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Como as emissões de carbono podem ser financiadas na carteira agropecuária

Com papel fundamental na transição para uma economia de baixo carbono, instituições financeiras enfrentam desafios em busca de soluções para financiamentos do agronegócio.

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Foto: Felipe Rosa

As emissões de carbono financiadas referem-se aos gases de efeito estufa (GEE) liberados por atividades que recebem apoio financeiro de bancos e outras instituições, como empréstimos, investimentos e financiamentos. Essas emissões, apesar de serem geradas por terceiros — no caso, os clientes do setor financeiro —, são indiretamente atribuídas às instituições financeiras que fornecem recursos para a realização dessas atividades. Segundo a pesquisa desenvolvida pela WayCarbon em parceria com o Banco Santander, no contexto da agropecuária, setor responsável por aproximadamente 24% das emissões totais de GEE no Brasil, as emissões financiadas têm um papel fundamental.

Foto: Daniela Collares

A engenheira ambiental Clarissa de Souza explica que a agropecuária brasileira é reconhecida como uma das principais responsáveis pela emissão de carbono no país, com o desmatamento vinculado à expansão das fronteiras agrícolas sendo uma das suas maiores fontes de emissões. “Estima-se que quase a metade das emissões totais de GEE no Brasil em 2021, sejam provenientes do desmatamento, enquanto o manejo agropecuário e as mudanças no uso da terra compõem uma parcela significativa das emissões indiretas financiadas por instituições financeiras. Nesse cenário, bancos que financiam o setor agrícola acabam participando, indiretamente, dessas emissões, o que traz um desafio adicional para suas metas de sustentabilidade”, afirma.

Por que mensurar as emissões financiadas na carteira agropecuária?

As instituições financeiras têm um papel fundamental na transição para uma economia de baixo carbono, uma vez que elas são responsáveis por grande parte dos recursos que impulsionam atividades econômicas em diferentes setores. “No caso da agropecuária, os financiamentos bancários permitem a expansão e modernização de atividades produtivas, mas também trazem a responsabilidade de monitorar os impactos ambientais dessas operações”, explica Clarissa.

Foto: Lilian Alves

Para mensurar as emissões financiadas na carteira agropecuária, bancos e instituições financeiras precisam adotar metodologias robustas, que permitam a quantificação das emissões ao longo da cadeia produtiva. “Essas emissões podem incluir desde o uso de insumos agrícolas, manejo do solo, até o desmatamento e a conversão de florestas para pastagens. As metodologias de mensuração de emissões financiadas ainda estão em desenvolvimento, e sua complexidade aumenta devido à diversidade de práticas agropecuárias e à variação geográfica das operações financiadas”, afirma a engenheira.

Metodologias de mensuração e monitoramento

Clarissa explica que um dos principais desafios para bancos que buscam neutralizar suas emissões financiadas é a complexidade da cadeia de valor do agronegócio. “Dependendo do tipo de commodity agrícola, das práticas de manejo adotadas e da localização geográfica, as emissões podem variar significativamente. Portanto, o desenvolvimento de metodologias personalizadas para mensurar as emissões de carbono se torna essencial”, comenta.

Nesse contexto, diversas iniciativas globais, como o Partnership for Carbon Accounting Financials (PCAF) e o GHG Protocol Land Sector and Removals Guidance, têm oferecido frameworks para que bancos possam medir e reportar as emissões indiretas relacionadas às suas carteiras de crédito. “Essas metodologias permitem que as instituições financeiras identifiquem as atividades mais emissoras e, com isso, direcionem recursos para práticas mais sustentáveis, como o uso de tecnologias de baixa emissão e o financiamento de cadeias produtivas regenerativas”, afirma a engenheira.

Papel das instituições financeiras na transição climática

Clarissa explica que o financiamento sustentável é uma das principais alavancas para promover práticas agropecuárias mais limpas. “As instituições financeiras, ao incorporar o monitoramento de suas emissões financiadas, podem utilizar essa informação para direcionar capital de forma mais estratégica. Por exemplo, bancos podem criar linhas de crédito com taxas reduzidas para produtores que adotem práticas de agricultura regenerativa, ou que invistam em tecnologias que reduzem o impacto ambiental, como o plantio direto, sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta, ou o uso eficiente de fertilizantes”, reforça.

