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Conheça as metas ambiciosas da Frimesa ​para tornar suas operações mais sustentáveis até 2040

Foco está na redução das emissões diretas nas operações, com a adoção de fontes de energia limpa, como solar, biogás e biomassa.

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Fotos: Divulgação/Frimesa

Maior empresa de abate e processamento de suínos do Paraná e uma das principais cooperativas agropecuárias do Brasil, a Frimesa está avançando de forma decisiva rumo a uma operação cada vez mais sustentável. Com metas claras e compromissos bem estruturados para a próxima década, a cooperativa reforça seu comprometimento com a sustentabilidade no Roadmap Frimesa ESG 2040, documento que prevê todas as ações e áreas de atuação da empresa para reduzir o impacto socioambiental das suas atividades.

Entre as prioridades da Frimesa estão a gestão do uso da água e dos efluentes gerados, áreas sensíveis para a suinocultura. A cooperativa tem investido em tecnologias para garantir que os recursos hídricos sejam utilizados de maneira responsável e que os resíduos sejam tratados de acordo com as melhores práticas ambientais. A eficiência energética também é foco de atenção, com medidas que buscam a redução do consumo de energia e a adoção de fontes renováveis.

O compromisso com a sanidade e o bem-estar animal também está no centro das operações da Frimesa. Com uma suinocultura tecnificada e de alta qualidade, a cooperativa investe em rastreabilidade para garantir, além da saúde dos animais, a segurança dos alimentos oferecidos ao consumidor. “A rastreabilidade é fundamental para assegurar que todas as etapas da cadeia produtiva, desde a granja até a mesa do consumidor, estejam em conformidade com os mais altos padrões de qualidade”, salienta Elias José Zydek, presidente-executivo da Frimesa, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural.

Além dos aspectos ambientais, a empresa também atua fortemente em questões sociais e de governança. A saúde e segurança do trabalho são tratadas com seriedade, garantindo condições dignas e seguras para os colaboradores. A diversidade, a inclusão e a equidade são princípios norteadores nas políticas de recursos humanos da cooperativa, com iniciativas para promover um ambiente de trabalho mais justo e acolhedor para todos.

Para coordenar e monitorar as iniciativas ESG (Ambiental, Social e Governança) foi criado em outubro o Comitê de Sustentabilidade da Frimesa, que será responsável por desenvolver e revisar políticas ESG, monitorar o cumprimento das metas e avaliar os riscos e oportunidades em áreas como mudanças climáticas, gestão de resíduos e segurança do consumidor.

Reúso de água

Presidente-executivo da Frimesa, Elias José Zydek: “A rastreabilidade é fundamental para assegurar que todas as etapas da cadeia produtiva, desde a granja até a mesa do consumidor, estejam em conformidade com os mais altos padrões de qualidade”

Um dos compromissos sustentáveis da Frimesa é alcançar 10% de reutilização de água até 2025. Para atingir essa meta, a cooperativa tem implementado uma série de medidas em suas plantas industriais. Um dos principais focos é o tratamento avançado de efluentes por meio de Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs), nas quais a água utilizada no processo industrial passa por processos avançados de tratamento, tornando-a adequada para reutilização em atividades não potáveis, como limpeza de pisos e equipamentos externos, refrigeração e para irrigar jardins. “Não realizamos reúso de água nas indústrias, pois atuamos no setor alimentício e a legislação vigente não permite essa prática. Nosso compromisso é garantir o uso de água potável em todos os processos de industrialização, assegurando os mais altos padrões de segurança e qualidade”, salienta Zydek, acrescentando que as plantas industriais estão equipadas com sistemas de captação de água da chuva, que, após tratamento, é utilizada em diversas operações, reforçando o compromisso da empresa com a sustentabilidade.

Outra frente de atuação da cooperativa é o controle do consumo de água, com meta para reduzir em 10% o consumo nas indústrias até 2030. Para isso estão sendo feitos investimentos em tecnologias de monitoramento e automação, que permitem o acompanhamento em tempo real do uso de recursos hídricos. “A instalação de sensores e sistemas automatizados tem sido essencial para identificar e corrigir desperdícios, além de otimizar o uso em etapas como higienização das linhas de produção e processamento de carne”, menciona Zydek, destacando que essas iniciativas geram ganhos operacionais como a redução de custos, maior eficiência nos processos e uma gestão ambiental mais eficaz.

