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Congresso ABMRA reúne mais de 420 pessoas e anuncia iniciativas para o agro se comunicar melhor fora da porteira
Durante evento, a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro ampliou sua atuação com o lançamento de quatro novos projetos; debates centrais ficaram na tecnologia e transparência das marcas.

Mais de 420 pessoas acompanharam a 15ª edição do Congresso de Marketing do Agro ABMRA, na última quarta-feira (13), em São Paulo. O dia de atividades reuniu debates e trocas de conhecimento prático sobre as melhores estratégias da comunicação para os profissionais que atuam no Agro e foi marcado por uma série de novidades para associados e entusiastas do setor. Durante todo o dia, passaram pelo auditório 15 palestrantes, divididos em cinco painéis, compartilhando suas visões baseadas na prática sobre temas relacionados à branding, reputação de imagem, ESG, comunicação, tecnologia e a inovação.
Silvio Celestino, diretor executivo da Alliance Coaching, ressaltou que a tecnologia se tornou como uma “companheira de viagem”, porém é necessário identificar a nova ferramenta como algo que traz acesso a novos conhecimentos e mundos. O palestrante reforçou que entender de onde surgem novas informações é um ponto de grande importância. “A tecnologia ajuda a pensar fora da caixa, deve ser copiloto e não um cão guia para achar novas ideias e levar ao mundo conhecimentos que você nunca pensou que teria acesso”, disse.
Katia Ribeiro, Head de Marca da GWM Brasil, complementou a linha de raciocínio ressaltando que a inovação também muda o consumidor, seus locais de compra, a maneira que se apresenta e onde encontrá-lo. “Tudo é necessário para entender a dor do cliente, pois é uma jornada e o foco é sempre ele. Resultados sólidos vêm com planejamento”, comentou.
Durante o debate entre os painelistas, os participantes pontuaram que o Agro, em algumas situações, é resistente à mudança e à inovação, sendo necessário um equilíbrio entre o respeito pela tradição e o entendimento sobre o atual momento e as projeções que podem ser feitas sobre o futuro.
Relacionamento com os públicos
A importância do fortalecimento de marca e da presença inovadora no setor foram reforçados também por meio da história da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que completa 50 anos. Silvia Massruhá, presidente da Embrapa, trouxe insights de projetos como o “Balanço Social”, um documento desenvolvido para auxiliar a criação de conexão com o público geral ao fornecer informações sobre as ações da empresa, bem como os seus efeitos e benefícios para a população. A presidente também explicou que documentos como esse ajudam a fortalecer a marca e a presença na sociedade.
Nataly Ortega, Global Marketing Manager da JBS, destacou que uma marca forte é construída com a entrega de valores e lucratividade para a companhia, e que isso acontece por meio de análises e pesquisas. O diretor de Relações Corporativas e Sustentabilidade da Cooperativa de Produtores de Leche – Dos Pinos, Luis Mastroeni, que participou diretamente da Costa Rica, reforçou o pensamento dizendo que não existe uma estratégia específica para cada tema e produto, mas sim algo único com diferentes formas de comunicar.
“O consumidor precisa ser ouvido para a estratégia de comunicação ser feita, de maneira que mostre métricas, dados e objetivos. O desafio é que só comunicar preço e qualidade não são o suficiente. A estratégia deve agregar dois aspectos: reputação e feedback”, destacou Mastroeni.
O diretor aconselha que os erros, assim como os acertos, devem ser comunicados, pois o público espera essa transparência da empresa. “O comprometimento como empresa é importante para o público. É preciso mostrar que não há mentiras de maneira articulada”, ressaltou.
De acordo com Vice-Presidente Regional de Marketing para a América Latina na BASF, Ademar De Geroni, é crucial adotar uma abordagem centrada no cliente, considerando como ele pretende utilizar o produto. “À medida que as soluções se tornam mais complexas, é imperativo proporcionar aos públicos maior valor e clareza. Para alcançar isso, é essencial contar com equipes de alta performance que desenvolvam conceitos sólidos, estabeleçam conexões significativas e mantenham um alto nível de nitidez e excelência em suas entregas.
Geroni também chamou a atenção sobre a importância da agilidade na apresentação das soluções para os clientes, algo que não apenas diferencia a empresa, mas que também promova a diversidade no conhecimento, o reconhecimento e a conexão entre as gerações.
