Avicultura
Combinação de ácidos graxos esterificados e fitogênicos promove saúde intestinal das aves
Em todo o mundo há uma clara demanda para reduzir o uso de antibióticos em aves e, dessa forma, reduzir o risco de resistência microbiana.

Garantir a saúde intestinal é uma premissa para um ótimo desempenho. Durante anos, o foco das empresas de criação de frangos de corte tem sido a melhoria da taxa de crescimento e conversão alimentar. Esta estratégia de “menos por mais” colocou uma pressão sobre a saúde dos animais. A seleção contínua para esses indicadores de eficiência provavelmente impactou negativamente a imunidade adaptativa e causou o aumento na incidência de doenças metabólicas. A saúde intestinal da ave de crescimento rápido tornou-se uma grande preocupação.
Em todo o mundo, há uma clara demanda para reduzir o uso de antibióticos em aves e, dessa forma, reduzir o risco de resistência microbiana. Os antibióticos são amplamente utilizados para prevenir, controlar e tratar doenças e infecções.
No século 20, os produtores incorporaram antibióticos em suas práticas abrangentes de criação de animais. Mas há preocupações globais de que os antibióticos possam ser usados com muita frequência. Em 2006, por exemplo, 96% de todas as aves abatidas em todo o mundo foram tratadas com pelo menos um antibiótico. Este uso excessivo de antibióticos na indústria avícola pode causar resistência microbiana, uma ameaça considerável para a população humana.
Programas de produção de frangos sem antibióticos precisam de segurança, que é obtida por uma interação entre respostas digestivas e efeitos sobre a microbiota intestinal. Uma combinação de ácidos graxos de cadeia curta e média com fitogênicos tem o potencial de apoiar a saúde intestinal em condições desafiadoras, como demonstrado nas condições de estudos de campo descritas a seguir.
Fitogênicos
A inclusão de aditivos fitogênicos nas rações melhora o desempenho dos frangos de corte. Existem várias categorias de aditivos fitogênicos para rações, incluindo óleos essenciais, substâncias pungentes, substâncias amargas e saponinas que têm efeitos diferentes sobre o animal. Os óleos essenciais podem afetar positivamente a secreção de sucos digestivos e a absorção de nutrientes. As substâncias amargas e pungentes podem potencialmente aumentar o fluxo biliar no intestino, o que é essencial para a digestão de gordura. Por fim, as saponinas têm o potencial de melhorar a absorção de nutrientes e minerais.
Uma mistura de óleos essenciais, substâncias pungentes e amargas e saponinas demonstrou afetar positivamente a secreção de enzimas pancreáticas e a secreção de enzimas de borda em escova. Quando esta mistura foi adicionada na ração, ensaios in vivo mostraram que a produção de tripsina foi aumentada em 13%. A tripsina é uma enzima importante envolvida na digestão de proteínas. Outras enzimas associadas à digestão de carboidratos também foram aumentadas, incluindo amilase (+25%, digestão de amido), sacarase (+15%, digestão de sacarose) e maltase (+11%, digestão do dissacarídeo maltose). Como resultado esta mistura de fitogênicos pode promover melhor desempenho.
Uma vez que a digestão da ração é melhorada, menos nutrientes estão disponíveis para bactérias indesejáveis, reduzindo o seu crescimento populacional e as consequências prejudiciais tipicamente associadas a este crescimento descontrolado.
Ácidos graxos de cadeia curta e média
Os ácidos graxos de cadeia curta e média podem estar presentes como ácidos graxos livres ou mono-, di- e triglicerídeos (esterificados com glicerol). Dependendo do comprimento dos ácidos graxos utilizados, eles têm principalmente a capacidade de promover o desenvolvimento de enterócitos (ácido butírico) ou têm efeitos antibacterianos comprovados (ácido caprílico e cáprico).
Em frangos de corte, infecções por Clostridium perfringens, uma bactéria produtora de alfa-toxina, causa lesões necróticas na mucosa do intestino delgado. Os resultados variam desde a redução do consumo de ração e do ganho de peso corporal até a condenação de carcaças no abate devido a anormalidades hepáticas. Surtos de enterite necrótica também podem levar a altas taxas de mortalidade.
Os ácidos graxos de cadeia média são bem conhecidos por exercer excelentes propriedades antimicrobianas. A concentração mínima necessária desses ácidos para inibir o crescimento microbiano é baixa e, dessa forma, os ácidos graxos de cadeia média são uma ferramenta muito eficiente. Especialmente o ácido cáprico e láurico têm efeitos antibacterianos consistentes contra Clostridium perfringens.
Ácidos graxos de cadeia curta e média e fitogênicos
A combinação de fitogênicos com ácidos graxos de cadeia curta e média mostrou um efeito antibacteriano eficiente contra Clostridium perfringens. Um ensaio com desafio de enterite necrótica em frangos de corte foi conduzido para avaliar a eficiência de tal combinação.

