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Suínos / Peixes Suinocultura

Como prevenir a doença do edema em um cenário com redução de antibióticos

A vacinação é a forma mais eficaz e segura de se adquirir proteção contra uma doença infecciosa e tem sido usada como estratégia na prevenção da DE em rebanhos suínos. Ao prevenirmos a DE com vacinação podemos melhorar a condição sanitária do rebanho e traçar estratégias de redução de uso de antibióticos na produção de suínos.

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Arquivo/OP Rural

A doença do edema (DE) está distribuída em todo mundo, incluindo Brasil, e possui prevalência entre 56,3% e 72% em rebanhos de suínos avaliados. A DE ocasiona grandes perdas econômicas na suinocultura, principalmente devido à mortalidade de leitões na fase de creche, podendo ser também observada em outras fases, como alojamento na recria. A DE é uma enterotoxemia causada pela Escherichia coli (E.coli) verotoxigênica dos sorotipos O138:K81, O139:K82 e O141:K85, portadores de diversos fatores de patogenicidade como fímbrias e toxinas, sendo capazes de colonizar o intestino delgado dos suínos e produzir a verotoxina 2e, também denominada de VT2e e/ou Stx2e.

A patogênese da DE pode ser dividida em duas fases sucessivas: na primeira, ocorre a colonização enteral pela bactéria, associada às alterações na microbiota intestinal e produção da VT2e; e na segunda, a distribuição sistêmica da VT2e. A VT2e é absorvida do intestino para a corrente sanguínea, danifica as células endoteliais em tecidos alvos que induz aumento na vascularização e permeabilidade do endotélio, ocasionando edema, hemorragias e microtromboses, e alta mortalidade em leitões acometidos na fase aguda.

Os sinais clínicos da DE em leitões incluem inchaço das pálpebras, marcha cambaleante seguida de paralisia. Contudo, apenas poucos sinais nervosos podem ser identificados, como opistótono e/ou movimentos de pedalagem, sendo importante, nestes casos, se realizar o diagnóstico diferencial para DE, pois a encefalite em leitões pode estar relacionada com meningites bacterianas ocasionadas por Glaesserella parasuis ou Streptococcus suis. Por outro lado, em infecções agudas o animal pode vir a óbito antes de aparecerem os sinais clínicos, sendo estes casos caracterizados por morte súbita e muitas das vezes passa desapercebido na rotina da avaliação clínica dos animais.

Além dos quadros com sintomas clínicos e/ou associados com picos na taxa de mortalidade, a DE pode ocorrer de forma subclínica, em que se observa prevalência normal de mortes e sem presença de sintomas clínicos. Na forma subclínica, os lotes apresentam-se heterogêneos e com baixo desempenho de fase. Esses casos podem ser confundidos com problemas nutricionais, como formulações de baixa digestibilidade para os leitões, presença de micotoxinas na dieta ou também por outros patógenos, como circovírus suíno e Salmonella sp., sendo importante realizar o diferencial para DE em casos de baixo desempenho de leitões na fase de creche.

Diagnóstico

Devido às diversas manifestações e à presença de outros patógenos, ou fatores de manejo que ocasionam o aparecimento de clínica semelhante a DE, o diagnóstico da doença precisa ser realizado para tomada de ações mais assertivas no controle da E. coli verotoxigênica. O diagnóstico da DE pode ser realizado com auxílio do exame post mortem, pela observação de alterações patológicas, como edema nas pálpebras, na área frontal, sobre a barriga, na parede do estômago e mesocólon. Os achados de autópsia associados ao histórico clínico do animal e ao laudo laboratorial são importantes para diagnóstico final da DE.

Em relação aos exames laboratoriais, os achados histológicos podem ser úteis no diagnóstico, podendo ser observadas necrose fibrinóide de arteríolas, hemorragia e edema no cérebro, e em altas doses de VT2e podem ser encontradas necroses epiteliais do cólon e lesões renais. A coleta de amostra para histopatológico requer eutanásia de animais representativos do lote e que estejam na fase aguda da doença, o que torna o diagnóstico mais laborioso.

