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Como o empenamento precoce nas aves pode contribuir com a redução nas condenações de carcaças em plantas de abate

A busca pela máxima eficiência dos lotes se torna cada dia mais relevante e desejável visto que a cadeia reduz o impacto ambiental

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Artigo escrito por Eder Barbon, médico veterinário e especialista em Plantas de Abate e Qualidade América do Sul; Lívia Pegoraro, zootecnista com Mestrado em Produção Animal e gerente da Fazenda Experimental da CobbVantress; e Rodrigo Terra, médico veterinário e diretor Associado de Produto da Cobb-Vantress na América
do Sul

Reduzir as condenações de carcaça é hoje um dos desafios mais importantes da avicultura brasileira. O país, que abate cerca de 23 milhões de cabeças de frangos por dia, de acordo com publicação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (março, 2021), tem em média de 0,75% de condenas totais e 10,86% de condenas parciais, segundo informações do SIGSIF de março de 2021. Isso significa perdas de cerca de 1.400 toneladas por dia, o que representa 2,4% do peso total abatido.

As contaminações, lesões de pele (Dermatoses) e lesões traumáticas (Contusões e fraturas), são as três principais causas mais frequentes para o descarte de aves pela indústria avícola brasileira. As perdas por condenações, cumprindo devidamente as legislações locais, são registradas em todos os países produtores de carne de frango do mundo. Mas, na comparação com produtores da Europa, do México e dos Estados Unidos, os percentuais de condenas do Brasil são significativamente maiores, o que exige que produtores e indústria busquem alternativas para reduzir esse impacto negativo de rendimento para o setor. O governo brasileiro, através do Ministério da Agricultura, tem apoiado positivamente ações de melhorias, com embasamentos técnicos e científicos da indústria que visam a redução de perdas nas plantas de abate. (Decreto no 10.468/2020).

A causa mais comum das condenações é a contaminação por fezes ou bílis no momento da evisceração do frango em virtude de jejum pré-abate ou ajuste dos equipamentos inadequados, que respondem por mais da metade do total. Em seguida, vêm as lesões de pele ou dermatoses, posteriormente a maior causa são as lesões traumáticas ou contusões e fraturas, que podem ocorrer no campo, especialmente no momento da apanha e transporte, ou na planta de abate durante o processamento, especialmente no atordoamento.

Melhorias no manejo e ambiência, desde à granja ao frigorífico, e aves com empenamento precoce, que ajuda a garantir a proteção e qualidade da pele são tendências irreversíveis na avicultura para reduzir as perdas por problemas de pele.

Preocupados com as perdas por problemas de pele ou dermatoses, a Cobb-Vantress tem trabalhado para selecionar aves que empenam precocemente, garantido melhor cobertura e proteção da pele desde a tenra idade. Um bom empenamento protege as aves em várias frentes, como por exemplo durante a disputa por espaço no aviário, nos comedouros, bebedouros e durante o carregamento, onde a probabilidade de umas aves subirem sobre as outras e se arranharem é alta, em especial nos frangos jovens, como griller. Também protege amenizando o contato da pele com a cama do aviário, o que reduz as possibilidades de o frango ter a carcaça desclassificada por problema de pele no momento do abate.

Além das perdas e condenações por problema de pele, empresas que trabalham com mix de produtos para exportação, como frangos pequenos, Griller e Coxas desossadas principalmente, pagam um alto custo pela redução no aproveitamento e perda de rendimento final. Dependendo do tamanho, da profundidade e das características das lesões, as peças são desclassificadas e destinadas para um outro tipo de mix, com menor valor econômico.

Estudo conduzido pela Cobb-Vantress, em sua Granja Experimental, demonstrou melhores índices de aproveitamento de carcaça com aves que empenam precocemente.

  1. Materiais e métodos

As avaliações de escores de empenamento e lesão de pele foram realizadas nas Unidades Experimentais da Cobb-Vantress. Para essa avaliação, foram utilizadas aves de três linhagens diferentes (CobbMalexC500S, MVxC500S e Concorrente A), sexadas (machos e fêmeas), seguindo um esquema fatorial 3×2, perfazendo um total de seis tratamentos, distribuídos em um delineamento em blocos casualizados.

As aves foram avaliadas a partir de 28 dias de idade, durante a pesagem semanal, até o momento da saída do lote. Portanto, as avaliações foram com 28, 35 e 42 dias de idade. Cerca de 2,4% do plantel foi amostrado para tais avaliações e as mesmas aves foram avaliadas para ambos os escores. A amostragem foi realizada a partir de cercados, nos quais 100% das aves aprisionadas foram avaliadas, mesmo que a porcentagem inicial estipulada fosse ultrapassada.

Os escores de empenamento e lesão de pele respeitaram um protocolo de avaliação visual. Para o grau de empenamento foram avaliadas duas partes distintas em cada ave, sobrecoxa e dorso.

Um gabarito pode ser utilizado na sobrecoxa e no dorso com a finalidade de padronizar a região exata a ser avaliada e manter o parâmetro de comparação entre as aves.

A partir dos dados coletados, encontramos a porcentagem de cada escore. Os escores 3 e 4 são as aves que apresentam o melhor grau de empenamento. Agrupamos as porcentagens de tais escores em cada idade e comparamos entre os tratamentos.

