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Suínos / Peixes

Como aliar a piscicultura intensiva com práticas sustentáveis

Se cada um fizer sua lição de casa, analisando todo o processo direcionado para a sustentabilidade ambiental e econômica, bem-estar dos colaboradores e na adoção de boas práticas de manejo, com foco no bem-estar animal e na preservação do entorno, todos terão negócios duradouros e lucrativos.

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Foto: Arquivo/OP Rural

Cada vez mais fala-se em uma piscicultura intensiva e sustentável, mas um ponto fundamental a ser lembrado é que a sustentabilidade não é só cuidar dos recursos naturais, mas também, garantir o sucesso financeiro da operação e promover impactos sociais que sejam benéficos a todos.

Uma prática sustentável pode ser definida como tudo aquilo que se pode fazer visando ao uso eficiente e à preservação dos recursos naturais. Essas ações devem ser alinhadas de forma que a atividade produtiva em questão possa ser conduzida por tempo indeterminado.

Entre as práticas mais eficientes para o uso da água sob um viés preservacionista estão: recondicionamento da qualidade da água, de forma que seu reuso seja viável; aproveitamento dos nutrientes contidos nos efluentes; e não lançamento de efluentes com potencial de poluir os cursos d’água. Todos esses exemplos podem ser aplicados nas unidades de produção de organismos aquáticos, ou seja, na aquicultura de forma geral, e não somente na piscicultura.

Um empreendimento aquícola verdadeiramente sustentável deve seguir não somente os pré-requisitos mencionados, mas também adotar técnicas de manejo de baixo impacto ambiental e focadas na preservação dos recursos naturais. Mas se engana quem pensa que apenas os aspectos ambientais devem ser considerados.

A sustentabilidade se baseia em um tripé, que também é composto pelos impactos econômico e social. Ou seja, qualquer empreendimento que busque a sustentabilidade deve ter renda compatível com a necessidade da atividade, inclusive com retorno garantido aos investidores.

Além disso, os aspectos sociais, como oferta de emprego, renda e bem-estar, com impactos positivos na comunidade onde está inserido, são fatores determinantes para a sustentabilidade de um negócio.

Entre os pontos a serem considerados para a prática da piscicultura intensiva e sustentável, destacam-se: atenção às limitações biológicas;
preservação dos recursos naturais; manutenção ou ampliação da qualidade ambiental do entorno; e aproveitamento eficiente de alimentos naturais e de detritos orgânicos gerados.

O essencial para um empreendimento aquícola atuar de forma sustentável é realizar a conservação da água, recurso natural indispensável para a sua existência e para a sobrevivência humana. Assim, o projeto deve evitar perdas do recurso por infiltração e por evaporação, bem como contemplar o tratamento do efluente.

O foco deve estar na remoção dos sólidos em suspensão (principalmente fezes), no aproveitamento dos nutrientes dissolvidos na água (para, assim, reduzir a pressão) e no impacto ambiental sobre os cursos d’água.

Do ponto de vista zootécnico, a escolha de alimentos, dietas e rações deve ser orientada para maximizar o aproveitamento dos nutrientes pelos organismos aquáticos produzidos. Isso minimiza as perdas na forma de fezes e por dissolução no efluente.

Quando se fala em conhecimento biológico, é fundamental que tanto o projeto quanto o manejo do empreendimento estejam concentrados na biocenose aquática. Ou seja, focados em favorecer o desenvolvimento de todas as comunidades de organismos aquáticos que contribuem para a redução do impacto ambiental do efluente das granjas.

Se possível, ainda, é recomendável atrelar a atividade econômica primária com a produção de algas unicelulares, macroscópicas ou até de vegetais superiores. Isso porque são capazes de absorver os nutrientes dissolvidos na água utilizada.

Uma unidade moderna de produção de organismos aquáticos deve levar à risca as boas práticas de produção, com o objetivo de implantar barreiras sanitárias eficientes que impeçam a entrada de doenças e parasitoses. Elas devem, ainda, ser capazes de prevenir a disseminação de microrganismos patogênicos ao meio ambiente.

Os produtores não devem se esquecer, também, da importância de reduzir ao máximo o volume de efluentes lançados nos cursos d’água. Se não houver a possibilidade de reuso total, que seja lançado pelo menos um efluente com no mínimo a mesma qualidade da água captada no início do processo de produção.