Além disso, a pressão regulatória e de investidores tem crescido, incentivando bancos a integrar as questões climáticas em suas estratégias de negócios. “A mensuração das emissões financiadas também facilita a criação de metas climáticas mais concretas para as instituições, como a neutralidade de carbono ou a redução de emissões líquidas até 2050, em consonância com os objetivos do Acordo de Paris”, afirma a engenheira.

Perspectivas para o futuro

Clarissa reforça que à medida que mais bancos adotam a mensuração das emissões de carbono financiadas, o setor financeiro se coloca como um agente-chave para a mitigação dos impactos climáticos globais. “No Brasil, com a relevância do agronegócio na economia, é essencial que as instituições financeiras integrem a sustentabilidade em suas práticas de concessão de crédito, especialmente em um setor tão emissor como o agropecuário. A adoção de práticas sustentáveis, tanto por produtores quanto por bancos, tem o potencial de transformar o setor, promovendo não só a proteção ambiental, mas também uma economia de baixo carbono capaz de competir nos mercados internacionais e de garantir a segurança alimentar e climática nas próximas décadas”, ressalta.

Fonte: Assessoria Climate Tech Vankka

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Brasil quer mais comércio com a África

No segundo dia do Fórum Brasil África, o secretário de África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Sérgio Sobral Duarte, falou sobre o avanço econômico do continente e disse que a relação comercial com o País é modesta diante da potencialidade.

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Fotos: Isaura Daniel

O comércio do Brasil com a África ainda é modesto em face da sua potencialidade, de acordo com o secretário de África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Carlos Sérgio Sobral Duarte. O diplomata falou no segundo dia do 12º Fórum Brasil África, que ocorre no WTC Sheraton, na capital paulista, nesta última terça-feira (15).

Após citar o estabelecimento da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA), ele disse tratar-se de uma grande oportunidade para o mundo, para o Brasil e para o Mercosul. “Em 2022, mais de dois terços das exportações do Mercosul para a África foram para países com os quais o bloco não tem acordo comercial, portanto, pode haver muita ampliação”, falou.

Segundo Duarte, enquanto o Brasil tem um comércio de US$ 22 bilhões com a África, as transações comerciais da Índia com o continente alcançam US$ 100 bilhões e as da China somam US$ 243 bilhões. “É muito pouco, mas, mesmo assim, existem dados e sinais encorajadores”, falou sobre África-Brasil.

O diplomata listou os principais destinos da exportação brasileira na África: Argélia, Egito, África do Sul, Marrocos e Nigéria. Na outra mão, o Brasil importa principalmente da Argélia, Marrocos, Nigéria, Angola e África do Sul. Segundo ele, a África representou apenas 3,5% do comércio do  Brasil com o mundo em 2023. “O potencial aí é evidente”, disse.

Segundo Duarte, o estoque de investimento direto da África no Brasil foi de US$ 2,3 bilhões em 2021, com a África do Sul sendo a principal investidora. Ele citou como exemplo desses investimentos os anúncios da expansão do terminal 3 do Aeroporto de São Paulo, em Guarulhos, por empresa sul-africana e fábrica de fertilizantes no Maranhão por empresa do Marrocos. O investimento do Brasil na África foi de US$ 1,9 bilhão em 2021, com Angola sendo o principal destino.

Afreximbank

O vice-presidente executivo responsável pelo Global Trade Bank do Afreximbank, Haytham El Maayergi, abriu o segundo dia do fórum com uma opinião na mesma direção que Duarte, frisando as transações e projetos de cooperação que há entre Brasil e África, mas dizendo também que ainda há muito o que fazer no relacionamento entre os dois lados desta parceria, principalmente pela ampliação do comércio.

Ele apresentou aos brasileiros o cenário do continente com alguns dos últimos avanços, como o aumento do consumo de bens, a melhoria do ambiente de negócios, a classe média crescente, o aumento populacional em curso, o potencial para as energias renováveis, além das oportunidades de investimentos em agricultura e o crescimento das indústrias têxtil, de automóveis e tecnologia no continente.

O Fórum Brasil África é promovido pelo Instituto Brasil África, que é liderado por João Bosco Monte, e realizado com apoio, parceria e patrocínio de uma série de empresas e instituições. O governo federal do Brasil e o Ministério das Relações Exteriores estiveram entre os apoiadores desta edição.

Fonte: Assessoria ANBA
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Países árabes ampliam compras do Brasil

Exportações ao Oriente Médio e Norte da África somam US$ 17,7 bilhões até setembro, em alta de 25% sobre o mesmo período do ano passado. Desempenho caminha para novo recorde.

