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Com R$ 275 milhões em negócios gerados, ApexBrasil encerra edição de 2023 do Exporta Mais Brasil
Por meio do programa, de agosto a dezembro deste ano, a Agência promoveu mais de três mil reuniões de negócios entre 143 compradores internacionais e 487 empresas brasileiras de 13 diferentes setores produtivos .

Lançado em agosto de 2023, o Exporta Mais Brasil, programa da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (ApexBrasil) que tem como objetivo impulsionar as exportações brasileiras de diferentes setores da economia e de todas as regiões do país, conclui o ano com 13 rodadas realizadas em 13 estados, promovendo 13 diferentes setores da economia.
São eles: móveis (PB), rochas ornamentais (ES), cafés robustas amazônicos (RO), pescados (PR), artesanato (CE), cervejas especiais (RJ), cosméticos (GO), mel (SP), cafés arábicas (MG), calçados (RS), produtos amazônicos compatíveis com a floresta (AC), frutas (PE) e audiovisual (DF). Para cada rodada, a ApexBrasil convidou compradores internacionais que vieram ao país para ver de perto a produção local e fazer negócios diretamente com as empresas nacionais. Os resultados são: R$ 275 milhões em negócios gerados a partir de 3.496 reuniões de negócios. Para a realização do programa, o valor investido pela Agência foi de R$ 5 milhões. Ou seja, cada R$ 1 investido gerou R$ 55 em negócios.
“Concluímos o primeiro ciclo do Exporta Mais Brasil, que criamos neste ano para promover o encontro perfeito: do importador interessado em comprar com a empresa brasileira pronta para vender. Além disso, abrimos espaço para que esses compradores vissem a nossa produção de perto, visitassem as fábricas, as fazendas, isso com diferentes setores da nossa economia e com empresas de todas as regiões do país”, explica o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana. “E ainda dedicamos atenção especial às empresas das regiões Norte e Nordeste, bem como àquelas lideradas por mulheres, pois é prioridade da ApexBrasil dar mais oportunidades para essas produtoras que geralmente tem menos acesso ao comércio exterior, apesar do grande potencial, como podemos ver com os resultados”, complementou.
Das empresas que participaram das rodadas, mais de 40% têm mulheres em cargos de liderança. Foi o caso da tocantinense Eliene Bispo, que faz trabalhos com capim dourado há 23 anos e preside a Associação Dianapolina de Artesãos, na cidade de Dianópolis, sudeste do estado. Apesar de já ter vendido pontualmente para o exterior, sobretudo via indicações de terceiros, foi no Exporta Mais Brasil que ela participou de sua primeira rodada internacional de negócios. O “match” foi imediato: a artesã fechou acordo com compradoras da China e da Áustria, restando agora apenas os trâmites burocráticos para o fechamento do pedido e o embarque dos materiais.
A participação de Eliene foi na 5ª rodada do programa, dedicada ao artesanato, que ocorreu em Fortaleza – CE, no âmbito da Feira Nacional de Artesanato e Cultura (Fenacce). Na ocasião, 58 artesãs, artesãos, cooperativas, casas de cultura e associações de artesanato de 18 estados brasileiros participaram de rodadas de negócios com 10 compradores internacionais, vindos de Holanda, Reino Unido, Irlanda, Áustria, Estados Unidos, China, Japão e Jordânia. Os resultados foram promissores: 323 reuniões realizadas e R$ 1,7 milhões em negócios gerados imediatamente e em vendas futuras, além de incontáveis oportunidades de networking.
Outras duas rodadas do programa também foram no Nordeste. A primeira de todas, onde a iniciativa começou, em agosto, ocorreu em João Pessoa -PB, e foi dedicada ao setor de móveis. Foi lá que a moveleira YIBIRÁ Biodesign da Amazônia, do Amapá, conquistou sua primeira venda para o exterior. Na ocasião, importadores da Alemanha, que vieram a convite da ApexBrasil, adquiriram um dos principais produtos da empresa: a mesa cascata, de madeira maciça sustentável e com certificação.
“A gente já estava prospectando uma oportunidade dessa magnitude há muito tempo e agora a ApexBrasil conseguiu viabilizar essa parceria. Vai ter produto da Ybyrá na Alemanha, sim!”, celebrou o CEO da empresa, Yuri Bezerra, na ocasião. A empresa, que fomenta a bioeconomia da região amazônica através da reutilização de troncos de árvores que caem de forma natural, foi uma das 22 empresas participantes da 1ª rodada do programa. Ao longo de três dias, as moveleiras, advindas de diversos outros estados, fizeram 97 reuniões de negócio com seis compradores estrangeiros, de cinco diferentes países, que resultaram em R$ 5 milhões em negócios. A rodada contou com o apoio da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), parceira da ApexBrasil no projeto setorial Brazilian Furniture.
