Suínos
Conquistar grandes mercados importadores ainda é desafio para Brasil
Entrar em mercados como Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul ainda tem sido um desafio para a carne suína brasileira, afirma Vargas
Ao longo dos anos, o Brasil vem se destacando no mercado mundial da proteína animal. Tendo se tornado um grande exportador, o país mira alguns mercados que ainda não entrou ou entrou com muita discrição. Tendo cumprido quesitos como qualidade, sanidade e excelência, o Brasil agora negocia com estes grandes mercados, como Estados Unidos e Japão, para conseguir uma fatia nas negociações internacionais. Para esclarecer um pouco sobre este processo, o vice-presidente e diretor técnico da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Rui Saldanha Vargas, falou sobre o “Mercado global de suínos: barreiras comerciais e clientes que desafiam a indústria brasileira”, durante a SafePork, que aconteceu de 21 a 24 de agosto, em Foz do Iguaçu, PR.
Vargas explica que em 1978 a peste suína africana entrou em solos brasileiros, o que fez com que a exportação da carne suína estagnasse. “Neste período, o Brasil ficou somente no mercado interno. E, na época, o nosso mercado interno não era um grande mercado para os suínos, pois o consumo estava em torno de 8 a 9 kg/habitante/ano, um mercado fraco”, afirma. Ele diz então, ao longo dos anos que se sucederam, foi feito um forte trabalho para retomar as exportações. “Nestes 20 anos conseguimos um aumento de 800% nas exportações, e atingimos no ano passado o que consideramos o nosso maior número em termos de exportação nesses anos: 750 mil toneladas. E neste ano, pretendemos crescer e evoluir mais no mercado externo”, enfatiza.
Ele informa que é sabido que, atualmente, o mercado interno brasileiro da carne suína é bom, consumindo mais ou menos 75% do que é produzido. “Mas queremos trabalhar bastante o mercado externo para chegar em níveis bastante interessantes para nós e dar um equilíbrio para a cadeia como um todo”, diz.
Vargas conta que apresentará quem são os maiores importadores de carne suína do mundo e porquê o Brasil ainda não conseguiu ter acesso a determinados mercados. “O México, por exemplo, é um dos seis grandes importadores mundiais, assim como a Coreia do Sul, o Japão e os Estados Unidos. São países que importam (em quantidade). Nós temos dois grandes mercados que estamos aprovados, que é a China e a Rússia, mas nos falta ainda trabalhar melhor estes outros mercados que seriam muito bons para nós”, comenta. Ele diz que obviamente o Brasil vem trabalhando nos pequenos mercados, mas o objetivo é ganhar a certificação de condição, qualidade e segurança do produto brasileiro destes grandes mercados para poder expandir a exportação.
O vice-presidente da ABPA afirma que para conquistar estes grandes mercados não falta nada para o Brasil. “Nós só temos que questionar alguns regramentos ou requerimentos sanitários que são feitos por alguns países”, diz. Um exemplo citado por ele, e que, para Vargas, é o maior desafio para conquistar determinados mercados, é o risco da carne suína brasileira ser exportada de uma área livre de febre aftosa com vacinação para bovinos. “Nós fazemos a perfeita separação da espécie bovina, isso é uma doença bastante característica em bovinos e que não ocorre no Brasil há mais de 20 anos. Nós não vacinamos contra a febre aftosa em suínos, então os riscos são completamente desprezíveis”, reitera. De acordo com ele, uma das principais barreiras que existem para adentrar determinados mercados é o fato de produzir suínos em uma área onde se produz bovinos com vacina.
Dessa forma, comprovar a parte sanitária está sendo um desafio, assegura Vargas. “Acho que esse casamento que nos impõe com a carne bovina, isso tem nos prejudicado bastante, porque quem vacina é a (cadeia da) carne bovina, o reconhecimento internacional de livre com e sem vacinação é em cima dos produtos bovinos”, diz. Ele assegura que está sendo trabalhado fortemente para que este “casamento” seja desfeito e seja provado que o risco não existe. “Vamos provar que os países podem exportar o suíno, porque trabalhamos em um sistema integrado, um sistema fechado, com uma tecnologia moderna de produção. É uma condição totalmente protegida das demais espécies que, por ventura, estejam na mesma base geográfica”, comenta.
Novos Mercados
Vargas conta que há uma tese na ABPA em que o mercado brasileiro deve sempre estar encostado em todas as portas comerciais. “Porque, quando abrir uma, nós caímos para dentro”, diz. Para ele, o Brasil precisa estar preventivamente se preparando para entrar nos mercados, mesmo que, às vezes, existe fatores como negociações internacionais ou acordo bilateral de mercado entre dois países. “Chega determinados momentos de oportunidade comercial que precisamos estar prontos para aproveitar. Por isso, nos preparamos no ponto de vista de biossegurança, de sanidade, segurança alimentar, para estarmos preparados para a hora que der, nós cairmos para dentro desta porta”, conta.
Para ele, o Brasil está totalmente preparado para atender a qualquer mercado. “Nós temos uma suinocultura moderna, usamos a melhor tecnologia possível, temos uma boa condição sanitária. Como todo e qualquer país, estamos sujeitos a acidentes ou eventos sanitários, mas estamos com instrumentos e procedimentos muito rápidos para agir em cima de qualquer evento e corrigir os problemas na maior rapidez possível em termos de diagnóstico e de ação de governo. Acredito que nós estamos totalmente preparados”, enfatiza. Segundo Vargas, somente o que o Brasil precisa são boas oportunidades para mostrar o produto nacional lá fora.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