Para a avaliação do grau de lesão de pele, cada ave foi avaliada na sua integralidade e ponderando a qualidade da pele no geral, associando quantidade e profundidade da lesão para a mensuração do escore.

Escores de lesão de pele em frangos de corte

ESCORE ZERO: Foi considerado escore de lesão zero, carcaças com integridade total da pele, sem quaisquer tipo de riscos ou arranhões conforme foto: Carcaça ideal.

Os demais escores foram considerados conforme descrição abaixo:

1 – ESCORES 01: poucas lesões (quantidade não limitante, mas algo próximo ao máximo de 2-3 lesões) e lesões superficiais;

2 – ESCORE 02: quantidade de lesões que compromete visualmente a carcaça, porém ainda lesões superficiais;

3 – ESCORE 03: poucas lesões, porém com maior gravidade ou maior volume de lesões espalhadas pela carcaça porem lesões com profundidade e até mesmo com escaras/purulência;

4 – ESCORE 04: Muitas lesões espalhadas pela carcaça toda e a maioria profunda e/ou com escaras/purulência;

Considerando-se a variação das lesões de pele entre cada lote abatido, os critérios para condenação podem sofrer pequenas variações entre as plantas, didaticamente padronizamos a soma dos piores escores (graus 3 e 4) para apontar esse possível descarte.

Após a coleta dos dados foi gerada a porcentagem de aparição de cada escore por tratamento, no qual somando a porcentagem desses dois escores (3 e 4) definimos a porcentagem estimada de possíveis descartes para cada tratamento (linhagem e sexo).

2.1 termográfica

O grau de empenamento pode ser evidenciado através da diferença de temperatura com o auxílio de uma Câmera Termográfica (modelo utilizado nas fotos – Flir T4 series), porém essa avaliação através da termográfica não tem embasamento numérico e uma metodologia comprovada, ou seja, não temos um modelo matemático que conseguiria transformar a imagem em um número de escore, portanto o intuito seria apenas apontar didaticamente, com foto, a diferença entre os tratamentos analisados nos escores visuais.

Na Figura abaixo (Figura 4) podemos observar na imagem da câmera termográfica as diferenças entre as cores, nas quais podem ser correlacionadas com as diferenças entre os empenamentos, uma vez que a pena é um isolante térmico, portanto é esperado que encontramos uma menor temperatura na superfície empenada comparada com a superfície corporal mensurada diretamente na pele da ave.

As áreas com maior grau de empenamento apresentam menores temperaturas superficiais, ou seja, são representadas com cores mais escuras (tons de azul, roxo e preto). Entretanto, as partes mais claras apresentam temperatura superficial mais elevada, o que representa as partes com menor grau de empenamento ou completamente sem penas, variando de acordo com a coloração de tons alaranjados para o amarelo e chegando ao branco na ordem crescente para as temperaturas mais elevadas.

  1. Resultados

3.1 Empenamento

Observamos nos gráficos 1, 2, 3 e 4 melhores taxas de empenamento precoce no novo produto CobbMalexC500S, comparado com as demais linhagens analisadas, representadas pela maior porcentagem de aves amostradas com escores 3 e 4.

Podemos observar no gráfico 1 que o lote CobbMalexC500S apresentou desde os 28 dias de idade, a maior porcentagem de aves com os melhores escores de empenamento na sobrecoxa, comparado aos demais tratamentos, com valores de 2,43% mais empenado com 28 dias, 29,69% com 35 dias e 11,75% com 42 dias, na comparação com o tratamento da linha Concorrente A.

Ambos os produtos Cobb apresentaram melhores índices de empenamento na sobrecoxa de machos.

A primeira idade analisada (28 dias) é importante principalmente para os clientes que produzem frangos pequenos como Griller, que são normalmente lotes de fêmeas criadas até 28 dias de idade, com intuito de venda da carcaça inteira. Portanto, para esse produto é ainda mais importante a integralidade da pele, bem como aves livres de desclassificação ou condenas parciais.

No gráfico 2 (fêmeas), temos um resultado muito similar ao observado no gráfico 1 (machos), no qual notamos que os produtos Cobb apresentam lotes mais empenados desde as primeiras avaliações com 28 dias de idade.

As fêmeas CobbMalexC500S apresentaram 10,48% a mais, do lote com aves em estágio mais avançado, de empenamento aos 28 dias, na comparação com a fêmea Concorrente A. Essa informação, associada ao percentual de condena dos lotes de mesma idade, significam um melhor aproveitamento dessas aves para lotes de produto Griller, que representa uma fatia importante do mercado brasileiro. Com 35 dias, essa diferença entre linhagens diminui para 7,88% e, com 42 dias, chega a 2% de diferença entre os lotes de CobbMale, comparado com o Concorrente A.

Os machos com melhor empenamento no dorso foram os provenientes do tratamento CobbMalexC500S, que apresentou com 28 dias de idade uma quantidade de 7,29% a mais do lote com aves melhor empenadas, na comparação com o Concorrente A. Com 35 dias, a diferença aumentou para 15,84% e com 42 dias foi de 1,02%, ainda favorável para o CobbMale (Gráfico 3).

A diferença de empenamento entre os tratamentos das fêmeas normalmente é menor devido ao empenamento mais rápido das fêmeas em relação aos machos. Essa característica é o que possibilita a sexagem dos pintos de 1 dia no incubatório.

