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Suínos

Conheça o que está sendo feito para tornar mais eficiente a reprodução no rebanho suíno

Existem inúmeros combinações de opções de alojamento e alimentação para o rebanho reprodutor, cada granja precisará determinar quais procedimentos funcionam melhor para o manejo reprodutivo atingir as metas de fertilidade e bem-estar dos animais. Em um futuro próximo, as oportunidades para as granjas de criação e captura de heterogeneidade nas fêmeas podem eventualmente exigir acasalamentos específicos de machos únicos.

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Nas últimas três décadas, a suinocultura mundial presenciou inúmeras mudanças no alojamento, no manejo reprodutivo e na estrutura da indústria em resposta a demanda das exportações, aos acordos políticos para o comércio exterior, ao bem-estar animal, à segurança alimentar, à capacidade de produção e ao tamanho do mercado doméstico e internacional da carne suína.

Essa evolução do setor suinícola deve continuar consistente nos próximos anos, conforme prevê o professor doutor e pesquisador do Departamento de Ciências Animais da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, Robert Knox, que esteve em meados de junho no Brasil para palestrar no 26º Congresso Internacional da Sociedade Veterinária Suína (IPVS), realizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Na ocasião, destacou que os grandes desafios e oportunidades futuras para os suinocultores devem envolver sua capacidade de se manter competitivos por meio de uma produção eficiente, bem-estar animal, saúde do rebanho, redução do impacto ambiental e retenção de mão de obra qualificada.

Manejo reprodutivo com doença

Professor doutor e pesquisador do Departamento de Ciências Animais da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, Robert Knox: “Atualmente, apenas algumas raças maternas puras são utilizadas na reprodução de suínos comerciais, baseadas na herança Large White e Landrace, enquanto as fundações de linha terminal geralmente envolvem as raças Duroc ou Pietrain” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Nos últimos anos, a suinocultura tem sido desafiada pelo surgimento e disseminação de doenças virais de importância global, com maior preocupação para a Peste Suína Africana (PSA), seguida pela diarreia epidêmica suína (PEDV), além do desafio permanente para as granjas que lidam com a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS). “Cada uma dessas doenças resultou em mortalidade significativa dentro dos rebanhos reprodutores. Enquanto os surtos de PSA exigem o despovoamento, os surtos com PEDV e PRRS causam alta mortalidade e morbidade ao mesmo tempo, no entanto permitem manejar o fluxo de produção do rebanho reprodutor enquanto os suinocultores tentam estabilizar a saúde dos animais”, menciona Knox.

Conforme o doutor em Ciência Animal, ao longo dos anos a PRRS impulsionou o desenvolvimento de muitos dos procedimentos de biossegurança usados nos dias atuais, entre eles como os rebanhos reprodutores operam e gerenciam o fluxo de animais, uma vez que o vírus pode ser levado por pessoas ou veículos de uma granja para outra. “Devido a isso procedimentos de biossegurança têm sido amplamente implementados para controlar a sua entrada”, frisa Knox.

Por sua vez, em casos em que a fertilidade das fêmeas e a sobrevivência dos leitões foram afetadas, o especialista em reprodução de suínos diz que houve uma abordagem para retardar ou sincronizar o estro e restabelecer grupos de reprodução de porcas que perderam ou tiveram todos os seus leitões removidos em virtude de qualquer doença, com o uso de progestágeno implementado nestes cenários de desmame precoce. “Estas abordagens em restabelecer os grupos de reprodução foram bem-sucedidas, porém não permitem a reprodução até que as fêmeas atinjam duas semanas após o parto, isso porque a função do eixo hipotálamo-hipofisário e o reparo uterino geralmente são restaurados entre duas e três semanas após o parto”, relata Knox.

Genótipos modernos

O uso de genótipos de suínos modernos permite às porcas a capacidade de produzir de forma eficiente uma grande ninhada de suínos, no entanto esses suínos são geneticamente projetados para serem de rápido crescimento e excelente conversão alimentar, para que quando atinjam o peso de mercado produzam carcaças com alto rendimento de carne magra.

