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Como a União Europeia reduziu os casos de Salmonella?

De maneira geral, o que eles fazem por lá, os produtores brasileiros fazem aqui. E os problemas que aparecem aqui, também aparecem lá

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De que forma a Europa lida com as salmoneloses? No 19º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), o doutor Mogens Madsen, da Dinamarca, tentou responder a esta pergunta. “Salmoneloses – controle e resultados práticos na Europa” foi o tema da palestra de Madsen, realizada em abril. O SBSA foi realizado de 10 a 12 de abril, em Chapecó, SC, com organização do Nucleovet – Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas. De maneira geral, o que eles fazem por lá, os produtores brasileiros fazem aqui. E os problemas que aparecem aqui, também aparecem lá. “Em 2016, na União Europeia, a Salmonella foi encontrada, em média, nos níveis de 6,4% em frangos de corte”, citou.

Madsen informou que as infecções por Salmonella entérica representam a segunda zoonose mais frequente nas doenças que acometem humanos na União Europeia. “Trata-se de uma preocupação constante de saúde, pois leva a elevada perda de produtividade nas atividades profissionais, além de mortes”, destacou. No relatório oficial mais recente sobre zoonoses que acometem humanos na União Europeia, utilizando dados a partir de 2016, a salmonelose foi relatada em 94.530 casos confirmados, ou 20,4 casos para cada 100 mil habitantes. “Animais selvagens, aves domésticas e comerciais são grandes hospedeiros”, classificou.

A infecção em criatórios comerciais, revela Madsen, geralmente ocorre de forma assintomática no trato gastrointestinal das aves e pode, consequentemente, ser transferido via contaminação fecal para carcaças processadas. “No processamento a propagação ocorre devido à contaminação cruzada”, explica.

Na União Europeia, a prevalência de Salmonella em aviários comerciais varia muito de um país para outro. “Num levantamento realizado em 2005-2006, a prevalência variou de 0 a 68,2%, com uma média de 23,7% dos lotes. “Isso levou a União Europeia a estabelecer metas para a redução de Salmonella em cada um dos estados-membros”, comentou. “A legislação especifica testes obrigatórios e prazos requeridos para produtores de frangos de corte, poedeiras e perus”. Nada muito diferente do praticado no Brasil.

Ainda conforme Madsen, em frangos de corte, perus e suínos, a Salmonella é mais frequentemente detectada no produto in natura. Em 2016, na União Europeia, a Salmonella foi encontrada, em média, nos níveis de 6,4%, 7,7% e 2,4%, respetivamente. O palestrante informou que há mais de uma década a região vem apresentando tendência decrescente da salmonelose humana. “Isso pode ser atribuído, em grande parte, ao conhecimento detalhado da epidemiologia em animais de produção, às intervenções na cadeia de produção de alimentos, ao efeito da implementação da Legislação e metas de redução”, sugere.

Estratégias de controle

A estratégia da União Europeia no controle da Salmonella em aves de corte foca em toda a cadeia. Das fases inicias da produção ao monitoramento dos produtos processados, através de amostragem aleatória. “A integração vertical da produção avícola facilita o controle de toda a cadeia, mas também apresenta um alto risco de multiplicar uma infecção por Salmonella se, por exemplo, iniciar no topo da pirâmide de produção”. Uma única ave, comenta Madsen, pode infectar outros milhões de frangos. Desta forma, o foco de qualquer programa de controle de Salmonella deve estar na reprodução e na multiplicação.

Madsen destacou ainda os fatores de risco sobre a Salmonella e as opções de controle para a indústria avícola, incluindo legislação e práticas relevantes aplicadas na União Europeia. A maior parte da produção, segundo ele, é vendida in natura, não congelada. Além disso, nenhum aditivo além de água e sal é permitido na carne. Ele revela ainda que a maior parte da produção (exceto aves orgânicas) é realizada em galpões fechados, ambientalmente controlados. “Focamos a biossegurança em cada aviário, individualmente”. A luta contra a Salmonella na União Europeia foca ainda na não reutilização de qualquer resíduo e cama nova a cada novo lote. Exceto esse último item, nada muito diferente do Brasil.

Segurança alimentar

Entre as prioridades da União Europeia com relação à segurança alimentar na produção avícola, está, em primeiro lugar, a resistência antimicrobiana. “Monitoramento, legislação e pressão para promover o uso prudente de antibióticos na produção animal”, exige o especialista. A Campylobacter constitui a segunda prioridade da lista e envolve ações como o monitoramento do nível de Campylobacter nas carcaças e controle do processo de higiene.

A Salmonella ocupa o terceiro lugar no topo das preocupações do bloco com relação à produção avícola. Entre as ações para seu controle, a União Europeia endureceu a Legislação e instituiu Planos de Controle em cada um dos países, amostragem nas fazendas, abate e recalls de produtos. “A distribuição de sorotipos foi sendo ajustada e varia de país para país”.

Casos de salmonella em humanos

Madsen destaca que a Salmonella Enteritidis e a Salmonella Typhimurium (incluindo variantes) são as mais significativas nos casos de salmonelose humana na União Europeia (70% em 2016) e em todo o mundo. “No verão, muitos casos são adquiridos no exterior, em viagens de férias”, supõe. “Mas as dificuldades no resfriamento eficiente de alimentos também contribuem para as tendências sazonais”, afirma.

Embora existam mais de dois mil diferentes sorotipos de Salmonella, apenas alguns causam doenças graves e sistêmicas em hospedeiros específicos (S. Typhi em humanos, S. Gallinarum em aves, S. Dubli em bovinos, S. Cholerasuis em suínos). “A maioria dos sorotipos (grupo gastroentérico) coloniza um espectro mais amplo de hospedeiros, na maioria das vezes sem sintomas clínicos”, destaca. Além disso, todos os sorotipos podem causar gastroenterite de origem alimentar em humanos. Mas as variantes Enteritidis e Typhimurium são as causas mais frequentes. “Em muitos países, esses dois sorotipos respondem por 70-80% da samonelose humana”, especifica Madsen.

De que é a responsabilidade?

Madsen afirma que a segurança alimentar da carne de aves é da responsabilidade do produtor, não das autoridades. “A Salmonella em carne de aves ainda é um problema, mas já alcançamos muito conhecimento e progredimos bastante”. Ele informa que, no bloco europeu, a implementação do controle de Salmonella em aves de corte foi bem sucedida e os casos humanos de samonelose foram reduzidos em mais de 50% desde a sua introdução. “No entanto, é sempre necessário um elevado nível no abate e extrema higiene de processamento, uma vez que a produção viva nunca estará completamente isenta de Salmonella”, sustenta.

Ainda conforme Madsen, o controle da Salmonella requer várias ações ao longo da cadeia, trabalhando como uma engrenagem. “No entanto, as condições mudam ao longo do tempo e a situação deve ser constantemente monitorada para otimizar recursos e esforços”. Ele salienta ainda que nenhuma medida de controle funcionará se as pessoas que as executam não entenderem o porquê disso. “A Salmonella existe e não a eliminaremos completamente, mas podemos conviver em harmonia com esforços dedicados na produção de aves”, avalia.

Mais informações você encontra na edição de Aves de julho/agosto de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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