O presidente da Frimesa adianta que também estão sendo realizados diversos estudos sobre a potabilização da água. “A ideia é realizar um tratamento adicional para tornar a água potável, em vez de descarregá-la nos rios. Além disso, o controle automático da vazão nos pontos de consumo e o monitoramento da pressão também contribuem para a redução de consumo”, evidencia.

Para alcançar essa meta, Zydek explica que A capacitação dos colaboradores também desempenha um papel fundamental nessa estratégia, ressalta o executivo. “Realizamos campanhas internas de conscientização e treinamentos contínuos para promover o uso responsável da água e fortalecer a cultura de economia de recursos entre os funcionários”, afirma.

Biosseguridade em 80% das granjas

Um dos principais pilares para garantir a sustentabilidade e a segurança em sua cadeia produtiva está na implantação da biosseguridade em 80% das granjas até 2025, uma medida importante para assegurar a sanidade dos plantéis e reduzir a necessidade de antimicrobianos. Entretanto, o caminho para alcançar essa meta não está isento de desafios. “A uniformização das práticas entre as diversas granjas, que variam em tamanho e infraestrutura, é uma barreira a ser superada. Além disso, a conscientização dos produtores sobre a importância da biosseguridade e a adaptação de suas operações exigem um esforço coordenado entre a Frimesa e seus parceiros”, ressalta Zydek.

Outro ponto central na estratégia da cooperativa é a gestão de riscos socioambientais e o cumprimento das práticas ESG, metas que a Frimesa também planeja alcançar até 2025. O uso de sistemas de monitoramento para rastrear emissões de gases, resíduos e o consumo de recursos também estão sendo adotados na empresa. “Estamos trabalhando para trazer ferramentas sistematizadas que possam fornecer o máximo de confiabilidade nas informações coletadas, junto a isso vamos adotar pontualmente auditorias in loco em nossos principais fornecedores. Hoje adotamos diversos controles para monitoramento para emissões de gases, resíduos sólidos e líquidos, consumos, destinos e gerações de prevenção”, detalha.

100% das unidades fabris certificadas em bem-estar animal até 2025

Com um olhar atento ao bem-estar animal, a Frimesa se compromete a certificar 100% das suas unidades fabris até o fim de 2025. Para cumprir essa meta, Zydek conta que nas indústrias mais antigas foram realizadas alterações estruturais para melhorar o manejo pré-abate, minimizando o estresse para os animais, contudo, segundo ele, o maior investimento realizado foi na educação de colaboradores que trabalham diretamente com os suínos. “É importante que todos os envolvidos entendam a importância do bem-estar animal e como o trabalho realizado de forma adequada pode contribuir para uma melhor qualidade de vida dos animais, bem como dos colaboradores envolvidos, uma vez que trabalhamos com o conceito de bem-estar único – conexão entre animal, humano e meio ambiente. Também adequamos o sistema de transporte dos animais e o controle dos percursos de forma a reduzir o estresse e o cansaço”, pontua.

Rastreabilidade na cadeia de abastecimento

Alcançar 100% de rastreabilidade na cadeia de abastecimento até 2030 é um dos objetivos mais audaciosos da cooperativa. Atualmente a Frimesa implementa sistemas manuais de rastreamento através de documentações que comprovam desde a origem até o abate dos animais, abrangendo a nutrição, medicação, vacinações, entre outros processos que fazem parte da cadeia produtiva.

Contudo, Zydek adianta que o próximo passo será sistematizar esse processo através de aplicativos que serão utilizados para coleta de dados nas propriedades rurais e posterior integração dos dados com os sistemas da cooperativa. “Essa integração de aplicativos e tecnologias que permitam o monitoramento em tempo real aumenta a transparência de toda a produção e oferece aos consumidores maior segurança e confiança nos produtos com a marca Frimesa, além de reforçar o nosso compromisso com uma produção sustentável e responsável”, enfatiza.

