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Avicultura

Conferência Científica Latino-Americana aproxima ciência da indústria avícola internacional

Foram três dias de intensa programação, que contou com mais de 650 pessoas, entre estudantes, pesquisadores, cientistas e outros profissionais do setor.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Especialistas em avicultura se encontraram, de 04 a 06 de outubro, em Foz do Iguaçu, PR, para debater os desafios atuais enfrentados pelo setor na Latin American Scientific Conference (PSA Latam) – Conferência Científica Latino-Americana de Ciência Avícola, que é realizada a cada dois anos na América Latina. Organizado pela Poultry Science Association (PSA), o evento contou com a coorganização de universidades e empresas multinacionais ligadas ao segmento instaladas no Brasil.

Foram três dias de intensa programação, que contou com cerca de 650 pessoas, entre estudantes, pesquisadores, cientistas e outros profissionais da área avícola internacional. Além de 49 palestras para os participantes se atualizarem dos mais recentes avanços e estudos do setor, em torno de 210 trabalhos científicos foram apresentados por mestrandos e doutorandos de diferentes países durante a edição 2022 da PSA Latam. “Foi uma imensa alegria tê-los conosco nestes três dias de imersão, em que pudemos ter a oportunidade de conhecer o que a ciência está fazendo pela avicultura. Ansioso pelo nosso encontro em 2024”, declarou o atual presidente da PSA, Tom Porter, agradecendo às empresas parceiras que organizaram os Simpósios, aos estudantes que trouxeram centenas de pesquisas e aos profissionais da cadeia por prestigiar o evento.

Atual presidente da Poultry Science Association, Tom Porter: “Fiquei impressionado com tudo que vivenciei neste encontro no Brasil”

Com sede nos Estados Unidos desde 1908, a associação expandiu suas atividades há duas décadas para o Canadá e mais recentemente à América Latina, com o objetivo de oportunizar um espaço para cientistas e estudantes apresentarem suas pesquisas à indústria. “Uma das missões da Poultry Science Association ao expandir seu alcance é aproximar a pesquisa da indústria, fazer o intercâmbio de pesquisas da cadeia avícola e ser um meio para divulgar os estudos científicos que estão em andamento nas universidades. Conseguimos atingir com êxito essas premissas. Fiquei impressionado com tudo que vivenciei neste encontro no Brasil”, evidenciou Porter.

Realizada pela terceira vez no Brasil, a reunião bianual reforça o compromisso de compartilhar as recentes descobertas científicas e em oferecer um amplo espaço para troca de informações, visando que o setor se aproxime cada vez mais das universidades. “A PSA propõe que pesquisadores criem oportunidades e se aproximem de todos os elos da avicultura, despertando o interesse da agroindústria pelo que está sendo produzido dentro das universidades, para que a indústria possa usar cada vez mais da ciência para solucionar seus problemas, porque sabemos que os desafios são globais e ver essas duas correntes em um mesmo lado significa que vamos avançar a passos largos”, frisou Porter.

Presidente da comissão organizadora da PSA Latam e professor da UFSM, Alexandre Pires Rosa: “Foi muito interessante ver as temáticas sendo debatidas, embatidas e quebrando paradigmas em um momento tão oportuno de crescimento da indústria avícola”

O presidente da comissão organizadora e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Alexandre Pires Rosa, ressalta que o evento foi de importância crucial para a comunidade científica avícola latino-americana. “Esta Conferência foi uma oportunidade ímpar de nos conectarmos e de interagirmos uns com os outros, além de aprendermos com o que todos estão fazendo em suas respectivas áreas de pesquisa do campo”, salientou.

Ele ainda enalteceu que foi uma honra presidir a coordenação do evento, destacando que o PSA Latam superou todas as expectativas da comissão organizadora. “Foi muito interessante ver as temáticas sendo debatidas, embatidas e quebrando paradigmas em um momento tão oportuno de crescimento da indústria avícola. Tivemos pesquisadores do mundo inteiro oxigenando a nossa cadeia e a nossa ciência”, enalteceu, agradecendo a todos os envolvidos na organização do evento. “Foi um trabalho feito por muitas mãos, por muitos patrocinadores, por muitos colegas moderadores e apreciadores da ciência, meu muito obrigado a todos, o saldo foi extremamente positivo”.

Temáticas em debate

Temas relevantes como saúde intestinal, nutrição animal, uso de antibióticos, proteínas em rações e outros desafios atuais enfrentados pela indústria avícola nortearam as discussões em dez simpósios.