Fig. 1. Ganho de peso corporal e conversão alimentar de frangos de corte aos 42 dias de idade submetidos a diferentes tratamentos.
Os resultados (Fig. 1) mostram que a combinação de ácidos graxos de cadeia curta e média e fitogênicos (BFAO) melhorou significativamente (P<0,05) a taxa de conversão alimentar (CA) e o ganho de peso corporal (GPC) no dia 42 em relação ao controle.
Em comparação com o tratamento com 20ppm de virginiamicina, não foram observadas diferenças no desempenho quando o BFAO foi utilizado. Esses resultados indicam que essa combinação tem o potencial de ser um aditivo alimentar eficaz na produção de frangos de corte sem promotores de crescimento convencionais.
Aos 21 dias de idade, cinco aves por tratamento foram selecionadas e examinadas quanto à gravidade das lesões de enterite necrótica no intestino delgado em uma escala de 0 a 3:
1. 0 para intestinos normais (sem lesões NE).
2. 1 para cobertura de muco fino e perda de tônus.
3. 2 para enterite necrótica grave.
4. 3 para enterite necrótica grave com a presença de sangue no lúmen.
Os resultados mostram que a adição de ácidos graxos de cadeia curta e média e fitogênicos reduziu a incidência de lesões de enterite necrótica em 42%, igual estatisticamente ao tratamento com virginiamicina (Fig. 2). Estes resultados mostram os efeitos positivos do BFAO na saúde intestinal em condições desafiadoras.
Conclusão
Não existe um aditivo alimentar eubiótico “bala de prata” que cubra todo o espectro de efeitos dos antibióticos. A combinação de ácidos graxos de cadeia curta e média e fitogênicos no âmbito do estudo descrito acima melhora a resiliência contra a infecção por enterite necrótica e melhora o desempenho, resultando em melhor rentabilidade da produção avícola.
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Avicultura
Produção brasileira de ovos para consumo desacelera no terceiro trimestre
Levantamento do IBGE e Cepea indica leve queda trimestral na oferta porém aponta recorde histórico no acumulado de 2025 com impacto direto nos preços pagos ao produtor.

Dados do IBGE analisados pelo Cepea mostram que, entre julho e setembro, foram produzidas 1,02 bilhão de dúzias de ovos para consumo, queda de 1,4% frente ao trimestre anterior, mas alta de 2,5% na comparação com igual intervalo de 2024.
No acumulado do ano, a produção nacional soma 3,04 bilhões de dúzias, volume recorde para o período de toda a série histórica do Instituto, iniciada em 2012. Assim, pesquisadores do Cepea explicam que, mesmo com a leve retração na quantidade produzida, os valores dos ovos seguiram enfraquecidos ao longo do terceiro trimestre.
De acordo com levantamentos do Centro de Pesquisas, entre julho e setembro, a média dos ovos brancos tipo extra, a retirar (FOB) em Bastos (SP), foi de R$ 149,15/caixa com 30 dúzias, queda de 14% em termos reais (dados deflacionados pelo IGP-DI de nov/25), em relação ao trimestre anterior.
Para os ovos vermelhos, houve desvalorização real de 16% em igual comparativo, à média de R$ 164,45/cx na região paulista.
Avicultura Do surto ao recall
Lições que a agroindústria não pode ignorar
Especialistas alertam que o avanço de contaminações no Brasil e no exterior exige vigilância contínua, tecnologia de ponta e gestão rigorosa para evitar crises sanitárias e prejuízos às empresas.

A segurança alimentar voltou ao centro das atenções diante da escalada de surtos e contaminações que desafiam a indústria de alimentos no Brasil e no mundo. A mensagem foi reforçada pela bióloga Marina Gumiere, doutora em Microbiologia Agrícola, durante o 11º Encontro Avícola Empresarial Unifrango, realizado em julho na cidade de Maringá (PR).
Segundo a especialista, só um monitoramento contínuo e políticas rígidas de controle de qualidade conseguem prevenir riscos e proteger tanto a saúde pública quanto a reputação das marcas. “Os riscos invisíveis da indústria alimentícia exigem mais que protocolos básicos, pedem vigilância constante, ferramentas modernas e uma cultura de prevenção. Prevenir surtos é sempre mais eficiente, e menos custoso, do que lidar com as consequências de uma crise sanitária”, frisou.
Entre 2013 e 2022, o Brasil registrou uma média anual de 6,6 mil surtos alimentares. Casos recentes de enterovírus e contaminações por E. coli e Salmonella em praias de São Paulo evidenciam a persistência do problema. Em 2024, episódios semelhantes atingiram Estados Unidos, Vietnã, Rússia e Arábia Saudita, com foco em carnes, saladas prontas e alimentos processados, um alerta de que a vulnerabilidade é mundial. “As consequências de um recall são amplas. Além de altos custos financeiros, que envolvem recolhimento, processos judiciais e investimentos em recuperação, as empresas sofrem desgaste da reputação, com perda da confiança do consumidor e questionamentos de investidores. Há ainda a pressão legal, com disputas e ações judiciais que prolongam os impactos da crise”, enumerou Marina.
Casos que marcaram a indústria

