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Como fazer uma desmama eficiente

O desmame pode ser realizado de formas diferentes, de acordo com as intenções do pecuarista

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Artigo escrito por João Paulo Lollato, médico veterinário e coordenador de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó; e Reuel Luiz Gonçalves, médico veterinário e gerente de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó

O índice zootécnico Taxa de Desmama é um excelente indicador para se avaliar uma fazenda de cria ou ciclo completo. Este índice consiste na relação entre o número de bezerros desmamados dividido pelo número de vacas expostas dentro de um determinado período pecuário. Alguns indicadores mais produtivos relatam que esta relação pode chegar a 79,1%. Este índice leva em consideração as perdas gestacionais e também a mortalidade de bezerros dentro do mesmo período avaliado.

A desmama se caracteriza pela retirada do bezerro do contato com a vaca. Tradicionalmente, realiza-se este manejo entre o 7º e 9º mês de idade. Nessa época, o animal já é um ruminante e tem plena condição de utilizar forragem sólida como única fonte de energia e de nutrientes de que necessita. Além do mais, a participação do leite na dieta do bezerro é pequena após o terceiro mês de lactação.

O desmame pode ser realizado de formas diferentes, de acordo com as intenções do pecuarista. Além disso, pode ocorrer em momentos distintos da vida do bezerro, dependendo do manejo realizado em cada propriedade. No entanto, para que esse período não seja crítico e/ou acarrete perdas, é preciso um planejamento com antecedência. Só assim, haverá uma desmama com eficiência e com bezerros que atinjam bom peso.

Para isso, é fundamental adotar um programa sanitário e aliá-lo ao programa de desmama, dando início neste protocolo antes do nascimento do bezerro. Um dos problemas recorrentes durante a fase de aleitamento e que pode influenciar no seu desenvolvimento, por exemplo, são as diarreias neonatais. Para se evitar essa enfermidade, a indicação é para que se faça uma vacinação preventiva na vaca com 60 e 30 dias antes do parto, contra Escherichia coli e Rotavírus (G6 e G10). Essa medida ajudará a baixar os índices de diarreia neonatal nos primeiros 35 dias de vida do bezerro, além de promover um excelente desenvolvimento, garantindo um bezerro mais sadio e, consequentemente, com melhor peso até a desmama.

No nascimento temos a etapa da cura do umbigo, quando se deve utilizar no manejo iodo 10% (“queima” do umbigo), uso de um repelente mosquicida, além de ser recomendada a aplicação de doramectina 1,1% para prevenir a instalação de uma miíase.

Entre 60-90 dias o produtor deve se atentar à prevenção efetiva contra doenças que podem prejudicar ou causar a mortalidade em bovinos. Esse é o momento de vacinar contra a clostridiose (indicada uma com 8 cepas + a cepa de E. coli J5) e, caso a região seja endêmica para a raiva, é fundamental fazer a aplicação da vacina antirrábica, com reforço 30 dias depois da primeira dose (simples, não conjugado). Ainda entre os três e oito meses, as fêmeas devem receber vacina B19 contra a brucelose, uma doença que, além de prejuízos econômicos na propriedade, é uma zoonose e possui controle oficial.

O produtor pode aproveitar esse manejo, com 90-120 dias, para desverminar o animal com vermífugo concentrado. Caso seja uma época chuvosa, em que há o desafio de combater os endo e ectoparasitas, há a indicação de ministrar a Ivermectina concentrada (3,15%), que atua com longa ação. Caso seja na época da seca, com apenas o desafio de combater os parasitas internos, pode-se ter como aliado o fosfato de levamisol concentrado (23,63%).

Um ponto importante que temos observado é que a suplementação com minerais injetáveis, à base de Cobre e Zinco orgânicos, nessa fase auxilia de forma efetiva para o desenvolvimento dos animais, influenciando positivamente na imunidade.