No seminário sobre “Abordagem total para o controle da Salmonella: perspectivas e oportunidades” foi tratado sobre como as novas tecnologias podem ser usadas para controlar a prevalência e gerenciar os pontos críticos de controle de contaminação na produção avícola, com diferentes perspectivas sobre como os agentes secundários estão envolvidos no aumento da incidência de contaminação por Salmonella em toda a cadeia produtiva: do campo ao matadouro.

O painel “Uma produção de aves saudáveis e livres de antibióticos: mudanças da realidade global” apresentou um panorama sobre o atual cenário global de surtos de doenças e como o uso de antibióticos na produção animal pode impactar na saúde pública.

Com a temática “Proteínas: das dietas à carne” os palestrantes destacaram a dinâmica de produção de carne de frango com eficiência e qualidade, abordando os desafios em matérias-primas, digestibilidade e saúde intestinal.

A Sustentabilidade na produção avícola e como a nutrição afeta o desempenho animal e o meio ambiente guiaram as discussões sobre estratégias nutricionais para melhorar o desempenho das aves, a digestibilidade de nutrientes e para reduzir o impacto ambiental da produção avícola.

O Simpósio “Estratégias nutricionais para melhorar a saúde intestinal e o desempenho das aves” expôs uma variedade de perspectivas para garantir que tanto a comunidade científica quanto a indústria possam aplicar e desenvolver estratégias de alimentação holística que melhorem a saúde e o desempenho das aves.

Enquanto no Simpósio “O balanço positivo entre os agentes que impactam na funcionalidade otimizada de todo o processo intestinal” os palestrantes apresentaram as últimas atualizações e rupturas de conceito abordando todo o processo intestinal e os fatores que afetam a saúde intestinal, incluindo microbiota, sistema imunológico e fisiologia.

E ainda foram promovidos os simpósios “Nutrição intestinal de precisão: uma nova definição para Protease e Xilanase”; “Soja e Milho: relevância técnica e sustentável para América Latina e a indústria avícola global”; “Desafios atuais na indústria avícola: saúde e nutrição” e “Conceito de ponta a ponta”, fechando a programação de palestras técnico-científicas.

Edição 2024

O vice-presidente da PSA Latam 2022, Nei Arruda, que assume a Presidência da próxima edição em 2024, enfatizou a satisfação em receber congressistas dos Estados Unidos, Colômbia, Peru, Uruguai, Argentina, Paraguai e da América Central. “O que demonstra a importância da PSA Latam e o quanto estamos evoluindo em pesquisas no mundo. Fiquei surpreso com a quantidade de participantes e muito feliz por reunirmos a ciência com a agroindústria e com fornecedores de insumos. Com certeza vamos ter um 2024 bem desafiador para fazer um evento melhor ainda”, mencionou.

Vice-presidente da PSA Latam 2022, Nei Arruda, que assume a presidência da próxima edição em 2024: “Esse evento é um grande momento para a comunidade científica da América Latina, por isso temos o objetivo de estreitar ainda mais esses laços com as universidades em 2024”

Para 2024, Arruda diz que espera trazer um número ainda mais expressivo de congressistas. Segundo ele, os feedbacks foram muito positivos, com os participantes demonstrando grande interesse pelo próximo evento. Ainda sem data e local definidos, Arruda adianta que deve ocorrer entre a primeira e a segunda semana de outubro. “Nos próximos meses vamos alinhar com a Poultry Science Association a data e o local da PSA Latam 2024. O que posso adiantar é que há grandes chances de acontecer novamente no Hotel Bourbon Cataratas do Iguaçu Thermas Eco Resort, uma vez que possuem uma estrutura que atende aos nossos anseios”, revelou.

Dentre as atrações para a 4ª edição do evento na América Latina, Arruda antecipa que a comissão científica quer abrir espaço para que os jovens pesquisadores das universidades possam fazer um intercâmbio de informações entre eles. “Esse evento é um grande momento para a comunidade científica da América Latina, por isso temos o objetivo de estreitar ainda mais esses laços com as universidades em 2024. Sabemos que cada instituição tem um portfólio de pesquisa, desenvolvimento e extensão, nossa intenção é estreitar esses laços trazendo esses grupos de trabalho para o PSA Latam, oportunizando aos estudantes, que são os futuros formadores de opiniões, um espaço para que possam compartilhar suas áreas de pesquisa. Ainda falta estruturar como queremos fazer isso, mas é algo que pensamos em acrescentar à programação do evento”, enfatizou Arruda.

