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Consumidor decreta fim das gaiolas de gestação

Wesel comandou palestra no SBSS onde demonstrou como os produtores europeus alcançaram excelentes resultados utilizando baias de gestação coletivas

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O jornal O Presente Rural entrevistou com exclusividade Ad Van Wesel, líder global de Suínos da Cargill, que veio ao Brasil para participar, de 09 a 11 de agosto, em Chapecó (SC), do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) 2016. Natural da Holanda, com amplo conhecimento sobre os sistemas de produção dos países produtores, Wesel acredita que as baias de gestação coletivas são o futuro certo e irreversível na suinocultura. Para ele, mais que acordos entre a União Europeia e continente americano, incluindo o Brasil, as restrições ao comércio de carne produzida com porcas em gaiolas são impostas pelo consumidor. Ainda conforme o dirigente, se o mercado não se adequar, vai ver aumentar cada vez mais o número de vegetarianos e “flexitarianos”, tendência já bastante clara em países europeus, de acordo com o profissional.

Wesel comandou palestra durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, em 10 de agosto, no Centro de Eventos de Chapecó, onde demonstrou como os produtores europeus alcançaram excelentes resultados utilizando baias de gestação coletivas. Confira.

O Presente Rural (OP Rural) – A União Europeia (UE) tem mais rigor quanto ao bem estar animal em relação a outros países. Qual a prevalência de baias de gestação coletivas entre os produtores?

Ad Van Wesel (AVW) – Em 2013, uma ampla legislação da UE (28 países) tornou-se ativa e desde então as matrizes devem ser alojadas em grupos de pelo menos seis animais, de 28 dias após a inseminação até o carregamento para a sala de parto (tipicamente dia 110 de gestação).

Os dois principais sistemas utilizados durante essa fase de grupos alojados são “transponder feeding”, também chamado de alimentação eletrônica de matrizes em grandes grupos, e grupos com baias de alimentação que fecham durante a alimentação e abrem novamente após a alimentação de modo que as matrizes podem caminhar livremente. Ambos os sistemas têm prós e contras. Grandes fazendas em geral preferem baias de fecho automático porque o treinamento em sistema transponder feeding é demorado. Eu não tenho uma atualização recente disponível, mas com base em uma anterior minha estimativa é que 60-70% das matrizes estejam alojados em baias baseadas no sistema em grupos que fecha durante a alimentação ou, por vezes, utiliza a alimentação doseada lentamente. A outra parte está em sistemas eletrônicos de alimentação de matrizes.

OP Rural – Elas têm outra função a não ser o bem-estar animal?

AVW – A crença geral na prática, bem como as pesquisas mostram, que não existem reais vantagens ou desvantagens de produtividade em alojamento de matrizes em grupos. Os produtores têm que se acostumar ao fato de que a alimentação para a uniformidade certa das condições corporais é difícil. Adicionais problemas nas pernas e cascos ocorrem mais em sistemas de alojamento em grupo. Experiências práticas levam a acreditar que o processo de parto é mais suave quando as porcas foram alojados em grupos. É hipnotizante que isso se deve ao fato de que as matrizes se exercitam mais e, por isso, ficam mais aptas ao duro processo de nascimento, certamente, hoje em dia, 15-16 leitões por ninhada é bastante comum. O que pode ser uma vantagem em países onde o custo de manipulação de chorume é elevado: matrizes em grupos bebem menos água. Muito provavelmente porque as porcas que estão em gaiolas o dia inteiro ficam mais entediadas e, portanto, bebem, e derrubam mais água.

OP Rural – Qual a diferença no manejo para a produção em relação ao sistema de gaiolas?

AVW – Em alojamento em grupos é mais difícil controlar e alimentar as porcas individualmente. É necessária maior atenção do criador para manter as matrizes com condições corporais uniformes e não “deixar passar” problemas de saúde ou matrizes vazias. Problemas na perna e casco são mais comuns no alojamento em grupos se o design da baia e a alimentação não estiverem corretas. Brigas e lesões na pele são um fato na vida em alojamento em grupo, embora o layout das baias e administração geral animal podem ajudar a evitar.