No gráfico 4 podemos verificar que aos 28 dias de idade o lote CobbMale apresentou um volume maior de 9,05% de fêmeas melhores empenadas no dorso comparadas com o lote Concorrente A, com 35 dias a diferença foi de 1,47% e com 42 dias 100% das fêmeas amostradas apresentaram empenamento completo no dorso, para ambos os tratamentos.

A partir dos 42 dias as três linhagens tendem a ser muito similares, devido ao maior tempo para empenamento. Apesar de o produtor não perceber esta variação durante a vida do lote, o impacto é importante para o abatedouro.

As tabelas abaixo (1 e 2) representam numericamente os dados que foram descritos e discutidos nos Gráficos 1- 4, sobre os escores de empenamento em sobrecoxa e dorso de machos e fêmeas.

3.2 Lesão de pele

Os dados para lesão de pele foram pontuados no gráfico abaixo (Gráfico 5), considerando a somatória dos piores graus de lesão (escores 3 e 4) dentre as aves que foram amostras, o que consideramos um possível descarte, nas idades mencionadas.

Nos machos com 28 dias de idade não foram observadas diferenças de perdas por lesões de pele entre as linhagens analisadas, mas também evidenciamos que tais lotes não apresentaram lesões severas tipo 3 e 4, sendo assim para os machos de 28 dias não observaríamos prejuízos com descartes na planta de abate em decorrência das lesões de pele.
A diferença entre linhagens foi constatada para lotes de machos com 35 dias de idade, em que aves de origem do Concorrente A apresentaram 2,5% do lote amostrado com os piores graus de lesões de pele, comparado aos produtos Cobb que na média apresentaram 0,5% do lote com o mesmo grau de severidade desse parâmetro.

Para as aves com 42 dias de idade e já com um melhor escore de empenamento, as lesões diminuíram e o lote Concorrente A apresentou cerca de 2% a mais de lesão do que os lotes Cobb. Apesar da redução da porcentagem de lotes que possivelmente sofreriam descartes com 42 dias, a diferença média se manteve em 2% desde os 35 dias do lote, sendo que os lotes Cobb apresentaram melhores resultados e menores taxas de condena por lesão de pele, comparados com a linhagem Concorrente A.

Para os lotes de fêmeas, podemos observar que já conseguimos notar uma diferença entre lesão de pele já a partir dos 28 dias de idade. Praticamente 1% a mais de condena para o tratamento Concorrente A, comparado aos lotes Cobb, em que esses, na amostra analisada, não apresentaram condenação alguma para os escores de lesão de pele 3 e 4 (gráfico 6) em tal idade.

As fêmeas do Concorrente A mantiveram o volume de aproximadamente 1% de condena para todas as idades analisadas enquanto o produto CobbMalexC500S não apresentou nenhuma ave amostrada com graus severos de escore de pele (0%) durante todo o experimento, comprovando a correlação entre a importância do empenamento na questão da lesão de pele, isto é, lotes com empenamento mais precoce fazem uma proteção na epiderme da ave, ajudando a evitar lesão e condena na planta de abatedouro.

Vale ressaltar que empenamento e lesão de pele possuem uma correlação, porém não são unicamente dependentes, ou seja, a lesão de pele não está exclusivamente relacionada a precocidade do empenamento. Outros fatores, como voracidade do lote, programa de luz, manejo, estresse, distância de fuga, restrição alimentar, qualidade da cama, intervalo de vazio sanitário entre outros fatores também são correlacionados aos níveis de lesão e condena na planta de abate.

A busca pela máxima eficiência dos lotes se torna cada dia mais relevante e desejável visto que a cadeia reduz o impacto ambiental, uma vez que disponibiliza para a população mais proteína animal de qualidade com a mesma quantidade de insumos.

Os dados demonstram que é necessário investir em genética, tecnologia e manejo para atingir o maior peso possível de carne vendável para garantir a eficiência produtiva, financeira e ambiental da avicultura brasileira e mundial.

É a nossa responsabilidade entregar o melhor.

Outras notícias você encontra na edição de Avicultura de julho/agosto de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Nutrição, manejo e genética: o tripé da saúde locomotora em frangos

Seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves.

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Fotos: Shutterstock

As questões relacionadas à saúde locomotora em frangos de corte têm, nos últimos anos, despertado uma preocupação crescente na indústria avícola. O rápido crescimento genético das aves para atender à demanda do mercado tem levado a um aumento na incidência desses problemas, principalmente de artrites.

A seleção de animais por características de crescimento rápido muitas vezes resulta em desequilíbrios entre a capacidade estrutural do esqueleto e o peso corporal, tornando as aves mais suscetíveis a lesões articulares, afetando de sobremaneira o bem-estar e a produtividade das aves. Condições de manejo inadequadas, como densidade populacional elevada, má qualidade da cama, ventilação inadequada e estresse térmico, podem contribuir para o aumento da incidência de problemas locomotores.

A falta de espaço e a qualidade inadequada do substrato podem causar lesões nas articulações e dificultar o movimento das aves. A nutrição também desempenha um papel fundamental na saúde locomotora das aves. Dietas desequilibradas em minerais e vitaminas essenciais, como cálcio, fósforo e vitamina D, podem comprometer a saúde óssea e articular das aves. A formulação cuidadosa das dietas, adaptada às necessidades específicas das aves em diferentes estágios de crescimento, é essencial para prevenir deficiências nutricionais que possam contribuir para o desenvolvimento de artrites.

Médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes: “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo” – Fotos: Divulgação

Além disso, medidas preventivas, como o monitoramento regular da saúde locomotora das aves e a identificação precoce de problemas, são fundamentais para garantir o bem-estar das aves e a sustentabilidade da indústria avícola. Investimentos em pesquisa contínua e educação para produtores são essenciais para promover práticas de manejo sustentáveis e melhorar o desempenho econômico e ambiental da produção avícola.

Diante desse cenário, se faz necessário uma abordagem multifatorial, envolvendo estratégias de manejo integradas para reduzir a incidência de artrites e problemas locomotores em frangos de corte. Isso inclui a seleção criteriosa de linhagens genéticas com melhores características de saúde locomotora, o fornecimento de ambientes de alojamento adequados e a implementação de programas nutricionais. Sobre essa temática, a médica-veterinária, professora, mestre em Nutrição Animal e doutora em Zootecnia, Jovanir Inês Müller Fernandes, tratou no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), realizado entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Multifatoriais

Os aspectos mais relevantes que estão relacionados com os problemas locomotores são fatores traumáticos ou mecânicos, infeciosos, nutricionais, ambientais e relacionados ao manejo. Esses fatores podem ainda estar associados ou ocorrer de forma isolada. Jovanir menciona que a cama de má qualidade, que não foi adequadamente manejada no intervalo entre lotes, pode levar à instabilidade na locomoção do pintainho pela presença de cascões e desnivelamentos e resultar em microfraturas e fendas em áreas de crescimento ósseo nas extremidades dos ossos longos, como tíbia e fêmur.

Por outro lado, camas úmidas podem predispor às lesões de coxim plantar, as pododermatites, que além de provocar dor, são portas de entrada para bactérias e vírus presentes na cama. “O aumento na umidade nas camas pode ser resultado da baixa digestibilidade da dieta (granulometria inadequada, micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos), da ambiência inadequada (manejo de placas evaporativas, ventilação e estresse térmico) e das disbacterioses, que alteram a estabilidade da microbiota intestinal, comprometendo a funcionalidade da mucosa intestinal”, ressalta a médica-veterinária.

A doutora em Zootecnia explica que bactérias oportunistas podem atravessar a barreira epitelial intestinal através das junções firmes entre as células e por meio da via hematogênica chegam até às microfraturas e fissuras osteocondróticas na extremidade proximal do fêmur e da tíbia, contribuindo com o quadro de necrose e degeneração das áreas de metáfise dos ossos longos. “Devido a dor e a dificuldade locomotora as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. Esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, além da ocorrência de artrites assépticas”, pontua Jovanir.

Além desses fatores, a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado”, ressalta Jovanir, acrescentando: “Nessa situação, a troca de genes de resistência entre bactérias do ambiente por meio de elementos genéticos móveis contribui para a manutenção dessas bactérias portadoras de genes de patogenicidade e de resistência aos antibióticos de um lote para outro. Além disso, o curto período de intervalo entre lotes, o aumento da densidade de alojamento e os erros de manejo, mantém essas cepas mais resistentes e mais patogênicas que podem acometer as aves e resultarem em diferentes manifestações de lesões e comprometimento do sistema locomotor”.

As artrites e problemas locomotores acarretam uma série de consequências adversas nas aves, incluindo dor, comprometimento do bem- -estar animal, dificuldade locomotora,

restrição de acesso à água e ração, prostração sobre a cama, ingestão de cama e inalação de amônia, aumento da taxa de mortalidade (com aves eliminadas), queda no desempenho produtivo, aumento das condenações no abatedouro devido à fragilidade óssea, dermatites/celulites e aerossaculite.

Perdas operacionais no abatedouro

No ambiente do abatedouro, esses problemas também se refletem em perdas operacionais, visto que a redução da velocidade no processo de abate é necessária devido ao aumento das condenações, além dos riscos microbiológicos adicionais decorrentes do aumento da presença de patógenos durante o processamento das carcaças.

Nutrição: papel-chave na prevenção

A nutrição tem papel fundamental em prover nutrientes para o crescimento ósseo. É importante que os níveis nutricionais sejam ajustados à necessidade das aves e aos processos de fabricação de ração. Um desafio é fazer com que esses nutrientes cheguem até o osso. “A baixa digestibilidade dos ingredientes, granulometria inadequada, ocorrência de micotoxinas, fatores antinutricionais e agentes patogênicos presentes nos ingredientes podem levar às falhas nos processos de digestão e absorção e em agressão à mucosa intestinal, resultando em sobras de substratos que podem desestabilizar e romper a homeostase do microbioma intestinal, contribuindo com a proliferação das bactérias patogênicas”, expõe a mestre em Nutrição Animal.

