Notícias No Rio Grande do Sul
Comitê do Plano ABC+ reforça Operação 365 para ampliar qualidade do manejo dos solos
Programa tem como objetivo promover a melhoria da qualidade dos solos no Estado gaúcho na lógica de implementação de sistemas agrícolas produtivos conservacionistas e rentáveis, via intensificação e diversificação do cultivo de espécies anuais produtoras de grãos e forragens, mantendo cuidados com o solo ao longo dos 365 dias do ano.

Em um ano que o Rio Grande do Sul vem contabilizando perdas decorrentes de uma estiagem severa no verão, reflexos na queda nas exportações e no PIB gaúcho, a qualidade do manejo do solo e a melhoria de sistemas produtivos são assuntos que ganham ainda mais importância. Recentemente, a coordenação do Comitê Gestor do Plano ABC+, grupo que incentiva medidas de ampliação de práticas dentro do contexto da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), participou de uma ação do programa Operação 365, conduzido pela Embrapa Trigo, Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) e cooperativas associadas, Universidade de Passo Fundo (UPF) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).
No dia 14 de junho, um grupo de técnicos e pesquisadores estiveram em propriedades rurais de dois associados da Cooperativa Tritícola de Espumoso (Cotriel), em Estrela Velha, na região Centro Serra, onde foram abertas “trincheiras” nos talhões selecionados para avaliação das condições físicas e químicas do solo.
A Operação 365 tem como objetivo promover a melhoria da qualidade dos solos no Estado na lógica de implementação de sistemas agrícolas produtivos conservacionistas e rentáveis, via intensificação e diversificação do cultivo de espécies anuais produtoras de grãos e forragens, mantendo cuidados com o solo ao longo dos 365 dias do ano.
O chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Trigo, pesquisador José Eloir Denardin, diz que a Operação 365 está ainda na etapa piloto. Nesta fase, estão sendo coletadas amostras de solo em 30 talhões de lavoura em diferentes propriedades rurais assistidas por 10 cooperativas associadas à CCGL, localizadas em diferentes regiões do Estado. Segundo ele, a previsão é que, até agosto, estejam disponíveis todos os resultados dessas análises. Em um segundo momento, o trabalho será ampliado para toda a área de cobertura das 30 cooperativas ligadas à CCGL.
Denardin explica que essas avaliações terão por objetivo confirmar/certificar os produtores rurais participantes dessa etapa da Operação 365 quanto à qualidade de manejo de solo: produtor com cartão Black (com nota superior a 9); produtor com cartão Platinum (nota entre 8 e 9); e produtor com cartão Gold (nota entre 7 e 8).
A ideia desses cartões é conceder aos produtores vantagens de crédito junto às instituições bancárias, demonstrando que um produtor com solo bem manejado tem condições de ampliar sua produtividade e apresentar menos riscos na tomada de crédito para seus custeio e investimentos. “Esse aspecto de benefícios creditícios ainda está sendo construído”, pontua o pesquisador.
Além disso, Denardin relata que o programa busca incentivar todos os produtores a ampliar as boas práticas nas lavouras, uma iniciativa que vai ao encontro do que preconiza o Comitê Gestor do Plano ABC+, do qual a Embrapa Trigo é integrante. “Queremos que a operação ajude na recuperação física, química e biológica dos solos em todo o Estado e que esses resultados propiciem aumento da produtividade e da produção da agropecuária, da renda do produtor rural, repercutindo positivamente também na economia do Rio Grande do Sul”, ressalta o pesquisador.
Representando o Comitê do Plano ABC+ e a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) no dia de campo em Estrela Velha (RS), o engenheiro florestal do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), Jackson Brilhante, acredita que a Operação 365 irá estimular os produtores a melhorar o manejo do solo mediante adoção do verdadeiro Sistema de Plantio Direto.
Brilhante lembra que, no Rio Grande do Sul, no período do verão, há cerca de 7 milhões de hectares cultivados com espécies anuais, enquanto que, no inverno, esta área é reduzida para apenas 2 milhões de hectares. “Tem uma grande área que acaba não sendo cultivada no período mais frio do ano, o que resulta em maior exposição do solo, que fica suscetível à erosão, podendo causar uma série de problemas no ciclo das culturas de verão”, destaca.
Para o engenheiro florestal, este projeto dá mais visibilidade à importância de se manter a fertilidade do solo, mediante a diversificação de culturas ao longo das safras, e um manejo adequado com cobertura permanente do solo. “Com isso, se promove uma maior estruturação, que vai permitir uma maior capacidade de armazenamento de água e carbono no solo”, complementa Brilhante ao acrescentar que este é um dos objetivos do Plano ABC+.

