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Com sanidade no foco das cadeias de proteína animal, cotações do suíno recuam

Logo após a notificação do caso atípico de BSE em 22 de fevereiro, o mercado de suínos começou a esfriar, com queda contínua de preços que chegaram a R$ 7,30 na última edição da bolsa mineira, até 16 de março. Confira o boletim de mercado de março da Associação Brasileira de Criadores de Suínos.

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Foto: Julio Cavalheiro/Secom

Não bastasse a apreensão do setor agropecuário com a expansão da Influenza aviária na América do Sul, em 23 de fevereiro o Brasil suspendeu as exportações de carne bovina para a China, em função do aparecimento de um caso atípico de BSE (“mal da vaca louca”) no Estado do Pará. Esta suspensão, mesmo que temporária, impactou imediatamente as cotações do boi gordo (gráfico 1).

Gráfico 1 – Indicador do Boi gordo CEPEA/B3 (R$/@), estado de São Paulo, dos últimos 12 meses. Média de março até dia 17/03/2023. Fonte Cepea

Embora a carne bovina esteja há muito tempo com os preços bastante “descolados” da carne suína, é perceptível o nível de especulação das últimas semanas pressionando para baixo os preços pagos aos suinocultores. O preço do suíno vinha subindo em todas as praças desde o final de janeiro (gráficos 2 e 3), atingindo o pico em meados de fevereiro, quando a bolsa de BH acordou o preço por duas semanas em R$ 8,40/kg vivo.

Coincidência ou não, logo após a notificação do caso atípico de BSE em 22 de fevereiro, o mercado de suínos começou a esfriar, com queda contínua de preços que chegaram a R$ 7,30 na última edição da bolsa mineira, até 16 de março. Não há elementos que sustentem este recuo dos preços por muito tempo, pois é evidente que ao contrário do mesmo período do ano passado, em que a disponibilidade interna de carne suína estava muito elevada em relação ao consumo, hoje temos um ajuste maior entre oferta e demanda.

Gráfico 2 – Preço da carcaça especial (R$/kg), em São Paulo (SP) nos últimos 12 meses. Média de março até dia 17/03. Fonte: Cepea

Gráfico 3 – Preço do suíno vivo (R$/kg) nas principais praças (MG, SP, PR, SC e RS) nos últimos 12 meses. Média de março até 17/03. Fonte: Cepea

Conforme levantamento do MBAgro, nos últimos anos tivemos dois episódios de ocorrência de BSE atípica no Brasil, o primeiro em 2019, quando a China suspendeu suas importações de carne brasileira por 14 dias e o segundo episódio em 2021, quando o embargo durou longos 104 dias.

Na ocasião, foram identificados dois casos em dois estados brasileiros diferentes, além disso, houve demora na detecção e encaminhamento das amostras, fatores que contribuíram para uma suspensão mais longa das exportações. Com a saída temporária dos frigoríficos do mercado, o preço do boi deve continuar em baixa.

Durante esse período de suspensão das importações brasileiras para a China, os chineses teriam que utilizar os estoques existentes e tentar aumentar o fornecimento de outros países, onde não existe uma oferta abundante, favorecendo um ciclo de alta nos preços no mercado chinês.

Justamente por essa questão de aumento de preços, que já estava em curso naquele país, agora atrelada à falta de oferta de seu principal fornecedor de carne bovina, a consultoria MBAgro não vê justificativas técnicas, nem econômicas, para uma demora muito longa na retomada das exportações brasileiras para a China.

O IBGE publicou os dados definitivos de abate de suínos do último trimestre de 2022, confirmando um crescimento expressivo do consumo doméstico em relação ao ano anterior; enquanto a produção brasileira aumentou 5,41%, o consumo per capita subiu 6,10%, chegando a 19,32 kg/habitante/ano (gráfico 4).

Gráfico 4 – Balanço anual da carne suína brasileira, com abate (toneladas de carcaças), exportação de carne in natura e consumo per capita (kg/habitante/ano). Elaborado por Iuri P. Machado sobre dados do IBGE e Secex.

As exportações seguem superando os volumes do início do ano passado, com crescimento tanto nos volumes totais quanto para a China (tabela 1). Apesar de um pequeno recuo no valor unitário em dólar exportado em relação ao final do ano passado, quando se compara com o primeiro bimestre de 2022 os valores de janeiro e fevereiro de 2023 são bastante satisfatórios.

