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Concentração, tecnologia e sustentabilidade redefinem produção de leite no Brasil

A tecnologia está redesenhando o panorama da produção de leite no Brasil, trazendo consigo desafios e oportunidades. A evolução tecnológica, aliada a uma gestão eficiente e a uma estrutura adequada, tem o potencial de transformar o setor, garantindo sua competitividade e sustentabilidade a longo prazo.

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Foto: Ari Dias

As transformações na cadeia do leite no Brasil ao longo das últimas décadas refletem uma mudança estrutural expressiva, com uma concentração da produção, um aumento do leite confinado e a formação de clusters produtivos. Esses fatores mostram que, apesar da estagnação na produção total, o setor está evoluindo de maneiras que podem aumentar a eficiência e a sustentabilidade da produção leiteira no país.

Mesmo com a produção total estagnada, nos últimos dez anos o crescimento anual médio tem sido de apenas 0,3%, contrastando com os anos anteriores, quando, de 1998 a 2013, o setor crescia a uma taxa robusta de 4,3% ao ano. Essa desaceleração, contudo, esconde profundas mudanças estruturais na produção e na dinâmica dos produtores.

Engenheiro agrônomo, com mestrado em Ciência Animal e Pastagens e MBA Executivo Internacional, Marcelo Pereira de Carvalho: “Os 100 maiores produtores têm crescido a uma taxa anual de 7,6%, impulsionados por investimentos em infraestrutura, tecnologia e mão de obra qualificada” – Foto: Arquivo pessoal

Um dos aspectos mais relevantes é o processo de concentração da produção. Apesar da falta de dados atualizados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tendo o último sido realizado em 2017, levantamentos de entidades estaduais e do Milk Point indicam um aumento significativo no módulo de produção e uma saída massiva de produtores. “Estima-se que existam entre 220 e 260 mil produtores no mercado formal de leite, uma queda acentuada em comparação aos cerca de 600 mil produtores registrados em 2017”, aponta o engenheiro agrônomo, mestre em Ciência Animal e Pastagens e MBA Executivo Internacional, Marcelo Pereira de Carvalho, que palestrou sobre as transformações, a evolução e desafios futuros na cadeia do leite no Brasil durante o 2º Fórum Nacional do Leite, realizado em meados de abril na cidade de Brasília.

No entanto, essa transformação é ilustrada pelo aumento do número de produtores de grande escala. No Brasil, produtores que produzem mais de dois mil litros por dia são responsáveis por aproximadamente 45% da produção total de leite. “Os 100 maiores produtores têm crescido a uma taxa anual de 7,6%, impulsionados por investimentos em infraestrutura, tecnologia e mão de obra qualificada”, exalta Carvalho, enfatizando: “Esse crescimento é beneficiado pela economia de escala, que permite a esses produtores obterem melhores preços por litro de leite e maior acesso a insumos e tecnologias avançadas”.

Aumento do leite confinado

Outra mudança significativa nos últimos 10 anos é o aumento da produção de leite em sistemas confinados, especialmente em modelos como o compost barn. De acordo com dados do Milk Point, em 2019, 16% do leite produzido no Brasil vinha de sistemas confinados; em 2023, esse número saltou para 44%. “A adoção desse modelo representa um investimento substancial por parte dos produtores, que buscam aumentar a produtividade e a eficiência da sua operação”, avalia Carvalho.

De acordo com o engenheiro agrônomo, a produção em confinamento exige maior controle sobre os fatores produtivos, reduzindo riscos técnicos comparados à produção em pastagens. Além disso, permite uma maior escala de produção, com maior produtividade por área, embora aumente a dependência de insumos como grãos.

Clusters de produção

Uma terceira transformação importante é a concentração da produção em clusters regionais. Áreas como o Oeste de Santa Catarina, Noroeste do Rio Grande do Sul, Sudoeste e Oeste do Paraná, com destaque para a região de Castro, no Centro-Sul, se destacam como polos de produção leiteira. “Esses clusters oferecem diversas vantagens, incluindo mais opções de venda, maior disponibilidade de mão de obra qualificada, técnicos capacitados, robustez de revendas e distribuidores, e, em alguns casos, pesquisa local”, evidencia Carvalho.