Para a reprodução destes animais, Knox diz que há uma diversidade genética limitada nas raças usadas por produtores. “Atualmente, apenas algumas raças maternas puras são utilizadas na reprodução de suínos comerciais, baseadas na herança Large White e Landrace, enquanto as fundações de linha terminal geralmente envolvem as raças Duroc ou Pietrain”, menciona, acrescentando: “Isso, é claro, tornará a seleção para minimizar a endogamia um desafio ainda maior no futuro”.

No entanto, à medida que os métodos de seleção continuam avançando, oportunidades podem ser criadas com novas linhas. “Em um futuro próximo, as oportunidades para as granjas de criação e captura de heterogeneidade nas fêmeas podem eventualmente exigir acasalamentos específicos de machos únicos e não de uma mistura de sêmen de vários animais”, sublinhou o professor norte-americano.

Segundo ele, a porca moderna é geneticamente selecionada para crescimento rápido e magro, carcaças de alto rendimento, tamanho de ninhada maior e um alto número de tetos funcionais. “Durante o desenvolvimento, muitas dessas fêmeas crescem mais rápido, com alta probabilidade de que algumas sejam bastante pesadas no momento em que expressam a puberdade e são acasaladas. Isso terá efeitos prejudiciais em sua estrutura na primeira e na segunda paridade, o que provavelmente levará à redução da produtividade e longevidade desses animais”, avalia Knox.

Conforme o pesquisador norte-americano, o aumento do tamanho da ninhada vem crescendo a cada ano como resultado de melhorias na seleção genética, manejo da fertilidade dos machos e fêmeas, detecção de estro e inteligência artificial, bem como melhorias no alojamento dos animais, alimentação e saúde. “As tendências e aumento de tamanho são evidentes desde o início dos anos 1990, a questão é se essa tendência continuará no futuro e se esse é um caminho bom ou ruim. O aumento no tamanho da ninhada resulta diretamente de um aumento da taxa de ovulação e um aumento na capacidade uterina. Mas, ao mesmo tempo, houve também uma diminuição notável no peso médio da ninhada ao nascer e, em alguns casos, uma maior distribuição dentro dos pesos ao nascimento da ninhada ou uma maior frequência de leitões nascidos abaixo do peso. Isso agora criou o cenário em que os suínos menores na ninhada têm menos probabilidade de sobreviver”, expõe o docente da Universidade de Illinois.

Métricas de reprodução

As medidas utilizadas para avaliar o desempenho nos modernos sistemas de produção de suínos podem muitas vezes serem reduzidas a uma única medida ou uma longa lista de medidas. “Medidas únicas, como leitões produzidos por porca/ano, certamente capturam diferentes aspectos da fertilidade ao mesmo tempo. No entanto, outras medidas são claramente necessárias, informativas e podem ser importantes para considerar se o animal individual ou o rebanho estão atingindo seu potencial de fertilidade”, elenca Knox.

A meta para granjas atingirem taxas reprodutivas muito altas é uma realidade nos dias atuais, e as fêmeas dessas granjas podem ser caracterizadas como hiperprolíficas. “Se esta fêmea representa uma população genética ou um subconjunto do grupo maior é incerto, mas claramente mostra o potencial de fertilidade na faixa superior. Mesmo na população feminina hiperprolífica há uma distribuição normal esperada para medidas como tamanho da ninhada. Mas é provável que a capacidade da porca de genótipo moderno de atingir o estado hiperprolífico como indivíduo ou como rebanho seja talvez mais dependente do manejo na propriedade do que dos limites genéticos”, pontua Knox, que também é membro do Comitê do Sow Bridge, um dos melhores programas à disposição dos produtores para informação imparcial e relevante nos Estados Unidos.

