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Confinamento avança sobre pecuária extrativista no Brasil

Modelo de criação é chave para produtor brasileiro aumentar produção e atender mercado nacional e internacional

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Segundo maior confinador mundial de gado, as perspectivas para o crescimento da atividade no Brasil são grandes, segundo o médico veterinário doutor Hugo José Resende da Cunha. Com boas possibilidades de melhoria no setor e em todo o mercado, a tendência é que o país se desenvolva mais neste quesito e passe a ter o maior rebanho comercial do mundo. Os dados foram apresentados para produtores durante o Show Rural Coopavel, que aconteceu em Cascavel, PR, no início de fevereiro.

A área atual no país ocupada pela pecuária é de 170 milhões de hectares. Segundo a Scot Consultoria, o rebanho estático do Brasil é de 215 milhões de cabeças. Cunha comenta que, diante destes dados, tranquilamente a pecuária poderia ceder espaços para a agricultura, seja via integração ou transferência total da área. “Se hoje disponibilizarmos quase 60% da área que ocupamos para a agricultura, seria uma transferência positiva, pois intensificaria o sistema”, diz. Ele conta que se a agricultura cresce, há mais disponibilidade e acesso a grãos, o que é positivo para a pecuária.

O médico veterinário comenta que existe uma grande diferença entre a agricultura e a pecuária. “Muitos pecuaristas ainda adotam tecnologias do século XIX, enquanto que o agricultor trabalha com as tecnologias do século XXI. É difícil comparar a agricultura tecnificada com a pecuária extrativista”, diz. Ele afirma que isto faz toda a diferença quando a rentabilidade é medida. “A tendência para os próximos 20 anos é que as áreas de pastagem reduzam cada vez mais, chegando a menos de 160 milhões de hectares em 2022, mas a produtividade deve aumentar. Não há perspectivas de reduzir o rebanho, este vai continuar crescendo, vamos melhorar a produção”, afirma. Cunha ainda diz que o pecuarista está fazendo o dever de casa, porém, não nos mesmos níveis que a agricultura.

O médico veterinário comenta que, segundo dados da Agroconsult, a pecuária só passa a ficar competitiva com a agricultura em níveis acima de 12 arrobas por hectare/ano. “Este dado impactou negativamente em 2016 em função dos altos preços dos insumos, mas esta foi a realidade do ano passado”, diz. “A aplicação de tecnologia, mesmo em anos difíceis, é fundamental para assegurar a rentabilidade e o lucro da atividade”, continua. Para ele, se nos próximos 30 anos o país mantiver os atuais níveis de produtividade, cerca de 60 a 80% dos atuais pecuaristas deixarão a atividade. “É preciso melhorar e conhecer índices. Este sistema antigo, extrativista, está fadado a desaparecer”, afirma. Cunha confirma que o sucesso de uma propriedade está diretamente ligado a uma boa gestão, tecnologia e organização.

Além disso, uma realidade que precisa ser revertida no país e que ainda existe muito é o chamado boi sanfona. “É aquele animal que ganha pouco peso no período das águas, perde peso na seca e ainda é abatido acima de quatro anos de idade. Isso não pode mais acontecer”, afirma.

Grãos

Para entender melhor como funcionará o confinamento no país, o profissional afirma que é preciso observar também o mercado de grãos. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a previsão para 2017 é que haja um aumento de 3,7% na área plantada e de 26,7% de produtividade, considerando a condição favorável do clima. Isso resulta em uma produção final 31,4% superior a safra passada, ou seja, de 66 milhões para 87 milhões de toneladas de milho. “E aqui nós temos um ponto importante, que desse número, 65% vem da safrinha”, comenta.

O levantamento mostra ainda que para a safrinha a aposta é de um crescimento de 44% em relação ao ano passado. Para a primeira safra, o aumento é de 11,5%. Ou seja, terá mais milho neste ano para trabalhar com a pecuária. Já com o sorgo, o crescimento é de 59,7% em relação à safra passada. Porém, é um número pequeno, já que ele fica limitado aos estados de Goiás e Minas Gerais. Já para a soja, a perspectiva é de um aumento de 10,6% em relação à safra passada – 10 milhões de toneladas a mais. “Todos os números indicam uma super safra este ano”, informa Cunha.