Ampliação das fontes de energia renovável

Daqui a seis anos, a Frimesa projeta atingir 95,7% de fontes de energia renovável em suas indústrias. A transição para fontes de energia mais sustentáveis está sendo conduzida por meio de uma mudança de combinação de estratégias que envolve biomassa, energia solar e biodigestores. Segundo Zydek, com a transição energética em andamento todas as caldeiras devem passar a ser movidas a biomassa. “Para garantir o abastecimento, estamos ampliando nossas áreas de reflorestamento, o que permitirá que 70% do consumo de biomassa nos setores seja atendido por esse recurso renovável”, frisa.

Outra frente é a expansão da sua capacidade de geração de energia solar, com a ampliação do atual sistema para atingir 12% de consumo de energia até 2030. No período também está previsto a ampliação do uso de biodigestores, fundamental para a substituição do GLP, especialmente em processos como a chamuscagem. “Estudos para a aplicação dessa tecnologia estão em andamento em outras áreas, incluindo o transporte”, antecipa Zydek.

Para aprimorar a eficiência energética em todas as unidades industriais está sendo implementada a Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE), que ficará responsável por monitorar e implementar boas práticas, além de promover inovações para reduzir o consumo de energia e melhorar as operações.

Outro investimento estratégico da Frimesa é a aquisição de energia no mercado livre. “O próximo passo é garantir o uso de fontes renováveis por meio de contratos com lastro em energia limpa e certificação via IREC (Certificado Internacional de Energia Renovável)”, expõe Zydek.

Embalagens sustentáveis ​​até 2040

Com o propósito de alcançar 50% das embalagens recicláveis, reutilizáveis ou biodegradáveis até 2040, a cooperativa desenvolve e homologa fornecedores de embalagens que são auditadas e possuem certificações em normas reconhecidas pela GFSI (Iniciativa Global de Segurança Alimentar). Zydek ressalta que todas as embalagens da Frimesa passam por avaliações técnicas e testes em linha de produção. “Para verificar o atendimento da meta ESG, as embalagens estão sendo classificadas quanto aos critérios de recicláveis, reutilizáveis ou biodegradáveis, para juntamente com nossos fornecedores, avaliar as alternativas de desenvolvimento para atender a esses requisitos até 2040”, salienta o executivo.

Atualmente, a Frimesa está testando novas embalagens em produtos como salsichas, linha grill e filmes contratados que utilizam resina PCR (resina reciclada pós-consumo). Além de atender aos critérios de maquinabilidade, a cooperativa acompanha o prazo de validade dos produtos, garantindo que os padrões de qualidade não sejam comprometidos.

No entanto, a transição para embalagens sustentáveis ​​apresenta alguns desafios e o principal deles é a viabilidade econômica. “Em sua maioria possuem um custo mais elevado das resinas que atendam aos critérios ESG. Outro ponto a ser considerado está relacionado ao uso em nossos equipamentos, por necessitar de ajustes mais finos, essas embalagens podem apresentar uma maior dificuldade de utilização inicial por terem características diferentes das embalagens atuais”, avalia Zydek.

Meta de Carbono Neutro até 2040

Outro compromisso assumido pela Frimesa é se tornar carbono neutro no escopo 1 – relacionado ao CO2 decorrente das atividades diretas da empresa – até 2040, cujo medição do progresso da cooperativa é feita através do Inventário de Gases de Efeito Estufa, seguindo normas internacionais reconhecidas. O foco está na redução das emissões diretas nas operações, com a adoção de fontes de energia limpa, como solar, biogás e biomassa.

Zydek reforça que a eficiência energética envolve, além da redução do consumo de recursos, a sua otimização nos processos para gerar a mesma quantidade de energia com menos recursos naturais, o que é essencial para atingir a neutralidade de carbono no prazo previsto.

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Fonte: o Presente Rural

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Conheça o gasoduto e outras iniciativas da C.Vale para reduzir o impacto ambiental na suinocultura

Essa energia abastece as granjas e o excedente é exportada para a rede elétrica da concessionária.