A região de Castro é um exemplo admirável, cresceu a uma taxa média de 5,4% ao ano nos últimos 22 anos, com um aumento de 7% ao ano nos últimos sete anos, mesmo com a produção nacional estagnada. “Esses clusters se beneficiam de uma sinergia produtiva, onde o sucesso de alguns produtores serve de modelo e incentivo para outros, criando um ambiente de inovação e crescimento contínuo”, aponta o especialista.

O leite é tec!

Fotos: Shutterstock

A transformação na produção de leite no Brasil tem sido impulsionada pela incorporação de tecnologias inovadoras, principalmente nos últimos 10 anos. Desde avanços genéticos até a digitalização da gestão das propriedades, a tecnologia tem sido um catalisador para a modernização do setor, promovendo ganhos de eficiência e produtividade. “Os avanços na genética animal e nas variedades de milho e pastagens têm sido fundamentais para melhorar a qualidade e a quantidade de leite produzido”, afirma Carvalho, complementando: “A seleção genética permite criar rebanhos mais resistentes a doenças e com maior capacidade de produção, enquanto novas variedades de pastagens e milho garantem uma alimentação mais nutritiva e adequada aos animais”.

A automação e a digitalização são outras frentes onde a tecnologia tem impactado profundamente a produção de leite. A introdução de sistemas automatizados de ordenha e alimentação permite um manejo mais preciso e eficiente dos rebanhos. Softwares de gestão agrícola oferecem ferramentas para monitorar diversos aspectos da produção, desde a saúde do rebanho até o controle financeiro da fazenda.

Um exemplo da adoção desta tecnologia é o uso de sensores para o monitoramento de rebanhos. Estes dispositivos avaliam a respiração, a movimentação e o comportamento dos animais, fornecendo dados sobre possíveis doenças, ciclos de cio e tempos de alimentação e descanso. “Essas informações, antes inacessíveis, são agora vitais para a gestão eficiente da saúde e produtividade dos rebanhos”, ressalta Carvalho, frisando que, apesar de ainda serem utilizados por um número relativamente pequeno de produtores, a adoção dessa tecnologia está crescendo e promete revolucionar o setor.

Contudo, a tecnologia por si só não resolve todos os problemas do setor. Carvalho salienta que é necessário que os produtores tenham uma estrutura adequada e uma gestão eficiente para que essas inovações se traduzam em resultados reais. “A implementação de novas tecnologias exige planejamento e conhecimento, destacando a importância de capacitação e suporte técnico para os produtores”, enfatiza.

Disputa com os grãos

O aumento da eficiência é essencial em um cenário onde as terras agrícolas estão cada vez mais valorizadas. Para competir de maneira favorável, especialmente em regiões onde há alternativas lucrativas como a soja e o milho, os produtores de leite precisam maximizar a produtividade por animal e por área. “Nesse contexto, a tecnologia se torna uma aliada indispensável, permitindo que os produtores alcancem níveis de produtividade que viabilizem a atividade leiteira mesmo em terras de alto valor”, enaltece Carvalho.

Perspectivas

Conforme o profissional, o futuro da produção de leite no Brasil é promissor, com a expectativa de que a adoção de tecnologias continue a crescer. “A tendência é que a inovação tecnológica não apenas melhore a eficiência e a produtividade, mas também contribua para a sustentabilidade do setor, reduzindo o impacto ambiental e promovendo práticas mais responsáveis”, salienta o engenheiro agrônomo.

A tecnologia está redesenhando o panorama da produção de leite no Brasil, trazendo consigo desafios e oportunidades. A evolução tecnológica, aliada a uma gestão eficiente e a uma estrutura adequada, tem o potencial de transformar o setor, garantindo sua competitividade e sustentabilidade a longo prazo. “Para os produtores, a chave será se adaptar a essas inovações, aproveitando ao máximo as ferramentas disponíveis para alcançar uma produção de leite mais eficiente e lucrativa”, pontua Carvalho.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Boletim do leite de novembro

OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre

A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.

Derivados registram pequenas valorizações em outubro

Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).

Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta

Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.

Custos com nutrição animal sobem em outubro

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.

Fonte: Assessoria Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito

CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.

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Foto e texto: O Presente Rural

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .

Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.

O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.

Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.

A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.

Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.

O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.

Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.

A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.

Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.

Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.

Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat

Fonte: O Presente Rural com informações de assessoria
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo

Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.

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Foto: Biopark

Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.

Foto: Gilson Abreu

As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.

“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.

“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.

O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.

Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.

“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.

Foto: Divulfgação/Arquivo OPR

A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.

Concursos estaduais

Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.

O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran

Fonte: AEN-PR
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