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Congresso Nacional Mulheres da Suinocultura volta ainda mais forte
Segunda edição do evento que integra a programação da PorkExpo Brasil & Latam 2024 traz especialistas para debater Genética, Gestão, Formação de Líderes, Desenvolvimento, Neurolinguística, Marketing, Aditivos, Cooperativismo e Sustentabilidade.
Elas ‘estão no comando’ mais uma vez. São criadoras, trabalhadoras, cientistas, professoras, alunas, mães e esposas dos produtores que atuam nas granjas, indústrias, universidades, laboratórios, centros de pesquisas e extensão de cooperativas, indústrias e agropecuárias. Todas debatendo a carne suína do futuro e participação feminina nesse movimento, no dia 24 de outubro, no 2º Congresso Nacional Mulheres da Suinocultura, um dos grandes destaques da programação da’ PorkExpo Brasil & Latam 2024 – XII Congresso Internacional de Suinocultura’, que vai ser realizada nos dias 23 e 24 de outubro, no Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Um evento repleto de atrações, informação, negócios, gastronomia e Ciência da Proteína Animal, reunindo milhares de profissionais de mais de vinte países, em quarenta palestras técnicas e debates da cadeia de carne suína de ponta a ponta, da granja à mesa de refeições de brasileiros e consumidores do planeta inteiro. Que exibiu no ano passado a primeira edição do Encontro das Mulheres, um sucesso absoluto. E já está finalizando o quadro de especialistas que integram a programação científica deste ano.
A Médica Veterinária Fernanda Hoe tem mestrado pela Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, MBA pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e hoje atua na Elanco Saúde Animal, desde 2013, onde já ocupou a Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento, e Marketing para a América Latina, antes de assumir a direção geral da operação brasileira. Em 2021, foi considerada pela Revista Forbes como uma das 100 mulheres mais poderosas do Agro Brasil.
Outro destaque também é Médica Veterinária, com três décadas de atuação no mercado brasileiro e internacional de monogástrico. Andréa Silvestrim trabalhou com genética, nutrição, indústria farmacêutica e, desde 2009, com foco em aditivos para saúde intestinal. Vem se especializando em pessoas, liderança, marketing, gestão e negócios. “Iniciei esse foco em 2002, estudando e concluindo formações, em especial o meu autoconhecimento” afirma. Atualmente, ocupa na Trouw Nutrition a Gerência Técnica Comercial Global Latam Performance e Health.
Já Marina Ayub Rangel cursa o último ano de Medicina Veterinária, mas traz a suinocultura no sangue, como filha e neta de criadores, família que carrega sete décadas de história e experiência no setor. É pós-graduada em Francês pela Sorbonne-Paris e tem especialização em andrologia suína. Há seis anos, lidera uma granja multiplicadora da Topigs Norsvin em Bauru, no interior paulista. “Nosso foco diário é melhorar os índices de reprodução e aperfeiçoar cada vez mais o melhoramento genético das linhagens da empresa” explica.
O tema Governança é o que agrada mais a Administradora de Empresas Paula Gomides, especialista em processo e formação de líderes. Acumula experiência consolidada no Agro atuando na Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (ASSUVAP) e Cooperativa dos Suinocultores de Ponte Nova e Região (Coosuiponte), há mais de 17 anos. “Juntas, as duas instituições representam o quarto polo de suinocultura independente do Brasil, totalizando 100 mil matrizes” fala a profissional.
E a Diretora de Sustentabilidade da Seara Alimentos e Líder de Ação Climática para a JBS Brasil, Sheila Guebara, que há mais de 22 anos acumula passagens por empresas, entidades e consultoria. Abordando gestão, meio ambiente, mudança do clima, sustentabilidade e relações institucionais em diferentes setores. Ela integrou o Comitê Nacional de Organização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20), o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) e o Conselho de diversas associações. Coordenou a Aliança para o Uso Responsável de Antimicrobianos e esteve na delegação brasileira representando o setor privado em negociações internacionais de clima e do Codex Alimentarius. Liderou a área de Assuntos Corporativos na Elanco Saúde Animal Brasil e a Diretoria de Assuntos Corporativos da MARS Pet Nutrition Brasil. “Hoje, meu objetivo é conectar os múltiplos stakeholders e participar da construção de políticas públicas, em especial relacionadas aos temas do agronegócio, saúde e nutrição animal” definiu.