De fato, diferenças notáveis ​​separam as granjas no desempenho reprodutivo das porcas, uma vez que aquelas com melhor desempenho estão acima da média em várias categorias na produção comercial. “Uma porca hiperprolífica precisaria estar nas categorias mais altas para leitões totais nascidos, nascidos vivos, ninhadas por ano e desempenho zootécnico até sete dias após o desmame”, expõe Knox.

Existe agora a expectativa de que 90% das fêmeas desmamadas serão acasaladas dentro de seis dias após o desmame, 90% prenhez no dia 30 e que as taxas de parto atingirão >87%. O tamanho total da ninhada nascida é agora esperado em torno de 14,5 a 16 leitões. “A duração da gestação agora é em média de 115 a 116 dias, com base nos registros da granja, e pode ou não estar relacionada ao aumento do tamanho da ninhada”, revela Knox.

Hospedagem do rebanho reprodutor

O especialista em reprodução de suínos afirma que no mundo todo estão ocorrendo grandes mudanças no alojamento do rebanho reprodutor, seja por exigência de legislações ou com base em decisões relacionadas para o acesso ao mercado externo. “Para os rebanhos reprodutores, isso envolve a capacidade de alojar suínos reprodutores machos ou fêmeas em gaiolas individuais continuamente, por um período limitado de tempo. Em muitas partes do mundo, não há restrições de bem-estar e a maioria das porcas e varrascos na criação de rebanho são alojados em caixas em alguma forma de edifícios regulamentados ambientalmente. Em outros países do mundo, o uso de gaiolas é restrito a alguns dias em torno da reprodução e para o parto”, aponta o docente.

No entanto, Knox pontua que a produção com alta eficiência pode ser alcançada independentemente do alojamento em currais ou engradados. De acordo com o pesquisador, a diversidade de opções de alojamento e manejo de porcas em grupos são numerosos e podem estar relacionados ao tamanho da propriedade, custos das instalações, mão de obra, fertilidade e bem-estar. “Porcas que são desmamadas em grupos podem ser estimuladas e detectadas para estro, inseminadas, estabelecer prenhez e parir uma ninhada grande, mas há desafios maiores nesses sistemas que exigem novas abordagens de manejo”, menciona.

As oportunidades para o futuro da habitação em grupo são a descoberta de quais abordagens oferecem uma maneira prática e eficiente para as granjas atingirem as metas de fertilidade e bem-estar quando as porcas estão em estado estático ou dinâmico e em sistemas de gestão manual ou eletrônico. “Existem inúmeros combinações de opções de alojamento e alimentação para o rebanho reprodutor, cada granja precisará determinar quais procedimentos funcionam melhor para o manejo reprodutivo atingir as metas de fertilidade e bem-estar dos animais. É provável que novas tecnologias relacionadas à identificação e monitoramento eletrônico de animais continuarão a ter um papel cada vez maior no futuro”, aposta.

Com base na necessidade de atender aos requisitos de bem-estar animal, é provável que o alojamento em grupo de suínos no rebanho de reprodução continue a aumentar em todo o mundo. Por isso, novos sistemas de estimulação e detecção de estro serão importantes para testar e avaliar. “Esta será uma área que deverá evoluir nos próximos anos. Pode haver oportunidades nestes sistemas para melhorar a qualidade da estimulação e identificação da fertilidade com o uso de tecnologias eletrônicas, as quais também são valorizadas por sua capacidade de monitorar comportamentos e fisiologia relacionados à saúde animal, bem-estar, ingestão de ração e medidas corporais”.

Fertilidade

A estimulação e detecção da puberdade nas marrãs é um componente importante para o sucesso do rebanho reprodutor. A marrã requer um investimento considerável de recursos durante o desenvolvimento para atingir a maturação, a fim de expressar o estro puberal na idade e peso desejados.

