Suínos Redução de estresse no pós-desmame
Como o consumo precoce de ração impacta o desempenho do leitão na fase de creche
Uma ração pós-desmame deve ser formulada com ingredientes adequados para um sistema digestivo ainda em formação, garantindo o fornecimento dos nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento saudável dos leitões.

A fase de desmame é um período crítico na produção suína, onde os leitões enfrentam diversos desafios, incluindo a separação da porca, mudanças ambientais e a transição alimentar. Para garantir o sucesso na suinocultura, é essencial minimizar o impacto desses desafios. O manejo adequado na transferência dos leitões, a qualidade e limpeza das instalações de creche, a oferta de água de qualidade e a formação de lotes são fatores fundamentais no momento do alojamento. Investir em atenção aos detalhes durante o desmame pode trazer benefícios significativos a longo prazo, pois leitões saudáveis tendem a crescer mais rápido, apresentar menor taxa de mortalidade e melhor conversão alimentar, gerando ganhos econômicos para os produtores.
Neste artigo, abordaremos outro fator crucial para o desenvolvimento dos leitões: o consumo adequado de alimento pré e pós-desmame, fornecendo nutrientes essenciais para estimular o desenvolvimento do sistema digestivo e promover a estabilização do microbioma intestinal dos leitões.
Uma ração pós-desmame deve ser formulada com ingredientes adequados para um sistema digestivo ainda em formação, garantindo o fornecimento dos nutrientes essenciais para o crescimento e desenvolvimento saudável dos leitões. É crucial que os leitões consumam uma ração de qualidade nessa fase, pois o não cumprimento dessa necessidade pode prejudicar o seu crescimento, levando ao desenvolvimento de animais menores, com baixa eficiência alimentar e fragilidade imunológica. Como o leitão ainda está em desenvolvimento, esses fatores terão impacto na maturação do sistema digestivo e imunológico, resultando em consequências negativas no seu potencial de crescimento e ganho de peso até o momento do abate.
Durante essa transição, é comum que, devido às situações de estresse, os leitões reduzam ou até cessem o consumo de alimento, resultando em um déficit na ingestão energética e de nutrientes. Esse déficit alimentar compromete o sistema digestivo e imunológico, desencadeando um processo inflamatório intestinal que pode levar a diarreia, piora na conversão alimentar, queda no ganho de peso e aumento da mortalidade. Em casos mais graves, as consequências desse declínio no consumo podem causar mudanças na composição corporal dos animais e atrasos em seu desenvolvimento, resultando em subaproveitamento do potencial de crescimento dos leitões e gerando perdas significativas tanto na produtividade como na economia do sistema de produção.
Estratégias
No entanto, é importante destacar que uma ração de qualidade no pós-desmame não é garantia suficiente para minimizar os efeitos do estresse nos leitões. Para evitar a redução do consumo de alimento, é essencial adotar estratégias adequadas. Uma das principais estratégias é familiarizar o leitão com a ração oferecida, proporcionando a disponibilidade em cochos acessórios e mantendo a formulação, características físicas e atratividade da ração. Para isso, é recomendado um programa de arraçoamento, permitindo que o leitão ao final do período de aleitamento, tenha acesso a mesma ração completa que será oferecida no alojamento e nos primeiros dias de creche. Esse reconhecimento da ração criará um efeito conhecido como “imprinting”, resultando em um consumo inicial mais rápido e voluntário, tornando a transição para a ração seguinte mais suave, devido ao desenvolvimento e adaptação do animal.
Além disso, durante a fase de aleitamento o leitão tem acesso ao leite da porca, e mesmo sendo de conhecimento que hoje com a hiperprolificidade obtidas com os avanços genéticos o volume de leite que a matriz consegue produzir não é suficiente para toda a leitegada e a nutrição do leitão deverá ser suplementada com outros produtos, sabemos que a preferência do animal sempre será pelo leite, portanto o estímulo ao consumo da ração sólida se torna fundamental. Manter os cochos limpos, secos, posicionados de maneira a evitar contaminação com urina da matriz ou água do bebedouro e disponibilizar pequenos volumes do alimento sólido diversas vezes ao dia faz com que os leitões visitem com mais frequência. Dessa forma, o incentivo ao consumo de alimentos sólidos desde os primeiros dias de vida será a chave para um maior consumo voluntário durante toda a fase de aleitamento, garantindo o desenvolvimento saudável e o bem-estar dos leitões.
A palatabilidade das rações e produtos ofertados no período de maternidade, como complemento ao leite da porca, despertam o interesse dos leitões, associando isso a uma composição de qualidade, níveis nutricionais ideais, matérias primas de alta digestibilidade, aditivos tecnológicos e a forma física adequada, conseguimos atingir uma excelente ingestão de alimento sólido para fase, o que influencia positivamente o desenvolvimento do sistema digestivo dos leitões, estimulando a produção de enzimas digestivas e a adaptação do trato gastrointestinal.
Leitões que consomem quantidades adequadas de ração têm maior capacidade de absorção de nutrientes, promovendo um crescimento saudável e reduzindo o risco de distúrbios digestivos. Outro ponto que demanda atenção quando desenvolvidos os produtos para leitões em aleitamento é colonização e manutenção da microbiota, visto que o crescimento de bactérias benéficas no intestino melhora a saúde intestinal, a eficiência alimentar e consequentemente contribui para a prevenção de doenças e melhora o desempenho geral dos leitões.


Gerente de Produtos para suínos na Agrifirm, Daniela Junqueira Rodrigues – Foto: Divulgação/Agrifirm
Em resumo, o uso de rações ou suplementos sólidos, racionalmente formulados, com alta palatabilidade e ricos em energia, contendo proteínas animais e vegetais de alto valor biológico, bem como pré e probióticos, é fundamental para os leitões desde os primeiros dias de vida. Adicionar aromas, sabores e características físicas que despertem a atratividade e curiosidade do leitão é essencial para estimular e garantir um alto consumo voluntário.
Essas práticas proporcionam condições ideais para um desenvolvimento promissor dos leitões, resultando em animais mais saudáveis, produtivos e de alta qualidade, o que, por sua vez, torna a produção mais rentável.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.
Colunistas
Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.
O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock
Reposicionar para crescer
Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.
Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.
O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.
Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.
Digital: o novo campo do agro
As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels
compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.
Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.
Promoções e estratégias de varejo
Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.
Marketing como elo da cadeia produtiva
A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.