Esse modelo é altamente tecnológico, no que se refere à manutenção da qualidade e da quantidade de água captada do meio ambiente e utilizada no processo produtivo. Mas para atender a essa premissa – a promoção de baixo impacto ambiental, tanto o projeto quanto suas instalações não são necessariamente complexos.

O conhecimento e a aplicação dele no dia a dia é o que tornará uma unidade produtiva sustentável, muito mais do que a tecnologia.

Mais importante do que a certificação, o que deve ser defendido é a adoção de práticas que permitam a produção de organismos aquáticos com baixo impacto sobre os cursos d’água e o meio ambiente. Isto é, sem o lançamento de efluentes ou, pelo menos, com baixa renovação de água, com devolução à natureza com qualidade igual ou superior àquela verificada no ponto de sua captação.

Ainda assim, para quem tem interesse, há duas certificações disponíveis no país, emitidas com apoio do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sisorg). Elas incluem: certificação auditada, a qual é realizada por uma auditoria independente e de credibilidade no mercado, capaz de garantir a qualidade do processo de piscicultura até a chegada do produto ao consumidor; e certificação participativa, em que a auditoria ocorre em grupo, com presença de outros produtores, comerciantes e consumidores dos produtos, garantindo assim a qualidade.

De maneira geral, a busca por pescado fresco e pouco industrializado vem aquecendo a demanda e incentivando esse mercado. Para sobreviver, os proprietários desse tipo de empreendimento devem se unir e se organizar, pois somente assim terão maior poder de negociação para aquisição de insumos e matérias-primas.

Conseguiu entender de forma mais clara como operar uma unidade de piscicultura intensiva e sustentável? No artigo, buscamos enfatizar as melhores práticas para garantir o menor impacto ambiental possível. Se cada um fizer sua lição de casa, analisando todo o processo direcionado para a sustentabilidade ambiental e econômica, bem-estar dos colaboradores e na adoção de boas práticas de manejo, com foco no bem-estar animal e na preservação do entorno, todos terão negócios duradouros e lucrativos.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na aquicultura brasileira acesse gratuitamente a versão digital 2ª edição Especial Aquicultura.

Fonte: Por Marcelo Castagnolli, engenheiro agrônomo e gerente comercial do segmento de piscicultura da Sansuy.

Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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O que faz o Vale do Piranga ser o polo mineiro de incentivo à suinocultura?

Além de oferecer oportunidades de aprendizado e capacitação por meio de seminários, ampliando as habilidades dos colaboradores de granjas e profissionais da área, feira facilita o acesso dos produtores rurais do interior mineiro às mais recentes tecnologias do agronegócio.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A Suinfair, maior feira de suinocultura de Minas Gerais, acontece no Polo Mineiro de Incentivo à Suinocultura, situado no Vale do Piranga, uma área que se destaca nacionalmente pela sua produção suinícola. Esta região representa, aproximadamente, 35% do rebanho de suínos de Minas Gerais, produzindo anualmente cerca de 370 milhões de quilos de carne suína. O trabalho diário de levar alimento à mesa de diversas famílias faz com que mais de cinco mil empregos sejam gerados diretamente pela suinocultura, além das mais de trinta e cinco mil pessoas que trabalham indiretamente na área.

Com um histórico consolidado, a região foi oficialmente reconhecida como Polo Mineiro de Incentivo à Suinocultura por meio de legislação, o que fortalece ainda mais a cadeia produtiva local. Nesse contexto, a Suinfair surge como uma iniciativa voltada para as necessidades específicas dos suinocultores.

Além de oferecer oportunidades de aprendizado e capacitação por meio de seminários, ampliando as habilidades dos colaboradores de granjas e profissionais da área, a Suinfair facilita o acesso dos produtores rurais do interior mineiro às mais recentes tecnologias do agronegócio.

Desde equipamentos estruturais até grandes máquinas agrícolas e robôs, os suinocultores têm a chance de conhecer de perto as inovações do mercado e estabelecer contatos diretos com os fabricantes. Isso resulta na concretização de negócios baseados em condições justas, fomentando o crescimento dos produtores e incentivando a presença dos fornecedores na região.

A Suinfair é, portanto, um evento feito sob medida para a suinocultura, representando uma oportunidade única de aprendizado, networking e desenvolvimento para todos os envolvidos nesse importante segmento do agronegócio.

Fonte: Assessoria Suinfair
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CBNA – Cong. Tec.

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