Suínos
‘Conexão Latino-Americana’ fortalece integração e cooperação na suinocultura entre países participantes
Evento se firmou como um marco para a suinocultura no continente americano, promovendo intercâmbio de conhecimentos e construção conjunta.

A Conexão Latino-Americana: fortalecendo parcerias na cadeia de valor da suinocultura reuniu líderes do setor em São Paulo, na última quinta-feira (27), para promover um espaço de troca de experiências e fortalecimento das relações institucionais. Realizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), com apoio da Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (ABEGS) e da plataforma internacional 333, a agenda consolidou um marco estratégico para o setor.
Com a presença das lideranças da suinocultura afiliadas da ABCS e dos líderes das associações de outros oito países – Chile, Colômbia, Paraguai, Panamá, Peru, Bolívia, Equador e México – o encontro proporcionou debates essenciais sobre temas como sanidade animal, biossegurança, mercado internacional, sustentabilidade, políticas públicas e tecnologia.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, celebrou a iniciativa, destacando que a cooperação entre os países pode impulsionar o crescimento da suinocultura latino-americana. “A América Latina tem potencial para se consolidar como um dos maiores produtores de suínos do mundo. Nossa ideia é proporcionar um intercâmbio de informações para que possamos crescer juntos”, afirmou.
ABCS destaca avanços da suinocultura brasileira

Presidente da ABCS, Marcelo Lopes: “A América Latina tem potencial para se consolidar como um dos maiores produtores de suínos do mundo. Nossa ideia é proporcionar um intercâmbio de informações para que possamos crescer juntos” – Foto: Divulgação/Arquivo OPR
Durante o encontro, a ABCS apresentou seu trabalho e os avanços da suinocultura brasileira. A associação destacou sua atuação na erradicação da Peste Suína Clássica (PSC), sendo que 16 estados brasileiros já são considerados livres da doença.
A ABCS também apresentou seu intenso trabalho de aprimoramento genético e produtivo da suinocultura brasileira, realizado desde 1955. A associação atuou junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para garantir segurança jurídica e implementar normas de bem-estar animal nas granjas, além de impulsionar outros avanços como a nacionalização de reprodutores importados, emitindo certificados zootécnicos que garantem a qualidade genética e sanitária dos suínos.
Além das questões técnicas, a ABCS enfatizou seu trabalho político em prol da suinocultura nacional. Lopes ressaltou que a associação busca construir políticas públicas estruturantes que promovam a sustentabilidade do setor. “Isso aproxima lideranças suinícolas dos debates políticos e oferece suporte a parlamentares com notas técnicas e dados atualizados sobre a cadeia produtiva. É uma atuação essencial para o avanço da suinocultura brasileira”.
Países participantes compartilham experiências e desafios
Durante as apresentações, os países relataram seus avanços e os entraves para o desenvolvimento do setor. O presidente da Asociación Nacional de Porcinocultores de Panamá (ANAPOR), Victor Epifânio, destacou que o país conta com 35 mil matrizes e registrou crescimento no consumo per capita, que atingiu 18,2 kg/hab em 2024. O Equador, representado pelo presidente da Asociación de Porcicultores del Ecuador (ASPE), Paúl Parra, também destacou seus esforços para o aumento do consumo interno, apresentando ações como o Dia Nacional da Carne Suína e medidas de inovação tecnológica e sustentabilidade. Ainda dentro da temática, A Colômbia, por meio do presidente da Asociación Porkcolombia – Fondo Nacional de la Porcicultura, Jeffrey Fajardo López, explicou que em 2024 o país alcançou a marca de 608 mil toneladas de produção, com um consumo per capita de 14,7 kg/hab.
Ainda que haja crescimento, todos os países enfrentam desafios coletivos e particulares. É o caso da Bolívia. O presidente da Asociación de Criadores de Cerdos de Granjas Tecnificadas, Hugo Roca da Bolívia, apontou que apesar das possibilidades de aumento do consumo interno, o país ainda apresenta infraestrutura limitada, instabilidade política e carência de avanços genéticos e tecnológicos. Roca destacou a importância da agenda Conexão Latino-Americana para avanços futuros. “Agora, precisamos nos concentrar em unir forças como parceiros e não como concorrentes. Trabalhando como bloco, temos muito mais a ganhar”.