De acordo com ela, o aumento, principalmente de proteína não digerida e resultante do aumento do turnover celular da mucosa intestinal, leva a putrefação e a produção de substâncias e moléculas (aminas biogênicas, ácidos graxos de cadeia ramificada, amônia, indol e escatol) que afetam a funcionalidade da mucosa intestinal. “Além da redução da absorção de nutrientes, ocorre aumento da permeabilidade intestinal, ativação do sistema imunológico do hospedeiro, translocação bacteriana, lipopolissacarídeos e padrões moleculares associados a microrganismos (MAMPs) através da barreira endotelial e liberação de citocinas pró-inflamatórias como TNF-α, IL-6, IL-11 e IL-17, que podem ativar a osteoclastogênese e aumentar a reabsorção óssea, principalmente das trabéculas, localizadas nas regiões proximais dos ossos longos”, enfatiza.

Genética das linhagens

O constante melhoramento genético tem resultado em mudanças no crescimento e na deposição de tecido muscular, alterando a conformação da carcaça pela maior deposição de carne de peito, movendo o centro de gravidade dos frangos de corte para frente. “Isso tem contribuído para que a ave adapte sua postura com modificação das propriedades morfológicas, biofísicas e mecânicas da estrutura óssea, o que afeta diretamente as regiões proximais da tíbia e fêmur e a quarta vertebra, ponto de sustentação do peso a ave. Além disso, ossos crescem acompanhando a taxa de crescimento muscular em função da gravidade que o peso vivo exerce, entretanto, não mineralizam o suficiente até a idade de abate”, frisa Jovanir.

Dessa forma, a docente diz que é importante compreender que a rápida taxa de crescimento das atuais linhagens de frangos de corte não é causa das artrites e problemas locomotores, mas sim se constitui num fator de predisposição. “Isso é confirmado pela variação na ocorrência e na gravidade dos problemas locomotores e artrites entre as linhagens genéticas, regiões, clima e até entre aviários de uma mesma companhia avícola”, menciona.

Principais desafios de manejo

Um dos principais desafios enfrentados, segundo Jovanir, é manter um ambiente adequado e saudável que permita a expressão natural do comportamento das aves, enquanto atende às necessidades de bem-estar, saúde e produtividade das mesmas. “As aves respiram, comem (ração e cama) e bebem, portanto, diminuir a carga de microorganismos patogênicos e antígenos que possam perturbar a homeostase do sistema imune de mucosas contribui não só para a redução de problemas locomotores e artrite, como também para a redução de outras condições que afetam o bem-estar das aves, a produtividade e a rentabilidade da cadeia avícola”, salienta a doutora em Zootecnia.

O manejo da cama e do ambiente das aves se constituem no maior desafio que precisa ser enfrentado. Com as constantes melhorias genéticas, o aumento da taxa de crescimento e da taxa metabólica das aves vêm acompanhado do aumento do consumo de ração, da produção de gases e da excreção de água. “A cama retém esses substratos, os quais são metabolizados pela microbiota, alterando o perfil e a diversidade, gerando ainda mais umidade e amônia”, enfatiza, ampliando: “A umidade excessiva contribui com a ocorrência direta dos problemas locomotores e artrites, enquanto que a amônia é o principal agressor da mucosa respiratória, predispondo a ocorrência de aerossaculite e outros problemas respiratórios”.

Alojamento e densidade populacional

Na eclosão, os pintainhos apresentam placas de crescimento ósseo espessas e frágeis e ossos fino e porosos. O período logo após a eclosão é um estágio crítico para o desenvolvimento ósseo e, por isso, de acordo com Jovanir, as práticas realizadas no incubatório devem prevenir lesões mecânicas e amenizar estressores e contaminações que possam impactar o crescimento e a mineralização óssea.

Somado a isso, o tempo e a qualidade do transporte dos pintainhos até as granjas podem ser fatores primários da ocorrência de problemas locomotores em frangos de corte. “No alojamento é necessário adotar estratégias que minimizem os impactos sobre essas estruturas ósseas frágeis e oferecer um ambiente adequado que permite o estabelecimento de uma microbiota simbiótica, uma vez que o pintainho não é colonizado pela transferência da microbiota materna, a exemplo de outras espécies”, pontua a médica-veterinária. O maior número de aves por metro quadrado implica em maior volume de excretas, maior umidade na cama e pior qualidade do ar, fatores fortemente associados a ocorrência dos problemas locomotores e artrite. “A densidade populacional de um aviário deve ser muito bem calculada e dimensionada levando em conta a capacidade de manter o ambiente em torno da ave adequado para o seu bem-estar, comportamento natural, produtividade e saúde”, reforça Jovanir.

Sinais clínicos comuns

Entre os sinais clínicos mais comuns de artrites e problemas locomotores em frangos de corte, estão a dificuldade locomotora (andar com dor), claudicação, busca por equilíbrio ao andar com abertura de asas, dedos tortos, assimetria entre pernas, articulações (especialmente articulação tibiotársica) quentes e com aumento de tamanho, além de aves em posição de decúbito ou sentadas.

Controle e prevenção

As medidas de controle e prevenção para reduzir a ocorrência de artrites e problemas locomotores são basicamente as mesmas previstas nos programas sanitários que as empresas e agroindústrias aplicam para reduzir a ocorrência de qualquer enfermidade ou distúrbio. “É importante que os programas sanitários sejam pautados em dados históricos de cada cooperativa ou agroindústria da ocorrência desses problemas para que seja possível a interpretação e entendimento dos fatores envolvidos e traçadas estratégias mais especificas e assertivas no controle”, enfatiza, evidenciando que além da adoção de estratégias sanitárias, nutricionais e ambientais, deve haver um comprometimento coletivo de todos os envolvidos com a cadeia avícola.