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Foto: Claudio Neves

As exportações do Brasil para os países árabes somam US$ 17,7 bilhões entre janeiro e setembro, em alta de 25,6% sobre o mesmo período de 2023, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) detalhados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. As importações registram pequena queda, para US$ 7,9 bilhões. O superávit é de US$ 9,8 bilhões e a corrente de comércio, de US$ 25,6 bilhões. Se o ritmo se mantiver, o Brasil deverá renovar o recorde nas trocas comerciais com os árabes alcançado em 2023.

Gerente de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, Marcus Vinicius destaca exportações recordes de açúcar e milho em setembro. Foram embarcados US$ 681,9 milhões em açúcar, tendo Argélia e Egito como principais importadores, e US$ 338,6 milhões em milho, principalmente para o Egito.

No ano, as exportações de açúcares aos países árabes somam US$ 4,98 bilhões, em expansão de 47,8% sobre os US$ 3,37 bilhões exportados até setembro de 2023. Em segundo lugar, estão as exportações de carnes e derivados, com um total de US$ 4,2 bilhões, em alta de 28,2%; seguidas pelas vendas de minérios, escórias e cinzas, com um total de US$ 2,4 bilhões (+18,8%) e sementes e oleaginosas, com um total de US$ 1,07 bilhão (-23,47%).

Os principais destinos das exportações brasileiras foram: Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Argélia e Iraque. Juntos, os 22 países da Liga Árabe representam o terceiro principal destino das exportações brasileiras, atrás de China e Estados Unidos. Entre as importações, os principais fornecedores do Brasil até setembro são Arábia Saudita, Marrocos, Argélia, Emirados Árabes Unidos e Egito. Juntos, os países árabes formam o sexto principal fornecedor do Brasil.

Brasil tem queda nas importações dos árabes

As importações, por sua vez, registram uma pequena queda. Mesmo com ela, as compras de alguns itens também foi recorde em setembro. As importações do Brasil somaram US$ 7,9 bilhões até setembro, valor 0,53% menor do que os US$ 8,02 bilhões do mesmo período de 2023.

O principal produto que o Brasil importou dos países árabes até setembro foram petróleo e derivados, com um total de US$ 4,1 bilhões, em queda de 5,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em seguida estão fertilizantes, com um total de US$2,4 bilhões, em retração de 4,6%, e plásticos, com um total de US$ 353,8 milhões, em alta de 82,9%.

“Mesmo com a queda mencionada, o mês de setembro apresentou recordes históricos nas importações brasileiras dos árabes em fertilizantes fosfatados com US$ 119,2 milhões, principalmente do Marrocos e Egito, polímeros de propileno com US$ 22,68 milhões, principalmente da Arábia Saudita, e, finalmente, barras de ferro ou aço com US$ 12,23 milhões, principalmente do Egito”, diz Vinicius.

“No ritmo que se encontram as relações comerciais entre Brasil e Países Árabes, acredita-se que o ano de 2024 será um novo recorde histórico para as relações de exportações e corrente comercial do Brasil com as nações árabes”, afirma Vinicius.

Fonte: Assessoria ANBA
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Seminário de Frango de Corte aborda Influenza aviária e biosseguridade na avicultura paulista

Evento reúne mais de 150 profissionais em Itapetininga, incluindo médicos-veterinários, proprietários de estabelecimentos comerciais, funcionários de granjas e especialistas do setor, para debater os principais desafios sanitários da avicultura paulista.

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A Associação Paulista de Avicultura (APA), em parceria com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e com o apoio da Prefeitura de Itapetininga, realizaram na última terça-feira, no auditório da Municipal, o Seminário de Frango de Corte, um evento técnico que reuniu mais de 150 participantes, entre médicos-veterinários, proprietários de estabelecimentos comerciais, funcionários de granjas e demais profissionais do setor. O evento abordou os principais desafios enfrentados pela avicultura industrial paulista, com destaque para a Influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP), uma doença que tem gerado grande preocupação entre órgãos oficiais, indústrias e especialistas.