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Fotos: Divulgação/C.Vale

Em um cenário cada vez mais competitivo no mercado global, manter bons indicadores de desempenho é essencial para o crescimento e a sustentabilidade de qualquer negócio. Consciente desse desafio, a C.Vale, uma das maiores cooperativas agroindustriais do Brasil, tem redobrado seus esforços para minimizar os impactos ambientais das suas atividades, implementado práticas mais sustentáveis, reafirmando seu compromisso com o meio ambiente e o desenvolvimento responsável do agronegócio.

Com presença em cinco estados brasileiros e no Paraguai, a C.Vale possui forte atuação nas cadeias de produção de grãos e de proteína animal. No setor da suinocultura, a criação dos suínos acontece nas propriedades dos próprios associados e está concentrada no Oeste do Paraná. A produção abrange as fases de creche, desmame e terminação, com os animais sendo enviados ao Frigorífico da Frimesa – cooperativa central composta ainda pela Copagril, Lar, Copacol e Primato – assim que atingem o peso ideal para abate. Todos os processos seguem as diretrizes do Programa Suíno Certificado Frimesa, que visa garantir a uniformidade e a qualidade em toda a cadeia produtiva, por meio de auditorias de conformidade.

Na Unidade Produtora de Leitões (UPL) da C.Vale são mantidas 1,3 mil matrizes avós e 1,7 mil matrizes comerciais, com capacidade anual de produzir 70 mil leitões comerciais, que são destinados às granjas dos cooperados para terminação. Além disso, a unidade gera 14 mil leitoas por ano, que serão futuras matrizes produtoras de leitões, garantindo a continuidade e expansão da produção.

A cooperativa ainda conta com uma Unidade Produtora de Leitões Desmamados (UPD) e uma Central de Recria para 22 mil leitões. A UPD tem capacidade atual para abrigar cinco mil matrizes comerciais, podendo ser ampliada para alojar até 10 mil matrizes. A atual estrutura possibilita uma produção anual de 150 mil leitões desmamados. Com tecnologia de ponta, a UPD é equipada com um sistema de climatização e automação avançado, garantindo maior eficiência no manejo e bem-estar dos animais. A estrutura inclui quatro barracões dedicados à gestação e um exclusivo para a maternidade, otimizando o espaço e o controle da produção.

Com olhar voltado à sustentabilidade, a UPD possui biodigestores capazes de gerar 5.700 kWh/dia de energia, reforçando o compromisso da C.Vale com a redução do impacto ambiental e o uso inteligente de recursos naturais.

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o médico-veterinário e gerente do Departamento de Suínos e Leite da cooperativa, Rafael Weiss, ressaltou que a C.Vale tem investido em diversas frentes de atuação para minimizar a pegada ambiental de suas atividades. Entre as principais iniciativas, estão a conservação de solos, plantio direto, cobertura de solo, processos de tratamento de águas residuais, compostagem de resíduos orgânicos e os biodigestores implantados nas granjas próprias da cooperativa. “Esses sistemas captam os dejetos gerados na suinocultura, que passam por um processo de fermentação e produzem biogás para produção de energia elétrica, o que contribui para a redução de emissões e diminui a dependência de fontes de energia não renováveis”, explica Weiss.

Manejo da água e do solo

Na produção de suínos, o médico-veterinário diz que a cooperativa atua para mitigar os impactos ambientais com ênfase no manejo eficiente da água e do solo. “A água é um recurso que exige racionalização e cuidado em seu manejo, porque além do consumo de água nas instalações e para os animais, quando usada de forma indiscriminada aumenta o volume de resíduos nas esterqueiras”, salienta Weiss.

Para evitar desperdícios, o profissional expõe que na cooperativa é feita a medição do consumo diário por meio de hidrômetros e promovido a conscientização sobre o uso racional da água. “Além disso, a manutenção da rede hidráulica e o emprego de equipamentos que racionalizem o consumo e o desperdício de água são essenciais”, afirma.