Notícias
Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.
Notícias
Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional
Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.
Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves
A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.
A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.
Fatores que influenciam mercado
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.
1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves
Fatores de alta:
- Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
- Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.
Fatores de baixa:
- Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
- Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
- Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
- Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.
2. Oferta e mercado interno
Fatores de alta:
- Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
- Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.
Fatores de baixa:
- Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.
3. Safra e clima
Fatores de baixa:
- Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

Foto: Claudio Neves
ciclo 2025/26;
- Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.
Acordo China-EUA
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.
Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.
Notícias
Santa Catarina mantém 93% das lavouras de milho em boa condição no início da safra
Epagri/Cepa registra avanço consistente do plantio, com alertas para falhas de germinação e manejo fitossanitário.

O avanço do plantio do milho em Santa Catarina, que já alcança 92% da área prevista para a safra de verão 2025/2026, confirma um início de ciclo predominantemente positivo no estado, mas acompanhado de sinais de alerta pontuais. Segundo o Boletim Agropecuário da Epagri/Cepa, 93% das lavouras são classificadas como boas, um indicador robusto para o período, porém a evolução do desenvolvimento apresenta nuances importantes entre as microrregiões produtoras.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
De maneira geral, o estabelecimento das plantas ocorreu dentro do esperado, com solo apresentando boa umidade e clima favorável nas principais áreas de produção. Ainda assim, a distribuição das chuvas definiu comportamentos distintos entre as regiões, influenciando estandes, sanidade e andamento dos tratos culturais.
No Alto Vale do Itajaí, onde 90% das lavouras estão em boas condições, o desenvolvimento vegetativo é satisfatório, com umidade adequada e apenas focos pontuais de percevejos e cigarrinha. Situação semelhante aparece em Campos de Lages, Planalto Norte e Concórdia, todas com 100% das lavouras avaliadas como boas, apresentando germinação regular, plantas sadias e baixa pressão de pragas. Em Concórdia, inclusive, as primeiras áreas já entraram em floração.
Outras regiões apresentam ritmos distintos. Em Joaçaba, por exemplo, parte das áreas atrasou o plantio devido ao excesso de chuva, e os técnicos registraram ocorrências de percevejo, lagarta e tripes. Já no Litoral Norte, apesar de 100% de condição boa, o excesso de precipitação provocou falhas de germinação, especialmente em lavouras entre os estádios V3 e V8.
No Oeste, regiões importantes para o milho catarinense também mostram realidades variadas. Chapecó/Xanxerê registra 90% das

Foto: Gessí Ceccon
lavouras em boas condições, com plantas em V6 e crescimento favorecido por radiação solar. Em São Miguel do Oeste, o plantio já está finalizado, com início de floração e controle de cigarrinha e ervas daninhas em andamento; 94% das lavouras são classificadas como boas.
O extremo Sul do estado, por sua vez, vem sendo impactado por chuvas intensas. Ainda que 98% das áreas apresentem condição boa, os agrônomos alertam para os efeitos acumulados da umidade elevada nas fases seguintes do desenvolvimento. Em Curitibanos, a semana chuvosa também impôs ajustes no cronograma de tratos culturais, embora as lavouras sejam avaliadas como boas a ótimas.
No cenário estadual, a cigarrinha-do-milho continua sob vigilância, embora com baixa incidência até o momento. A manutenção de condições de sanidade dependerá do monitoramento contínuo e da disciplina no manejo fitossanitário, especialmente em áreas com histórico de enfezamento e maior pressão de insetos.
A Epagri/Cepa reforça que, apesar dos pontos de atenção, o potencial produtivo da safra é positivo. Os próximos dias, marcados pelo comportamento das chuvas e pela manutenção de temperaturas adequadas, serão decisivos para consolidar esse cenário. Se as condições atuais persistirem, Santa Catarina tende a iniciar a colheita com nível elevado de desempenho agronômico e produtivo.