Outro estado nordestino que recebeu o Exporta Mais Brasil foi Pernambuco. Na região do Vale do São Francisco, em Petrolina, o setor da fruticultura brasileira confirmou o seu sucesso. Em apenas dois dias de reuniões entre 12 produtoras nacionais de frutas e seis compradores internacionais de seis diferentes países, foram quase R$ 15 milhões em negócios gerados. Além das reuniões, os estrangeiros visitaram fazendas produtoras e conheceram de perto o potencial produtivo local.
A região Norte foi palco de duas das 13 rodadas do programa: uma em Cacoal – RO, dedicada à promoção dos cafés robustas amazônicos, que movimentou mais de R$ 4 milhões em negócios a partir do encontro entre 24 produtores, sendo 12 indígenas e 12 mulheres, com 20 compradores de 11 países diferentes; e outra em Rio Branco – AC, focada nos produtos amazônicos compatíveis com a floresta, como açaí, cacau & chocolate, castanha do Brasil, peixes, carnes bovina, suína e de frango, que movimentou R$ 50 milhões. Durante essa rodada, a Agência lançou também o programa Exporta Mais Amazônia, que tem como objetivo facilitar e promover as exportações de empresas brasileiras que atuam naquela região.
Para Jorge Viana, a inauguração do Exporta Mais Amazônia vai ao encontro de um dos principais objetivos da Agência, que é descentralizar as exportações brasileiras, estimulando a região Norte, que hoje corresponde a apenas 8,5% do total exportado pelo país. “Esse programa busca aproximar o empresariado amazônico dos mercados internacionais, organizando o setor produtivo em torno de desafios comuns e trazendo os compradores do mundo todo para conhecer o potencial dos produtos da floresta, que apresentam alto valor agregado”, explicou o presidente da ApexBrasil.
Outras regiões do Brasil
Além de Norte e Nordeste, estados das demais regiões do país também tiveram rodadas do programa. No Sul, o setor de calçados movimentou R$ 25,6 milhões em negócios a partir de reuniões promovidas pela ApexBrasil, em Porto Alegre – RS, durante a Brazilian Footwear Show (BFSHOW), feira internacional de calçados organizada pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), parceira da Agência no projeto setorial Brazilian Footwear. Esta, que foi a 10ª rodada do programa, promoveu reuniões de negócios entre 38 compradores internacionais e 79 empresas representantes de mais de 130 marcas nacionais de calçados.
No Paraná, em Foz do Iguaçu, o setor de pesca e aquicultura movimentou R$ 80 milhões. Na ocasião, a 4ª rodada do programa promoveu 36 reuniões de negócio entre 14 empresas brasileiras do setor de pescados, de nove diferentes estados, e seis compradores internacionais da China, Estados Unidos, Uruguai e Emirados Árabes Unidos.
“O ‘Exporta Mais Brasil Pescados’ marcou um capítulo histórico nas exportações de frutos do mar brasileiros, impulsionando o potencial do setor e abrindo novos horizontes. Por meio de parcerias estratégicas com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) e o International Fish Congress (IFC), elevamos os pescados brasileiros a um novo patamar, ampliando as fronteiras de nossos produtos e marcas e apresentando volumes expressivos de negócios”, destacou, logo após o evento, o gerente de Agronegócio da ApexBrasil, Laudemir Muller.
No Sudeste, quatro estados receberam o Exporta Mais Brasil. No Espírito Santo, em Vitória e em Cachoeiro do Itapemerim, o setor de rochas ornamentais foi o foco da 2ª rodada do programa, que gerou cerca de R$ 15 milhões em negócios. A rodada contou com o apoio do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), parceira da ApexBrasil no It’s Natural – Brazilian Natural Stone.
Já São Paulo acolheu duas rodadas; a 8ª, dedicada ao setor de mel, que movimentou mais de R$ 12 milhões; e a 9ª, que focou em promover os cafés arábicas e gerou mais de R$ 36 milhões em negócios. Minas Gerais também foi palco desta rodada, que foi inaugurada no âmbito da Semana Internacional do Café (SIC), em Belo Horizonte. Na ocasião, os compradores internacionais participaram de uma grande sessão de degustação para conhecer a diversidade de regiões e perfis sensoriais dos cafés produzidos no Brasil. Além disso, os compradores visitaram fazendas e cooperativas de produtores em Araxá, no Cerrado Mineiro, e em Oliveira, no Campo das Vertentes. Em São Paulo, o tour foi em propriedades de São José do Rio Pardo, no Vale da Grama, e em Franca, na Alta Mogiana.
