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Conectividade rural já é uma necessidade emergente no agronegócio

Propriedades agrícolas conectadas abrem a porteira da inteligência de dados para serviços como telemetria, controle de riscos associados ao uso de maquinário campo, otimização de gargalos antigos como logística, armazenagem e mão-de-obra, relatórios climáticos e tomadas de decisão em tempo real.

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A conectividade e a inteligência de dados no agro deixaram de ser diferenciais e passaram a ser ativos obrigatórios para quem almeja alcançar o máximo de eficiência produtiva e responsabilidade socioambiental num cenário de alta competitividade. É neste contexto que o agricultor brasileiro ganha ainda mais relevância, pois manter o Brasil com o título de celeiro do mundo e polo de desenvolvimento tecnológico agronômico requer muita responsabilidade. Tendo em vista que nossos campos já possuem tudo que precisa em clima, área, água e inovação, é hora de atribuir à conectividade rural o novo componente potencializador da produção de alimentos segura e sustentável que o planeta demanda.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Já parou para pensar que o agricultor brasileiro é ator-chave para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS/ONU)? Segundo a própria entidade, a abordagem dos sistemas agroalimentares da FAO considera a agricultura para além das suas funções produtivas e macroeconómicas como o meio para concretizar a segurança alimentar e meios de subsistência resilientes, promover a inovação e catalisar investimentos e parcerias. Esta abordagem foi sintetizada como uma melhor produção; melhor nutrição; um ambiente melhor; e uma vida melhor.

A conectividade rural aponta mais especificamente para duas metas ODS. O objetivo 9, que trata de Indústria, Inovação e Infraestrutura, pois a inovação abre novos mercados para pequenos agricultores. E o objetivo 13, sobre Ação Climática, uma vez que agricultura é chave na resposta para mudanças climáticas e a conectividade rural é a peça que faltava no quebra-cabeças de análises de dados agrícolas.

Sabemos que não é uma tarefa fácil. Sondando os últimos números do CAR (Cadastro Ambiental Rural), temos que pouco mais de 37% das propriedades rurais possuem conexão 3G/4G. O acesso limitado à internet e sinal de celular não afeta apenas o setor, mas sim o desenvolvimento socioeconômico de todas as comunidades pelo interior do Brasil.

E olha que, mesmo nestas condições, o agricultor brasileiro produz como um gigante. Imagina se pudesse ter à disposição todo o potencial tecnológico do campo destravado pela conectividade? Em 2023, a atividade agrícola atingiu safra recorde mais uma vez e foi a grande impulsionadora do crescimento do PIB, com uma alta de 15,1%. Tudo isso foi alcançado tendo apenas 30% das áreas agrícolas conectadas à internet, segundo dados do IBGE e da Anatel. Para efeito de comparação, competimos com países como os Estados Unidos, onde a pirâmide se inverte, sendo 70% das áreas rurais conectadas e apenas 30% sem acesso à internet.

A conectividade rural tem um impacto transformador em diversos aspectos sociais e econômicos. Ela melhora o acesso à educação, saúde e serviços públicos, facilita a comunicação e o engajamento social, fortalecendo os laços comunitários. Há ainda o aspecto sustentável da conectividade, que permite práticas agrícolas mais precisas e eficientes. Por meio do uso de sensores remotos, IoT (Internet das Coisas) e análise de big data, que só funcionam se houver conectividade, os agricultores podem monitorar o uso de recursos naturais, água e fertilizantes, otimizar o planejamento de cultivos, reduzir consumo de combustível de maquinário, minimizar o desperdício e reduzir a emissão de poluentes, obter previsões climáticas mais certeiras.

Por fim, a conectividade impulsiona significativamente a produtividade agrícola, com maior eficiência agronômica, produtiva, financeira e na gestão de riscos. Propriedades agrícolas conectadas abrem a porteira da inteligência de dados para serviços como telemetria, controle de riscos associados ao uso de maquinário campo, otimização de gargalos antigos como logística, armazenagem e mão-de-obra, relatórios climáticos e tomadas de decisão em tempo real.

