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Conferência Facta WPSA-Brasil 2023 amplia discussões sobre Influenza aviária e debate futuro das produções sustentáveis
Promovido de forma on-line, o evento abordou a produção avícola sob diversos aspectos em nove painéis.

O ciclo de apresentações da 40ª edição da Conferência Facta WPSA-Brasil 2023 foi encerrado na tarde de quinta-feira (11), debatendo os diversos aspectos relacionados à Influenza aviária e projetando o cenário de produções sustentáveis, com foco nas estratégias ESG e nas proteínas alternativas. Promovido de forma on-line, o evento apresentou a visão de personalidades nacionais e internacionais da avicultura de corte e postura.
A sequência de conteúdo do encontro, que teve como tema “Brasil: Supermercado do Mundo”, abordou as doenças bacterianas e virais, as estratégias ESG, a nutrição na cadeia avícola, os aspetos legislativos, os modelos de criação e a formação dos profissionais ligados à avicultura. “Pudemos abordar temas relevantes e atuais para a avicultura, como o uso de tecnologias para o bem-estar animal, a nutrição e o manejo de aves em sistemas cada vez mais avançados, a gestão ambiental correta, o enfoque no sistema ESG entre outros assuntos”, declarou o diretor-executivo da Facta, Anselmo Micheletti.
Influenza aviária em pauta
Uma das importantes temáticas debatidas na Conferência, a Influenza Aviária, foi apresentada sob a visão da imunização, por Sjaak de Wit, chefe do departamento de Saúde Avícola Integrada na Faculdade de Veterinária da Universidade de Utrecht e um dos pesquisadores mais renomados do cenário avícola mundial.
“Para o futuro da Influenza, observamos que existe a necessidade global de um programa de vacinação adequado e atento aos riscos de cada país. Nesse momento, o monitoramento também é essencial e os aspectos zoonóticos devem ser considerados”, frisou de Wit.
Contribuindo com o debate, o gerente técnico regional Aviagen América Latina, Mário Sérgio Assayag, falou sobre o cenário atual da Influenza Aviária no mundo e ressaltou o trabalho conjunto que vem sendo executado no Brasil. “A vigilância tem sido ativa, com ações conjuntas entre COESAS, empresas, associações estaduais, secretarias e o Mapa, além de restrições nos ambientes aviários”, apontou Assayag.
Boas práticas
A Conferência também abriu espaço para as estratégias ESG, destacando os compromissos de grandes organizações nacionais, Net Zero, trazendo o olhar dos produtores e integradores sobre o assunto. O CEO da Ovos Mantiqueira, Leandro Pinto, explicou como promoveu a mudança de mentalidade na empresa em 2012, passando a adotar o sistema de produção com aves livres de gaiolas.
“A mudança de mentalidade da Mantiqueira se deu depois de 17 anos de história, com a criação do nosso relatório de sustentabilidade, publicado em 2020. Hoje, respeitamos os pilares do bem-estar e sustentabilidade e projetamos que, em 2025, teremos 2,5 milhões de aves livres de gaiolas”, relembrou o CEO.
O sócio da Planalto Ovos, Daniel Fernandes Mohallem comentou que para promover a melhora no bem-estar animal não basta apenas tirar a galinha da gaiola. “Esse processo conta com exigências ESG cada vez maiores, com avaliações positivas e eficiência ambiental. O ovo é a proteína animal com menor impacto ambiental”.
Novidades no abate de frangos
A nova dinâmica nas inspeções dos abates de frangos com a validação da portaria nº 736, que aprova os procedimentos para adesão dos abatedouros avícolas
registrados no Dipoa ao sistema de inspeção com base em risco, foi tema da explanação da médica-veterinária, pesquisadora e docente da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Liris Kindlein. A professora explicou como o modelo com base em risco é mais efetivo e faz com a cadeia se preocupe com o produto final.
“O que muda em relação à inspeção tradicional é que o trabalho é feito com estações, que são locais dentro da linha de abates, mitigando possíveis problemas relacionados à saúde pública”, apontou Liris.
Ela ainda ressaltou que as empresas precisam de um planejamento dos procedimentos de avaliação e classificação, além de estudos dos históricos das alterações detectadas nas inspeções tradicionais e de históricos de análises referente ao controle higiênico-sanitário do processo.
Contribuição ao mercado avícola
O diretor-executivo da Facta, Anselmo Micheletti, frisou que na Conferência foi possível detectar e aprofundar temas atuais e relevantes para a avicultura global. “A partir dos importantes insights e conhecimentos adquiridos durante os três dias de evento, os participantes poderão aplica-los em suas atividades profissionais, contribuindo para o desenvolvimento e aprimoramento da avicultura no país”, concluiu Micheletti.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.