A detecção da presença do gen que codifica a Vt2e com auxílio da PCR em tempo real em amostras de fluído oral ou pool de fezes auxilia no diagnóstico da DE sem a necessidade de se realizar eutanásia de animais. Além disso, esta técnica possui altas sensibilidade e especificidade e permite amostrar muitos animais do lote ao mesmo tempo. Outra vantagem da técnica é que ela pode ser utilizada em casos subclínicos da DE pela falta de sintomas clínicos da doença. Além disso, a taxa de detecção da Vt2e em suínos clinicamente saudáveis, sem sinais clínicos da DE, foi de 68,3% das granjas brasileiras avaliadas, o que reforça a importância do diagnóstico em rebanhos sem sintomas clínicos, mas que possuem baixo desempenho.

Controle

A suscetibilidade de leitões à DE depende de vários fatores, especialmente da resistência genética, dieta e imunidade. Desta forma, a tentativa de controle da doença nos últimos anos vem sendo realizada com uso de antimicrobianos de forma preventiva ou terapêutica nas dietas de leitões e estas medidas têm se mostrado ineficientes, por trazerem resultados por um curto período devido a múltipla resistência aos antibióticos.

O óxido de zinco é um composto inorgânico muito presente nas rações, geralmente é utilizado nas rações para controlar enterites. Recentemente um estudo espanhol avaliou a sensibilidade diagnóstica da DE em 57 sistemas de produção de suínos que utilizavam ou não o óxido de zinco nas rações de leitões na fase de creche. Neste estudo, concluíram que o óxido de zinco reduz a detecção da positividade em testes altamente sensíveis para DE, sendo que das 32 granjas que usavam o óxido de zinco, apenas 56,3% foram positivas, e das 25 granjas que não usavam o óxido de zinco, 88% foram positivas. Desta forma, pode ocorrer sub diagnóstico da DE em lotes que utilizam óxido de zinco na dieta, o que dificulta o diagnóstico correto da doença no campo.

Com as novas normativas que regulam o uso de antimicrobianos e promotores de crescimento na dieta de suínos somada à resistência bacteriana aos antimicrobianos, o controle da DE em suínos precisa ser realizado com medidas mais consistentes. Além disto, os antibióticos não possuem ação sobre a VT2e, e essa uma vez produzida, é capaz de ocasionar a doença nos animais, seja de forma clínica ou subclínica.

O controle da DE em suínos abrange correções de manejo de ambiência e desinfecção ambiental, melhorias na formulação das rações com uso de fontes de proteína mais digestíveis para os leitões e que respeitem a escada nutricional e fisiológica, uso de melhoradores de microbiota intestinal, como acidificantes ou probióticos, entre outros. Todavia, para prevenção mais assertiva da DE é importante que se forneça proteção contra a VT2e.

A ausência de anticorpos soroneutralizantes circulantes contra VT2e é considerado o fator decisivo na patogênese e desencadeamento da DE. Desta forma, a vacinação de suínos contra a VT2e tem sido usada de forma efetiva em diferentes países, incluindo Brasil, para controle da doença nos rebanhos de suínos. Estudos europeus observaram diminuição de 8% na mortalidade por DE em granjas com sinais clínicos e redução do uso de amoxicilina simultaneamente, e melhora de 3,8 Kg no desempenho em suínos terminados que foram vacinados. Os resultados dos trabalhos realizados no Brasil até o momento observaram redução de 50% da mortalidade e acréscimo de 0,93 Kg no desempenho de leitões durante a fase de creche que foram previamente vacinados com toxóide VT2e.

Além da melhora nos índices zootécnicos, a vacinação de leitões contra a VT2e está associada à redução de lesão tecidual e está sendo usada como boa estratégia em programas de redução de uso de antibióticos em todo mundo, incluindo granjas brasileiras. Além do retorno zootécnico, a prevenção da DE com vacinação trouxe retorno sobre investimento (ROI) de 0,26 euro por animal vacinado em granjas na Europa.

