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Com robô e pesquisas com peixes, universidades estaduais promovem inovações no Show Rural
Entre diversos protótipos, a Unioeste apresentou um robô para pulverização de precisão que proporciona automatização e eficiência na aplicação de defensivos agrícolas.

Pesquisas científicas e tecnológicas voltadas ao aumento da produtividade de pequenas, médias e grandes propriedades agropecuárias estão movimentando o estande da Ciência e Tecnologia do Governo do Paraná, no Show Rural 2022, em Cascavel, no Oeste do Estado. O evento segue até esta sexta-feira (11) no Parque Tecnológico da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel).
Pesquisadores, professores e estudantes das sete universidades estaduais do Paraná se revezam na promoção de projetos inovadores para o setor rural, desenvolvidos em vários campus das instituições de ensino superior.
A Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) também está presente na feira, divulgando o Programa de Apoio à Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime). Lançada em 2021, a iniciativa visa transformar pesquisas acadêmicas em produtos e serviços para a população.
Empreendedores beneficiados pela primeira edição do programa estão no estande conversando com o público sobre a experiência.
Inovação
Entre diversos protótipos, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) apresentou um robô para pulverização de precisão, que proporciona

Universidades estaduais promovem soluções inovadoras para o segmento agropecuário
automatização e eficiência na aplicação de defensivos agrícolas. O equipamento faz parte do projeto de pesquisa Smartfarm – conceito que se refere ao gerenciamento de fazendas, a partir da utilização de tecnologia da informação e comunicação (TIC).
“A ideia do robô surgiu de demandas de produtores rurais e empresas agrícolas, como solução alternativa para os pulverizadores convencionais, que têm dificuldade de uso em algumas propriedades, devido à declividade e irregularidade dos terrenos”, destaca o professor Antonio Marcos Massao Hachisuca, que atua no Centro de Engenharias e Ciências Exatas (Cece), no campus de Foz do Iguaçu.
Também chamados de produtos fitossanitários, os defensivos agrícolas são produtos químicos e biológicos, que controlam plantas invasoras (herbicidas), insetos (inseticidas), fungos (fungicidas), bactérias (bactericidas), ácaros (acaricidas) e ratos (rodenticidas).
“Esse robô pulverizador tem alta capacidade de navegabilidade, o que permite girar as quatro rodas de forma sincronizada ou independente, por meio de um software embarcado, com possibilidade de instalação de mais sensores para torná-lo capaz de operar de forma autônoma”, afirma o coordenador do projeto, professor Hachisuca.
Engenheiro Agrônomo com experiência em solos, nutrição de plantas, sensoriamento remoto e agricultura de precisão, o pesquisador Marlon Rodrigues, que cursa pós-doutorado em Engenharia Agrícola na Unioeste, explica que, entre os vários comandos, o robô recebe imagens coletadas da lavoura com a indicação dos pontos que demandam a aplicação diferenciada e localizada de defensivos agrícolas.
“A vantagem é a redução de custos para os produtores rurais com a aplicação de produtos químicos e biológicos para o controle de pragas, doenças e plantas infestantes de lavouras, com impacto positivo para o meio ambiente”, salienta.
Segundo o pesquisador, a inovação está passando por melhorias e, num futuro próximo, será disponibilizada para empresas que tenham interesse em investir nessa tecnologia. “A máquina foi desenvolvida com baixo custo em relação a equipamentos similares disponíveis no mercado. Essa característica é importante para ampliar o uso da tecnologia entre os agricultores”, pontua Marlon.
A tecnologia é desenvolvida no Laboratório Internet das Coisas (LabIot) do Cece, em parceria com o Centro de Tecnologias Abertas e Internet das Coisas (CTAIOT) do Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O projeto conta ainda com a participação de pesquisadores do campus de Cascavel, que atuam nos laboratórios de Mecanização Agrícola e Agricultura de Precisão (Lamap) e de Topografia e Geoprocessamento (GeoLab), ambos vinculados ao Programa de Pós-Graduação Engenharia Agrícola (Pgeagri).
Essa iniciativa científica tem caráter multidisciplinar, envolvendo estudantes de pós-graduação e universitários dos cursos de graduação em Ciência da Computação, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Engenharia Agrícola. O assunto é tema de trabalhos de conclusão de cursos e de projetos de Iniciação Científica e Tecnológica.
Outros projetos
No estande da Ciência e Tecnologia, a Universidade Estadual de Londrina (UEL) está promovendo um biofungicida termoestável e o projeto Seda Brasil, que movimenta a cadeia produtiva da seda no Paraná. O objetivo é incentivar novos empreendedores para o desenvolvimento sustentável dessa matéria-prima.
A Universidade Estadual de Maringá (UEM) divulga um programa de melhoramento genético de tilápia-do-nilo e um projeto relacionado à cadeia produtiva de cafés especiais, no âmbito da agricultura familiar e agrossistemas sustentáveis. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) apresenta um projeto do segmento de laticínios e produção de queijos, desenvolvido pela instituição na região dos Campos Gerais.
As universidades estaduais do Centro-Oeste (Unicentro) e do Norte do Paraná (UENP) participam, respectivamente, com uma cerveja artesanal enriquecida com bioativos para diabéticos e um projeto de controle biológico para ferrugem asiática da soja. Já a Universidade Estadual do Paraná (Unespar) expõe o projeto Couro de Peixe, que atua no desenvolvimento de produtos, a partir do beneficiamento da pele de peixe marinho, no Litoral paranaense.
Organizado pela Coopavel, o Show Rural chega à 34ª edição como uma das principais exposições do Brasil. O evento abre o calendário anual de feiras agropecuárias.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