Representando o México, o presidente da Organización de Porcicultores Mexicanos (OPORMEX), Jorge Ivan Espinosa, compartilha da visão de apoio mútuo entre as nações participantes. “Muitos desafios são compartilhados e podemos trabalhar de maneira transversal”. Espinosa destacou a necessidade de o Brasil participar da Oiporc (Organização Iberoamericana da Suinocultura) para discutir temas sanitários, uma vez que é onde há maior convergência de desafios conjuntos.
Representando o Chile, Rodrigo Castañón, presidente da Asociación Chilena de Productores de Cerdos, também chamou atenção para a importância da sanidade animal para a competitividade dos países. A nação compartilhou ainda os principais desafios enfrentados pela suinocultura chilena, como a limitação de espaço territorial.
Durante sua apresentação, o Peru, representado pelo presidente da Guillermo Vidal, Asociación Peruana de Porcicultores (ASOPORCI), destacou-se como uma grande evolução na suinocultura regional. No país, o setor gera mais de 625 mil empregos com ganhos para cerca de 2,5 milhões de peruanos, crescimento médio de 5% ao ano e forte contribuição ao PIB agropecuário.
Outro país que ressaltou sua evolução no setor foi o Paraguai, representado por Hugo Schaffrah, presidente da Asociación de Criadores de Cerdos del Paraguay, com mais de 1 milhão de suínos produzidos em salas climatizadas e 100% dos novos projetos alinhados a esta medida de bem-estar animal, a produtividade do país tem sido reconhecida internacionalmente, e o setor já triplicou sua produção de carne em 10 anos. Porém, ainda há desafios a serem superados, como o tratamento de resíduos, a sanidade animal, a tecnificação de pequenos produtores e a logística de exportação.
Conexão Latino-Americana marca novas perspectivas para o setor
Estiveram presentes na agenda representantes da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais e do Departamento de Sanidade Animal do Ministério da Agricultura (MAPA). A Pasta ressaltou que o encontro desempenha um papel essencial na construção de acordos bilaterais e no fortalecimento da cooperação internacional, ampliando as oportunidades para a suinocultura latino-americana no cenário global.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, reforçou a importância da iniciativa. “Estamos dando um passo fundamental para integrar ainda mais os países da América Latina e transformar a suinocultura da região em uma potência global. A Conexão Latino-Americana é um marco para o setor e abre portas para um futuro promissor”.

Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.
Colunistas
Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.
O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock
Reposicionar para crescer
Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.
Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.
O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.
Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.
Digital: o novo campo do agro
As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels
compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.
Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.
Promoções e estratégias de varejo
Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.
Marketing como elo da cadeia produtiva
A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.
Suínos Imunização inteligente
Gel comestível surge como alternativa para reduzir estresse e melhorar vacinação de suínos
Tecnologia permite imunização coletiva com menos manejo, mantém eficácia contra Salmonella e ganha espaço como estratégia para elevar bem-estar animal e eficiência produtiva.


Fotos: Divulgação/American Nutrtients
Artigo escrito por Luiza Marchiori Severo, analista de P&D na American Nutrients do Brasil e acadêmica do curso de Farmácia; e por Daiane Carvalho, médica-veterinária e coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento e Responsável Técnica da American Nutrients do Brasil.
A suinocultura enfrenta desafios complexos na busca por eficiência produtiva, controle sanitário, escassez de mão de obra e bem-estar animal. Doenças infecciosas, como a salmonelose, ainda figuram entre as principais preocupações sanitárias em granjas comerciais, exigindo estratégias de imunização compatíveis com práticas alinhadas a maior eficiência na aplicação e menos estresse aos animais. Nesse contexto, o debate sobre métodos alternativos de vacinação ganha cada vez mais força.