Após esse primeiro manejo, de dose e reforço das vacinações, já por volta dos sete/nove meses preferencialmente antes da desmama, a orientação é que seja realizada uma terceira dose das vacinações contra clostridiose (com 8 cepas + cepa de E. coli J5 para prevenção de diarreias), vacina antirrábica e novamente a aplicação de vermífugo de longa ação. Isso porque caso esse animal seja encaminhado a um manejo de recria, poderá ficar até quatro meses sem ter que voltar para um manejo de curral. Neste momento também é indicada novamente a aplicação da suplementação injetável (Zinco e Cobre orgânicos), que auxiliará na imunidade e minimizará o estresse que esse animal passará no período da desmama.

Protocolo sugerido – nascimento a desmama

  • Adultos*

– Anualmente: vacina clostridial + vacina antirrábica

– Sessenta dias pré-parto: Vacina para prevenção da Diarreia Neonatal

– Trinta dias pré-parto fazer reforço da vacina para prevenção da Diarreia Neonatal e um vermífugo à base de fosfato de levamisol concentrado (23,63g)

  • Bezerros (AS)*

– Nascimento: “Queima do umbigo com Iodo 5% ou 10% + Doramectina 1,1% + Repelente

– Noventa dias de nascido: Vacina Clostridial com 8 cepas + E. coli J5 + Vacina antirrábica + Vacina prevenção Botulismo + Doramectina 1,11% ou Ivermectina 1,13% LA + Suplementação Injetável com Zinco e Cobre orgânicos

– Cento e vinte dias de nascimento: Ivermectina 3,15% LA + reforço vacina clostrial + reforço vacina antirrábica + reforço vacina antibotulínica + suplemento mineral injetável

– Desmama: Nova dose da vacina clostridial + nova dose vacina antirrábica + suplemento mineral injetável e ivermectina 3,15% LA

*Bezerros e bezerras filhos de mães não vacinadas, iniciar a vacinação no D60 e reforço no D90. Depois refazer na desmama e anualmente.

Cuidados com a vaca

Caso a vaca não tenha sido imunizada e o bezerro apresente diarreia nos primeiros meses de nascimento, é necessário intervir com tratamento, além de identificar o agente causador para tomar as medidas necessárias de prevenção. A indicação nesta situação é o uso imediato de antibióticos. Nesse sentido, indicamos o Florfenicol 30% devido à sua praticidade de aplicação em dose única subcutânea, bem como a utilização de suplementação oral com probióticos e prebióticos.

Na prática, o produtor de gado de corte processa a desmama visando principalmente a vaca, a fim de que ela possa recuperar a condição corporal para parir bem e poder emprenhar logo, considerando que uma vaca produtiva e rentável é aquela que fornece para a fazenda um bezerro por ano.

Durante o período de desmama, o animal em desenvolvimento tem de fazer a transição de um estado de completa dependência dos cuidados maternos para um de independência. Num sentido amplo, desmama envolve todo um complexo aparato de mudanças comportamentais, nutricionais, morfológicas, fisiológicas e metabólicas, que constituem a transição para uma existência adulta independente.

Dessa forma, para os animais nascidos entre agosto e novembro, provenientes da estação de monta de novembro a fevereiro, recomendada pela Embrapa-CNPGC para o Brasil Central, a desmama tradicional deve ocorrer em duas etapas, nos meses de fevereiro e abril, mais tardar maio.

Separação

Uma alternativa para amenizar o estresse da separação é a introdução de animais adultos junto com os recém-desmamados, o chamado “amadrinhamento”, que tem a função de acalmar esses bezerros. Se possível, os bezerros devem ser desmamados tirando-se as mães do piquete de desmama, de forma que eles permaneçam em ambiente conhecido.

