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Comunidade de macroinvertebrados é mais diversa em viveiros sem peixes
O monitoramento realizado comprova isso e recomenda boas práticas.
Estudo realizado em Itapira (SP), por pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente em viveiros com e sem tilápias, com substratos feitos de argila expandida, bucha vegetal e cascalho, mostrou que a presença dos peixes alterou a população de macroinvertebrados bentônicos, reduzindo sua riqueza e diversidade e aumentando a dominância das espécies tolerantes ao convívio com os peixes.
Macroinvertebrados bentônicos são organismos visíveis a olho nu, basicamente insetos, crustáceos, moluscos e vermes, que habitam o substrato do fundo de rios e lagos, e são um elo importante da cadeia alimentar, como presas de outros invertebrados maiores, como crustáceos, e peixes.
Este grupo de organismos é bastante diverso e apresenta espécies adaptadas às diferentes condições ambientais, habita a interface sedimento-água, e deste modo, pode indicar condições adversas do sedimento, em razão do acúmulo de poluentes orgânicos e inorgânicos, que eventualmente podem ser liberados para a coluna d’água e afetar os peixes. Por isso, têm sido frequentemente usados em estudos de qualidade de água.
O estudo reforça a importância a adoção de Boas Práticas de Manejo (BPM) nos viveiros para que a qualidade da água seja mantida, não só para o bom desempenho dos peixes criados, como também para que o efluente do sistema de produção tenha o menor impacto possível sobre os corpos hídricos abaixo da propriedade.
Conforme a pesquisadora Mariana Silveira Moura e Silva, da Embrapa Meio Ambiente, as principais vantagens do seu uso são o grande número de espécies que podem ser sensíveis ao estresse ambiental, sua ampla distribuição em vários habitats de água doce e o comportamento relativamente sedentário e curto ciclo de vida em relação a peixes, facilitando a detecção de mudanças temporais.
Assim, esse tipo de monitoramento apresenta vantagem sobre as tradicionais análises físico-químicas da água, devido ao baixo custo dos equipamentos e aos resultados relativamente rápidos, contemplando não apenas a água, mas também o sedimento. Outro destaque importante é que a avaliação físico-química registra apenas uma situação momentânea, o que pode não ser apropriado no caso de despejo de efluentes domésticos ou industriais não tratados em rios.
No estudo, foram observadas 40 tipos (táxons) de organismos nos dois viveiros, sendo os mais abundantes a família de insetos considerados como tolerantes (Gênero Chironomus: Família Chironomidae), e as sanguessugas das famílias Glossiphonidae e Hirudinidae. A ocorrência de famílias sensíveis foi reduzida em tanques com peixes, o que pode estar associado a níveis elevados de turbidez da água.
A maior turbidez nos tanques com peixes pode estar relacionada à própria movimentação deles, ao acúmulo de ração não consumida e fezes na água, o que pode ter prejudicado famílias mais sensíveis. As demais variáveis físicas e químicas da qualidade da água estiveram dentro dos limites ideais para o cultivo de tilápia.
Como os viveiros não possuem substratos semelhantes aos corpos de água naturais, o uso do substrato artificial auxilia na padronização da área de amostragem, redução da variabilidade, tempo de processamento, custos operacionais e maior precisão dos dados, além de serem fáceis de fazer e manusear. Feitos com materiais de baixo custo, são menos dependentes das condições de cada tanque ou piscicultor, permitindo a comparação entre eles.
Os coletores com substrato artificial possuem ainda a vantagem de padronizar as amostras, ou seja, como o substrato é o mesmo para todos os coletores instalados, as diferenças serão atribuídas aos impactos observados e não a fatores relacionados ao tipo de substrato. Por outro lado, os substratos artificiais são seletivos, ou seja, apenas alguns grupos de macroinvertebrados conseguirão colonizá-los, já que os materiais empregados nos coletores são geralmente inorgânicos, como pedras de diferentes tamanhos, argila expandida e tijolos, por exemplo.
Outro dado importante é que número de indivíduos de insetos das famílias Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) é uma métrica bastante conhecida e utilizada em programas de biomonitoramento para avaliar o nível de impactos nos cursos de água doce. A porcentagem deles em tanques sem peixes foi quase vinte vezes maior do que em tanques com peixes.
Isso pode ser explicado também pela maior turbidez nos tanques onde os peixes estavam presentes, o que pode danificar as brânquias de alguns organismos deste grupo, além da diminuição da concentração de oxigênio dissolvido, já que os organismos pertencentes as EPTs são em geral mais exigentes quanto à oxigenação da água.
O estudo é resultado de projeto financiado pela Embrapa, com apoio da Associação Paulista de Piscicultores (ASPI) e pode ser acessado aqui.
Boas práticas
Monitorar, diariamente, temperatura da água, oxigênio dissolvido, pH (unidades de pH) e transparência com disco de Secchi.
Registrar, diariamente, a temperatura máxima e mínima do ar, em local próximo aos tanques-rede.
Secar os reservatórios, na medida do possível, entre os diferentes ciclos de cultivo e coletar amostras dos sedimentos do fundo para determinar a necessidade de calagem.
Utilizar linhagens com melhoramento genético, adaptadas às características climáticas da região.
Considerar que a duração do ciclo de produção é maior em regiões de clima mais frio, ao contrário de outras regiões onde a temperatura da água fica mais próxima da faixa de conforto dos peixes.
Observar o comportamento dos peixes e o consumo de ração nos dias com temperaturas da água abaixo de 20° C. Se houver sobras, reduzir ou até mesmo suspender a quantidade de ração oferecida.
Realizar, pelo menos a cada 15 dias, biometrias para ajustar a quantidade de ração que deve ser oferecida. A oferta diária de ração deve aumentar à medida que os peixes crescem.
Avaliar o desempenho zootécnico com base nos indicadores: ganho de peso total; ganho de peso/dia; biomassa final; conversão alimentar aparente e) taxa de sobrevivência.
Observar se há sintomas de estresse ou de doenças nos peixes, especialmente nos períodos de mudanças bruscas de temperatura e, caso possível, encaminhar peixes doentes a um laboratório especializado em diagnóstico de doenças.
Evitar trocar a água dos reservatórios após períodos de chuvas fortes para impedir a entrada de grande quantidade de sólidos em suspensão e aumento da turbidez, causados pelo acúmulo de sedimentos contidos nas fontes de água usadas para abastecimento dos reservatórios.
Anotar todos os gastos para determinar o custo de produção e, em especial, os gastos com a ração, item mais significativo.
Efetuar uma avaliação econômica considerando-se um ciclo completo de produção com peso final comercial, para confirmar qual a frequência alimentar que irá proporcionar maior rentabilidade.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.