Outro ponto de atenção levantado por Weiss diz respeito ao emprego dos dejetos no solo, que podem ser uma excelente fonte de renda quando usado de forma correta nas atividades agrícolas e pecuárias. No entanto, o profissional destaca que, para que os dejetos suínos possam fornecer nutrientes às plantas, é necessário que passem por um processo de fermentação e estabilização. Esse tratamento reduz seu potencial poluente e facilita a liberação dos nutrientes para o solo. “O dimensionamento correto das esterqueiras, o emprego de biodigestores e o controle do uso e desperdício de água são fundamentais para garantir que o manejo dos dejetos seja sustentável e ambientalmente responsável”, evidencia.

Gargalos à geração de energias renováveis

De acordo com o gerente de suínos da cooperativa, a suinocultura oferece um enorme potencial para a geração de energias renováveis, contudo, ele ressalta que existem alguns desafios a serem superados para viabilizar o processo em larga escala. “O principal, talvez, seja a viabilidade econômica do sistema em relação à escala de produção, em que o ponto de equilíbrio requer um número de animais que, em nossa região (Oeste do Paraná), devido à estrutura fundiária e modelo de negócio, não é alcançado”, salienta.

O profissional também expõe outras barreiras para ampliar a adesão dos produtores ao sistema de biodigestores, que estão relacionadas a falta de equipamentos no mercado e, principalmente, a disponibilidade de assistência técnica e manutenção. Weiss destaca o exemplo da energia solar, em que a maior oferta de equipamentos e mão de obra facilitou a rápida implementação dessa tecnologia nas propriedades. Outro ponto crítico, segundo ele, é a apresentação física do dejeto, a dificuldade e o custo de transporte deste material, bem como seu potencial poluente.

Gasoduto e outras práticas

Médico-veterinário e gerente do Departamento de Suínos e Leite da cooperativa, Rafael Weiss: “A destinação de carcaças é feita através de compostagem, complementada por processos rigorosos de biosseguridade, garantindo que toda a cadeia produtiva esteja alinhada com as melhores práticas ambientais”

Nas granjas próprias da C.Vale, porém, a cooperativa já utiliza um sistema central de geração de energia elétrica por meio de geradores movidos a biogás. “Essa energia abastece as granjas e o excedente é exportada para a rede elétrica da concessionária”, frisa Weiss, ressaltando que a viabilidade da central se deu por meio do transporte de gás via gasoduto, uma solução que pode servir como referência para futuras expansões.

A C.Vale tem boas práticas ambientais integradas com o objetivo de minimizar o impacto da produção suína no meio ambiente, em parceria com os suinocultores associados. Para garantir a sustentabilidade e longevidade da atividade, a cooperativa segue rigorosamente as regulamentações do Instituto Água e Terra (IAT) e atende às exigências das certificações ambientais. “Um dos principais focos é o manejo adequado dos dejetos suínos, que são tratados de maneira a transformá-los em insumos para a agricultura ou para geração de  energia, ao mesmo tempo em que se controla seu impacto ambiental”, salienta Weiss.

Além disso, a C.Vale adota práticas como o recolhimento e a destinação correta de resíduos sólidos, incluindo frascos de medicamentos, embalagens de vacinas e outros materiais. “A destinação de carcaças é feita através de compostagem, complementada por processos rigorosos de biosseguridade, garantindo que toda a cadeia produtiva esteja alinhada com as melhores práticas ambientais”, aponta o médico-veterinário.

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Fonte: O Presente Rural
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O uso da Bacitracina de zinco na produção de suínos: benefícios e segurança alimentar

Um antibiótico polipeptídico produzido a partir de culturas de Bacillus licheniformis. Os microrganismos sensíveis à bacitracina de zinco são, em sua maioria, bactérias Gram-positivas, sendo pouco ou nada ativa contra bactérias Gram-negativas.