OP Rural – Como os produtores europeus conseguiram migrar para esse sistema?

AVW – Em alguns países, uma parte das fazendas já fazia isso antes de se tornar obrigatório por lei (impulsionados principalmente pelos conceitos de marketing sobre carne, que anunciam um alojamento mais amigável). Nestes países, a transição para a plena conformidade com a lei foi relativamente fácil, porque consultores da fazenda, empresas de alimentação e veterinários já tinham experiência. Países que ficaram para trás têm mais dificuldades e um fator complicador era o preço do suíno, que estava abaixo do custo de produção desde 2010 até metade de 2012, fazendo com que os agricultores não tivessem dinheiro disponível para investir nesse período.

OP Rural – Quais são os índices de produtividade desses produtores que o senhor apresentou em sua palestra no Brasil?

AVW – Os países que eu mais tenho experiência prática estão produzindo entre 28 e 30 leitões desmamados por porcas por ano.

OP Rural – No Brasil, esse sistema ganha espaço gradualmente. O senhor acredita serem as baias coletivas o futuro na produção de suínos?

AVW – Os consumidores ficam cada vez mais críticos sobre a produção de suínos em geral e mais especificamente quanto ao bem-estar geral animal. Vemos que na Europa o consumo de carne está ligeiramente em declínio e carne de porco está especialmente sob pressão. Acreditamos que a indústria de suínos tem que adaptar suas práticas para o que o público considera como aceitável, caso contrário mais pessoas irão parar de comer carne. Não que o percentual de vegetarianos esteja rapidamente aumentando. Mas a porcentagem de "flexitarianos" (pessoas que não comem carne todos os dias, por várias razões) está aumentando. Na minha terra natal, Holanda, a percentagem de pessoas que se qualificam como "flexitariano" tem aumentado rapidamente. A última informação que eu tenho é que ele atinge 71%. Esta é uma tendência de longo prazo em todos os lugares e uma realidade para os países que gostariam de exportar para a UE, porque os supermercados não aceitarão carne de operações que não são consideradas “amigos dos animais”.

OP Rural – Ela funciona em pequenas e grandes propriedades?

AVW – Sim, os sistemas são desenvolvidos para todos os tamanhos de fazendas.

OP Rural – Esse sistema ainda esbara em um custo maior na infraestrututura? Por quê?

AVW – Depende do tamanho da propriedade e depois disso, do tamanho do grupo. Uma estação de tranponder feeding é cara. Então você prefere colocar 40 porcas em uma estação. Se o tamanho da sua propriedade e o sistema de gestão escolhido resultam em grupos menores, então um sistema como da foto é mais barato para construir.

O problema de um sistema como este é que as porcas que comem rápido podem terminar de comer e morder outra porca que esteja ao seu lado na baia, forçando-a a sair para que a porca que come rápido coma sua refeição também.

A opção mais utilizada é como você vê na imagem. Quando a porca entra, ela precisa empurrar um nível para ter acesso e alcançar seu alimento, e ao mesmo tempo tem um portão no final da baia que se fecha. Quando o portão está fechado, uma outra porca não pode forçar a porca que está se alimentando a sair.

Outra alternativa é a alimentação doseada muito lentamente, em pequenas porções. É lento o suficiente para deixar as porcas que comem devagar comer no seu tempo e rápido o suficiente para manter a porca que come rápido à espera da próxima parcela. Dessa forma, as porcas ficam nas baias e não é necessário um portão atrás delas. Dessa forma, as baias inclusive podem ser menores e mais baratas e, além do que o espaço para movimentação atrás fica maior.

OP Rural – O senhor acredita países que produzem em gaiolas tendem a sofrer restrições comerciais de outros países e consumidores?

AVW – Espero que sim. Não seria um jogo em igualdade de condições se os países que ainda produzem à velha maneira fossem autorizados a exportar a países que têm alojamento em grupo obrigatório. Talvez as negociações de acordos comerciais entre a UE e o continente americano não sejam capazes de regularizar isto, mas estou certo que supermercados, organizações de consumidores e apoiadores (muito fortes) de bem-estar animal vão tomar cuidado para que produtos produzidos em gaiolas não entrem na UE.

 

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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