Em muitos sistemas modernos, onde as marrãs de reposição são gerenciadas em lotes para minimizar os eventos de entrada relacionados à biossegurança, cortes de marrãs eventualmente passam por uma seleção e fases de estimulação à medida que envelhecem. Nestes grupos, Knox diz que as explorações devem ser capazes de reconhecer marrãs de crescimento lento e rápido e conceber um sistema para regular seu crescimento para evitar problemas.

Controle hormonal da reprodução

Os hormônios disponíveis para uso no controle da reprodução não mudaram muito ao longo dos anos e são um tanto limitantes. Mas novas formulações e descobertas continuam e podem mudar seu uso no futuro. Nos últimos 30 anos, a gonadotrofina coriônica equina (eCG) e a gonadotrofina coriônica humana (hCG) têm sido amplamente usadas para estimular o desenvolvimento folicular e a ovulação em marrãs pré-púberes ou em porcas desmamadas.

A injeção de hormônios glicoproteicos nas doses adequadas estimula a seleção do folículo e o rápido desenvolvimento para a ovulação dentro de cinco dias. “Mas os problemas na produção, fornecimento e disponibilidade de hormônios provavelmente serão obstáculos para o uso na suinocultura no futuro. Além disso, enquanto os efeitos para a indução do desenvolvimento folicular com eCG ou eCG+hCG (PG600) geralmente são bons (80%), por outro lado incidência de cistos (10%) e ovulação sem expressão de estro (20%) podem ocorrer”, explica Konx.

Diagnóstico reprodutivo

Diagnosticar o estado reprodutivo das fêmeas suínas em qualquer fase de produção seria uma ferramenta valiosa para o manejo e a solução de problemas de desempenho do rebanho reprodutor. No entanto, Knox afirma que, infelizmente, os métodos são atualmente limitados na maioria das cirurgias para observação de eventos relacionados ao estro e ao parto, e o uso de ultrassom para diagnóstico de gravidez em quatro semanas após a reprodução. “Existe a possibilidade de uso de outras ferramentas de diagnóstico, como resistência elétrica vaginal ou outras medidas fisiológicas, que podem ser avaliadas para o trato reprodutivo e que podem estar associados aos esteroides reprodutivos produzidos pelos ovários”, reconhece o pesquisador.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Colunistas

Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

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Foto: Claudio Pazetto

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.

O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock

Reposicionar para crescer

Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.

Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.

O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.

Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.

Digital: o novo campo do agro

As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels

compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.

Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.

Promoções e estratégias de varejo

Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.

Marketing como elo da cadeia produtiva

A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.

Fonte: O Presente Rural com Felipe Ceolin
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Suínos Imunização inteligente

Gel comestível surge como alternativa para reduzir estresse e melhorar vacinação de suínos

Tecnologia permite imunização coletiva com menos manejo, mantém eficácia contra Salmonella e ganha espaço como estratégia para elevar bem-estar animal e eficiência produtiva.

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Fotos: Divulgação/American Nutrtients

Artigo escrito por Luiza Marchiori Severo, analista de P&D na American Nutrients do Brasil e acadêmica do curso de Farmácia; e por Daiane Carvalho, médica-veterinária e coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento e Responsável Técnica da American Nutrients do Brasil.

A suinocultura enfrenta desafios complexos na busca por eficiência produtiva, controle sanitário, escassez de mão de obra e bem-estar animal. Doenças infecciosas, como a salmonelose, ainda figuram entre as principais preocupações sanitárias em granjas comerciais, exigindo estratégias de imunização compatíveis com práticas alinhadas a maior eficiência na aplicação e menos estresse aos animais. Nesse contexto, o debate sobre métodos alternativos de vacinação ganha cada vez mais força.

Vacinas orais compostas por microrganismos vivos podem ser administradas aos suínos tanto individualmente, utilizando o método de drench, quanto coletivamente por meio da água de bebida. A aplicação coletiva via bebedouros apresenta a vantagem de reduzir significativamente o estresse dos animais e dos operadores, pois é um procedimento rápido e que demanda pouca mão de obra. Por outro lado, a administração oral individual, como o drench frequentemente empregado em leitões na maternidade, exige contenção um a um para garantir a ingestão adequada, tornando o processo mais trabalhoso e potencialmente mais estressante para os suínos.