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Artigo escrito por Maria Carolina Gonçalves Toth Tonelli, Médica Veterinária e Gerente Suínos – MCassab Saúde e Nutrição Animal

A suinocultura brasileira vem crescendo a cada ano. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção nacional atingiu um recorde em 2023, com 5,16 milhões de toneladas, posicionando o Brasil como o 4º maior produtor global, atrás apenas de China, União Europeia e Estados Unidos. Esse crescimento é resultado da melhoria contínua do processo de produção, que abrange desde o desenvolvimento genético e controle sanitário até a nutrição, escolha de aditivos nutricionais e antimicrobianos adequados para a granja.

Antimicrobiano é definido, pela Organização Mundial da Saúde, como toda substância de origem natural, sintética ou semissintética que, em baixas concentrações, destrói ou inibe o crescimento de microrganismos, causando pouco ou nenhum dano ao organismo hospedeiro. Na suinocultura, os antimicrobianos são usados tanto no controle de infecções bacterianas quanto para melhorar o desempenho dos animais, sendo estes conhecidos como promotores de crescimento.

Os antibióticos melhoradores de desempenho são definidos como agentes antibióticos utilizados com o propósito de aumentar o ganho de peso diário ou a eficiência alimentar em animais produtores de alimentos. O uso de melhoradores de desempenho não é considerado uso veterinário para tratamentos de doenças infecciosas, pois são usadas baixas doses de moléculas permitidas pelo MAPA para esse fim, junto à ração. O uso de aditivos melhoradores de desempenho tem como objetivo aumentar as taxas de crescimento animal e a eficiência alimentar, enquanto reduz a mortalidade. Os antibióticos melhoradores de desempenho são os principais aditivos usados na alimentação animal e estão conectados a melhorias na produtividade animal.

De um modo geral, os chamados melhoradores de desempenho reduzem a carga bacteriana total e aumentam a absorção de nutrientes, resultando em um acréscimo diário de ganho de peso e, consequentemente, uma melhor conversão alimentar. Eles também favorecem o crescimento de alguns microrganismos e previnem a possível multiplicação de bactérias patogênicas no trato gastrointestinal. Acredita-se que a eficiência alimentar ocorra devido à redução da carga bacteriana entérica, o que diminui o consumo de energia, tornando essa energia disponível para o crescimento animal.

Uso questionado

Os antimicrobianos na produção de suínos, quando usados com responsabilidade técnica, são grandes aliados no controle de patógenos, melhoria do bem-estar dos suínos, redução da mortalidade e melhoria da conversão alimentar.

Devido ao surgimento de bactérias super-resistentes e à escassez de novas moléculas para uso na medicina humana e veterinária, o uso de antimicrobianos na produção animal vem sendo questionado.

Desde 2010, a Aliança Tripartite, formada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), trabalha para mitigar os riscos na interface da saúde pública, animal e ambiental sob a perspectiva de Saúde Única. Eles implementaram planos nacionais de controle em sete países da América do Sul, incluindo o Brasil, com o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC/Animal). Este plano prevê o monitoramento sistemático de resíduos químicos de preocupação de saúde pública em animais encaminhados para abate e processamento nos estabelecimentos registrados no DIPOA. O escopo de análise atual inclui uma ampla gama de medicamentos veterinários aprovados e não aprovados, agrotóxicos e contaminantes ambientais e industriais. Assim, o PNCRC proporciona ao consumidor final total segurança alimentar.

Países da União Europeia especificaram legislações que proíbem o uso de antibióticos como aditivos promotores de crescimento. Em contrapartida, nas Américas, Ásia, Extremo Oriente e Oceania, a maioria dos países ainda usa antimicrobianos para essa finalidade. Em uma análise realizada pela OMSA, que reúne informações de 93 países referentes ao ano de 2016, o consumo global total de antimicrobianos em animais foi de 92.269 toneladas, distribuídos numa média de 144,39 mg/kg.

Impacto

A experiência de outros países que já baniram o uso de promotores de crescimento, associada a diversos estudos ao redor do mundo, demonstra que a retirada de melhoradores de desempenho na produção de suínos traz um grande impacto econômico para a atividade. Alguns estudos estimaram o impacto econômico potencial da proibição dos melhoradores de desempenho na indústria de suínos dos EUA, com estimativas variando do aumento de custos por suíno de USD$ 0,59 a USD$ 4,50. Essa grande variação também foi observada nos estudos conduzidos na Dinamarca, onde se estimou um aumento de EUR$ 1,04 por suíno produzido.

