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VOZ DO COOP

Avicultura Entender para diagnosticar

Como o conhecimento teórico e a monitoria sanitária contribuem para lidar com as adversidades nas granjas

As ferramentas laboratoriais, sejam para fins de diagnóstico ou monitoria, são grandes aliadas na nossa rotina na avicultura e devemos utilizá-las com sabedoria.

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O conhecimento teórico aprofundado das principais doenças avícolas (etiologia, epidemiologia, patogênese etc.) é indispensável para as diversas pessoas envolvidas no processo produtivo de uma granja, que precisam chegar, em algumas situações, a um diagnóstico definitivo acerca de um problema.

Por meio da observação de sinais clínicos e achados de necropsia, cabe a essas pessoas, entendendo como as doenças se expressam, estabelecer quais agentes são suspeitos de causar tais contrariedades e, assim, coletar as amostras necessárias para um diagnóstico laboratorial definitivo. Com essas informações em mãos, fica facilitado o tratamento, controle e prevenção da enfermidade.

O planejamento das coletas deve ser feito buscando responder aos questionamentos abaixo:

  • Quais materiais preciso levar para o campo?
  • Quais aves irei escolher?
  • Qual a amostragem vou estabelecer?
  • O que devo coletar?
  • Como acondicionar e em que recipientes?
  • Para quais testes vou solicitar as análises?

Vamos tomar como exemplo um lote hipotético de frangos de corte onde observou-se que o peso semanal ficou abaixo do padrão, houve diminuição no consumo de ração e as aves apresentavam-se menos ativas.

Esses primeiros sinais ligam o alerta de que pode estar havendo um problema, portanto, uma investigação mais aprofundada deve ser realizada. A observação geral do lote (espirro, estertores) e do comportamento das aves (apatia e aves em decúbito ventral), aliada com a necropsia (corrimento nasal, conjuntivite catarral, edema facial, espessamento dos sacos aéreos e acúmulo de muco seroso nas vias respiratórias), evidencia um agente com implicações no trato respiratório.

Sem lesões patognomônicas presentes para um diagnóstico definitivo, temos um indicativo de quais patógenos possam estar envolvidos (IBV, mAPV, por exemplo) o que facilita a determinação de quais amostras devo coletar e o que solicitar em termos de apoio laboratorial.

Com tesoura, pinça, swab, frasco ou embalagem estéril em mãos, temos o material necessário para realizar uma coleta da forma mais asséptica possível para evitar contaminação. Uma boa amostragem, em número e com seleção de aves apresentando sinais clínicos no início, aumentam as chances de isolar o agente ainda em replicação no indivíduo.

O auxílio da biologia molecular, por meio da técnica de PCR, ajudará na identificação do patógeno envolvido. Já a coleta de soro sanguíneo para sorologia é outro teste de grande relevância que contribui para o diagnóstico e, nesse exemplo, também foi utilizada. Imaginando o cenário de que a empresa possuía um baseline estabelecido e confiável, com os resultados das análises disponíveis, ficaria mais fácil identificar quaisquer títulos médios no ELISA fora do padrão.

Para concluir esse exemplo, suponhamos que o agente isolado e identificado via PCR dos seios nasais dessas aves foi o Metapneumovírus aviário (mAPV). Os sinais clínicos nos deram esse indicativo e o lote não era vacinado para tal doença.

Observando-se o histórico de sorologias regularmente realizado pela empresa, as médias de títulos sinalizavam uma leve subida ao longo dos últimos lotes, embora sem repercussão no desempenho das aves, o que não preocupou o sanitarista a priori. Aqui fica um sinal de alerta de que algo poderia acontecer e foi sinalizado pela monitoria. Com os resultados laboratoriais da biologia molecular disponíveis e o ELISA demonstrando títulos altos para esse vírus, coube aos decisores adotar uma vacina para controle do desafio a campo nos lotes seguintes, o que permitiu o retorno aos resultados esperados.

Vejam como todas as peças desse quebra-cabeças foram se encaixando à medida que as decisões corretas (como coleta de material de forma apropriada, amostragem confiável e representativa, escolha do exame laboratorial ideal) foram sendo tomadas. Como bem sabemos, essas situações não são raras na rotina de uma granja, na verdade o objetivo é reduzi-las ao máximo e isso é possível, em grande parte, com uma monitoria sanitária sistemática e organizada.

As ferramentas laboratoriais, sejam para fins de diagnóstico ou monitoria, são grandes aliadas na nossa rotina na avicultura e devemos utilizá-las com sabedoria. Os “sinais” estão sempre mostrando o caminho certo. Interpretá-los é o detalhe.

Fonte: Por Antônio Neto, médico-veterinário, assistente técnico da divisão de Aves da Zoetis

Avicultura Sanidade Avícola em Foco

Seminário Técnico sobre frango de corte reúne especialistas em Itapetininga

Evento ocorre em 15 de outubro e vai abordar prevenção e controle de doenças respiratórias em frangos de corte.

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A Associação Paulista de Avicultura (APA) e a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) se unem, no dia 15 de outubro, para realizar o Seminário Técnico: Frango de Corte, um evento voltado para profissionais do setor avícola. O encontro será realizado no Anfiteatro da Prefeitura de Itapetininga, cidade de São Paulo e terá como foco principal a capacitação técnica e a orientação sobre a criação de frangos de corte.