A produção de VT2e pela E.coli verotoxigênica ocorre de forma eficiente a partir dos 18 dias de vida do leitão, devido à fímbria F18 ser expressa a partir dessa idade. Desta forma, a imunização de leitões lactentes com o toxóide VT2e em torno de 3 dias de vida faz com que ao desmame, os leitões estejam protegidos contra VT2e, evitando perdas ocasionadas pela DE. Estudos mostram que a imunização com o toxóide VT2e em leitões é segura, não interfere na ingestão de leite e não ocasiona pirexia, reação local ou sistêmica e que previne contra a DE dos 18 dias de idade até o abate.

A vacinação é a forma mais eficaz e segura de se adquirir proteção contra uma doença infecciosa e tem sido usada como estratégia na prevenção da DE em rebanhos suínos. Ao prevenirmos a DE com vacinação podemos melhorar a condição sanitária do rebanho e traçar estratégias de redução de uso de antibióticos na produção de suínos.

As referências bibliográficas estão com as autoras. Contato via: tatiana.souza@hipra.com

Fonte: Por Daniele Araujo Pereira, médica-veterinária, mestre em Ciência Animal, doutora em Clínica de Suínos e coordenadora técnica regional da Hipra Brasil; e Tatiana Carolina Gomes Dutra de Souza, médica-veterinária, mestre em Ciências Veterinárias, doutora em Ciência Animal e gerente de Serviços Técnicos da Hipra Brasil.

Suínos / Peixes

Peste Suína Clássica no Piauí acende alerta

ACCS pede atenção máxima na segurança sanitária dentro e fora das granjas

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Presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi - Foto e texto: Assessoria

A situação da peste suína clássica (PSC) no Piauí é motivo de preocupação para a indústria de suinocultura. A Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) registrou focos da doença em uma criação de porcos no estado, e as investigações estão em andamento para identificar ligações epidemiológicas. O Piauí não faz parte da zona livre de PSC do Brasil, o que significa que há restrições de circulação de animais e produtos entre essa zona e a zona livre da doença.

Conforme informações preliminares, 60 animais foram considerados suscetíveis à doença, com 24 casos confirmados, 14 mortes e três suínos abatidos. É importante ressaltar que a região Sul do Brasil, onde está concentrada a produção comercial de suínos, é considerada livre da doença. Portanto, não há risco para o consumo e exportações da proteína suína, apesar da ocorrência no Piauí.

 

Posicionamento da ACCS

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, expressou preocupação com a situação. Ele destacou que o Piauí já registrou vários casos de PSC, resultando no sacrifício de mais de 4.300 suínos. Com uma população de suínos próxima a dois milhões de cabeças e mais de 90 mil propriedades, a preocupação é compreensível.

Uma portaria de 2018 estabelece cuidados rigorosos para quem transporta suínos para fora do estado, incluindo a necessidade de comprovar a aptidão sanitária do caminhão e minimizar os riscos de contaminação.

Losivanio também ressaltou que a preocupação não se limita aos caminhões que transportam suínos diretamente. Muitos caminhões, especialmente os relacionados ao agronegócio, transportam produtos diversos e podem não seguir os mesmos protocolos de biossegurança. Portanto, é essencial que os produtores mantenham um controle rigoroso dentro de suas propriedades rurais para evitar problemas em Santa Catarina.

A suinocultura enfrentou três anos de crise na atividade, e preservar a condição sanitária é fundamental para o setor. “A Associação Catarinense de Criadores de Suínos pede que todos os produtores tomem as medidas necessárias para evitar a entrada de pessoas não autorizadas em suas propriedades e aquel a que forem fazer assistência em visitas técnicas, usem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para minimizar os riscos de contaminação. Assim, a suinocultura poderá continuar prosperando no estado, com a esperança de uma situação mais favorável no futuro”, reitera Losivanio.

Fonte: ACCS
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Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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