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Conflito no Leste europeu eleva preço interno e externo do trigo em fevereiro

Analisando a guerra entre Rússia e Ucrânia, produtores no Brasil entendem que as reações positivas de preços podem ser um fator atrativo para a nova safra, a ser cultivada a partir de abril e maio. Porém, há preocupações com a disponibilidade de insumos, em especial os fertilizantes.

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No começo de fevereiro, as baixas da taxa de câmbio e dos preços externos do trigo pressionaram as cotações em algumas regiões brasileiras acompanhadas pelo Cepea, devido à queda na paridade de exportação.

Ainda assim, estimativas oficiais sinalizavam demandas doméstica e externa firmes, o que tende a sustentar os valores nacionais.

No caso da demanda interna, mesmo com a produção nacional recorde, de 7,8 milhões de toneladas, as importações estão elevadas, acima de seis milhões de toneladas na soma dos últimos 12 meses.

No fim do mês de fevereiro, agentes do setor tritícola nacional estavam tentando entender e absorver os impactos atuais e futuros da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre os mercados de grãos e cereais.

No caso do trigo, os dois países estão entre os maiores produtores mundiais, mas com relevância ainda mais expressiva na oferta de excedentes para transações externas.

Diante disso, os preços internacionais do cereal apresentaram reações expressivas no fim de fevereiro, o que, certamente, deve trazer reflexos sobre os valores de negociação no Brasil e em países vizinhos.

Impactos da guerra

Segundo dados do USDA, a Rússia é a quarta maior produtora mundial de trigo, com participação média de 10,3% nas últimas cinco safras, e a Ucrânia, o sétimo maior país produtor, com média de 3,7% da oferta mundial entre 2017/2018 e 2021/2022.

Porém, esses países possuem pequeno consumo e, portanto, expressivo excedente, se enquadrando, respectivamente, como o segundo e o quarto maiores exportadores mundiais de trigo, somando 29,1% das transações externas dos últimos cinco anos-safras.

Assim, a redução da disponibilidade do cereal é algo que preocupa agentes globais, uma vez que a nova safra no Hemisfério Norte deverá ter início de cultivo somente em abril, para a safra de primavera.

Mercado

Nos Estados Unidos, considerando-se as médias de janeiro e fevereiro, o primeiro vencimento do contrato março/2022 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago (CME Group) subiu 4,4%, a US$ 8,0592/bushel (US$ 296,13/t) em fevereiro.

Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter avançou 5,6%, a US$ 8,3389/bushel (US$ 306,40/t).

Analisando a guerra entre Rússia e Ucrânia, produtores no Brasil entendem que as reações positivas de preços podem ser um fator atrativo para a nova safra, a ser cultivada a partir de abril e maio. Porém, há preocupações com a disponibilidade de insumos, em especial os fertilizantes.

De outro, moinhos seguem atentos às expressivas reações de preços em bolsas de futuros e mesmo na Argentina, o que deverá elevar o custo da importação brasileira.

Preço médio

Em fevereiro, o preço médio do trigo no mercado disponível em São Paulo foi de R$ 1.789,67, elevação de 0,7% frente ao de janeiro/2022 e 17,2% maior em relação a fevereiro/2021.

No Paraná, a média foi de R$ 1.710,42, avanço mensal de 1,5% e alta de 14,7% em um ano.

Em Santa Catarina, o preço foi de R$ 1.660,98/t, aumentos de 2,1% frente ao de janeiro/22 e de 10,4% na comparação com fevereiro/2021.

No Rio Grande do Sul, a média foi de R$ 1.603,62/tonelada, com altas de 0,6% no mês e de 10,9% em um
ano.

Balança comercial

De acordo com dados preliminares da Secex, nos 19 dias úteis de fevereiro, foram exportadas 836,63 mil toneladas de trigo. Esse volume é representativamente maior que toda a quantidade embarcada em fevereiro do ano passado (121,33 mil toneladas).

Já as importações de trigo somaram 498,76 mil toneladas, contra 449,90 mil toneladas em fevereiro de 2021.

Em relação ao preço de importação, a média de fevereiro/2022 esteve em US$ 283,9/t FOB origem, 14,1% acima
da registrada no mesmo mês de 2021 (de US$ 248,8/t).

Estimativas

A Conab indicou que a safra 2021/2022 somou 7,68 milhões de toneladas, estável frente ao relatório de janeiro, mas com forte alta de 23,2% em relação à temporada anterior.

A área nacional cresceu 17% sobre a safra 2020, atingindo 2,73 milhões de hectares. Além disso, a produtividade seguiu apontada em 2,803 toneladas por hectare, 5,3% superior à de 2020/21 (2,663 t/ha).

A Conab realizou ajustes positivos na estimativa para a importação total de agosto/2021 a julho/2022, para 6,8 milhões de toneladas.

Ainda, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) foi estimada em 14,62 milhões de toneladas, 13,7% acima da safra anterior.