Na fábrica de ração, a especialista diz que devem ser implantados e acompanhados programas de qualidade em todas as etapas de fabricação e de processamento. “As estratégias devem ser aplicadas ainda nos matrizeiros, visando a qualidade da casca do ovo, a transferência de nutrientes para o embrião e o controle sanitário”, menciona.

No incubatório, Jovanir destaca a necessidade de realizar estudos que busquem oportunidades de aprimoramento no desenvolvimento do tecido ósseo, bem como melhorias nos processos aos quais o pintainho recém-eclodido é submetido. “É fundamental que o pintainho seja transportado para as granjas sem impacto sobre o aparelho locomotor”, frisa.

Nas granjas, a docente explica que as camas devem estar secas, trituradas e aquecidas, uma vez que a presença de cascões causa instabilidade nas articulações de ossos longos, ainda com grande quantidade de tecido cartilaginoso. “A altura dos bebedouros nipple é um fator que pode comprometer a saúde das placas de crescimento dos ossos, devido ao esforço para beber água. O manejo do ambiente das aves, a qualidade do ar e água são fatores fundamentais para controlar a diversidade e a carga microbiológica e eliminar organismos competitivos, promovendo a manutenção da estabilidade do microbioma simbiótico no ambiente intestinal da ave”, reforça.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Paraná impõe mais rigor para manter gripe aviária longe de seus planteis

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o
consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais.

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Com pouco mais de quatro meses sem uma ocorrência do vírus da Influenza aviária de Alta Patogenicidade (H5N1) no Paraná, a Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) continua alerta e atuando em conjunto com as entidades setoriais e a cadeia produtiva do estado no combate à doença. O vírus é altamente contagioso e afeta várias espécies de aves industriais, domésticas e silvestres, além de animais marinhos e ocasionalmente outras espécies.

Até o fechamento desta reportagem haviam 13 focos de gripe aviária confirmados no Paraná, todos na região litorânea e em animais silvestres. Com três casos cada, Guaraqueçaba, Paranaguá e Pontal do Paraná lideram os registros, seguidos por Guaratuba com dois focos, enquanto Antonina e Matinhos reportaram um foco cada.

Até o momento, não foram registrados casos em aves comerciais ou de subsistência no Paraná, sendo todas as ocorrências diagnosticadas em aves silvestres das espécies trinta-réis-real, trinta-réis-de-bando e gaivota-maria-velha.

Médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim: “O consumo de carne e de ovos é segura” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

O médico-veterinário e fiscal de defesa agropecuária da Adapar, Jeison Solano Spim, ressalta que as regras de biosseguridade para registro avícola sempre foram muito rígidas no estado. “O Paraná segue uma legislação nacional, mas com suas particularidades, uma vez que enquanto a legislação do país dispensa o registro para produtores com até mil aves, no Paraná essa regra é mais rigorosa, exigindo registro independente da quantidade de aves mantidas pelo produtor. “Se for produtor comercial, obrigatoriamente precisa de registro e precisa cumprir as medidas de biossegurança exigidas”, enfatiza Spim.

Mesmo com o enfrentamento da Influenza aviária, essas regras não sofreram alterações significativas, já que são bastante rigorosas desde o início. O que foi intensificado é a fiscalização, que ocorre no momento do registro, válido por cinco anos. Durante esse período de vigência do registro, as granjas são submetidas a vistorias periódicas por fiscais. Spim explica: “Durante esses cinco anos a granja recebe periodicamente a vistoria de fiscais até o momento da renovação, quando é feita uma nova vistoria”.

Essas medidas visam garantir a conformidade com os protocolos de biosseguridade e contribuir para a prevenção e controle de doenças avícolas, incluindo a Influenza aviária. “A cooperação dos produtores e o rigor na aplicação das regulamentações são essenciais para proteger tanto a saúde das aves quanto a segurança alimentar da população”, salienta o fiscal.

Intensificação da fiscalização

Em dezembro de 2023, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) demandou que os órgãos de defesa agropecuária dos estados intensificassem as ações junto às granjas. “Passamos mais um pente fino nas unidades produtivas, ocasião em que foram identificadas algumas granjas com problemas sanitários pontuais, que incluem principalmente questões de manejo e limpeza do ambiente. Para regularizar esses problemas, iniciamos em fevereiro uma ação nestas unidades”, relata Spim.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná mantém uma vigilância e busca ativa pelo vírus da Influenza aviária a fim de mapear em quais locais o vírus está circulando. “Esse trabalho é constante e é realizado desde que o primeiro caso foi confirmado no Paraná, em junho de 2023, demonstrando o compromisso do estado com a segurança sanitária na produção avícola”, evidencia o fiscal.

Maior produtor de aves do país

Em 2023, o Paraná reafirmou seu protagonismo na produção de alimentos, especialmente na avicultura. O estado produziu 2,1 bilhões de frangos, mantendo sua liderança no

ranking nacional com uma participação de 34,3%, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de acordo com os dados divulgados em março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado representou um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior, reafirma a posição do Paraná como principal polo de produção avícola do país. “O Paraná ostenta o título de principal produtor de frango do Brasil, um feito atribuído ao trabalho dedicado das empresas, entidades setoriais, do governo e dos produtores que garantem qualidade do alimento que chega à mesa dos consumidores”, destaca o profissional.