Durante o seminário, o destaque será para as Síndromes Respiratórias Neurológicas (SRNs), abordando medidas de prevenção, controle de doenças e a relevância da biosseguridade para a sustentabilidade da produção avícola. As palestras contarão com renomados especialistas da área, como o doutor Paulo Martins, da BioCamp, Paulo Blandino, médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Sanidade Avícola da Defesa Agropecuária, a doutora Ana Caselle, da San Vet, e a doutora Tabatha Lacerda, representante da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Com o objetivo de aprimorar as práticas de biosseguridade e elevar a qualidade da produção avícola, o seminário é uma oportunidade única para os participantes se atualizarem sobre os desafios e avanços do setor. As inscrições podem ser feitas gratuitamente neste link.

Essa parceria entre a APA e a CDA reforça o compromisso com o fortalecimento da sanidade avícola em São Paulo, contribuindo para uma produção mais segura e eficiente, alinhada às exigências do mercado global.

Fonte: Assessoria APA
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Avicultura

Custos baixos seguem favorecendo setor avícola

Avicultura segue em uma perspectiva positiva, com custos de ração controlados e demanda interna e externa favoráveis, apesar das restrições da China.

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A perspectiva segue favorável para a avicultura, com os custos de ração sob controle e as demandas interna e externa favoráveis. No mercado interno, a maior procura advém dos preparativos para o final do ano e no front externo, com o setor compensando em outros destinos as restrições da China, que poderão ser retiradas.

Embora a própria conjuntura do setor de carne de frango tenha limitado uma reação mais significativa do preço no mercado interno, isto é, produção relativamente acelerada combinada com restrições de exportação, há também o “peso” da conjuntura do setor de bovinos, com os preços baixos do dianteiro, tornando a opção bovina competitiva. Todavia, a reação dos cortes bovinos ocorrendo mais claramente a partir de setembro, e com tendência de seguir em se recuperando, é positiva para a avicultura.

 

Preços do dianteiro bovino x frango. Fonte: Cepea

Na primeira previsão para 2025, o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na China estimou que a produção e o consumo chinês devem crescer 2% e 0,9%, respectivamente, no próximo ano, dado este aumento da produção doméstica, refletindo as boas margens, alívio na disponibilidade de material genético suportando o aumento de produção e restrições sobre fornecedores externos.

Já as importações estão previstas com queda de 33% (450 para 300 mil t), ou seja, continuando o que já se observa neste ano, que é o país asiático menos presente nas importações. Apesar desta perspectiva, o cenário é positivo para as exportações brasileira aos Emirados Árabes, Japão, Arábia Saudita entre outros.

Com as exportações um pouco menores neste ano (-2% até agosto), ainda que sobre uma base de comparação elevada – recorde histórico de 2023 – a possível sustentação dos preços nos próximos meses dependerá diretamente da velocidade de produção, que não dá sinais de contração. Assim, caso o ritmo das exportações siga abaixo do ano passado, seria ideal o setor dosar um pouco os alojamentos.

Spread das exportações de carne de frango. Fonte: Secex, Embrapa, Itaú BBA

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
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Avicultura

Apesar das menores exportações de carne de frango, spreads fortaleceram

Os custos da avicultura apresentaram leve queda em agosto, ao passo que os preços da ave viva evoluíram 4,3%, aliviando o spread da atividade, após dois meses no campo negativo.

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Os embargos decorrentes do caso de Newcastle no Rio Grande do Sul (RS) prejudicaram a quantidade exportada em agosto, porém houve melhora dos preços de embarque, assim como no mercado doméstico, ao mesmo tempo em que os custos aliviaram um pouco, fortalecendo os spreads.

Os custos da avicultura apresentaram leve queda (-0,8%) em agosto, ao passo que os preços da ave viva evoluíram 4,3%, aliviando o spread da atividade, após dois meses no campo negativo. Já na parcial de setembro (1ª quinzena) os preços tanto do milho quanto do farelo de soja voltaram a subir, alinhando os custos aos preços (R$ 4,63/kg vivo).

Custos, preços e spreadda avicultura (PR e RS) – Fonte: Embrapa, Deral, Estimativas Itaú BBA
*valores no mercado spot

Já no atacado, no estado de São Paulo (SP), o frango inteiro congelado registrou altas em agosto e na parcial de setembro, mas, embora positivas, foram ganhos modestos, aumento de 2,7% em agosto frente a julho e 1% em relação a setembro quando comparado com agosto.

Nas exportações, os envios de carne in natura em agosto foram mais fracos (356,4 mil toneladas), 18% menores sobre julho e 13% abaixo de agosto de 2023, decorrente dos embargos ocorridos após o caso de Newcastle no Rio Grande do Sul, ainda que a situação tenha aliviado, mas não esteja totalmente normalizada. Os embarques para a China, por exemplo, caíram de 61 mil t em jullho deste  ano para 16 mil toneladas em agosto.

Apesar dos menores volumes, o preço médio da carne embarcada subiu 9,6% ante o mês anterior, uma variação expressiva e que favoreceu bastante o spread da exportação, sendo o melhor desde maio de 2019. A alta forte decorreu do aumento dos envios a países de maior valor agregado, caso do Japão.

Embora defasados para justificar os movimentos de preços recentes, os dados de abates do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o ritmo de produção de carne de frango acelerou no 2T 24 frente ao trimestre anterior, saindo de uma queda de 2,5%no 1T24 para crescimento de 2,1% no 2T 24, com os abates, inclusive, batendo novo recorde histórico.

Preços do frango inteiro congelado no estado de SP – Fonte: Cepea

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
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