Presidente da APA, Érico Pozzer: “Nosso objetivo é fortalecer o setor avícola paulista por meio de uma troca de experiências enriquecedora e acesso a informações técnicas de qualidade” – Foto: Divulgação/Giracom

Na abertura dos trabalhos, a Secretária de Agricultura, Agronegócio, Trabalho e Desenvolvimento de Itapetininga, Walkyria Tavares Vieira de Andrades, deu as boas-vindas aos participantes. Na sequência, o presidente da APA, Érico Pozzer, ressaltou a importância da atualização técnica e parabenizou os presentes pelo esforço em buscar conhecimento especializado.  Pozzer ainda destacou a colaboração contínua entre a APA e a CDA para promover eventos de alto nível, com palestras de especialistas de renome. “Nosso objetivo é fortalecer o setor avícola paulista por meio de uma troca de experiências enriquecedora e acesso a informações técnicas de qualidade”, afirmou.

Por fim, Affonso dos Santos Marcos, diretor do Departamento de Defesa Sanitária e Inspeção Animal (DDSIA), enfatizou o compromisso do estado com a produção avícola paulista.

O evento teve início com a palestra de Paulo Martins, da Biocamp, especialista em saúde animal, com o tema “Influenza aviária e Doença de Newcastle – atualização da situação mundial, no Brasil e no estado de São Paulo”. Martins ofereceu um panorama detalhado sobre a IAAP, abordando o histórico da doença na avicultura industrial global, o impacto do fluxo de aves migratórias e as soluções em desenvolvimento, como vacinas. Ele também destacou a importância da vigilância contínua para garantir a estabilidade e o crescimento da avicultura brasileira.

Paulo Blandino, da CDA

Em seguida, Paulo Blandino, da CDA, proferiu a palestra “Procedimentos de controle e prevenção realizados pela CDA”. Blandino apresentou um verdadeiro raio X da atuação da CDA, detalhando o modo de atendimento das notificações, as coletas e análises realizadas e os pontos de risco identificados desde a primeira notificação da IAAP. Ele explicou que, até o momento, o trabalho da CDA resultou em 54 notificações e 91 focos de vigilância. Blandino também enfatizou a importância da vigilância ativa e passiva, destacando o papel essencial dos produtores como agentes de vigilância necessários, auxiliando no controle e prevenção de surtos no estado de São Paulo.

Ana Caselle, da San Vet, apresentou a palestra “A importância e a necessidade do programa de biosseguridade nos estabelecimentos avícolas”. Caselle iniciou sua apresentação discutindo o conceito de saúde única, ressaltando a integração entre saúde animal, humana e ambiental. Sua palestra trouxe imagens de casos, gestão de riscos e experiências vivenciadas por ela em países como Peru e México, antes de abordar os desafios internos do Brasil.

Ana Caselle, da San Vet

Ela apresentou fotos ilustrando problemas comuns de biosseguridade, como silos abertos, falhas no isolamento de áreas e aberturas em cortinas, situações que podem facilitar a entrada de patógenos. Caselle enfatizou que um programa de biosseguridade depende de checagens constantes, avaliações de risco e treinamento contínuo dos funcionários, pois “a prevenção sai muito mais barato do que o controle de surtos”. Para ela, é essencial que o setor mantenha um controle rigoroso das áreas de biosseguridade, seja no controle de invasores, na gestão de acessos ou em outras medidas preventivas, a fim de minimizar os riscos de contaminação nas granjas.

A última palestra foi apresentada pela Tabatha Lacerda, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), com o tema “Plano de Contingência para IA e DNC – a importância de cada estabelecimento ter o seu”. Tabatha abordou o Plano de Contingência da ABPA, explicando que o plano é dividido em três pilares: um plano geral que abrange todas as espécies, uma parte específica para a Influenza aviária e Doença de Newcastle e, por fim, o Procedimento Operacional Padrão (POP) de trânsito, uma demanda importante do setor.

Tabatha Lacerda, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Segundo a porta-voz, o documento gerado pela ABPA é prático e agregador, abordando as questões relacionadas à sanidade avícola e antecipando problemas sanitários. Esse plano tem como objetivo preparar o setor para agir rapidamente em caso de um alerta zoossanitário, fornecendo diretrizes claras para as ações necessárias.

O seminário, que contou com a participação de mais de 150 profissionais, reforçou a importância da cooperação entre órgãos reguladores, indústrias e produtores. O evento evidenciou a necessidade de vigilância constante e educação técnica para enfrentar os desafios sanitários que impactam diretamente o futuro da avicultura no estado de São Paulo.

Fonte: Assessoria APA
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