Ainda segundo a pesquisa, a decisão de compra prioriza produtos da agricultura familiar (entre 43 e 92%), vendidos por comerciantes de bairro (entre 70 e 93%) e empresas que respeitam as tradições e crenças do islamismo (entre 59 e 92%). O consumidor muçulmano também evita marcas envolvidas em corrupção, trabalho escravo e com posições políticas controversas, numa tendência de consumo ético similar à de países ocidentais.
A sondagem foi realizada com base em 1650 entrevistas de painéis online com muçulmanos adultos do Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Catar, África do Sul, Nigéria, Malásia, Alemanha, França, Países Baixos, Bélgica e Reino Unido. Com margem de erro de 2,4 pontos percentuais, a amostra foi composta com países de maioria islâmica, nações multiculturais e regiões onde os muçulmanos são minoritários para traçar um panorama do mercado de consumo islâmico. O setor envolve nada menos que 1,9 bilhão de consumidores, já movimenta US$ 4,88 trilhões por ano e deve crescer 18% até 2024, de acordo com o The State of Islamic Economic Report, de 2021.
“Há uma convergência entre os valores do ESG, do consumo ético e da responsabilidade social e da cultura muçulmana, especialmente do muçulmano comum, que nada tem a ver com o estereótipo ligado a extremismos. Para esse consumidor, os valores éticos do islã, comuns a muitas religiões, também são levados em conta nas decisões de consumo”, analisa Alessandra Frisso, diretora da H2R Pesquisas Avançadas.
A pesquisa revela, ainda, a prevalência de um consumidor no mundo muçulmano de perfil masculino, na casa dos 30 anos, com acesso ao ensino superior, inclusive em países menos desenvolvidos da Ásia e da África. Esse consumidor também é ativo nas redes sociais, prefere comprar pela Internet, geralmente está posicionado nos extratos de renda mais altos e é muito orgulhoso de sua identidade muçulmana.
Frisso ressalta que a compreensão dessa identidade é fundamental para as marcas que queiram atuar no mundo islâmico. Segundo ela, por meio do consumo, o muçulmano, especialmente o que vive em países ocidentais, expressa sua identidade. Na Europa, por exemplo, 71% dos consumidores entrevistados consomem produtos com certificado halal, selo que na prática funciona como uma garantia de respeito às tradições do islã, e 49% disseram estar dispostos a pagar mais por produtos certificados.
“Poderíamos pensar que fora do mundo muçulmano o respeito às tradições fosse menos relevante, mas o fato é que não é. A certificação importa, pois através dela, o ato de consumir se torna lícito segundo as crenças da religião, e se liga à expressão da identidade muçulmana e a valorização das origens”, analisa Frisso.
A pesquisa identifica ainda uma crescente influência do islamismo no consumo de nações multiculturais, onde os muçulmanos são, inclusive, minoria. Na Malásia, por exemplo, o governo local estabeleceu políticas de incentivo à produção halal como estratégia de fomento às exportações, que acabaram se incorporando a várias cadeias produtivas.
Hoje, no país asiático, o halal, muito além de um produto voltado ao muçulmano, é associado a um estilo de vida, marcado pelo consumo de produtos saudáveis e eticamente responsáveis. Dessa forma, o halal vem ganhando a preferência de consumidores de outras identidades étnicas no país, mas o mesmo fenômeno já se vê em outros países islâmicos.
“O ‘speech’ de consumo responsável é uma invenção ocidental, mas no mundo islâmico já é uma prática cultural, cuja compreensão é fundamental para quem quiser explorar com sucesso esse imenso mercado”, finaliza Frisso.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