Confira mais informações na edição 2022 de Nutrição e Saúde Animal clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

No Dia Mundial do Frango, foco setorial se concentra na garantia de abastecimento

Além da segurança alimentar, setor detém importante papel socioeconômico no Brasil.

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Foto: Shutterstock

Hoje, 10 de maio, é o Dia Mundial do Frango, data criada pelo Conselho Internacional da Avicultura (IPC, sigla em inglês) para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes e versáteis proteínas animais do mundo.

Neste ano, a avicultura do Brasil abordará uma perspectiva diferente dos anos anteriores. A celebração deste ano exaltará a importância desta proteína para a garantia de segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Em toda a cadeia produtiva, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.

É uma enorme força de trabalho que produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas em território brasileiro – desde 2013, o Brasil adicionou cerca de 2,5 milhões de toneladas em sua produção.

Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes – capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional. Para fins de comparação, as agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia – segundo e terceiro maiores, respectivamente – somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).

O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita. Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína – índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É, de longe, a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.

São números que mostram a relevância e a missão deste setor com o Brasil – para onde é destinada 65,3% de toda a produção nacional. “Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. É um dos alicerces alimentares do País, e pilar econômico de diversas regiões. Neste dia, celebramos um setor resiliente, que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento de alta qualidade para as famílias de todo o país”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Especialista aponta umidade e profundidade da cama como fatores críticos ao desenvolvimento das aves

Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

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Fotos: Shutterstock

O manejo adequado da cama de frangos de corte é uma peça fundamental no quebra-cabeça da produção avícola. Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou: “Não há um sistema de gestão único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos” – Foto: Arquivo pessoal

A bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou, elenca que o manejo correto da cama visa garantir um ambiente propício para o desenvolvimento saudável das aves. “Para alcançar esse objetivo é essencial gerenciar e manter as propriedades benéficas da cama, como absorção, evaporação, isolamento e amortecimento, com foco especial em conservar a umidade entre 20 e 25%”, ressalta Connie. Ela vai tratar deste assunto no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que acontece entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, SC.

Controlar a umidade da cama é fundamental para prevenir o crescimento de microrganismos patogênicos e garantir a saúde das aves. Uma cama bem manejada também proporciona um ambiente confortável para as aves se movimentarem, descansarem e se alimentarem, contribuindo assim para o bem-estar animal e o desempenho produtivo. Além disso, o manejo correto da cama pode ter benefícios ambientais, como a compostagem do material usado, que pode ser reaproveitado como fertilizante orgânico, contribuindo para a sustentabilidade da operação avícola.

Qualidade da cama

A qualidade da cama é de extrema importância no desempenho das aves e na saúde intestinal. A especialista em avicultura, ressalta que se a cama for mal gerida, pode se tornar um ambiente ideal para o desenvolvimento de agentes patogênicos nocivos, que podem acabar afetando as aves e provocando doenças. “Níveis excessivos de umidade na cama podem contribuir para o desenvolvimento de lesões nas patas das aves. Além disso, a cama desempenha um papel importante na produção de amônia, se não for cuidadosamente gerenciada, pode levar a níveis elevados de amônia no ambiente, o que foi demonstrado em pesquisas como prejudicial ao sistema respiratório das aves, impactando a função do sistema imunológico, podendo também aumentar o risco de proliferação de bactérias oportunistas.

Vários fatores podem influenciar a umidade da cama, incluindo o uso de água pelas aves, a densidade e as taxas de ventilação. De acordo com a doutora em Gestão Ambiental de Aves, a melhor maneira de abordar o manejo da cama é monitorar a umidade relativa do aviário constantemente e manter um registro histórico de qual é a umidade relativa do ar no aviário ao longo da vida do lote, entre lotes, para entender quão bem está sendo feito o trabalho dentro do aviário, a fim de garantir um equilíbrio adequado de umidade.

Connie diz que nos Estados Unidos aprendeu-se ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso da gestão da cama é fortemente influenciado pela educação do produtor. “Existem diversos sistemas de gestão disponíveis para manejo das camas, porém, o sucesso deles depende da capacitação adequada dos produtores. Não há um sistema único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos”, salienta.