O médico veterinário mostrou ainda que a tendência é que os preços do milho sejam menores do que no ano passado e a soja terá um preço parecido com o que estava sendo comercializada em 2016. Cunha informa que o custo da arroba produzida vai ser 30% menor do que foi em 2016, justamente por conta dos bons preços dos grãos neste ano. “Porém, independente do cenário, nós temos que ter prudência, no confinamento nós trabalhamos com previsibilidade de custos”, diz. O profissional aconselha que o produtor compre na janela de produção. “O melhor período para comprar o milho é quando entra a safrinha, ou seja, entre julho e agosto. Já para a soja, o melhor período é abril e maio”, recomenda.

Mercado da Carne

Sobre o mercado de carne, o profissional mostra que o Brasil figura entre os principais players, sendo o segundo maior produtor mundial, atrás somente dos Estados Unidos. “Em 2016, produzimos nove milhões de toneladas equivalente de carcaça, já os Estados Unidos produziram 11 milhões de toneladas”, conta. De acordo com ele, a previsão para 2017 é que o Brasil cresça de 9.2 para 9.47 milhões de toneladas. “Este é um cenário interessante, isso significa aumento da produção de carne”, informa.

Entre os consumidores, um mercado importante e que o Brasil precisa ficar de olho é o chinês. O médico veterinário mostra que a China, além de ser o quarto maior produtor, é o segundo maior consumidor mundial de carne, atrás somente dos estadunidenses. “Há uma tendência de aumento de consumo. A China é o principal player do Brasil hoje, e no ano passado conseguimos, após anos, abrir este mercado”, comenta. Mas o consumo não ficará restrito somente a terras estrangeiras. O Brasil deve seguir esta tendência e aumentar o consumo da carne bovina, especialmente no segundo semestre de 2017.

Na exportação novamente os brasileiros terão destaque. Em 2016 o Brasil foi o maior exportador mundial, colado na Índia, com 1,8 milhão de toneladas de carcaça. Já para 2017 a tendência é aumentar esta exportação para 1,9 milhão de toneladas. “Neste ano, nós aumentaremos a exportação, o consumo e a produção de carne”, informa Cunha.

Outro dado interessante apresentado foi o consumo per capita por país. Se for observado o consumo per capita de carne versus o crescimento desse mercado total, os dados mostram que os norte americanos são os que mais consumem carne no mundo. “Porém, o consumo da carne bovina está em queda. A mesma coisa acontece com a União Europeia”, diz Cunha. Já a China, que está entre os maiores consumidores, tende somente a aumentar este consumo. “É possível que cheguem a até dez quilos per capita”, conta.

Se observada a demanda global de carne, a tendência para os próximos dez anos é que a procura pela carne bovina aumente de 67 milhões de toneladas para 77 milhões de toneladas. “Isso é um crescimento de um milhão de toneladas por ano”, afirma.

O profissional afirma que é preciso que o Brasil se prepare para atender este mercado, que busca cada vez mais carne. “Se tem alguém que consegue atender é o Brasil. O país possui o maior rebanho para consumo do mundo, além de ser o que mais cresce entre os principais produtores”, diz. O crescimento médio do Brasil de 2012 a 2017 foi de 2,8% ao ano.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Ciclo curto, manejo atento

É crucial que os pecuaristas adotem práticas de manejo cuidadosas, como nutrição adequada, monitoramento constante e assistência profissional durante o parto.

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Fotos: Shutterstock

A evolução da pecuária de corte no Brasil tem sido marcada pela busca incessante por eficiência produtiva. Uma das práticas que ganha destaque é a prenhez precoce em fêmeas jovens, uma estratégia que promete otimizar a produção e aumentar a rentabilidade das fazendas. Com a introdução de técnicas avançadas de manejo reprodutivo e melhoramento genético, é possível inseminar novilhas em idades cada vez mais jovens, encurtando o ciclo produtivo e aumentando o número de bezerros desmamados.

 

Os benefícios dessa prática são evidentes: as fêmeas começam a contribuir para a produção mais cedo, permitindo um maior retorno sobre o investimento ao longo de sua vida. Além disso, a prenhez precoce está alinhada com as exigências do mercado por animais mais jovens e bem acabados, especialmente para mercados como o chinês, que valoriza animais abatidos mais cedo.