É um time de experts de reconhecimento internacional, que ajuda a fazer os resultados da suinocultura latino-americana, responsável pela produção de quase sete milhões de toneladas de carne suína por ano. E que explicam o crescimento da força feminina no agro e na suinocultura. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que as mulheres representam 40% da mão de obra do agronegócio mundial. No Brasil, o Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (SEBRAE) calcula em um milhão de profissionais do segmento no campo, sem contar as ocupações delas nos centros urbanos, em indústrias, laboratórios, centros de pesquisa e universidades. E elas já administram 30 milhões de hectares de lavouras e produção de proteína animal, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Empresa Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE).
Notícias
Topgen promove a segunda edição da Semana da Carne Suína no Paraná
Campanha simbolizou uma celebração de sabor, aprendizado e valorização local.
De 3 a 10 de novembro, os municípios de Arapoti e Jaguariaíva, no Paraná, se tornaram o centro das atenções para os amantes da carne suína. A Topgen, uma empresa de genética suína, com o apoio do Sicredi, promoveu a segunda edição da Semana da Carne Suína, uma campanha que celebrou a versatilidade e o sabor da proteína suína, mobilizando comércios locais e estimulando o consumo na região que é conhecida por sua forte suinocultura.
A programação contou com momentos inesquecíveis, como o workshop exclusivo com o Chef Daniel Furtado, realizado na Fazenda Araporanga, onde açougueiros e cozinheiros da região mergulharam nas técnicas e cortes especiais da carne suína, aprendendo a explorar sua versatilidade e criando inspirações para novos pratos. Outro destaque foi o concurso de melhor prato à base de carne suína, que movimentou 15 restaurantes locais. Os consumidores participaram ativamente, avaliando as delícias e votando no prato favorito. O grande vencedor foi a PJ Hamburgueria, com um sanduíche tão incrível que os clientes já pediram para incluí-lo no cardápio fixo!
A premiação incluiu uma cesta especial com embutidos artesanais do Sul do Brasil e a oportunidade de participar do curso com o Chef Daniel Furtado, além disso, todos participantes receberam um livro de receitas clássicas com carne suína editado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), e impresso pela Topgen com o apoio do Sicredi e também um certificado de participação.
Segundo Beate Von Staa, diretora da Topgen, a inspiração para esta mobilização veio da campanha realizada pela empresa Mig-Plus em 2022, no início da crise da suinocultura. “Naquele ano, fizemos algo simples, mas desta vez conseguimos envolver toda a comunidade. Foi gratificante ver a mobilização e os comentários positivos da população”, destacou”, finalizou.
Além de valorizar a carne suína, a iniciativa buscou incentivar o consumo local de uma proteína saudável e saborosa, mostrando aos consumidores que ela vai muito além do trivial. Assista ao vídeo da campanha e descubra mais sobre essa experiência que uniu gastronomia, aprendizado e valorização da cultura local. A ABCS parabeniza a todos os participantes e ao público que tornou a segunda Semana da Carne Suína um sucesso absoluto!
Colunistas
Avanços e desafios da agricultura regenerativa tropical
Evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor.
O mundo desafia a agricultura a dar segurança alimentar para uma demografia ainda em crescimento, contribuir com emissões negativas para as mudanças climáticas e ainda contribuir com produção com densidade nutricional e qualidade. A agricultura brasileira pode contribuir com essa agenda de forma relevante. Atualmente, o Brasil está entre os 5 maiores produtores de alimentos e é o primeiro colocado na exportação de vários produtos agrícolas.
É considerado o mais importante produtor de grãos nos trópicos. Estima-se que a produção agropecuária no Brasil já alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e que as projeções da OCDE-FAO indicam uma ampliação considerável da importância do Brasil no comércio agroalimentar global até 2032. Vários são os motivos que levam a essas importantes conquistas.
Podemos citar a contribuição da agricultura industrial através da “revolução verde”, por exemplo. No entanto, muitas vezes a produção de alimentos vegetais e animais, fibras e energia também estão ancoradas em custos ocultos ao meio ambiente: a biodiversidade do sistema, a qualidade do solo agrícola, a saúde das pessoas nas cidades, a saúde dos consumidores finais, o bem-estar animal e das pessoas que trabalham diretamente no campo.