Quanto aos sinais de que a cama precisa ser renovada, a especialista conta que nos Estados Unidos a troca acontece quando começa a aparecer areia na cama ou quando se torna muito profunda. “Um sistema não precisa de uma cama com mais de seis polegadas, cerca de 15 cm de profundidade, pois uma cama mais profunda pode dificultar o gerenciamento da amônia e da umidade”, aponta.

Quanto ao reaproveitamento da cama, quando gerenciado corretamente, pode ser mais benéfico do que prejudicial. Isso ocorre porque a cama reutilizada já possui uma população microbiana estabelecida, o que pode acelerar o desenvolvimento da imunidade das aves. “Já em camas novas é muito mais imprevisível quais microrganismos irão povoar as aves desse alojamento, o que pode impactar o desenvolvimento do sistema imunológico dos frangos”, expõe.

Ventilação

Quanto ao manejo adequado da ventilação, seu impacto na qualidade da cama e na saúde das aves é significativo. O objetivo principal da ventilação é remover a umidade gerada pelas aves, o que está diretamente ligado à qualidade da cama e à saúde das aves. “Sem um programa de ventilação adequadamente executado, nunca será possível alcançar uma boa qualidade da cama e, consequentemente, uma boa saúde das aves. Portanto, o manejo adequado da ventilação é essencial para garantir um ambiente saudável e higiênico para as aves durante todo o ciclo de produção”, frisa a mestre em Nutrição de Aves.

Preparação do alojamento

Para garantir um ambiente saudável para as aves, as melhores práticas para a preparação inicial do alojamento antes da chegada dos pintinhos incluem o gerenciamento dos níveis de umidade, mantendo-os abaixo de 20%, e garantindo uma profundidade adequada da cama para acompanhar a deposição de umidade das aves. “É importante observar a aparência da cama, pois se ela ficar muito fina, há maior chance de níveis mais elevados de amônia. Se não houver opção de tratamento de cama para reduzir a amônia no início do lote, torna-se ainda mais crítico gerenciar”, salienta a bacharel em Ciência Animal.

Controle da proliferação de patógenos na cama

Em relação ao controle da proliferação de patógenos na cama, como Salmonella e Escherichia coli, é importante entender que nunca será possível controlar totalmente esses microrganismos, mas apenas gerenciá-los. “A área do microbioma nos aviários ainda é muito mal compreendida, e há muito a ser aprendido sobre como esses organismos interagem. No entanto, uma estratégia eficaz é gerenciar a umidade da cama, pois a água é um dos principais fatores que esses microrganismos precisam para sobreviver”, expõe Connie, acrescentando: “Mantendo a cama o mais seca possível e pelo maior tempo possível, podemos reduzir as chances de crescimento desses patógenos a níveis que impactariam negativamente nossas aves”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura ARTIGO

Será que o Brasil sabe a dimensão do desastre no Rio Grande do Sul?

Você está fazendo tudo o que pode mesmo? Quem sabe você pode ajudar só um pouquinho mais

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Fotos : divulgação Governo do Estado

O Estado do RS acabou. Da forma como a gente o conhecia, ele não existe mais. Nos resta rezar a Deus e torcer para que o Brasil e o mundo nos ajude a enterrar nossos mortos e a reconstruir um pouco do que foi devastado pelas águas – e ainda vai ser devastado, pois vem mais ciclone por aí. Quem sabe, em meio ao caos, no fundo do poço, a gente encontre uma força que nem a gente saiba que tem, algo como o Japão que se reconstrói em tempo recorde após os terremotos. ou como a Flórida, que enfrenta dezenas de furacões anuais e continua em pé!
Talvez estas palavras iniciais sejam fortes, Mas, talvez a maioria das pessoas de outras regiões do Brasil não tenha se dado conta do tamanho da tragédia. Ela é muito pior do que você vê na TV ou nos vídeos de WhatsApp! Muito, mas muito pior! É como se todo mundo desta região aqui perdesse sua casa, se enchesse tudo isso de água, por dias e mais dias, fechando estradas, escolas, lar de idosos, empresas… tudo!

Você já parou para pensar!? Então, você vai ajudar mais!?

 

Muitos não ajudam pelo medo do julgamento alheio

Por outro lado, felizmente muitas regiões do país estão ajudando, botando a mão na massa, salvando pessoas.