No entanto, essa estratégia não está isenta de desafios. Fêmeas jovens, ainda em fase de crescimento, enfrentam maiores riscos durante o parto. O canal de parto menor e a inexperiência reprodutiva aumentam as chances de complicações, como distocia, que pode comprometer tanto a saúde da mãe quanto do bezerro. Para mitigar esses riscos, é crucial que os pecuaristas adotem práticas de manejo cuidadosas, como nutrição adequada, monitoramento constante e assistência profissional durante o parto.

A prenhez precoce é uma ferramenta poderosa para impulsionar a produtividade, mas requer um manejo responsável. O equilíbrio entre eficiência e bem-estar animal deve ser prioridade. Com as técnicas corretas e atenção aos detalhes, é possível colher os frutos dessa inovação, sem comprometer a saúde e longevidade das fêmeas, garantindo assim o sucesso sustentável da pecuária de corte.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do O Presente Rural
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Potencial das pastagens brasileiras e o avanço na produção sustentável de carne bovina

Um sistema bem planejado, aliado à adequada adubação, permite potencializar a taxa de lotação e propicia uma forragem de melhor qualidade, com boa disponibilidade, por maior tempo.

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Foto: Divulgação

Para a eficiência na produção de carne bovina, particularmente no contexto de animais mantidos a pasto, é crucial minimizar custos e maximizar índices produtivos, garantindo o sucesso financeiro da operação. No cerne da produção de carne desses bovinos está o manejo meticuloso das culturas forrageiras e outras práticas essenciais para o sucesso da atividade. O sistema inicia na escolha de gramíneas e outras culturas forrageiras, que devem respeitar as características locais de solo, clima e sazonalidade anual.

Neste contexto, um sistema bem planejado, aliado à adequada adubação, permite potencializar a taxa de lotação e propicia uma forragem de melhor qualidade, com boa disponibilidade, por maior tempo. Além disso, é possível considerar que o animal alocado em um sistema bem planejado fará menor deslocamento em busca de nutrientes, favorecendo o consumo, reduzindo gastos energéticos e, consequentemente, aumentando a produção.

O primeiro ponto a se considerar é a condição do solo e a necessidade de correção. A coleta de amostras e análises regulares da terra e também da forragem são essenciais para determinar a disponibilidade de nutrientes, incluindo níveis de proteínas, energia, fibras e minerais. A compreensão da composição nutricional da forragem permite um melhor aproveitamento da área disponível, além de direcionar a formulação de uma dieta de suplementação mais precisa.

Outro ponto importante é prevenir o subpastejo e o superpastejo, ajustando taxas de lotação e adotando sistemas de manejo que promovam a regeneração da pastagem. Isso significa entender a realidade de cada propriedade para poder adotar a prática que melhor se enquadre.

Existem alguns modelos mais comumente utilizados, sendo o pastejo contínuo um dos principais sistemas adotados por conta da praticidade. É uma possibilidade que precisa de atenção no ajuste da quantidade de animais de acordo com a disponibilidade de forragem, visto que os animais permanecem o tempo todo na mesma área.

Outra estratégia mais interessante é o pastejo rotacionado, que consiste na utilização de dois ou mais piquetes, que são alternados para que um esteja em uso, e os demais, em descanso e rebrota da forragem. Nesse caso, o produtor precisa ajustar a lotação e também se atentar para o momento correto de entrada e saída dos animais de acordo com a altura de cada cultura forrageira. Este sistema, se trabalhado corretamente, permite melhor aproveitamento na colheita da forragem, maximizando a produção de gado a pasto.

Essas práticas de manejo planejados não só sustentam o ecossistema, mas também aumentam a capacidade de suporte do solo e o sequestro de carbono. Além disso, pastagens bem geridas atenuam os processos de erosão do solo e melhoram a biodisponibilidade dos nutrientes, tornando o sistema capaz de se manter ao longo dos anos, o que implica em um processo produtivo sustentável. Ao aproveitar o potencial regenerativo dos próprios animais que pastam, os produtores contribuem para a restauração de pastagens degradadas e para a preservação dos ecossistemas naturais.

