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Avicultura

Como o programa vacinal pode ajudar a diminuir as perdas no abatedouro?

O aumento da exportação e a globalização tornam as barreiras sanitárias um importante diferencial de competitividade do mercado

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Artigo escrito por Eva Hunka, médica veterinária Preventiva e coordenadora de Produtos Aves e Suínos da Merial

O crescimento do consumo mundial de carne de frango é uma realidade. Esta será a proteína de origem animal mais consumida no mundo até 2020, e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) prevê que o Brasil será responsável por 44,5% do comércio mundial deste produto.

O aumento da exportação e a globalização tornam as barreiras sanitárias um importante diferencial de competitividade do mercado, pois a preocupação com a entrada de novos agentes causadores de doenças, e prejuízos, está de mãos dadas com a necessidade de produção de um alimento seguro para a população. Com isso, os serviços de inspeção nos abatedouros têm se tornado cada vez mais rígidos para garantir não só os valores nutricionais, como também a segurança alimentar.

Muitas doenças causam prejuízos à indústria avícola e perdas econômicas consideráveis, pois resultam em condenação parcial ou total da carcaça, já que partes afetadas por qualquer processo inflamatório devem ser condenadas, e quando este processo se caracteriza sistêmico e visceral, a condenação é total. Alguns critérios estéticos também são avaliados, como hematomas e fraturas.

Algumas enfermidades, como a doença de Marek e gumboro, podem ocasionar perdas significativas no abatedouro. Estas doenças são velhas conhecidas da avicultura nacional e, talvez por isso, muitas vezes são esquecidas como causas de condenação parcial ou mesmo total de carcaças. Para ambas, a prevenção acontece ainda no Incubatório, através da vacinação de pintinhos de um dia ou mesmo in ovo.

A doença de Marek, cuja vacinação é obrigatória no Brasil desde a década de 70, pode se apresentar de três formas: visceral, cutânea e nervosa. Na sua forma visceral, apresenta tumores nodulares ou difusos de tamanhos variáveis, comuns na forma aguda da doença e que podem ser encontrados sem lesão nervosa ou mesmo sem o aparecimento de sintomas. Microscopicamente, atinge os linfócitos, que também se tornam neoplásicos, o que faz com que esta doença também cause um quadro imunossupressivo na ave.

A forma cutânea da doença, que aparece como celulite, ou mesmo sinais inespecíficos, como caquexia e palidez, são mais comumente encontrados na linha de inspeção sanitária, porém, como são inespecíficos, muitas vezes não são atribuídos à doença de Marek. O aumento do conhecimento sobre a doença fez com que ela alcançasse taxas tão baixas de infecção que podem até mesmo levar produtores a acreditar que a doença desapareceu. Este pensamento favorece uma situação perfeita, uma vez que o vírus não desapareceu. Na verdade, ele está em praticamente todos os lugares, especialmente considerando grandes populações de aves.

No Brasil, a diluição de vacinas de Marek é uma prática comum, mas muitas vezes esta diluição é feita sem critério, o que pode ocasionar uma proteção inadequada ou mesmo favorecer as mutações. O uso de vacinas contra Marek com títulos mais altos pode colaborar para diminuição destes sinais inespecíficos, principalmente a celulite.

No caso das doenças de Gumboro, por afetar diretamente o sistema imune, o quadro imunossupressivo abre portas para outras doenças, como a bronquite, principal causa de condenação por aerossaculite, ou mesmo doença de NewCastle, que é de notificação obrigatória no Brasil. Assim como na prevenção da doença de Marek, a ampla maioria das aves é vacinada ainda no incubatório, pela via subcutânea ou in ovo. Esta enfermidade costuma ocorrer entre a terceira e sexta semana de idade, pois é neste momento que ocorre um aumento no número de linfócitos B maduros circulantes. Em aves mais velhas, é comum que a doença seja assintomática, exceto em casos de cepas muito virulentas.

Do mesmo modo que o vírus de campo, o vírus vacinal também é muito resistente ao meio ambiente e tem tropismo por células linfoides. Então, desta forma, vacinas consideradas fortes ou plus causam um maior dano a este tecido, o que leva a um quadro de imunossupressão vacinal. Fato que pode ser comprovado no momento em que examinamos a Bolsa de Fabricius de aves vacinadas com estas cepas, que costumam apresentar lesões, às vezes tão severas quanto uma infecção de campo.

Cepas Fortes e Plus estão presentes não só nas vacinas convencionais, como também em vacinas de complexo imune, que são amplamente usadas no Brasil, principalmente em frangos de corte.

Atualmente, o uso de vacinas vetorizadas é uma importante arma contra estas doenças, pois, além de proteger contra a doença de Marek, com títulos superiores aos 1.500 PFU’s utilizados nas vacinas convencionais, também protegem conta a doença de Gumboro de forma eficiente e segura. Por conter apenas a parte imunogênica do vírus, promove a imunidade contra a doença, sem causar dano à Bolsa de Fabrícius e, por não sofrer interferência dos anticorpos maternos, promove uma resposta vacinal precoce.

O Brasil vem se consolidando como líder no mercado mundial de carne de frango. O controle sanitário no abatedouro se tornará cada vez mais rígido. Para um resultado mais eficiente, o produtor deve pensar na cadeia produtiva como um todo. Os cuidados começam ainda no incubatório e a vacinação é parte importante no processo. Detalhes como a escolha do programa vacinal e as boas práticas de vacinação contribuem positivamente para a lucratividade do setor.

 

Mais informações você pode conferir na edição de Aves de junho/julho de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola

Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

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O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.

Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.

Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.

Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.

Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Fonte: Assessoria Mapa
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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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