Além disso, é conhecido que esse sistema de produção convencional necessita de condições ambientais estáveis para garantir boas produtividades. Ou seja, o sistema convencional é extremamente suscetível às adversidades climáticas, as quais estão se tornando cada vez mais frequentes em diferentes regiões do Brasil. As externalidades negativas do sistema convencional de produção, somadas às suas limitações adaptativas aos extremos climáticos, requerem uma transição regenerativa e novos fundamentos de produção.
Dentro deste contexto de conscientização da sociedade por alimentos com ausência de resíduo químico, com características organolépticas superiores e com maior densidade nutricional, das necessidades de mitigar os efeitos de mudança climática, de garantir a manutenção dos recursos para as gerações futuras, de atender as demandas presentes e de preservar a biodiversidade do sistema produtivo, alguns produtores têm implementado práticas agrícolas bem conhecidas pela Ciência.
A novidade é que essas soluções estão sendo adotadas em escala. Essas práticas e técnicas de manejo regenerativo (Fig. 1) são capazes de reduzir significativamente a dependência de insumos importados, a poluição do ambiente, enquanto são capazes de aumentar a eficiência e a resiliência dos sistemas produtivos, permitindo a manutenção de boas produtividades mesmo em períodos prolongados (superior a 60 dias, no caso de grãos) sem chuvas.
A evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor. Estes também começam a prestar serviços ambientais para toda a sociedade, principalmente para as cidades, fornecendo água e alimento de qualidade, bem como mitigando os efeitos climáticos através do abatimento do carbono utilizando insumos de baixa emissão, com os manejos que privilegiam o aumento de carbono orgânico no solo, e ainda permitem o sequestro de carbono de forma permanente através do intemperismo aprimorado de minerais silicáticos, que são utilizados como condicionadores de solo, bioativação do sistema, melhoria da qualidade do solo e fontes de nutrientes.
Ao promover e valorizar a biodiversidade através da integração das áreas produtivas com as áreas naturais remanescentes, estes produtores garantem o refúgio de inimigos naturais das pragas e obtêm importantes serviços ecossistêmicos. Além de tudo, por utilizarem insumos e serviços dos seus contextos locais e regionais, compartilham a prosperidade com a sociedade, criando riqueza e oportunidades para a comunidade ao seu redor, atendendo assim aos requisitos ESG (Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa – Environmental, Social and Governance, em inglês) em plenitude.
Desta forma, entende-se como Agricultura Regenerativa Tropical (ART) um conjunto de ações e boas práticas que atuam na recuperação do ecossistema produtivo de forma a deixar um saldo de impactos positivo nas características físicas e químicas do solo, na micro e na macrodiversidade do solo, na resiliência da produção, na redução de resíduos nos produtos, no sequestro de carbono e na melhoria da sociedade local e regional. Esses produtores de alimentos, fibras e energia atuam conscientemente na adoção de manejos e suas práticas que visam promover positivamente o ambiente de produção utilizando recursos e tecnologias acessíveis da forma mais eficiente possível dentro de uma agricultura de processos, em que desafios bióticos e abióticos são equacionados através de manejos realizados em caráter preventivo. Por todas essas características, a ART tem uma forte conexão com o consumidor final, o qual prioriza a regeneração e cura dos agroecossistemas, visando impactos positivos ao ambiente, à cadeia e à sociedade. Com essa missão, os produtores visam criar novas formas de relacionamento com as cadeias de fornecedores de insumos, serviços e equipamentos, bem como de fidelidade com as cadeias de valor e com os consumidores, diferenciando sua produção, seja pela forma de produzir como pela qualidade intrínseca do produto final.
Entre as práticas utilizadas na ATR podemos destacar:
- Manejo integrado da fertilidade do solo através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais, corretivos e circularidade da matéria orgânica com o processamento adequado de insumos orgânicos, visando a eliminação de patógenos e germinação de plantas daninhas;
- Rotação de culturas e sistema de plantio direto sobre a palha, visando aumentar a diversificação de plantas no sistema enquanto mantém, sempre que possível, o solo coberto e revolvido o mínimo possível;
- Uso de comunidades microbianas funcionais e de microrganismos específicos que atendam às necessidades da cultura;
- Redução e, quando possível, a eliminação de insumos que agridem a vida no solo, nas plantas e das pessoas;
- Recuperação de pastagens degradadas;
- Integração lavoura-pecuária-floresta;
- Gestão integrada da paisagem.