Além disso, o estado também cresceu na produção de ovos de galinha, alcançando a marca de 434 milhões de dúzias em 2023, aumento de 7,1% em relação a 2022 e um novo recorde na série histórica. Esses dados reforçam o papel fundamental do Paraná na garantia do abastecimento nacional e na consolidação da agroindústria brasileira como um dos principais players globais.

Em todo o país foram abatidos 6,28 bilhões de frangos, crescimento de 2,8% em relação ao ano anterior, o que também foi o melhor resultado da série histórica iniciada em 1997. Além disso, o país registrou um aumento na produção de ovos de galinha, alcançando um total de 4,21 bilhões de dúzias, outro recorde histórico.

Educação sanitária

Além das ações de fiscalização e controle, o fiscal da Adapar enfatiza a importância da educação sanitária. Spim frisa que é fundamental alinhar diretrizes de segurança da produção que devem ser seguidas à risca, mas ressalta que os produtores também estão conscientes de suas responsabilidades para garantir a biossegurança na produção de animais. “Essa abordagem holística, que combina fiscalização rigorosa, vigilância ativa e educação sanitária, é essencial para manter a segurança e a qualidade da produção avícola do Paraná e assegurar a confiança do consumidor no produto final”, reforça.

Avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, em Guaraniaçu, PR: “Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”

Com capacidade para alojar até 70 mil aves por lote, o avicultor Altevir Ferneda, da Linha Rocinha, localizada em Guaraniaçu, interior do Paraná, afirma que sempre manteve medidas de biosseguridade rigorosas em sua propriedade, mas, com a ocorrência dos primeiros casos da doença em aves silvestres no litoral, essas medidas foram intensificadas. “Nossa granja é toda automatizada e restringimos o acesso exclusivamente aos funcionários autorizados. Monitoramos de forma contínua as instalações dos aviários e mantemos cuidado especial com as aves, a fim de sua segurança e saúde sejam garantidas”, assegura. “Reconhecemos a importância desse cuidado rigoroso para evitar a entrada de qualquer patógeno nas instalações. Desde o início de nossa produção avícola, sempre priorizamos a máxima atenção à criação, conscientes da responsabilidade que carregamos”, exalta o produtor, que trabalha junto com os familiares Fernando, Aline e Frederico na propriedade.

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Período de migração

O médico-veterinário conta que até 2023 a agência trabalhava com uma rota migratória que trouxe o vírus para o país. No entanto, ao longo do ano, os fiscais aprenderam mais sobre as aves migratórias e descobriram várias rotas, incluindo aquelas que vêm diretamente da Europa para o Brasil. Isso ocorre durante todo o ano, o que significa que aves migratórias chegam todos os meses ao país de áreas contaminadas de diferentes partes do mundo. “Essa descoberta colocou a defesa agropecuária em alerta constante. Nosso trabalho é voltado não apenas para conter o foco, mas, sim, para garantir que a doença fique fora das granjas comerciais”, reforça Spim, acrescentando: “Através de uma parceria com a Universidade Federal do Paraná, que possui um centro de estudos de animais da fauna marinha no litoral, somos comunicados sempre que eventos fora do comum, como a morte de aves silvestres, acontece à beira mar, inclusive com os pesquisadores nos auxiliando na identificação de aves suspeitas”.

Como proceder em casos suspeitos

Em caso de detecção de um foco suspeito de Influenza aviária, Spim explica que o controle é realizado conforme o Plano Nacional de Contingência, disponível no site do Ministério da Agricultura e Pecuária, que estabelece zonas de atuação, perímetros de vigilância e atividades específicas para controlar o foco. “Cada zona possui protocolos diferentes para mitigar a disseminação do vírus”, expõe.

O médico-veterinário ressalta que a notificação imediata é fundamental. “Qualquer suspeita, especialmente em granjas comerciais, deve ser comunicada à Adapar imediatamente. No caso de uma confirmação em uma granja comercial, o Brasil perde seu status de país livre da doença, o que terá uma repercussão global. Isso pode levar ao fechamento e dificuldade de recuperação de mercados”, aponta, ampliando: “A colaboração entre todos os elos da cadeia produtiva e instituições de pesquisa é essencial para garantir a segurança da produção avícola e proteger a reputação do Brasil como um dos principais produtores e exportadores de alimentos do mundo”.

 Importância da conscientização sobre a doença

Além das medidas de controle voltadas para a segurança alimentar e a reputação da indústria avícola paranaense e brasileira, também é importante desmistificar mitos e informar o consumidor sobre a doença e que o consumo de produtos avícolas é seguro mesmo que haja ocorrência de foco em granjas comerciais. A Influenza aviária é um vírus que circula no mundo há muitos anos, com um novo ciclo iniciado em 2014. No entanto, nunca houve registro de casos em humanos devido ao consumo de carne de frango e de ovos. “O consumo de carne e de ovos é segura”, ressalta.