Do lado da demanda, a estimativa de consumo interno é de 12,55 milhões de toneladas, 5,5% maior que na temporada anterior.

A exportação brasileira de trigo prevista de agosto/2021 a julho/2022 também foi novamente elevada e está estimada em 1,9 milhão de toneladas pela Conab, com maior aceitação externa pelo grão de menor PH.

Por isso, o estoque final, em julho/22, foi reduzido para 176,5 mil toneladas.

Em termos mundiais, o USDA, em relatório divulgado em fevereiro, reduziu em 0,3% a estimativa de produção global da safra de trigo 2021/22 frente aos dados indicados em janeiro, igualando o volume da temporada 2020/21, em 776,4 milhões de toneladas.

Em relação ao consumo mundial, a estimativa do USDA passou para 788,08 milhões de toneladas em fevereiro, altas de 0,1% sobre os dados de janeiro e de 0,7% sobre os da temporada passada.

Os estoques mundiais foram previstos 0,6% menores em relação ao relatório de janeiro e devem totalizar 278,2 milhões de toneladas, mas queda de 4,0% no comparativo com a safra 2020/2021, o mais baixo desde 2016/2017.

Derivados

Os preços dos farelos de trigo seguiram firmes no mercado brasileiro em fevereiro, sustentados pela maior demanda e pela moagem reduzida. No mês, as altas foram de 13,1% para o a granel e 11,5% para o ensacado.

Quanto às farinhas, de janeiro para fevereiro, os preços médios subiram 3,02% para bolacha salgada, 2,04% para bolacha doce, 1,68% para pré-mistura, 1,0% para integral, 0,65% para massa em geral, 0,60% para massas frescas e 0,5% para panificação.

Fonte: Cepea

Colunistas

Sucessão familiar no agro: como atrair os jovens para o campo?

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A sucessão familiar no agronegócio tem se tornado um dos grandes desafios para o setor rural, especialmente em um contexto em que os jovens estão cada vez mais imersos em tecnologia e afastados das práticas tradicionais da agricultura. Esse distanciamento ameaça a continuidade das atividades no campo, principalmente em regiões onde o trabalho artesanal, como a delicada colheita de grãos de café, ainda desempenha um papel fundamental para a economia local e a preservação da cultura agrícola.

O grande desafio está em demonstrar que o trabalho rural pode ser sinônimo de oportunidades, crescimento pessoal e profissional, desde que haja um equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito aos métodos tradicionais.

Para garantir a continuidade das propriedades rurais e a manutenção da produção, é essencial adotar estratégias que tornem o campo mais atraente para as novas gerações. Investir em tecnologia e inovação é um dos principais caminhos, pois permite modernizar as atividades agrícolas, tornando-as mais eficientes e rentáveis. Além disso, a introdução de práticas sustentáveis e a adoção de modelos de gestão mais profissionalizados podem despertar o interesse dos jovens que buscam alinhamento com causas ambientais e sociais.

Outro fator crucial é a educação e capacitação voltadas para o agronegócio. Oferecer programas de treinamento e especialização em áreas como agroecologia, gestão rural e empreendedorismo pode preparar melhor os jovens para assumir a liderança das propriedades familiares. Incentivos governamentais, como acesso a crédito e políticas de apoio à agricultura familiar, também são fundamentais para facilitar essa transição. Criar um ambiente onde os jovens se sintam valorizados e capazes de inovar é essencial para garantir a sucessão familiar e a sustentabilidade do setor agrícola a longo prazo.

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa. Integrar tecnologias modernas às práticas agrícolas tradicionais pode não apenas preservar o legado familiar, mas também abrir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável no setor rural.

Fonte: Por Bruno Sampaio, gestor do Bmg Agro e do Guima Café
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Notícias

A importância da pesquisa agropecuária

A pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.

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Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC), Vanir Zanatta - Foto: Divulgação/MB Comunicação

O acelerado desenvolvimento do setor primário da economia, nas últimas décadas, resultou dos avanços da pesquisa científica na esfera da Embrapa, das Universidades, dos centos de pesquisa privados e dos grandes grupos da indústria da alimentação. De um lado, a pesquisa para gerar conhecimento que fundamenta as novas tecnologias; de outro, a aquisição dessas tecnologias para aplicação na produção.

Apesar disso, ainda é necessário fomentar a pesquisa agropecuária brasileira para turbinar os níveis de investimento público em patamares equivalentes aos dos principais concorrentes do Brasil no mercado mundial. O caminho natural é a Embrapa, capitaneando uma cadeia de pesquisa, que envolve as Universidades e outros centros de pesquisa. A ideia é fortalecer as ferramentas de gestão de órgãos públicos e estimular as parcerias público-privadas, inclusive com cooperativas agropecuárias, com o fomento de estudos que efetivamente contribuam para o maior desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade do setor agropecuário. Essa integração pode facilitar a captação de investimentos na geração de inovações de alto impacto para o enfrentamento dos desafios do agro brasileiro.