Vacinas orais compostas por microrganismos vivos podem ser administradas aos suínos tanto individualmente, utilizando o método de drench, quanto coletivamente por meio da água de bebida. A aplicação coletiva via bebedouros apresenta a vantagem de reduzir significativamente o estresse dos animais e dos operadores, pois é um procedimento rápido e que demanda pouca mão de obra. Por outro lado, a administração oral individual, como o drench frequentemente empregado em leitões na maternidade, exige contenção um a um para garantir a ingestão adequada, tornando o processo mais trabalhoso e potencialmente mais estressante para os suínos.
Neste contexto, a aplicação oral de vacinas exige soluções tecnológicas que assegurem maior praticidade, estabilidade do imunógeno, homogeneidade da distribuição e, principalmente, aceitação espontânea pelos animais. É neste ponto que o conhecimento dos aspectos relacionados à fisiologia sensorial dos suínos é fundamental no desenvolvimento de produtos que possam atuar como veículos de alta atratividade para vacinas via oral, garantindo maior eficiência nos processos vacinais, bem-estar animal e praticidade.
Gel Comestível
O gel comestível é uma matriz semissólida, palatável e nutritiva, que contém componentes seguros e atrativos ao consumo dos suínos. Esse veículo possibilita a administração coletiva da vacina diretamente em comedouros auxiliares – sem a necessidade de manejo individualizado. Ao ser disponibilizado em áreas acessíveis das baias, o gel é consumido de forma espontânea pelos leitões, respeitando seu comportamento natural e reduzindo drasticamente o estresse associado ao processo de vacinação.
Em estudo conduzido em 2024 avaliou-se a eficácia da vacinação oral contra Salmonella Typhimurium por meio da aplicação através do gel, comparando-se os resultados com a administração tradicional por drench oral. Os leitões vacinados com o gel apresentaram desempenho zootécnico semelhante ao grupo que recebeu a vacina por drench. Além disso, os animais vacinados com o gel apresentaram menor incidência de lesões intestinais após o desafio com cepa virulenta do agente patogênico. Estes resultados comprovam a eficiência do processo de vacinação com a utilização do gel palatável. Da mesma forma, outros pesquisadores, ao avaliar a eficiência de acesso a um gel comercial comestível, evidenciaram que de 10 leitegadas avaliadas, 92% dos animais acessaram o gel, sendo 89% em até 6 horas. Como conclusão os autores afirmaram que o alto percentual de leitões consumidores observados neste estudo demostrou ser uma via de aplicação promissora na vacinação na suinocultura.
Além de favorecer o bem-estar animal, o gel comestível oferece benefícios operacionais significativos: economia de tempo, redução de mão de obra e maior biosseguridade, visto que que se reduz consideravelmente a necessidade de uma equipe externa de vacinadores.
Qualidade, Eficiência e Sustentabilidade
Para que a vacinação via gel comestível seja efetiva, é essencial garantir a homogeneidade da distribuição da vacina no veículo, assegurando que todos os animais recebam uma dose adequada. Ensaios realizados em laboratórios e granjas já demonstram que essa tecnologia é capaz de manter a viabilidade do imunógeno por períodos compatíveis com a recomendação de consumo de vacinas via oral após diluídas, mantendo sua eficácia mesmo em condições ambientais variáveis.
Além disso, o uso de veículos comestíveis está alinhado às boas práticas de fabricação e aos princípios de biosseguridade preconizados por legislações nacionais e internacionais. Com isso, a alternativa se mostra viável tanto técnica quanto economicamente, oferecendo à suinocultura uma ferramenta inovadora para o controle sanitário.
Considerações Finais
A adoção de métodos alternativos à vacinação tradicional representa um avanço estratégico para a suinocultura brasileira, ao aliar eficiência imunológica a práticas mais humanizadas e sustentáveis. Soluções como a vacinação oral, os dispositivos sem agulha e o uso de veículos comestíveis – como o gel – permitem reduzir significativamente o estresse animal, simplificar rotinas de manejo e minimizar riscos operacionais. Investir nessas tecnologias é essencial para fortalecer um modelo de produção alinhado aos princípios do bem-estar animal, da biosseguridade e da competitividade no mercado global.
As referências bibliográficas estão com as autoras. Contato: cq@americannutrients.com.br
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.