Estudos realizados em países que impuseram restrições ao uso de aditivos têm revelado um aumento na incidência, principalmente, de doenças entéricas, como enterite necrótica. Em decorrência, houve necessidade de aumentar a quantidade de antimicrobianos usados terapeuticamente.

Estudo no Brasil

No Brasil foi realizado um estudo utilizando meta-análise e modelagem no Laboratório de Ensino Zootécnico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com o objetivo de estimar o impacto econômico e de desempenho da retirada dos melhoradores de desempenho das dietas de suínos. A base de dados continha 81 artigos científicos, englobando 103 experimentos e totalizando 42.923 suínos. Os resultados mostraram uma clara conexão entre a suplementação de antibióticos melhoradores de desempenho e o melhor desempenho dos suínos. O estudo concluiu que o impacto econômico da retirada dos promotores de crescimento foi de US$ 1,83 por animal e US$ 79.258.694 por ano para a indústria suína brasileira.

Neste mesmo estudo, a pesquisa evidenciou o efeito do uso da bacitracina de zinco como melhorador de desempenho:

Bacitracina de zinco

No Brasil, um dos melhoradores de desempenho mais utilizados na suinocultura é a bacitracina de zinco, devido à grande segurança conferida à molécula. A bacitracina de zinco é um antibiótico polipeptídico produzido a partir de culturas de Bacillus licheniformis. Os microrganismos sensíveis à bacitracina de zinco são, em sua maioria, bactérias Gram-positivas, sendo pouco ou nada ativa contra bactérias Gram-negativas.

A bacitracina de zinco não é absorvida quando administrada por via oral devido ao seu elevado peso molecular, que dificulta esse tipo de absorção. Dessa maneira, sua atuação sobre as bactérias ocorre apenas dentro do trato gastrointestinal, durante o processo de digestão.

Outra pesquisa examinou a distribuição e a excreção de bacitracina de zinco após administração oral em suínos, mostrando que 95% da quantidade administrada foi excretada nas fezes, com apenas quantidades mínimas detectadas no sangue e na urina. A bacitracina de zinco também não é utilizada por via parenteral, o que limita seu uso na medicina humana apenas ao uso tópico.

A bacitracina de zinco inibe a desfosforilação do pirofosfato lipídico e, na ausência do transportador, interrompe a síntese da parede celular que recobre a membrana citoplasmática da bactéria. Como essa parede é primordial para a sobrevivência da bactéria, sua interrupção leva à morte da bactéria. Devido a esse modo de ação diferenciado de outras classes antimicrobianas, apesar de a bacitracina de zinco ter sido descoberta em 1945, não existem relatos na medicina humana e veterinária que demonstrem o aumento da resistência bacteriana a esse antibiótico.

A maior preocupação por parte do mercado consumidor e das organizações mundiais que trabalham pelo uso responsável e pela redução do uso de antimicrobianos é o desenvolvimento de resistência bacteriana, principalmente entre bactérias Gram-negativas, como E. coli e Salmonella sp., mais comumente encontradas como contaminantes em carcaças.

No entanto, como relatado anteriormente, a bacitracina de zinco não tem atuação sobre bactérias Gram-negativas, não oferecendo risco de transferência de resistência para essa classe bacteriana. Além disso, as bacitracinas não foram classificadas como “criticamente importantes” ou “altamente importantes” para a saúde humana pela OMS (Organização Mundial da Saúde), FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) e FDA (Food and Drug Administration).

O uso responsável dos antimicrobianos, bem como o controle e a fiscalização para mitigar todo e qualquer risco de desenvolvimento de resistência bacteriana, é do interesse de todos para a manutenção dos conceitos da Saúde Única. O uso de antimicrobianos na produção de suínos continua sendo uma ferramenta de extrema importância para a manutenção da sanidade, bem-estar animal, boa produtividade e eficiência econômica do setor.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: gabriella.freschi@mcassab.com.br.