Pequenos e médios produtores passam a ter na palma da mão todas as informações de suas produções, fazendas, safras e culturas, para poderem comprovar sustentabilidade de forma a obter melhor acesso a incentivos de crédito e seguros.

Essa é a realidade que está posta hoje. Já fica difícil imaginar um agricultor que não queira investir em conectividade rural para seguir contribuindo para um futuro seguro e promissor.

Fonte: Por Rodrigo Oliveira, CEO da Sol By RZK. 

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Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

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Foto: Claudio Pazetto

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.

O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock

Reposicionar para crescer

Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.

Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.

O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.

Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.

Digital: o novo campo do agro

As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels

compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.

Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.

Promoções e estratégias de varejo

Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.

Marketing como elo da cadeia produtiva

A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.

Fonte: O Presente Rural com Felipe Ceolin
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Expandir sem desmatar: a lógica econômica que vai muito além do discurso

Recuperar áreas degradadas e investir em produtividade sustentável é hoje o caminho mais rentável e estratégico para o agro brasileiro crescer sem comprometer o meio ambiente.

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Foto: Juliana Sussai

Dias atrás reli um artigo do pesquisador da Embrapa e membro do Conselho Científico Agro Sustentável, Décio Luiz Gazzoni, sobre a expansão agrícola sem desmatamento. O texto, publicado em 2023, ainda é muito atual e me fez refletir novamente sobre algo que sempre defendo: a sustentabilidade não é apenas uma exigência ambiental, é uma decisão econômica inteligente.

Como economista e alguém que acompanha o agro de perto, inclusive viajando para conhecer iniciativas em diferentes países, vejo com muita clareza o que Gazzoni já apontava: a grande fronteira do crescimento brasileiro está dentro das áreas já abertas, principalmente nas pastagens degradadas.

Artigo escrito por Fábio Torquato, economista, formado em Relações Internacionais e fundador da AgroTravel – Foto: Divulgação/AgroTravel

E os números mais recentes reforçam essa visão. Estudos da Embrapa, publicados na revista internacional Land, indicam que o Brasil possui cerca de 27,7 milhões de hectares de pastagens degradadas. Isso significa que temos uma área gigantesca pronta para ser recuperada e incorporada à produção, sem a necessidade de avançar sobre novos biomas.

Além disso, durante a COP29, que aconteceu ano passado em Baku, no Azerbaijão, o Brasil lançou o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD), que prevê US$ 120 bilhões em investimentos nos próximos dez anos para recuperar 40 milhões de hectares. O número do programa é maior do que o estimado pela Embrapa porque considera áreas em diferentes graus de degradação, aptas para conversão produtiva ao longo dos anos.

Do ponto de vista econômico, é um movimento que faz todo o sentido. Segundo o Broto Notícias, o custo de recuperação de uma pastagem varia de R$ 6 mil a R$ 30 mil por hectare, dependendo do nível de degradação, tipo de solo e métodos adotados. Parece caro? Talvez à primeira vista. Mas quando olhamos para o retorno — aumento de produtividade por hectare, redução de custos operacionais e acesso a mercados premium que pagam mais por produtos rastreáveis e sustentáveis — a conta fecha rapidamente.

Vi isso acontecer em fazendas que visitei em viagens técnicas com a AgroTravel ao redor do mundo.

Como bem lembra Gazzoni, o produtor brasileiro já tem tecnologia e conhecimento para fazer essa virada. O que falta, muitas vezes, é entender que sustentabilidade é investimento, e não custo. E agora, com bilhões de dólares disponíveis em crédito via BNDES, Banco do Brasil e fundos internacionais, esse argumento fica ainda mais forte.

Estamos acompanhando os trabalhos da COP30, que este ano acontece no Brasil, e o mundo inteiro está olhando para nosso país. A oportunidade está escancarada: quem se antecipar, quem enxergar a recuperação de pastagens como um ativo estratégico, vai liderar o agro brasileiro do futuro.