Após a separação, os bezerros devem permanecer em pastagens adequadas (forrageiras de alto valor nutritivo, de pequeno porte e alta densidade), com acesso a água e minerais de excelente qualidade. Observações realizadas na Embrapa-CNPGC com mães e crias desmamadas e separadas em pastos adjacentes demonstraram maior tranquilidade, tanto para as vacas quanto para os bezerros, desde os primeiros dias. Entretanto, tal separação exige a construção de cercas apropriadas que evitem possíveis mamadas. Existe uma crença de que para facilitar o manejo, deixar as crias no mangueiro por quatro a sete dias após a desmama pode ser prático, porém mesmo fornecendo água, ração no cocho e capim fresco à vontade, o estresse para este momento é ainda maior.

Em um sistema de produção de bovinos de corte, a taxa de desmama e a relação de desmama, que consiste no peso do bezerro desmamado dividido pelo peso da vaca que o desmamou, possuem grande influência sobre a eficiência do processo de criação. Quanto mais pesado desmamar este bezerro, menor será seu tempo até o abate, reduzindo sua permanência na propriedade caso seja de ciclo completo, ou maior será seu valor quando este animal for vendido.

Creep-Feeding

Uma das formas de aumentar o ganho de peso na desmama é por meio do fornecimento de alimentos direcionados para os bezerros, método chamado “creep-feeding”, isto é, fornecimento de ração através do uso de um cocho privativo, geralmente anexo ao cocho de mineral das matrizes, porém com acesso restrito aos bezerros. O “creep-feeding”, além de proporcionar uma excelente resposta em ganho de peso, ajuda a tornar o bezerro menos dependente da mãe, diminuindo o número de mamadas e minimizando os fatores de estresse no momento da desmama. Outro ponto importante é que a vaca sofre menos com o bezerro consumindo esta ração, o que melhora sua condição corporal, possibilitando um rápido retorno ao cio e consequente aumento da taxa de prenhez.

As desmamas são classificadas da seguinte forma:

Desmama Tradicional – Prática que depende da condição corporal da vaca e da disponibilidade de forragens e suplementação alimentar de boa qualidade. É comum em gado de corte, sendo realizada entre 7-9 meses. Pode ser antecipada ou adiada e aconselha-se o uso de suplementos ao bezerro. Este manejo também pode ser relacionado aos meses de maior valor do bezerro no mercado, avaliação regional ou local.

Desmama temporária ou interrompida – Para a melhoria da fertilidade de rebanhos de corte, utiliza-se a remoção temporária do bezerro, que consiste em separar a cria da vaca por um período de 48 a 72 horas, a partir de 40 dias pós-parto. Dependendo da condição corpórea da vaca, essa prática pode provocar o aparecimento do cio, podendo aumentar a taxa de concepção das genitoras em até 30%. Este manejo atualmente é pouco usado devido a outras tecnologias que vêm sendo utilizadas com os manejos de IATF, como o uso da eCG, entre outros. Favorece uma desmama precoce.

Desmame com amamentação controlada – Este tipo de desmame preconiza a diminuição da amamentação, com considerável aumento sobre a taxa de prenhez. Além de poupar a mãe de frequentes mamadas, esse processo vai acostumando o bezerro para a desmama definitiva. A amamentação controlada consiste em permitir a permanência do bezerro com a mãe durante dois curtos períodos do dia, entre 6 e 8 horas e das 16 às 18 horas, a partir do 30º dia de vida. Esse sistema exige muita mão de obra e também era utilizado como um método de desmama temporária. Favorece uma desmama precoce.

Desmama Precoce – Essa prática consiste em separar o bezerro, definitivamente, bem mais cedo, aos 90-120 dias de vida. É recomendada para períodos de escassez de forragem e tem a finalidade de reduzir o estresse da amamentação e os requerimentos nutricionais da vaca, permitindo que recuperem seu estado corporal e manifestem o cio. Em se tratando de novilhas de primeira cria, cujo desenvolvimento ainda é incompleto, a desmama precoce pode ser uma boa opção, principalmente em anos com secas prolongadas. Para a maior eficiência do sistema, entretanto, é preciso que esta prática ocorra dentro da estação de monta, possibilitando a re-concepção imediata. Assim sendo, para a estação de monta anteriormente citada (novembro a janeiro), ocorreriam duas desmamas: em novembro e em janeiro.