A implementação destas práticas depende de o agricultor sair da zona de conforto e experimentar novos processos visando a redução de custos, com uso de soluções locais e regionais. Cabe ao agricultor, pecuarista, e/ou consultor identificar a lista de prioridades a serem equacionadas e determinar a melhor forma de atuar nos processos para implementar a transição. Por exemplo, muitas doenças e a presença de pragas podem ser equacionadas com uma nutrição adequada e balanceada. Como não existe uma tabela de determinação do requerimento e balanço nutricional da cultura para cada tipo de solo, o mais adequado é construir a fertilidade do solo de forma estruturante e deixar que a planta determine qual nutriente está sendo necessário em determinada fase fisiológica.
Essa fertilidade do solo pode ser construída ao longo dos anos com o manejo integrado da fertilidade do solo, o qual visa aumentar a eficiência do uso de fertilizantes solúveis através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais e compostos orgânicos. No início da implementação deste manejo, correções pontuais através da adubação foliar podem ser necessárias ao longo do ciclo da cultura. O monitoramento semanal da lavoura se faz necessário para atender as demandas nutricionais e de correção para a supressão de pragas e doenças.
Com bom senso e políticas públicas, a adoção das práticas regenerativas devem continuar crescendo rumo à sustentabilidade da nossa agricultura. Na perspectiva de país, a ampliação da regeneração agrícola tem muitas justificativas para se transformar numa iniciativa estratégica, implementada de forma permanente e legitimada na Política Nacional Agrícola. Pois, podemos reduzir de forma significativa nossa dependência internacional de insumos fundamentais; podemos aumentar a renda dos agricultores e ativar as economias locais com a circulação de recursos da aquisição de insumos e serviços; podemos promover uma redução significativa nas contaminações e no oferecimento de produtos de melhor qualidade; podemos desempenhar uma agricultura de carbono negativo e, finalmente, podemos atender às demandas e compromissos das cadeias de valor por produtos regenerativos.
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Carrefour boicota carne do Mercosul: decisão é vista como protecionismo
Suspensão das compras de carne pelo Carrefour francês reforça críticas ao protecionismo europeu contra o agronegócio brasileiro.
A decisão do Carrefour de parar de vender carne proveniente dos países do Mercosul, incluindo o Brasil, gerou fortes reações. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) classificou a medida como “lamentável” e reafirmou que o Brasil segue os mais altos padrões de qualidade e sustentabilidade na produção agropecuária. O anúncio foi motivado por pressões do sindicato agrícola francês FNSEA e alegações relacionadas ao impacto ambiental.
“O Brasil tem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Atendemos a padrões que garantem a rastreabilidade e qualidade das nossas exportações para 160 países, incluindo a União Europeia há mais de 40 anos”, destacou o Mapa, que acusou a medida de ser infundada e prejudicial à reputação do agronegócio nacional.
O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, também criticou duramente a decisão. “Essa atitude é claramente protecionista. Não há motivos razoáveis para essas restrições. O Brasil é o maior exportador de alimentos do mundo e seguimos rigorosos padrões ambientais e sanitários”, afirmou. Ele sugeriu que os brasileiros adotem uma resposta proporcional ao boicote. “Se eles boicotam nossos produtos, devemos reconsiderar a compra de produtos dessa rede.”
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) reforçou que o Brasil desempenha um papel essencial na segurança alimentar global. A Apex classificou como “lamentável” a postura da rede francesa, que poderia prejudicar as relações comerciais e a imagem do Brasil no cenário internacional.
O impacto da decisão também acende debates sobre a relação entre medidas ambientais e práticas protecionistas, muitas vezes vistas como barreiras não tarifárias. Especialistas alertam que atitudes como esta podem prejudicar os esforços globais de segurança alimentar em um momento crítico de demanda crescente.
O que está em jogo?
Enquanto o Carrefour cede à pressão interna, o Brasil continua sua luta por reconhecimento no mercado global, reafirmando a qualidade e sustentabilidade de seus produtos. Para muitos, a decisão francesa representa mais uma batalha na complexa relação entre o Mercosul e a União Europeia.