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Fonte: O Presente Rural com Maria Carolina Gonçalves Toth Tonelli
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Estresse materno em fêmeas e a importância da saúde intestinal para uma leitegada mais forte

Estresses oxidativo e inflamatório podem comprometer a integridade da barreira intestinal, resultando no evento intitulado “intestino permeável”.

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Foto: Shutterstock

Artigo escrito por Dr. Andrea Bonetti, Departamento de Serviços Técnicos – Vetagro Inc.

Na suinocultura moderna, mesmo com os contínuos avanços de melhoramento genético, práticas de manejo, status sanitário e ajustes nutricionais, os animais estão expostos a uma mistura de estímulos estressores que impactam negativamente no desempenho produtivo.

As consequências negativas desse estresse são amplificadas em animais de alta performance, como em fêmeas altamente prolíficas. As grandes demandas fisiológicas da gestação e lactação causam modificações metabólicas significativas, sendo uma das principais causas dessa alteração a superprodução de moléculas reativas de oxigênio (ROS), as quais geram um considerável estresse oxidativo.

Embora um aumento temporário de ROS seja fisiologicamente normal durante o parto e lactação, a sua persistência pode acarretar em efeitos adversos duradouros, como interferência nas próximas gestações. Altos níveis de ROS e estresse oxidativo comprometem a estabilidade do DNA, proteínas e lipídios, desregulando o metabolismo celular e iniciando processos inflamatórios que, por sua vez, exacerbam o dano oxidativo.

No contexto do período próximo ao parto, os estresses oxidativo e inflamatório podem comprometer a integridade da barreira intestinal, resultando no evento intitulado “intestino permeável”. Esta condição facilita a translocação de elementos indesejáveis como bactérias, antígenos dietéticos e toxinas, incluindo lipopolissacarídeo (LPS) para a corrente sanguínea, intensificando o estresse oxidativo e a inflamação sistêmica. O LPS é uma parte estrutural da membrana externa das bactérias Gram-negativas, sendo um dos estimuladores mais representativos do sistema imunológico.

Prejuízos

Nas fêmeas em lactação, a glândula mamária é altamente afetada pelas consequências do intestino permeável, devido à alta taxa de fluxo sanguíneo que sustenta a produção de colostro e leite. A presença de compostos pró-inflamatórios, tanto de processos endógenos e/ou do intestino permeável, aumenta o status inflamatório da glândula mamária e desencadeia o estímulo do sistema imunológico. A ativação imunológica em torno do período de parto e lactação desvia energia e nutrientes essenciais do crescimento fetal e da produção de leite. A exposição ao LPS causa uma redução significativa na quantidade e qualidade do colostro, o que impacta significativamente o crescimento dos leitões.

Além da restrição no crescimento dos leitões devido às reduções na quantidade de colostro e leite, quando a porca está passando por um evento inflamatório significativo, há níveis aumentados de citocinas pró-inflamatórias no colostro e no leite. Essas citocinas inflamatórias causam processos inflamatórios no intestino e sistemicamente nos leitões. Isso ocorre porque o intestino dos leitões é naturalmente permeável nos primeiros dias de vida, permitindo a passagem de imunidade passiva materna, mas também a absorção de moléculas inflamatórias que podem prejudicar seu crescimento. Esses fatores resultam em crescimento reduzido dos leitões, dano à integridade intestinal e status imunológico, reduzindo a possiblidade dos animais expressar todo o potencial de desempenho.

Melhoria da saúde intestinal

Ao fortalecer a integridade intestinal é possível reduzir os efeitos adversos do LPS e do estresse oxidativo, garantindo que os nutrientes sejam direcionados eficazmente para o crescimento e produção de leite. Essas melhorias se refletirão em leitegadas mais saudáveis, com leitões robustos ao desmame e um potencial de crescimento maximizado ao longo da vida.

Portanto, a melhoria da saúde intestinal durante o período crítico do parto e lactação emerge como uma estratégia essencial para mitigar o estresse das porcas e otimizar a produção de leite.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: mayra.cive@farmabase.com.

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Fonte: O Presente Rural com Dr. Andrea Bonetti
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