A intensificação do controle da doença é fundamental devido ao impacto significativo que ela pode ter na cadeia de produção das aves. “Além de proteger a saúde das aves e garantir a qualidade dos produtos avícolas, os esforços de controle da Influenza aviária visam também tranquilizar o consumidor quanto à segurança dos alimentos. A conscientização sobre a doença e suas formas de transmissão ajuda a evitar preocupações desnecessárias e a manter a confiança na qualidade dos produtos avícolas disponíveis no mercado”, argumenta o médico-veterinário.

 O que fazer em caso de suspeita da doença

Ao avistar uma ave morta, Spim reforma que não se deve aproximar e nem mexer no animal, a fim de evitar a propagação do vírus. “Comunique imediatamente a suspeita ao Serviço Veterinário Oficial da sua região, que fará o trabalho de investigação e, se a suspeita for confirmada, desencadeará todas as medidas cabíveis”, salienta.

A Adapar dispõe de 21 Unidades Regionais de Sanidade Agropecuária (URS) com a atribuição de administrar 130 Unidades Locais de Sanidade Agropecuária (ULSA) e 33 Postos de Fiscalização do Trânsito Agropecuário (PFTA). Para saber onde está localizada a unidade da sua região acesse www.adapar.pr.gov.br/Pagina/Unidades-Regionais-de-Sanidade-Agropecuaria-URS.

Para prevenir e reduzir o risco de introdução da Influenza aviária na criação de aves comerciais é necessário tomar as seguintes medidas:

  • Cercar as unidades produtivas avícolas para que outras pessoas não entrem na produção.
  • Evitar o trânsito de pessoas e animais, bem como o contato das aves comerciais como patos, marrecos, gansos, perus e pássaros silvestres.
  • Realizar a lavagem e desinfecção de veículos para entrar e sair do núcleo de produção na propriedade.
  • Limpar e desinfetar regularmente sapatos, roupas, mãos, gaiolas, caixas, equipamentos e utensílios usados no aviário.
  • Evitar compartilhar ferramentas ou equipamentos com outros criadores.
  • Lavar sempre as mãos antes e depois de interagir com as aves.
  • Realizar controle de roedores e outras pragas que possam veicular doenças.
  • Oferecer água tratada às aves. O contato com água sem tratamento, procedente de nascente, pode comprometer todo o plantel.
  • Notificar o Serviço Veterinário Oficial da presença de sinais de doenças nervosas, respiratórias ou casos de morte repentina de grande quantidade de aves em um pequeno período de tempo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Congresso APA debate avanços e desafios na avicultura de postura

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Considerado um dos maiores eventos avícolas do Brasil, o Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos foi mais uma vez sucesso absoluto de público. Realizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), a 21ª edição reuniu produtores, fornecedores, academia, profissionais da área e grandes nomes do setor no mês de março, em Ribeirão Preto (SP).

Coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura: “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção. Além disso, 75 trabalhos científicos foram expostos em pôsteres, enriquecendo ainda mais o ambiente acadêmico e profissional do evento.

O coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura, destaca a evolução do evento. “A cada ano o congresso tem crescido em tamanho, o que muito nos orgulha. Superamos todas as nossas expectativas”, enfatizou. “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”, frisou.

Debates

Na edição 2024 temas essenciais do cotidiano do setor foram abordados, incluindo sanidade, inovação, evolução genética, exigências nutricionais, qualidade da água na granja, práticas de manejo, uso de minerais e aditivos alternativos, qualidade de casca, análise de dados, vacinação contra coccidiose, nutrição de precisão, vacina autógena, Influenza aviária, entre outros. “O fato de estarmos em um evento que não tem um espaço de feira de negócios em paralelo contribui muito para a interação dos participantes, que aproveitam os momentos de intervalo para tirar dúvidas, compartilhar opiniões, adquirir novas ideias, até por estarmos ainda no início do ano muitos dos assuntos discutidos no congresso podem ser bem utilizados ao longo de 2024”, salientou o zootecnista Diogo Ito, membro da Comissão Organizadora.

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques: “Esse congresso oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano”

Riqueza de informações

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques compartilha suas impressões sobre o congresso e destaca os aspectos que mais a impressionaram: “Esta foi a primeira vez que participei deste congresso e foi uma experiência enriquecedora. Ele oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano, especialmente dada a especificidade da nossa área. Foi uma experiência repleta de aprendizados, oportunidades de networking e compartilhamento de conhecimento”, frisou.

Trabalhos premiados

Durante o evento, os melhores trabalhos científicos em cada categoria foram premiados. O estudante Felipe Dilelis, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria Outras Áreas pelo trabalho intitulado “Biofilmes proteicos para manutenção da qualidade interna de ovos caipiras armazenados em temperatura ambiente”. Na categoria Sanidade, o prêmio foi para Viviane Amorim Ferreira, da Unesp Jaboticabal, pelo trabalho “Deleção do gene mgtC em Salmonella Gallinarum resulta em progressão retardada do Tifo Aviário”. Raully Lucas Silva, da Unesp de Jaboticabal, levou o 1º lugar na categoria Nutrição com o trabalho “Modelos não-lineares de efeito misto para predição das exigências de energia metabolizável e líquida em galinhas poedeiras na fase de postura”. Na categoria Manejo, o principal prêmio foi conquistado por Ednardo Rodrigues Freitas, da Universidade Federal do Ceará, com o trabalho “Programa de luz e forma física da ração pré-inicial sobre o desempenho de pintainhas até 35 dias de idade”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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