Em Santa Catarina, por exemplo, que se destaca no incremento da produção de leite, esse reforço na pesquisa poderia começar com a instalação de um núcleo de pesquisas voltadas ao gado leiteiro, com ênfase para forrageiras. Nas pequenas unidades de produção a atividade proporciona importante fonte de renda para as famílias rurais. A atividade exibe notável desenvolvimento técnico da produção, especialmente da genética e sanidade.

Quinto produtor nacional, o setor tem sofrido uma intensa concentração da produção. Para a pecuária leiteira tornar-se mais competitiva, há a necessidade da pesquisa de forrageiras para identificar variedades mais adaptadas à região. A melhoria da qualidade da alimentação do rebanho proporcionará um salto notável na elevação da produção e da renda dos produtores.

A proposta consiste na instalação de uma unidade da Embrapa no Estado de Santa Catarina para a pesquisa de forrageiras e outras tecnologias voltadas à produção de leite e, também, gado de corte. Os pastos hoje utilizados, via de regra, são de espécies provenientes de regiões distantes e de baixa adaptação ao microclima, resultando em limitado desenvolvimento e baixa eficiência nutricional.

A empresa mantém em Concórdia a Embrapa Suínos e Aves, com pesquisas em suínos e aves e tecnologias correlatas, especialmente de proteção ao meio ambiente. O novo núcleo de pesquisa poderia ser criado junto a Embrapa de Concórdia (SC). O foco seria a produção e manejo de forragem, o que geraria conhecimentos para a melhoria da alimentação animal, além da possibilidade de agregar valor ao leite pelo sistema de produção a pasto.

Atualmente, a Embrapa desenvolve pesquisas voltadas à pecuária de leite em três unidades: a de gado de leite, voltada às soluções para o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite em Juiz de Fora (MG); a unidade  Pecuária Sudeste, com ênfase na eficiência e sustentabilidade da produção em São Carlos (SP) e a unidade Pecuária Sul que desenvolve pesquisas em bovinocultura de corte e leite, ovinocultura e forrageiras nos campos sulbrasileiros, compreendidos pelos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em Bagé (RS).

As cooperativas agropecuárias são atores estratégicos no apoio aos programas de  pesquisa científica, como testemunham inúmeras ações em passado recente.

Fonte: Por Vanir Zanatta, Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
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Notícias Atenção produtor rural

Prazo para declaração do ITR encerra em 30 de setembro, alerta Faesc

Documento deve ser enviado por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal.

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Foto: José Fernando Ogura

O prazo para a Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), referente ao exercício de 2024, vai até 30 de setembro. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) alerta para que o produtor rural fique atento ao prazo para evitar multas.

De acordo com a Instrução Normativa RFB nº 2.206/2024 é obrigatório apresentar a declaração de pessoa física ou jurídica, proprietária, titular do domínio útil ou possuidora de qualquer título, inclusive a usufrutuária, um dos condôminos ou um dos compossuidores.

A declaração deve ser enviada por meio do Programa Gerador da Declaração do ITR, que está disponível no site da Receita Federal. Além disso, continua sendo possível a utilização do Receitanet para a transmissão da declaração.

O imposto é obrigatório para todo o imóvel rural, exceto para os casos de isenção e imunidade previstos em lei, portanto o produtor deve ficar atento aos prazos de envio do documento para não pagar multas e juros. E caso o contribuinte verifique algum erro após o envio da declaração, ele deve fazer a retificação por meio do Programa ITR 2024.

A declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural é composta pelo Documento de Informação e Atualização Cadastral do ITR (DIAC) e pelo Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT).

O contribuinte, cujo imóvel rural já esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural (CAR), deve informar o respectivo número do recibo de inscrição. O pagamento do imposto poderá ser feito através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), ou via QR Code (Pix).

No dia 24 de julho, o Governo Federal publicou a Lei n° 14.932/2024 que retira a obrigatoriedade de utilização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para a redução do valor devido do ITR. Entretanto, a Receita Federal, por meio da Instrução Normativa (IN) 2.206/2024, ainda obriga o produtor rural a apresentar a ADA neste ano.

A CNA e a Faesc trabalham para que a Receita faça a revisão da normativa o mais breve possível. Mesmo com a lei em vigor, recomendam manter o preenchimento do ADA via Ibama, para fins de exclusão das áreas não tributáveis do imóvel rural e inserção do número do recibo na DITR 2024.

O contribuinte pode conferir o Valor de Terra Nua (VTN) 2024 publicado no site da Receita Federal pelas Prefeituras conveniadas. A FAESC lembra que, caso os valores não estejam de acordo com os requisitos determinados pela Instrução Normativa RFB n° 1.877/2019, deve ser feita denúncia por meio do Sindicato Rural junto à Delegacia Regional da Receita.

Fonte: Assessoria Faesc
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