Para que não ocorram problemas, recomenda-se:

a) desmama de bezerros com peso superior a 90 kg;

b) desmama em época adequada (para o Brasil Central: novembro a janeiro);

c) pastos diferenciados para animais desmamados precocemente;

d) suplementação com ração concentrada até 5-6 meses de idade;

e) uso de “creep-feeding” ou “creep-grazing” na fase pré-desmama.

Desmame com uso de tabuleta – Este tipo de desmame causa menos estresse comparado ao desmame tradicional, visto que não ocorre separação entre vaca e bezerro. Para isso é utilizado um dispositivo instalado na narina dos bezerros, impedindo que o mesmo efetue a mamada. Resultados de pesquisas mostram que não há diferença no desempenho dos bezerros desmamados com esta técnica comparados com o desmame tradicional, mas existe um grande benefício para a vaca em termos de melhoria na condição corporal.

Existem alguns fatores que podem influenciar no peso ao desmame, dentre os quais a época de nascimento, idade das mães ao parto e a região do nascimento do bezerro. O Efeito de Mês de Nascimento apresenta grande influência, pois está, de certo modo, associado às condições climáticas, que afetam de forma direta ou indireta as funções do organismo animal, gerando flutuações na quantidade e qualidade de alimentos e na incidência de enfermidades, influenciando o crescimento animal. Pesquisadores relataram um ganho do nascimento a desmama dos animais nascidos na primavera 15,6% maior que dos animais nascidos no outono. Com estes resultados, concluíram que para a produção de bezerros a parição de primavera é a mais recomendável.

Outro fator com alta influência no peso ao desmame é a idade da vaca ao parto e/ou ordem de parição, pois está intimamente ligada ao desenvolvimento do bezerro no período pré-desmama. Isto é uma consequência da habilidade materna, principalmente a produção de leite e a qualidade de colostro produzido pela mãe. Como regra geral, as vacas de primeira cria desmamam bezerros 10 a 15% mais leves em relação às vacas adultas. A partir das novilhas, o peso dos bezerros à desmama vai aumentando com a idade da mãe até alcançar um pico máximo entre 5 e 10 anos, depois do qual os pesos à desmama voltam a decrescer.

Influência do ambiente

O Brasil com sua grande extensão territorial apresenta uma grande variação de ambientes, os quais influenciam diretamente a produção de alimentos e o desempenho dos animais para as características de valor econômico do rebanho bovino brasileiro. As diferenças dos efeitos de meio sobre o peso ao desmame entre as regiões provavelmente possuem como causa, além dos fatores naturais como pluviosidade, clima, topografia e qualidade do solo, também as diferenças quanto ao sistema de produção, nível de tecnologia e tipo racial do rebanho bovino.

A Figura abaixo representa as curvas dos valores de peso predito a desmama (PDM) para as quatro regiões.

Figura – Peso ao Desmame Predito (PDM) de acordo com o mês de nascimento do bezerro, nas quatro regiões estudadas (2004).

Pesquisadores trabalhando com animais Aberdeen Angus no Rio Grande do Sul agruparam os animais em duas épocas de nascimento: outono (de fevereiro a junho, com 15% dos nascimentos) e a primavera (de julho a janeiro, com 85% dos nascimentos). Observaram que animais nascidos na primavera foram 12,9% mais pesados a desmama do que os animais nascidos no outono. De acordo com o trabalho “Idade da vaca e mês de nascimento sobre o peso ao desmame de bezerros nelores nas diferentes regiões brasileiras”, para a região Sul, este valor foi de 6,8%.

Portanto, o sucesso da desmama começa com um ótimo programa nutricional das vacas e bezerros, suplementação mineral e vitamínica em conjunto com um programa vacinal e antiparasitário completo para que, devido ao estresse da desmama, o animal não apresente queda imunitária e manifestação de doenças, tendo assim uma ótima desmama.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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