Na sequência, o próximo passo se dá pela escolha da forrageira mais adequada, que deve respeitar a meta produtiva, a região de inserção, a sazonalidade e o aporte nutricional. No Brasil, a predominância do cultivo de forragens direcionadas aos bovinos são gramíneas, principalmente as Brachiarias (Urochloa spp.) e os Panicuns (Megathyrsus spp). Apesar disso, por ser um país de grandes dimensões, com variedade de solo, temperatura e pluviosidade, os produtores têm diversas outras possibilidades a serem direcionadas para cada região, inclusive de algumas leguminosas como a aveia e a leucena. Ao escolher uma cultura adequada, o produtor consegue planejar as demais estratégias nutricionais em busca de atingir os objetivos de produção.

Entre as possibilidades de complementação do aporte nutricional para os animais, a suplementação se dá como excelente alternativa, já que é de fácil acesso ao produtor. O mercado oferece hoje uma série de produtos prontos para uso ou para formulações de dietas à pasto, contemplando os diferentes períodos do ano e as diferentes defasagens na pastagem que precisam ser supridas. Ou seja, projetar uma estratégia nutricional ideal para a produção de carne bovina alimentada a pasto envolve equilibrar as necessidades nutricionais do gado com os recursos forrageiros disponíveis.

Nesse ponto, é importante desenvolver uma dieta balanceada que atenda às exigências nutricionais do gado nas diferentes fases de produção (ex.: crescimento, terminação, lactação). Além disso, é necessário considerar fatores como idade, peso, estado fisiológico e metas de produção, ao formular dietas. Assim, é possível determinar a necessidade de suplementação somente mineral, proteica ou ainda proteica energética.

Outro ponto de extrema importância e muitas vezes esquecido é o acesso a água limpa e fresca para todos os animais, essencial para a digestão adequada, absorção de nutrientes e saúde geral. Por fim, o investimento em uma infraestrutura adequada, com sistemas de água, cercas e instalações para facilitar o manejo eficiente do rebanho é o complemento de uma atividade bem gerida.

O pasto sempre foi uma ferramenta de fácil acesso para o produtor e, se bem utilizada, pode trazer resultados satisfatórios. Ao implementar estas estratégias, é possível aumentar a eficiência nos sistemas de produção, melhorando o desempenho, a rentabilidade e a sustentabilidade, mantendo o sistema viável.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Wellington Luiz de Paula Araújo Zootecnista, doutor em Nutrição e Produção Animal
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Bovinos / Grãos / Máquinas Em Chapecó - Santa Catarina

Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite acontece em novembro

Primeiro lote de inscrições segue até 02 de outubro.

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Fotos: Divulgação/MB Comunicação

Referência em disseminação de conhecimento, aperfeiçoamento da classe, desenvolvimento de novas tecnologias e troca de experiências, o 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) ocorrerá nos dias 05, 06 e 07 de novembro, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC). O evento, promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), está com as inscrições abertas e contará com os painéis indústria, qualidade da forragem, saúde, manejo e ambiente. A programação ainda engloba a 8ª Brasil Sul Milk Fair e o 3º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte.

Presidente do Nucleovet, Tiago Mores: “Nossa missão é entregar um evento completo que demonstre e reforce a pujança da bovinocultura brasileira”

O presidente do Nucleovet, Tiago Mores, ressalta que o evento é organizado para oportunizar discussões atuais, com apresentação de novas soluções e geração de conexão entre empresas e profissionais. “Recebemos médicos veterinários, zootecnistas, técnicos, profissionais de agroindústrias, produtores rurais e estudantes de todo o Brasil e da América-Latina, nossa missão é entregar um evento completo que demonstre e reforce a pujança da bovinocultura brasileira”.

Na visão de Mores, o sucesso do evento também tem sido baseado em uma abordagem pragmática de assuntos do cotidiano e que possam agregar informação técnica e aplicação prática.

O presidente da comissão científica, Claiton André Zotti, explica que a programação é elaborada por uma comissão responsável por avaliar os temas de maior relevância para o setor na atualidade. “Com uma equipe formada por profissionais de diversos segmentos da cadeia produtiva, conseguimos construir uma programação riquíssima e que engloba importantes debates”, destaca.

Zotti reforça que as discussões são levantadas por renomados pesquisadores do setor, qualificando ainda mais a grade técnico-científica do evento. “Tratamos de um ramo complexo e desafiador, temos novas práticas e técnicas sendo desenvolvidas a todo momento. É crucial que profissionais da bovinocultura de leite e de corte mantenham-se atualizados acerca dos avanços do setor”.

Fonte: Assessoria MB Comunicação
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