Tabela 1. Volume mensal de carne suína in natura embarcada total e para a China em 2022 e janeiro e fevereiro de 2023 e preço médio (FOB) em dólar. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex e Cepea.

Sobre a Peste Suína Africana (PSA) na China, desde 2018 quando foi notificada, houve uma mudança no perfil do rebanho chinês que após sofrer uma perda estimada de quase 40% da produção, recuperou-se. Porém, o vírus nunca foi totalmente controlado e neste momento há relatos de que está ocorrendo um recrudescimento da enfermidade no país que poderia resultar em perdas estimadas entre 8 e 15% do rebanho.

Estas perdas seriam decorrentes indireta ou diretamente da doença, com a liquidação “preventiva” de planteis não somente para evitar o contágio, mas também para reduzir os prejuízos do preço em queda, visto que uma maior liquidação resulta em maior oferta em curto espaço de tempo e queda acentuada dos preços. Portanto, as consequências no curto prazo são de aumento da oferta doméstica e redução do preço e no médio/longo prazo de escassez e preços em elevação.

O sexto levantamento da safra brasileira 2022/23 publicado pela Conab manteve a previsão de produção recorde de milho e soja. Com relação ao milho, comparando com o levantamento anterior (tabela 2), a Conab novamente revisou o estoque de passagem deste ano de 7,89 milhões para 8,07 milhões de toneladas.

Tabela 2 – Balanço de oferta e demanda de Milho no Brasil (em mil toneladas). Dados da safra 2022/23 atualizados em 09/03/23, sendo estoque final estimado para 31 de janeiro. *Previsão 2022/23. Fonte: Conab

A grande preocupação é o excesso de chuvas no centro-oeste brasileiro e no Paraná que resultou em um atraso significativo da colheita da soja e, consequentemente, o plantio de milho da segunda safra fora da janela ideal, com risco de perdas futuras na produtividade em algumas regiões importantes.

No mercado internacional de grãos a Argentina é o grande player que terá queda significativa na oferta de milho e soja em função da seca que assolou o país. O último relatório do USDA, publicado em 08 de março, diminuiu em oito milhões de toneladas a produção de soja, projetando uma produção de 33 milhões de toneladas no país platino, redução de quase 20% em relação à estimativa de fevereiro, sendo o menor volume de produção de soja do país em 14 anos.

A expectativa de produção de milho na Argentina também caiu, passando de 47 milhões de toneladas divulgado em fevereiro, para 40 milhões de toneladas (-15%). Mesmo com essa quebra de safra argentina, ainda se espera uma grande oferta de grãos no segundo semestre, principalmente com a expectativa de clima favorável nos EUA.

As cotações de milho e farelo de soja no Brasil têm se mantido estáveis, mas em patamar ainda elevado em relação ao preço de venda do suíno (tabela 3).

Tabela 3 – Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido), em 2021, 2022 e janeiro e fevereiro de 2023. Observação:  A Embrapa revisou os coeficientes técnicos a partir de janeiro deste ano e as principais mudanças foram a redução da conversão alimentar de rebanho em 12%, o aumento do peso final em +14% e o aumento na produtividade das matrizes em 13%. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos) e Cepea (preço).

Enquanto no ano de 2022 as cadeias de comodities foram afetadas pela eclosão da guerra da Ucrânia, que pressionou os custos de fertilizantes e grãos, o ano de 2023 deverá ter a sanidade animal como foco de atenção, com a PSA agravando-se na China e a Influenza aviária se espalhando pelo mundo e já presente na América do Sul. Ainda é cedo para se avaliar o impacto destas enfermidades na dinâmica do mercado de carnes, mas é preciso monitorar estas variáveis.

Quanto às ocorrências de mal da vaca louca atípica, urge o Brasil revisar o protocolo assinado com a China, pois é evidente que o sistema de produção brasileiro de bovinos é altamente seguro, mas casos atípicos continuarão aparecendo e estes embargos, ainda que transitórios, causam prejuízos irreparáveis às cadeias brasileiras de proteína animal.

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, “O início de ano sempre é desafiador para os suinocultores, mas este ano o desafio está mais brando que nos anos recentes e o horizonte ainda é animador, apesar dos riscos que se apresentam e do alto nível de endividamento do setor que passou por um longo período de crise”.

Fonte: Assessoria ABCS

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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