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Com sucessivas safras recordes, 8ª Conferência Brasileira de Pós-Colheita vai debater futuro da armazenagem no Brasil
Evento será realizado em Rio Verde, a capital do agronegócio, de 24 a 26 de outubro, no Centro Tecnológico Comigo, em Rio Verde (GO).
Com o tema “gestão da pós-colheita de grãos para sustentabilidade do agronegócio”, a 8ª Conferência Brasileira de Pós-Colheita (VIIICBP2023) vai reunir os principais especialistas do setor para promover o debate sobre os desafios e avanços do pós-colheita no Brasil, onde a produção de grãos cresce, safra após safra, exigindo cada vez mais aprimoramento das unidades armazenadoras e ampliação do setor.
O evento será realizado em Rio Verde, a capital do agronegócio, de 24 a 26 de outubro, no Centro Tecnológico Comigo, em Rio Verde (GO). Em paralelo, a Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos), promotora do evento, também realiza o V Simpósio Goiano de Pós-Colheita de Grãos. Conferência e Simpósio devem reunir cerca de 600 profissionais da área e divulgar 150 trabalhos científicos.
O presidente da Abrapos, José Ronaldo Quirino, ressalta que a conferência é uma oportunidade para conhecer as novas tecnologias, as boas práticas operacionais e a importância da segurança no pós-colheita. “O evento contará com palestras, painéis, sessões de pôsteres com trabalhos científicos e exposição de empresas que oferecem produtos e serviços para o setor. Ele destaca que o evento tem o apoio de diversas entidades representativas, como o Instituto Federal Goiano-Campus Rio Verde, o Sindicato dos Armazéns Gerais de Goiás (SAGG), a Caramuru Alimentos e a Comigo-Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano.
Infraestrutura de armazenagem
No primeiro dia, em três conferências e um painel, o evento vai tratar de temas importantes do setor, como segurança nas unidades armazenadoras, implicações da contaminação dos grãos, influência da produção no campo na qualidade de armazenagem dos grãos e a infraestrutura de armazenagem e de transporte no contexto do escoamento da safra de grãos.
Para falar sobre a infraestrutura de armazenagem, um dos mais importantes tópicos do evento, o conferencista convidado é o superintendente de armazenagem da Conab, Stelito Assis dos Reis Neto. Ele divulgará dados inéditos durante sua conferência que mostrarão o panorama deficitário da infraestrutura de armazenagem no País.
Segundo Reis Neto, a Conab analisa o déficit de armazenagem um pouco diferente do que normalmente é feito pelo mercado, que pega o valor da capacidade estática do país e compara de forma direta com a safra anual produzida. “Não analisamos desta forma porque o mesmo armazém pode comportar mais de uma safra por ano. Daí o conceito de capacidade dinâmica que a gente explora para falar sobre como está funcionando esse binômio escoamento e capacidade de armazenagem do país no momento das safras”, detalha.
Dados da Conab apontam que o Brasil tem uma capacidade estática de armazenagem de 198 milhões de toneladas e, segundo dados do IBGE, a estimativa de agosto prevê safra recorde de 313,3 milhões de toneladas para 2023. O estado com maior capacidade é o Mato Grosso, com 48 milhões de toneladas, seguido pelo Rio Grande do Sul com 32 milhões de toneladas e o Paraná com 30 milhões de toneladas. Na avaliação do especialista, a análise do déficit de capacidade estática precisa ser regionalizada, pois é variável dependendo da região do País.
“Às vezes até a tecnologia impacta nesta avaliação, pois se eu tenho armazéns mais novos, como é o caso do Mato Grosso, que tem sistemas de movimentação mais modernos e com fluxos maiores, portanto, possui uma capacidade de dinâmica maior. Assim tenho menos problemas de escoamento da produção, mesmo sendo o maior produtor do País. Se a gente comparar com o Rio Grande do Sul, que é a nossa capacidade estática mais antiga, na média, eles vão ter problemas maiores, quanto a capacidade dinâmica. O escoamento da passagem do produto por dentro do armazém vai ser mais lento”, elucida.
Reis Neto também enfatiza que existem dificuldades de acesso aos armazéns, pois há concentração de armazéns em determinados locais do País e muitos sem nada. O especialista também vai focar em alternativas para que essa bola de neve não continue crescendo. “Construir armazéns é muito importante, mas o país precisa de mais, como avançar, por exemplo, em tecnologias de construção rápida de armazéns, em aumentar as certificações das unidades armazenadoras, que mesmo sendo obrigatória, menos de 30% dos armazéns são certificados”.
Contaminação de grãos e mercado internacional
Outro tema que será debatido em conferência é as “Implicações internacionais da contaminação dos grãos com sementes de plantas daninhas e demais contaminantes na comercialização”. Pedro Alberto Nunes de Matos, diretor da Associação das Supervisoras e Controladoras do Brasil (ASCB) e membro do Comitê de Empresas Fumigadoras da ANEC, irá falar sobre as crescentes exigências fitossanitárias e cada vez mais restritivas pelos países importadores.
Matos reforça que os produtores devem estar cada vez mais atentos para a qualidade dos grãos, pois os importadores de commodities agrícolas, com ênfase para a China, estão impondo cada vez mais restrições no que se refere a presença de contaminantes e exigindo cada vez mais qualidade do produto voltado para exportação. “A cadeia de exportação de commodities agrícolas precisa estar atenta a questão da contaminação e trabalhar na diminuição e até mesmo na eliminação da presença de contaminantes de uma forma geral, evitando problemas que possam impactar a balança comercial brasileira com eventuais recusas de cargas e mais do que isso, restrições de compra pelo mercado importador. A realização da pré-limpeza e limpeza dos grãos tem importância crucial para a solução do problema”, orienta.
Qualidade e produção de grãos
O presidente da Abrapos vai proferir conferência sobre a “Influência da produção no campo na qualidade de armazenamento dos grãos”. Para Quirino, a armazenagem dos grãos tem influência direta da produção no campo. “Nós não temos como melhorar a qualidade dos grãos que chegam nas unidades armazenadoras, mas podemos manter o que vem do campo. Então, todos os aspectos que tiverem algum problema no campo podem potencializar as dificuldades na armazenagem. Nessa palestra vou falar sobre as vagens verdes, percevejos, umidade elevada, entre outros diversos problemas que a gestão do campo pode prejudicar na armazenagem”, alerta Quirino.
Segundo o presidente da Abrapos, como a nossa capacidade estática de armazenamento está aquém do que necessitamos, o Brasil depende muito da logística, ou seja, o que está chegando, deve sair logo das unidades armazenadoras. “Se tivermos grãos com problemas vindos do campo e esse produto ficar exposto às condições de tempo, a situação de qualidade do produto pode se agravar na armazenagem, até mesmo na presença de microorganismos e toxinas”.
Na opinião de Quirino, o grande desafio do setor de armazenagem em relação à qualidade de grãos é a chegada de grão imaturo nas unidades armazenadoras. Ele aponta que o ideal é que o produtor faça a dessecação no momento adequado, use cultivares tolerantes a percevejos e faça o plantio no momento adequado.
Além das conferências e painéis, o evento contará com o espaço dos expositores, que será uma vitrine tecnológica de produtos, tecnologias e soluções relacionadas a pós-colheita, onde o público poderá ver de perto as inovações do setor que já estão no campo e disponíveis no mercado.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.