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Conheça mais sobre o processamento de rações para aves

Inúmeras pesquisas têm sido realizadas para tentar elucidar os mecanismos que fazem com que o aproveitamento dos ingredientes seja melhorado

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Artigo escrito por Andréia Massuquetto, zootecnista, mestre em Ciências Veterinárias, doutoranda em Zootecnia e atua na área de engenharia de Produto da Tectron

O processamento de rações consiste no conjunto de operações necessárias para alterar a estrutura de um ingrediente em seu estado natural, visando obter seu máximo potencial nutricional. Na indústria avícola, o principal processamento térmico utilizado é a peletização.

A peletização é uma etapa do processamento de rações em que os ingredientes ou mistura são aglomerados por meio de ação mecânica, em combinação com umidade, pressão e temperatura. No final do processo, a ração é moldada em formato cilíndrico denominado pelete. Os parâmetros do processo de condicionamento/peletização podem variar de acordo com os tipos de ingredientes e tamanhos de partícula que compõe as dietas, bem como com as especificações dos equipamentos (condicionador, cilindro e matriz). Um amplo range de temperatura e umidade pode ser empregado durante o condicionamento, variando comumente de 60 a 100º Celsius e 12 a 18% de umidade. O processo de condicionamento anterior à peletização, bem como o ajuste dos seus parâmetros, são preponderantes para aumentar a biodisponibilidade dos ingredientes e melhorar a qualidade dos peletes.

Entre as principais razões que motivam as agroindústrias a peletizar rações destacam-se a redução da segregação de ingredientes, melhor fluxo da ração nos equipamentos, facilidade de manuseio do produto final, e torna possível a redução do custo de formulação por meio da inclusão de ingredientes alternativos e da diminuição da energia da dieta.

Está bem estabelecido que frangos de corte alimentados com dietas peletizadas apresentam melhor desempenho em relação aos que recebem dietas fareladas. Apesar disso, ainda existem muitas dúvidas sobre a efetividade dos resultados esperados, o que se deve à complexidade do processo que envolve múltiplos fatores. Frente à necessidade de informações sobre o assunto, inúmeras pesquisas têm sido realizadas para tentar elucidar os mecanismos que fazem com que o aproveitamento dos ingredientes seja melhorado.

Benefícios

Os benefícios da peletização em aves podem ser atribuídos ao aumento do consumo de ração em função da maior facilidade de apreensão das partículas dos ingredientes quando aglomeradas no formato de peletes; ao aumento da efetividade calórica porque as aves consomem a ração mais rapidamente, aumentando a frequência de descanso; e maior digestibilidade das frações da dieta devido à ação mecânica, umidade e temperatura empregadas no processo.  

Apesar dos resultados positivos proporcionados, diversos estudos têm mostrado que o processo de condicionamento/peletização exerce pouco efeito sobre a gelatinização do amido e modificação das proteínas. Processamentos mais intensos, como a expansão, são capazes de promover maiores modificações nas estruturas dos ingredientes e melhorar a qualidade dos peletes. 

Expansão

A expansão de rações é um processo de alta temperatura e curto tempo (high-temperature and short-time, HTST) que é utilizado principalmente anterior à peletização para intensificar o processo de condicionamento. O processo HTST é criado pela transferência de energia mecânica para energia térmica, o que permite alcançar temperaturas altas (120 a 160º C), e pressão superior a 1200 PSI.

A expansão pode intensificar a gelatinização do amido e a desnaturação proteica, melhorando a digestibilidade. Entretanto, se o processamento térmico for muito intenso, com altas temperaturas e longo período de exposição, podem ocorrer reações indesejáveis entre os componentes dos alimentos, tornando-os menos digestíveis, principalmente a reação de Maillard. Estas reações podem promover o bloqueio ou a redução da biodisponibilidade de aminoácidos essenciais e da atividade de enzimas. Após o processo de resfriamento, quando a temperatura é reduzida (próxima da temperatura ambiente), pode ocorrer rearranjo das moléculas de amido, separadas durante o processo de gelatinização, favorecendo a recristalização, processo conhecido como retrogradação, que também reduz a digestibilidade do amido. Ainda, altas temperaturas podem reduzir a estabilidade de enzimas adicionadas na dieta. Dessa forma, o uso de enzimas termostáveis e/ou protegidas é essencial para manter a atividade enzimática desejada.  

Rações Íntegras

Para que os benefícios do processamento térmico sejam atingidos, é necessária a fabricação de rações de boa qualidade física, capazes de manter sua integridade até o momento em que são fornecidas para as aves no comedouro. Peletes de baixa durabilidade não resistem às forças de atrito, pressão e impacto existentes ao longo dos processos de armazenamento, transporte e expedição da fábrica de ração até a granja. Diversos fatores podem afetar a qualidade de peletes, como composição nutricional da ração, granulometria dos ingredientes, temperatura e tempo de condicionamento, umidade da ração, taxa de compressão da matriz da prensa, distância entre o rolo e a matriz da prensa, entre outros.  

Todos os fatores que exercem influência sobre a qualidade dos peletes são importantes e podem agir individualmente ou combinados. Em 2015, pesquisadores avaliaram o efeito das interações entre diferentes fatores sobre o Índice de Durabilidade dos Peletes (PDI) de dietas à base de milho e farelo de soja (figura 1). O processamento térmico foi o fator de maior participação, correspondendo por 44% da variabilidade observada para PDI. Verificou-se que nas condições deste estudo, a alternativa mais eficiente para melhorar a qualidade de peletes foi a expansão das dietas após o condicionamento, seguida em ordem decrescente de contribuição pelo aumento nos níveis de adição de umidade, pelas restrições na inclusão de gordura e finalmente pela redução no tamanho de partícula. É importante ressaltar que o quanto cada fator afeta a qualidade dos peletes depende das condições existentes em cada fábrica de ração, como tipos de equipamentos disponíveis e tamanhos de partícula/composição das dietas fabricadas de acordo com cada espécie e categoria animal.

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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