Suínos
Como superar a escassez de mão de obra na suinocultura foi abordado no 16º SBSS
Como estratégia para enfrentar esses desafios, o mdico-veterinário, especialista em Liderança, Engajamento e Produtividade na Suinocultura, Leandro Trindade, defendeu a necessidade de criar uma experiência positiva de trabalho.

A falta de mão de obra é um desafio persistente em diversas cadeias produtivas, que exige adaptação no ambiente de trabalho e alternativas para que as pessoas escolham permanecer na função. Com a temática “Equipes de alta performance: este é o caminho? Desafios da produção na escassez de mão de obra”, o médico-veterinário, especialista em Liderança, Engajamento e Produtividade na Suinocultura, Leandro Trindade, elencou os principais desafios dentro e fora da porteira da granja, oportunidades para assumir o controle dessa situação e estratégias para atrair e reter os talentos, na terça-feira (13) durante sua palestra no 16º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), em Chapecó. O evento, promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), reúne médicos-veterinários, zootecnistas, consultores, pesquisadores, profissionais da agroindústria e produtores rurais.

Trindade explicou que um profissional engajado faz bem feito, sabe o que é necessário fazer e realiza com espontaneidade – Fotos: Suellen Santin/MB Comunicação
Para Trindade, entre os principais desafios do capital humano estão de ignorar os fatores internos, entender que engajamento é uma conquista, priorizar resultado ao invés de desempenho, subestimar o papel do encarregado e promover ações de incentivo descontextualizadas. Como exemplos de benefícios citou o aumento salarial geral, premiação por metas, automação e inovação tecnológica, treinamento técnico, reconhecimento do mérito pessoal, eventos especiais envolvendo todos ou presentes e privilégios. O especialista apontou ainda como fatores desafiadores o comportamento das novas gerações, a competição com outras atividades econômicas, facilidades do mundo moderno e migração para zonas urbanas.
De acordo com o médico veterinário, o principal desafio na suinocultura é adaptar a experiência interna do colaborador na atividade, considerando tanto o cenário de mercado quanto de comportamento da nova geração de trabalhadores. “Não falo em relação a idade, mas sim do que consideram importante e de uma outra realidade após a pandemia de Covid-19, ou seja, do que é colocado na balança, que realmente vale a pena na vida e que proporciona bem-estar. Desta forma, a tarefa é vista como um propósito”. Trindade explicou que um profissional engajado sabe o que é necessário fazer e realiza com espontaneidade, ou seja, tem clareza de seu papel e sua importância.
Trindade também ressaltou que atualmente o número de acesso a oportunidades no mercado é muito maior. “Isso traz uma reflexão, será que no passado as pessoas eram menos exigentes ou faltavam oportunidades, o que fazia com que mantivessem um trabalho tradicional? Porque hoje temos mais escolhas para priorizar o trabalho que em paralelo proporcione viver a vida pessoal com dignidade e flexibilidade”, analisou. Para o especialista, o gestor, precisa compreender que o cenário mudou e se adaptar a ele, o que requer conhecimento para criar um ambiente engajador. “Mas, se temos tanta informação disponível porque é tão desafiador? Porque não é um desafio técnico, mas sim de gestão de pessoas e por isso requer outra abordagem”, complementou.
Como estratégia para enfrentar esses desafios, Trindade defendeu a necessidade de “criar uma experiência positiva de trabalho, com um ambiente protetor e acolhedor, com compromisso de longo prazo e com engajamento empresa/equipe/tarefa/liderança”. Para isso, o principal aliado é o acesso ao conhecimento. “Não digo que a solução é fácil, mas que ela existe. A realidade nos mostra que temos granjas com alta rotatividade e outras com baixa, e o que estamos fazendo? Usando uma abordagem técnica, enquanto deveríamos compreender o contexto e adaptá-lo para a realidade dentro da porteira”, reforçou.
Para romper o ciclo da escassez da mão de obra, segundo Trindade, é necessário implementar ações internas e investir no aumento da performance da equipe com engajamento para obter um resultado sustentável. “Também é fundamental ter líderes diretos e uma cultura preparada para criar e manter uma experiência de trabalho engajadora. Para isso é preciso diagnosticar o contexto, revisar a cultura, priorizar ações, formar gestores e avaliar. O nível de desafio com escassez de mão de obra de uma granja é fortemente afetado pela qualidade da experiência de trabalho percebida pela sua equipe”, finalizou

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