Ao final da programação, Daniela Tavares, diretora da ABMRA e responsável pelo 15º Congresso de Marketing do Agro, ressaltou que o foco do evento é contribuir com a capacitação dos profissionais, oferecendo informações valiosas. Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA, encerrou o evento reforçando dois pontos: primeiro, a importância da comunicação para um setor que hoje atua como locomotiva para o país. “Os profissionais de marketing precisam ir para o campo para vivenciar, questionar e absorver as demandas e interesses dos responsáveis pelas tomadas de decisão do lado de dentro da porteira. No Agro precisamos nos juntar”, declarou o presidente.
Em segundo lugar, ele destacou a necessidade dos profissionais de marketing e das agências se atentarem ao fato de que uma boa estratégia no Agro se utiliza do mix adequado de comunicação. “Ainda que estejamos vivendo em uma era digital, precisamos buscar uma visão mais ampla, porque acreditamos na força e na eficácia de soluções desenhadas sob medida, em que deve ser avaliado qual o melhor conjunto de meios e formatos a serem utilizados em uma campanha ou ação, mas jamais desconsiderar a importância dos meios tradicionais, como TV, rádio e revista.”, disse Nicodemos.
Lançamentos ABMRA
A primeira novidade foi apresentada durante a cerimônia de abertura com a assinatura de uma aliança entre a Associação e a ESPM para criação do curso “Marketing Estratégico Para o Agro”, com lançamento marcado para o mês de outubro e já com planos de expansão. Essa aliança faz parte do projeto Academia ABMRA.
Outra iniciativa anunciada foi o lançamento do Anuário de Propaganda ABMRA com entrevistas exclusivas e agências associadas do marketing e comunicação do Agro.
O mercado vai ganhar o primeiro veículo de mídia especializado em comunicação e marketing do Agro: Revista “Campo e Marketing”. Com periodicidade bimestral e acesso virtual, a publicação trará artigos inéditos e relevantes para propor discussões, insights, valorizar e fortalecer o setor. “Queremos entregar não uma revista institucional da ABMRA, mas uma publicação repleta de conteúdo de valor sobre marketing, pesquisa, branding, estratégia e comunicação”, explicou Matheus Marinho, diretor da Plataforma de Comunicação da ABMRA.
Houve o comunicado do lançamento do HUB ABMRA, uma plataforma online e gratuita que reunirá empresas e profissionais especializados na comunicação do Agro, como agências, fotógrafos, institutos de pesquisa e os veículos de mídia, prevista para ser lançada até o final de novembro/23.
A diretoria anunciou a criação do “Agro ABMRA Awards”, premiação dividida em 18 categorias que reconhecerá o valor do trabalho de personalidades e dos profissionais, dentre eles os jornalistas, que ajudaram a fortalecer a imagem e a melhorar a reputação do Agro. Previsão de lançamento para o primeiro trimestre de 2024.
A Associação também falou sobre o desenvolvimento da 9ª Pesquisa ABMRA “Hábitos do Produtor Rural”, o mais completo estudo sobre o produtor rural, incluindo seus hábitos de mídia, presença da mulher, comportamento de compras e atributos que atraem a atenção dos profissionais. São mais de 3 mil entrevistas presenciais em 15 estados, cobrindo as 14 principais atividades agrícolas e 4 de criação animal. “O Grupo de Trabalho formado pelos atuais cotistas iniciará em outubro e fará a atualização do questionário. A previsão é que até o segundo trimestre de 2024 o relatório da 9ª Edição seja entregue aos cotistas. É um verdadeiro mapa estratégico”, destaca Nicodemos.
O Projeto “Marca Agro do Brasil” que será a maior iniciativa já realizada no País para posicionar o setor corretamente, construirá uma marca forte e que tem por objetivo, tornar o Agro uma paixão nacional, também foi comentado com os jornalistas pela diretoria executiva da ABMRA. Com base nos resultados da pesquisa “Percepções sobre o Agro. O que pensa o Brasileiro” e depois de meses de avaliações e de consultas a muitos conselheiros, a coordenação do Projeto decidiu que inicialmente as ações de comunicação serão dirigidas ao público que se declara neutro em relação ao Agro.
“Tínhamos razões e argumentos para darmos foco a qualquer um dos três grupos: aqueles que se declaram favoráveis, os que se mostram neutros ou aqueles que se declaram desfavoráveis em relação ao Agro. Mas, entendemos que aquelas pessoas que se mostram neutras, podem ser conquistadas mais rápido e mais facilmente em uma primeira fase do Projeto. É como uma estratégia para a eleição do presidente de um País: os estrategistas miram nos indecisos, porque no dia da votação, serão os votos deles que decidirão a eleição”, explicou o presidente da ABMRA, Ricardo Nicodemos.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



