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Começa a entrega de alimentos da agricultura familiar via PAA para as penitenciárias gaúchas
A Chamada Pública para doação simultânea do PAA funciona através de contratos com cooperativas e faz parte de um convênio entre a SEAPDR e o Ministério da Cidadania.

A Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Coomafitt) é uma das 26 cooperativas habilitadas na Chamada Pública do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da SEAPDR 001/2020 na modalidade de compra com doação simultânea de alimentos. Estes alimentos estão sendo entregues para as casas prisionais, dentro de um cronograma estabelecido pela Superintendência de Serviços Penitenciários (SUSEPE).
A Coomafitt conta com 275 associados e associadas e tem como carro-chefe a produção de banana, mas também produz hortigranjeiros e citros. O volume que a cooperativa vai entregar é grande, alguns podem ser medidos em toneladas: 21.811 kg de banana, 3.048 kg de moranga, 2.046 kg de tomate, 1.406 kg de repolho, além de 675 unidades de alface e 605 molhos de tempero verde.
“Esta chamada para entrega na Susepe é extremamente importante para os agricultores e agricultoras aqui da nossa região. Porque antes da pandemia, a gente tinha uma programação trimestral para entrega dos produtos pelos agricultores, principalmente voltada para o programa nacional da alimentação escolar. Só que com o fechamento das escolas este programa não continuou e os agricultores não estão tendo como escoar a sua produção de forma regular”, destaca Micheli Jacoby, Presidente da Cooperativa.
De acordo com Jacoby, este edital do PAA vai contribuir para o escoamento da produção dos agricultores familiares, para movimentar a economia local e para o aumento da renda nas propriedades, muitas delas tocadas por jovens e mulheres. A produção da cooperativa vai ser entregue dentro da periodicidade estabelecida pelo edital para as penitenciárias de Montenegro, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Santa Rosa, Cruz Alta e Ijuí.
Para o secretário da Administração Penitenciária (Seapen), Mauro Hauschild, “este Programa de Aquisição de Alimentos da agricultura familiar é muito importante. Primeiro por ser uma política pública de inclusão social e segundo, porque esta ação além de gerar renda, agrega qualidade no dia a dia das refeições que são servidas nas nossas casas prisionais”. E destaca: “Ganhamos todos. Ganham as comunidades de agricultores familiares, gerando renda para suas famílias, e ganha o sistema prisional por oferecer alimentação de qualidade nas unidades”.
“Estamos sempre buscando novas alternativas de permitir que nosso agro cresça cada vez mais, valorizando o trabalho do produtor rural”, afirma a secretária da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Silvana Covatti.
A Chamada Pública para doação simultânea do PAA funciona através de contratos com cooperativas e faz parte de um convênio entre a SEAPDR e o Ministério da Cidadania. As entregas dos produtos vão ocorrer neste mês de junho e em julho. E as cooperativas para serem habilitadas devem seguir algumas regras. Entre elas, ter cópia da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP Jurídica), estar em situação regular com as secretarias federal, estadual e municipal da fazenda e ter 40% de mulheres entre os agricultores familiares participantes.
Entre os itens da agricultura familiar previstos no edital estão arroz, feijão carne bovina e suína, alface, banana, cebola, couve, maçã, moranga, repolho, tempero verde, tomate e leite integral. A periodicidade é de 3 vezes por semana para itens perecíveis e quinzenal para itens não perecíveis.
NOVA CHAMADA PÚBLICA 2021
Uma nova Chamada Pública do PAA está aberta para as cooperativas. O prazo termina em 20/07/2021. A Chamada será na modalidade de compra com doação simultânea, com dispensa de licitação, destinada ao abastecimento da Superintendência de Serviços Penitenciários (SUSEPE). Para mais informações veja aqui: https://www.agricultura.rs.gov.br/secretaria-da-agricultura-realiza-chamada-publica-do-paa-para-aquisicao-de-alimentos-da-agricultura-familiar
Informações sobre o PAA: Departamento de Cooperativismo da Secretaria da Agricultura, através do e-mail: janaina-nery@seapdr.rs.gov.br ou pelos telefones (51) 3218.3375 e 3218.3378.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



