Suínos
Consultor destaca os benefícios que novas legislações trazem para a suinocultura
Entre as principais mudanças estabelecidas pela normativa, o profissional destaca a obrigatoriedade da gestação coletiva a partir do 35º dia de gestação.

A indústria de suínos no Brasil passa por importantes e consideráveis mudanças regulatórias relacionadas ao bem-estar animal. A primeira delas é a IN 113, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que começou a vigorar em fevereiro de 2021. Na área industrial, os frigoríficos devem seguir a Portaria 365, que é dedicada ao manejo pré-abate, abate humanitário e os métodos de insensibilização autorizados pelo Mapa, de 16 de julho de 2021.

Médico-veterinário e consultor Cleandro Pazinato Dias
O consultor da área de suínos, Cleandro Pazinato Dias, destaca em sua abordagem que a instrução normativa trouxe uma série de alterações e é fundamental que os produtores estejam atentos às adequações necessárias e aos prazos estabelecidos. Em entrevista ao jornal O Presente Rural, o profissional evidenciou a importância dessas mudanças para a competitividade do Brasil no mercado mundial de produção de suínos. “A nova legislação busca melhorar o bem-estar animal, o que resultará em maior produtividade, melhores índices zootécnicos, melhor conversão alimentar, redução de mortalidade e doenças, bem como a diminuição do uso de medicamentos e perdas na indústria”, afirma Dias.
Principais mudanças
Entre as principais mudanças estabelecidas pela normativa, o consultor destaca a obrigatoriedade da gestação coletiva a partir do 35º dia de gestação, ou seja, não será mais permitido manter as fêmeas gestantes em celas individuais, elas necessitam ficar em baias coletivas. “Esse é um dos tópicos que mais preocupa os produtores, porque demanda de um bom investimento financeiro. Por outro lado, já têm muitas empresas investindo nessa transição e as granjas novas têm sido construídas adequadas para essa condição”, observa.
Outras alterações apontadas como relevantes pelo consultor é a idade mínima de desmame, que passou a ser de 24 dias, a proibição da castração cirúrgica sem anestesia e analgesia e a proibição do uso da mossa. “Essas adequações têm o prazo de 7 anos para que os produtores se adequem, sendo que cada adequação possui prazos diferentes. Algumas tem o prazo até 2045 para adequação por parte dos produtores. Desta forma, é preciso que os suinocultores fiquem atentos e planejem as mudanças da melhor forma para cada granja”, recomenda.
O consultor explica que essas adequações representam desafios para os produtores, principalmente na parte econômica, por conta da necessidade de investimentos financeiros. E também desafios de ordem das mudanças nas práticas de manejo. “É fundamental que os produtores busquem alternativas que sejam viáveis em termos de custo e que tragam resultados positivos em termos de produtividade e qualidade dos animais”, orienta Dias.

Portaria 365
Já a legislação para às indústrias, a Portaria 365 teve um prazo menor para ser implementada e passou a vigorar no dia 1º de agosto deste ano, com novas adequações, por meio da Portaria 864, relacionadas ao abate de matrizes gestantes, capacitação dos profissionais, definição do tempo de início do jejum e pré-abate, flexibilização do tempo máximo de jejum para matrizes suínas, além de registros de parâmetros elétricos utilizados na insensibilização, entre outros.

Foto: Divulgação/Agência Estadual de Notícias do Paraná
Entre as principais adequações, o consultor evidencia a necessidade de promover a adequação de equipamentos dentro das instalações de abate, alterações de parâmetros de insensibilização, práticas de manejo dos animais, maior rigor nos auto controles feitos dentro dos frigoríficos, controle maior no período de transporte e pré-abate, que altera as horas aceitáveis de jejum dos animais para até 18 horas, diferente de antes que era até 24 horas. “Toda indústria também precisará possuir um profissional que será o responsável em zelar pelo bem-estar dos animais, esta regra também pode trazer dificuldades às empresas, pois é mais uma função que precisará ser exercida por um profissional capacitado”, opina.
Novo patamar
De acordo com Cleandro, o cumprimento destas normativas impactam toda a cadeia produtiva de suínos. “Para as indústrias, a nova legislação traz mais rigor e nos planteis de produção de suínos ainda não existia nada oficial, desta forma, essa IN traz grandes impactos positivos para os produtores e granjas. Essas atualizações colocam o Brasil em um novo patamar, melhor no mercado mundial de produção de carne suína, porque a gente passa a ter duas importantes diretrizes que regulamentam a cadeia produtiva, o que é bem visto pelos nossos parceiros comerciais”, adverte.
Papel dos veterinários
O consultor reflete que os produtores podem encontrar nos médicos-veterinários um bom suporte para a implantação das mudanças. “O papel dos médicos-veterinários é entender as novas regras para saber orientar os produtores e as empresas de forma correta. Eles devem buscar alternativas que sejam boas em termos de custo e que tragam bons resultados, ajudando no ganho de produtividade e na melhora das condições de vida dos animais”, sugere.
Penalidades
Com relação às penalidades que serão impostas pelos órgãos competentes, Cleandro afirma que a maior sanção será do próprio mercado. “Ainda não existem penalidades legais que serão executadas, a normativa 113 é uma instrução de como proceder, desta maneira, não estão previstas penalidades. Por outro lado, o próprio mercado deve balizar essas questões e vai acabar limitando a comercialização de produtos não adequados. Já a Portaria 365 deverá ser fiscalizada, porque dentro das indústrias estão os departamentos do Sistema de Inspeção (Federal, Estadual e Municipal), e eles possuem autonomia para notificar e embargar unidades de produção pelo descumprimento de medidas importantes”, diz.
Cenário Mundial
O palestrante também informou que embora o Brasil tenha construído estas duas importantes legislações, existe uma demanda de exigências ainda maior no mercado internacional. “Aqui no Brasil as nossas medidas estão muito relacionadas com a produção de alimentos para consumo e no exterior em muitas circunstâncias tem uma pegada maior com os cuidados e direitos dos animais”, expõe.
Cleandro recomenda que o mercado brasileiro fique atento ao que está acontecendo no exterior, pois existe uma previsão de que nos Estados Unidos avance no incremento de suas legislações e que a comunidade europeia atualize as suas legislações ainda neste ano, com novas bases na parte de bem-estar, tanto nas granjas, transporte e nos frigoríficos. “Esses players também estão passando por mudanças significativas relacionadas ao bem-estar animal, o que pode impactar o mercado brasileiro”, ressalta.
Oportunidades
O profissional destacou que o Brasil está muito bem com as legislações construídas, mas que existe uma importante oportunidade que é a elaboração de uma diretriz específica para o transporte dos animais. “A minha única crítica é que necessitamos estudar e elaborar uma legislação de transporte, que vise o bem-estar dos animais, o que acaba refletindo em melhores condições de abate e do produto final”.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