Bióloga Marina Gumiere, doutora em Microbiologia Agrícola: O Plano de Monitoramento Ambiental (PMA) é fundamental para identificar fontes de contaminação, mapear áreas críticas e apontar falhas de higiene nas plantas industriais” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Marina lembrou de episódios que se tornaram referência em segurança alimentar e que servem de alerta para toda a cadeia produtiva. Em 2010, nos Estados Unidos, mais de 500 milhões de ovos foram recolhidos após 2,5 mil casos de salmonelose, com custos superiores a US$ 100 milhões. Em 2007, a contaminação de manteiga de amendoim gerou impacto estimado em US$ 1 bilhão, atingindo não apenas o produtor, mas também a extensa cadeia de produtos que utilizava o ingrediente.
A rede de hambúrgueres que enfrentou surtos de E. coli em 2004 e novamente em 2024 sofreu queda de 10% no valor de suas ações, perda de vendas e precisou investir mais de US$ 100 milhões em medidas corretivas e marketing para tentar recuperar a imagem.
Ferramentas para prevenir
Para reduzir riscos, Marina defende o uso de estratégias que envolvem diferentes frentes de controle. “O Plano de Monitoramento Ambiental (PMA) é fundamental para identificar fontes de contaminação, mapear áreas críticas e apontar falhas de higiene nas plantas industriais”, destacou.
Ela ressaltou ainda a importância do zoneamento de risco, que classifica os ambientes da fábrica em quatro níveis, permitindo direcionar o monitoramento para microrganismos adequados a cada área. “Sem um bom zoneamento, se perde eficiência no controle, porque não se mede o que realmente importa em cada ponto da planta”, afirmou.
Outro ponto crítico são os biofilmes, estruturas resistentes formadas por comunidades microbianas que podem abrigar agentes como Listeria e Salmonella. “Eles criam uma barreira protetora que dificulta a ação dos sanitizantes e, muitas vezes, só podem ser eliminados com ação mecânica”, alertou a especialista.
Soluções avançadas de investigação
A evolução tecnológica também oferece novas ferramentas para que a indústria alimentícia enfrente riscos invisíveis com mais precisão. Marina destacou o papel do sequenciamento de nova geração (NGS) e do sequenciamento completo do genoma (WGS), técnicas que permitem identificar microrganismos que não crescem em meios tradicionais e rastrear a origem de surtos. “O WGS consegue diferenciar sorotipos e apontar se a mesma cepa está presente em diferentes pontos da planta. É uma ferramenta poderosa de rastreamento e prevenção”, afirmou, destacando que essas técnicas também permitem identificar genes de resistência a sanitizantes e antibióticos, além de relacionar características das cepas com as condições sanitárias da planta e avaliar a evolução da resistência microbiana ao longo do tempo.
Outra solução é a metagenômica, capaz de extrair o DNA diretamente da matéria-prima, da água ou de superfícies, sem necessidade de cultivo. “A metagenômica mostra toda a comunidade microbiana presente, sua diversidade, abundância e potenciais riscos. É como acender a luz em um ambiente que antes estava no escuro”, comparou Marina.
A avaliação da eficácia dos desinfetantes utilizados na fábrica também é indispensável, especialmente contra as cepas isoladas da própria planta, e não apenas contra microrganismos indicadores padrão. “É importante testar a eficácia das soluções ao longo do tempo de armazenamento, já que alguns ativos, como o hipoclorito, perdem potência rapidamente”, reforçou.
No campo da gestão, a especialista reforçou a importância de ferramentas modernas de monitoramento, que superam as limitações das planilhas tradicionais. “O Excel ajuda, mas não oferece a visão estratégica. Hoje existem sistemas capazes de mapear zonas de risco, indicar pontos positivos de contaminação, monitorar ativos e desencadear planos de mitigação de forma integrada”, pontuou.
A versão digital está disponível gratuitamente no site oficial de O Presente Rural. A edição impressa já circula com distribuição dirigida a leitores e parceiros em 13 estados brasileiros.
Avicultura
Frango congelado mantém estabilidade e mercado segue com pouca volatilidade
Cotações recuaram e avançaram de forma moderada ao longo da semana e acumulam leve valorização de 0,25% no mês, segundo dados do Cepea.

Os preços do frango congelado no Estado de São Paulo seguiram estáveis nesta quarta-feira (10), segundo dados do Cepea/Esalq. A cotação ficou em R$ 8,13/kg, repetindo o valor do dia anterior, sem variação diária (0,00%).
Apesar da pausa no movimento de alta, o produto acumula valorização de 0,25% em dezembro.
Na terça-feira (09), o frango congelado havia avançado 0,49%, saindo de R$ 8,09/kg (08/12) para R$ 8,13/kg. Antes disso, as oscilações foram moderadas: -0,12% em 8 de dezembro e -0,12% no dia 5.
Já no dia 04 de dezembro, o indicador registrou estabilidade em R$ 8,11/kg.
Os números mostram que, mesmo com variações pontuais, o mercado paulista de frango congelado opera com baixa volatilidade neste início de mês.