Cito aqui o exemplo do Pablo Marçal, que vai e volta quase todo dia a São Paulo e salvou mais gente da água do que eu e você juntos – sem contar que deu uma aula em poucos minutos ali no centro de distribuição de doações. Eu estive lá em Hamburgo Velho e agradeci a Deus por estar do lado de cá dos gradis, que separavam a fila gigantesca para buscar donativos, das pessoas que foram doar ou tomar uma dose de coragem para ajudar mais!

O Marçal poderia estar torrando o dinheiro em Dubai, mas estava em cima de uma empilhadeira, no meio da rua, discursando para arrebanhar pessoas para ajudar daqui pra frente, pois talvez o pior esteja daqui pra frente, acredite! Você não precisa gostar dele, não precisa gostar da Globo, mas toda ajuda é muito bem-vinda! E, ao citar o Marçal, cito cada um aqui da região que está empenhado em ajudar, com grana, com barco, separando doações, tirando gente da água, doando…

Temos percebido muitos golpes, muita gente reclamando, muita gente se aproveitando para aparecer… e muita gente ou empresa querendo ajudar, mas não ajuda porque tem medo de que vão dizer que está querendo fazer propaganda. Vocês não têm noção a quantidade de pessoas (ou empresas) que vem me falar isso! Ora, vamos parar de ter medo destes juízes de sofá da sala, que se escondem em casa e ficam só metendo o pau nos outros; e não fazem nada! Deixe ‘essa gente pra lá’ e daí que a Globo só veio depois da Madona, e daí que alguns dizem que o Pablo Marçal está fazendo marketing, e daí que muitos só reclamam e apontam o dedo, daí que tem gente que vai na fila duas vezes pegar 2kg de arroz e 2 litros de leite, e daí, que se danem! Ora, manda a m… diz assim: “vá cuidar da tua vida”!
E se esta tragédia tocou seu coração, vai lá você e bota o pé na lama, porque você sabe que quem reclama não fará nada, estará muito ocupado dando opinião e reclamando.

O Brasil pode fazer muito mais

Se não tua casa, graças ao bom Deus, não teve mortes, somente alguns alagamentos, pessoas perderam bens materiais e… e estamos tocando nossa vida normalmente, limpando o guarda-roupa, fazendo uma comprinha maior para doar e… e deu! Era isso, a ajuda é só isso! Mas você pode fazer mais, todo mundo pode fazer mais!

Eu sinto que muita gente ainda não acordou para o tamanho da tragédia (e está tudo certo, cada um é cada um, não reclamo destes). Mas gostaria de ajudar, então, se você quiser dormir com a consciência tranquila, faça mais. “Teoricamente” só morreram 100, mas você sabe que esse número vai aumentar muito. Quantos idosos foram levados por não conseguir se locomover, quantos bebês morreram, quantos animais ainda estão ilhados ou foram levados, bichinhos de estimação que estão abandonados, quanta gente vai morrer de doença, de leptospirose, de hipotermia (vem o frio aí), e tem muitos outros problemas que vão aparecer.
Quantas crianças não terão mais aulas, quantas crianças não terão mais pais ou avós ou amiguinhos – que viraram estrelinhas ou ainda vão virar?
Quantas crianças perderam seu bichinho de estimação ou vão perder por falta de ração? Quantos avós perderam seus netos ou ainda vão perder!
A gente não sabe nada, não sabe a dimensão desta “desgraceira” toda! Não é uma enchentezinha que sobe, alaga e no dia seguinte volta para o rio, aí você vai lá e mete o lava-jato e tudo volta ao “normal”. Serão semanas, meses, vai ter lodo, lama até nos fios da luz.
Tem cidade inteira no Vale do Taquari que acabou, estão pensando em mudar a cidade de lugar, recomeçar. Você tem noção do tamanho da tragédia? Então, graças a Deus você está bem, seu vizinho está bem, mas tem muita gente que precisa de ti, tire um tempo, reserve um dinheiro, faça sua doação, ajude mais, você pode, sim! Se você não tem grana, não tem alimento, não tem colchão, doe tempo, doe uma palavra, vá lá no campo de batalha lutar, senão, jamais ouse cantar aquele pedaço do Hino Rio-grandense que diz “Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”… eu não quero que “nossa façanha sirva de modelo a toda terra”, eu só peço a Deus e a você que ajude a salvar o máximo de gente possível “nesta ímpia e injusta guerra”.

 

Por
Mauri Marcelo ToniDandel
Jornalista – Dois Irmãos

Fonte: Mauri Marcelo ToniDandel
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CBNA – Cong. Tec.

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