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Comitê Gestor do Plano ABC+RS apresenta balanço das ações no Rio Grande do Sul
Foram apresentados o número de capacitações, programas de desenvolvimento sustentável nas propriedades rurais, financiamentos para políticas de baixo carbono e metas a serem alcançadas.

A última reunião do Comitê Gestor Estadual do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+RS) de 2023 ocorreu na quarta-feira (20) de forma híbrida. Na pauta, o balanço das ações no Rio Grande do Sul: número de capacitações, programas de desenvolvimento sustentável nas propriedades rurais, financiamentos para políticas de baixo carbono e metas a serem alcançadas. Foram apresentados os resultados das atividades da Emater/RS-Ascar, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) e do Sebrae-RS.
Os engenheiros agrônomos da Emater/RS-Ascar, Elder dal Pra e Celio Colle, apresentaram o “Projeto ABC+ Emater/RS – Desenvolvimento Rural e Agricultura de Baixo Carbono”. Conforme dal Pra, o público da entidade é composto de agricultores empresariais, agricultores familiares, assentados, indígenas, pecuaristas familiares, pescadores artesanais e quilombolas.
Ele falou que, em 2023, em relação às ações voltadas ao Plano ABC+, a Emater fez um levantamento de informações para o Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi) com objetivo de estimar o balanço de gases de efeito estufa em áreas de produção de trigo e de florestas plantadas. “Também fizemos a instalação e o acompanhamento de três Unidades de Referência Tecnológica (URT) nos temas correlacionados ao Plano”, destacou dal Pra.
De acordo com o engenheiro agrônomo, é objetivo do projeto da Emater reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes das atividades agrícolas, ao mesmo tempo em que aumenta a produtividade e a renda dos agricultores. “As capacitações de produtores e técnicos sobre tecnologias do Plano ABC+, em 2023, atingiram cerca de 80 mil produtores”, afirmou.
Os analistas do Senar-RS, Patrícia Goergen e Henrique Padilha apresentaram as ações realizadas pela instituição e salientaram que, em 2023, suas capacitações sobre tecnologias do Plano ABC+ atingiram aproximadamente 40 mil produtores.
Por sua vez, o analista de Agronegócios do Sebrae RS, André Bordignon, falou sobre a atuação da instituição em 2023 relacionada ao tema da agricultura de baixo carbono. Ele destacou que o Sebrae, desde 2021, é signatário do Pacto Global, da ONU. “Criamos um painel de sustentabilidade, onde fazemos o monitoramento e controle das nossas ações nas nove regionais do Estado, que abrangem todos os municípios gaúchos, até chegarmos ao relatório de emissão de gases de efeito estufa”.
Segundo Bordignon, o painel traz os dados de consumo de energia, água, papel, resíduos e emissões de CO2 (gás carbônico) das estruturas do Sebrae na capital e nas regionais. “A ideia é divulgar as informações e conscientizar os colaboradores sobre o consumo sustentável nessas esferas, bem como acompanhar a evolução, para que possamos intervir eventualmente em algum pico, sempre que necessário”.
O analista contou também que o Sebrae montou uma estratégia estadual em relação à agricultura de baixo carbono. “O objetivo é compreender o funcionamento do mercado de carbono e as possibilidades de pagamentos por serviços ambientais no setor do agronegócio do Rio Grande do Sul, além de apontar caminhos para a sua monetização em propriedades rurais”, disse Bordignon. “Queremos levar o conhecimento do mercado de carbono como uma grande oportunidade de apoiar os produtores rurais a superarem os desafios de produzir alimentos sob o viés cada vez mais crescente da sustentabilidade”.
O coordenador do Comitê Gestor, Jackson Brilhante, destacou a importância das entidades de extensão rural, que têm o papel de levar a tecnologia para o produtor, o apoio às boas práticas. “A gente fica muito satisfeito, porque a Emater, o Senar e o Sebrae são agentes fundamentais na difusão e implementação dessas tecnologias no Estado”.
Caravana ILPF
Outro ponto abordado no encontro foi a recente inclusão da Rede ILPF como membro do Comitê Gestor. “Ficamos muito honrados em poder participar pela primeira vez da reunião do Comitê”, afirmou o gerente técnico Felipe Martini. “Para 2024 a Rede irá realizar a Caravana ILPF no estado do Rio Grande do Sul. A caravana é uma ação itinerante que já passou por vários estados brasileiros, reunindo técnicos e pesquisadores da Embrapa para desenvolver ações de capacitação, transferência de tecnologia, além de identificar os gargalos e construir parcerias e projetos locais para alavancar a adoção da ILPF”, pontuou.
Para Martini, o papel da Rede ILPF é acelerar a adoção dos sistemas ILPF, uma das tecnologias do Plano ABC+. “Entendemos que estamos bastante alinhados com as demandas apresentadas pelo Comitê Gestor, no sentido de promover mais capacitações para agentes públicos e privados, bem como para os produtores rurais. Além disso, a Rede está comprometida com o monitoramento das áreas de ILPF no país, cuja informação é primordial para o acompanhamento do atingimento das metas estaduais do Plano ABC+”.
Conforme Brilhante, a Rede LPF difunde os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. “Com eles no Comitê, será possível difundir cada vez mais os sistemas integrados no Estado, os quais permitem a diversificação para o produtor. Essa parceria fortalece o cumprimento das metas do Plano”, concluiu.
Sobre o Comitê Gestor
O Comitê Gestor, criado por decreto em 2012, conta com a participação de 17 órgãos e entidades do Rio Grande do Sul e tem a finalidade de analisar, propor ações e medidas para garantir a implantação de práticas de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais no setor agropecuário, com vista à redução da emissão de gases do efeito estufa.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