Neste contexto, a aplicação oral de vacinas exige soluções tecnológicas que assegurem maior praticidade, estabilidade do imunógeno, homogeneidade da distribuição e, principalmente, aceitação espontânea pelos animais. É neste ponto que o conhecimento dos aspectos relacionados à fisiologia sensorial dos suínos é fundamental no desenvolvimento de produtos que possam atuar como veículos de alta atratividade para vacinas via oral, garantindo maior eficiência nos processos vacinais, bem-estar animal e praticidade.

Gel Comestível

O gel comestível é uma matriz semissólida, palatável e nutritiva, que contém componentes seguros e atrativos ao consumo dos suínos. Esse veículo possibilita a administração coletiva da vacina diretamente em comedouros auxiliares – sem a necessidade de manejo individualizado. Ao ser disponibilizado em áreas acessíveis das baias, o gel é consumido de forma espontânea pelos leitões, respeitando seu comportamento natural e reduzindo drasticamente o estresse associado ao processo de vacinação.

Em estudo conduzido em 2024 avaliou-se a eficácia da vacinação oral contra Salmonella Typhimurium por meio da aplicação através do gel, comparando-se os resultados com a administração tradicional por drench oral. Os leitões vacinados com o gel apresentaram desempenho zootécnico semelhante ao grupo que recebeu a vacina por drench. Além disso, os animais vacinados com o gel apresentaram menor incidência de lesões intestinais após o desafio com cepa virulenta do agente patogênico. Estes resultados comprovam a eficiência do processo de vacinação com a utilização do gel palatável. Da mesma forma, outros pesquisadores, ao avaliar a eficiência de acesso a um gel comercial comestível, evidenciaram que de 10 leitegadas avaliadas, 92% dos animais acessaram o gel, sendo 89% em até 6 horas. Como conclusão os autores afirmaram que o alto percentual de leitões consumidores observados neste estudo demostrou ser uma via de aplicação promissora na vacinação na suinocultura.

Além de favorecer o bem-estar animal, o gel comestível oferece benefícios operacionais significativos: economia de tempo, redução de mão de obra e maior biosseguridade, visto que que se reduz consideravelmente a necessidade de uma equipe externa de vacinadores.

Qualidade, Eficiência e Sustentabilidade

Para que a vacinação via gel comestível seja efetiva, é essencial garantir a homogeneidade da distribuição da vacina no veículo, assegurando que todos os animais recebam uma dose adequada. Ensaios realizados em laboratórios e granjas já demonstram que essa tecnologia é capaz de manter a viabilidade do imunógeno por períodos compatíveis com a recomendação de consumo de vacinas via oral após diluídas, mantendo sua eficácia mesmo em condições ambientais variáveis.

Além disso, o uso de veículos comestíveis está alinhado às boas práticas de fabricação e aos princípios de biosseguridade preconizados por legislações nacionais e internacionais. Com isso, a alternativa se mostra viável tanto técnica quanto economicamente, oferecendo à suinocultura uma ferramenta inovadora para o controle sanitário.

Considerações Finais

A adoção de métodos alternativos à vacinação tradicional representa um avanço estratégico para a suinocultura brasileira, ao aliar eficiência imunológica a práticas mais humanizadas e sustentáveis. Soluções como a vacinação oral, os dispositivos sem agulha e o uso de veículos comestíveis – como o gel – permitem reduzir significativamente o estresse animal, simplificar rotinas de manejo e minimizar riscos operacionais. Investir nessas tecnologias é essencial para fortalecer um modelo de produção alinhado aos princípios do bem-estar animal, da biosseguridade e da competitividade no mercado global.

As referências bibliográficas estão com as autoras. Contato: cq@americannutrients.com.br

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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