Sempre digo nos grupos que acompanham as viagens da AgroTravel: o futuro do agro não está em abrir novas áreas, mas em transformar cada hectare já aberto em um ativo de alta performance. O artigo de Gazzoni só reforçou o que vejo na prática. E, como economista, reafirmo: essa é a equação mais inteligente que já tivemos nas mãos.

Fonte: Assessoria AgroTravel
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Meio ambiente e cooperativismo

Movimento econômico e social baseado em valores éticos e solidários, o cooperativismo reafirma, em tempos de COP 30, seu papel essencial na construção de um futuro sustentável, unindo produção, preservação e desenvolvimento coletivo.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

As cooperativas representam o mais elevado estágio da organização humana em torno de valores éticos, solidários e sustentáveis. Elas não existem apenas para gerar resultados econômicos, mas para promover o desenvolvimento coletivo em harmonia com o meio ambiente e com as comunidades em que atuam. Por essência e por princípios universais, o cooperativismo defende a preservação da natureza, a gestão responsável dos recursos e o equilíbrio entre produção e sustentabilidade. Esse compromisso ambiental não é um apêndice, mas uma convicção enraizada na própria identidade cooperativista.

Artigo escrito por Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).

Em tempos de COP 30 é essencial lembrar que, nas cooperativas, cada decisão administrativa, cada projeto de ampliação e cada investimento em unidades industriais, agrícolas, logísticas ou administrativas é precedido por uma análise criteriosa dos impactos ambientais. O crescimento não se mede apenas em números, mas também na capacidade de reduzir emissões, otimizar o uso da água, reciclar resíduos e proteger a biodiversidade. É essa consciência prática e constante que diferencia o cooperativismo das demais formas de organização econômica. Ele entende que não há prosperidade possível em um planeta degradado, nem futuro para a economia sem o equilíbrio ambiental.

As cooperativas são parceiras leais do Poder Público na implementação de políticas voltadas ao meio ambiente. Estão sempre presentes em programas de reflorestamento, saneamento básico, manejo de resíduos, recuperação de nascentes e educação ambiental. Mas sua contribuição vai além da sustentabilidade ecológica — elas também participam ativamente de ações que promovem segurança, educação, cultura e mobilidade urbana, compreendendo que a proteção ambiental é inseparável da qualidade de vida e do bem-estar social. Onde há uma cooperativa, há compromisso com o futuro coletivo.

Essas instituições agem com coerência e exemplo, estimulando a cidadania e o senso de responsabilidade em seus empregados, cooperados, clientes e comunidades. Elas ensinam, pelo exemplo, que o progresso verdadeiro não nasce da exploração desenfreada, mas da gestão equilibrada e consciente dos recursos. O cooperativismo forma cidadãos engajados, capazes de compreender que o planeta é uma herança comum e que sua preservação é um dever de todos.

A defesa do meio ambiente é, portanto, um desdobramento natural dos princípios cooperativistas — entre eles, o interesse pela comunidade, a responsabilidade social e a intercooperação. Cada árvore preservada, cada solo recuperado e cada nascente protegida são expressões concretas de uma filosofia que valoriza a vida. As cooperativas não esperam por imposições legais ou incentivos externos para agir: elas o fazem porque acreditam que sua missão é cuidar das pessoas e do mundo em que elas vivem.

O cooperativismo é, por natureza, o caminho da sustentabilidade. Ele demonstra, todos os dias, que é possível crescer produzindo, prosperar preservando e inovar sem destruir. Em tempos de mudanças climáticas e desafios globais, as cooperativas reafirmam sua vocação de construir um mundo melhor, mais justo e solidário. Elas provam, com ações e resultados, que a economia pode — e deve — caminhar de mãos dadas com o meio ambiente. Essa é a essência do cooperativismo: servir, preservar e transformar.

Fonte: Artigo escrito por Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).
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