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Suínos Estratégias nutricionais

Combatendo o estresse do desmame em leitões com nutrição

Durante as primeiras duas a três semanas após o desmame, os leitões perdem a proteção imune passiva fornecida por meio do leite de porca e podem sofrer com diarreia, edema ou morte súbita.

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Arquivo/OP Rural

A síndrome pós-desmame associada a doenças enterotoxigênicas, a bactéria Escherichia coli (E. coli) continua sendo um dos desafios mais complexos e economicamente relevantes da suinocultura nos dias de hoje. Durante as primeiras duas a três semanas após o desmame, os leitões perdem a proteção imune passiva fornecida por meio do leite de porca e podem sofrer com diarreia, edema ou morte súbita. Os leitões sobreviventes muitas vezes apresentam sinais de crescimento retardado e são incapazes de atingir o seu potencial de ganho de massa magra. O comprometimento do desempenho pode continuar até o abate.

A diarreia pós-desmame em suínos envolve muitos fatores e não pode ser atribuída exclusivamente a presença de E. coli. Para a proliferação de patógenos deve haver fatores predisponentes como: predisposição genética, idade de desmame e condições de instalações, assim como uma mudança nutricional abrupta, que está diretamente ligada ao desmame.

Uma diminuição drástica na ingestão de alimento é muitas vezes um efeito colateral dessa transição nutricional. A fome pode se instalar em poucos dias após o desmame, seguida de um aumento na ingestão de alimentos que sobrecarrega a capacidade imatura de digestão do leitão, resultando em excesso de componentes inadequadamente digeridos no intestino. Isso gera um desequilíbrio da microbiota, permitindo que bactérias potencialmente nocivas, como a E.coli, proliferem. Enquanto isso, o sistema imunológico do leitão, ainda em desenvolvimento, não está preparado para gerenciar a pressão do patógeno.

A seguir, destacamos quatro estratégias nutricionais consideradas importantes para apoiar e auxiliar os suínos na fase de desmame.

Ingestão contínua de alimento

O crescimento e a saúde dos leitões estão atrelados ao consumo adequado de alimento, tanto em qualidade quanto em quantidade. A infecção oral dos leitões com E. coli resulta em pior conversão alimentar, quando a ingestão de ração dos leitões cai abaixo de um limiar mínimo. Portanto, tornar a dieta altamente palatável e garantir que não há contaminantes físicos, químicos ou microbiológicos presentes na ração, é essencial para manter a ingestão adequada.

Os leitões têm um paladar sensível e alterações de sabor podem ser causadas por fatores como oxidação lipídica ou contaminações. Assim como o sabor e o odor de uma ração, a sensação da dieta na boca afetará a aceitação pelo animal. As condições de processamento da ração devem ser adaptadas e precisamente controlada, não só para manter a qualidade nutricional, mas também para produzir um alimento macio e facilmente mastigável.

Gestão da capacidade digestiva

É um grande desafio gerir a baixa capacidade digestiva dos leitões jovens. A acidificação da ração e da água potável ajuda a compensar a insuficiência da produção de ácido gástrico dos leitões. Esses ácidos são necessários principalmente para digestão adequada de proteínas dos alimentos. Acidificar a ração e a água também impedirá a proliferação de bactérias patogênicas ao reduzir o pH do meio a um nível inapropriado à sua multiplicação. E, dependendo do tipo de ácido, pode haver também um efeito bactericida direto.

Além disso, tecnologias inovadoras de formulação de rações abordam o desafio da capacidade digestiva de um ângulo aprimorado: as matérias-primas disponíveis são combinadas de forma dinâmica com base na cinética de digestão das suas proteínas, carboidratos e tipos de fibras, maximizando a utilização de energia e nutrientes, ao mesmo tempo que minimizam a quantidade de nutrientes não digeridos no sistema digestivo. Conhecendo a dinâmica digestiva dos ingredientes, suas frações e cinética de fermentação, entre outros tópicos, é possível formular dietas que atendam ao potencial de crescimento e estimulem a saúde gastrointestinal em animais jovens.

Cabe ressaltar que uma melhor gestão da capacidade digestiva do animal também resulta em menor excreção de nutrientes e maior sustentabilidade econômica e ambiental da produção.

Suporte inicial para o desenvolvimento intestinal

O desenvolvimento intestinal de um leitão, incluindo a colonização pela microbiota, é um processo frágil e tipicamente leva de 12 a 14 semanas para se completar. A estabilidade da microbiota residente pode ter um efeito vitalício na saúde intestinal e imunidade dos leitões. Intervenções nutricionais que estabelecem e estabilizam a microbiota de um leitão podem ajudar os animais jovens a desenvolver seu trato gastrointestinal, mantendo-se saudável. Essas medidas podem começar antes mesmo do nascimento. Como exemplo, aditivos nutricionais oferecidos para as matrizes podem afetar positivamente os leitões, por meio da transmissão vertical da microbiota das fêmeas para os recém-nascidos.

Resultados de um experimento envolvendo 240 porcas revelaram que quando porcas foram alimentadas no final da gestação e lactação com uma mistura de ácidos orgânicos e compostos fenólicos, cujo objetivo é estabilizar a microbiota e fortalecer a barreira intestinal, produziram leitegadas maiores, mais pesadas e mais uniformes ao desmame (figura 1).

Otimização da resposta imune

O desmame é um processo estressante, e o estresse é um fator conhecido por enfraquecer a resposta do sistema imunológico do animal.  O desafio da imunidade é exacerbado, pois o desmame ocorre em um momento em que o sistema imunológico dos leitões ainda está imaturo. Ajustar a proporção da dieta e o nível de aminoácidos – que são necessários para produzir proteínas de defesa e imunoglobulinas em situações de desafio imunológico – é um passo no gerenciamento do desafio imunológico.

Além disso, ingredientes funcionais que promovem uma resposta imune adequada podem oferecer mais um passo em uma abordagem multifatorial para ajudar a preencher a lacuna de imunidade e apoiar uma resposta imune adequada. Os produtos nutracêuticos, eubióticos, como os ácidos orgânicos e os óleos essenciais, se destacam na modulação imune ao preservarem a barreira intestinal, impedindo a entrada de patógenos, por reduzirem estímulos pró-inflamatórios e aumentarem a resposta dos animais em situações de desafio. A redução da virulência de patógenos potenciais é outra característica já estudada de alguns fitogênicos.

Como conclusão, estratégias nutricionais e ingredientes funcionais, como parte de uma abordagem multifatorial, podem contribuir significativamente para o manejo nutricional do estresse do desmame, apoiando a saúde e o desempenho dos leitões.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: Por Dra. Ellen Hambrecht, da Selko Feed Additives, e Dr. Ruben Decaluwe, da Trouw Nutrition. Adaptado por Andréa Silvestrim, da Trouw Nutrition. 

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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