Na 9ª rodada, destacaram-se ainda os cuppings servidos com cafés de produtoras e cooperativas que trabalham especificamente com mulheres. A presença feminina entre os participantes foi um dos highlights dessa etapa do Exporta Mais Brasil: dos 129 produtores de cafés presentes, 40 eram mulheres. A rodada como um todo recebeu, entre os dias 8 e 15 novembro, 24 importadores de 19 países para fazer negócios com 129 produtores de cafés arábicas.
Em outubro, no Rio de Janeiro, as cervejas especiais nacionais encantaram os compradores que vieram de Malta, Argentina, Rússia e Dinamarca para verem de perto a produção local e fazer negócios. “Foi ótimo ter visitado as cervejarias locais. As cervejas têm muita personalidade e eu me surpreendi com a qualidade. É muito legal ver que as cervejarias aqui estão começando a trabalhar com ingredientes locais”, destacou um dos compradores, o dinamarquês Henrik Boes, que em seu país tem uma importadora e distribuidora de bebidas e veio a convite da ApexBrasil para participar da 4ª rodada do programa, dedicada ao setor cervejeiro. Além de cervejarias cariocas, participaram empresas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Ao todo, foram 11 produtores nacionais que movimentaram cerca de R$ 1,5 milhão em negócios.
Goiás e o Distrito Federal foram os estados do Centro-Oeste que, neste primeiro ciclo do Exporta Mais Brasil, receberam rodadas do programa. Em Goiânia (GO), o setor de cosméticos foi o destaque e movimentou quase R$ 9 milhões. Ao longo dos três dias de agenda, nove compradores internacionais fizeram 120 reuniões de negócios com as 31 empresas brasileiras. “Hoje já exportamos para cinco países, e estar em uma rodada de negócios que nos conecta com compradores de uma maneira muito direta e objetiva é o que a gente precisa para conseguir potencializar nossas exportações”, afirmou Danniel Pinheiro, CEO da Biozer da Amazônia, que saiu de Manaus para negociar com os importadores na capital goiana.
Já no DF foi onde o programa realizou a última rodada do ano. No âmbito do 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a 13ª rodada do Exporta Mais Brasil focou em promover o setor audiovisual e fez acontecer 86 reuniões de negócio entre oito compradores de seis países e 22 produtoras brasileiras de cinema, de oito estados. “O setor da economia criativa, incluindo o cinema, é um dos nossos pontos fortes, seja do ponto de vista da capacidade criativa, seja em relação ao profissionalismo e à geração de empregos”, disse Jorge Viana. “É um segmento que emprega milhões de brasileiros e ajuda a movimentar a economia do país. Foram quatro anos bem difíceis para esse setor, mas com a volta do presidente Lula, que valoriza a nossa cultura e reconhece o seu potencial, estamos unidos novamente para fortalecer nosso cinema e nossas produções audiovisuais”, reforçou o presidente da ApexBrasil.
O encontro fomentou diversas oportunidades para o segmento. Os produtores brasileiros de conteúdo audiovisual puderam apresentar seus projetos para os compradores e exploraram novas oportunidades de negócios que, entre imediatos e perspectivas para os próximos 12 meses, somaram cerca de R$ 9.750 milhões. “É muito prazeroso terminar essa edição do Exporta Mais Brasil aqui na nossa casa, na nossa ApexBrasil, recebendo não apenas as produtoras brasileiras, mas principalmente os compradores estrangeiros, para que possam conhecer a nossa terra. Brasília é palco de uma cena criativa muito rica”, afirmou a diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, durante a abertura da rodada, que ocorreu na sede da ApexBrasil, em Brasília.
Assim como Jorge Viana, Ana Repezza se fez presente em diversas rodadas do Exporta Mais Brasil. Segundo ela, empresas que exportam empregam mais gente e pagam melhores salários e, por isso, ao impulsionar as exportações de diferentes setores de todas as regiões do país, o Exporta Mais Brasil promove um impacto muito positivo na economia nacional. “São impactos positivos não apenas para as empresas exportadoras, como para toda economia da região em que estão inseridas”, complementa Repezza.
O novo ciclo do Exporta Mais Brasil, em 2024, se fará presente em todos os demais estados que ainda não participaram. Assim como ocorreu em 2023, cada rodada será voltada para um setor produtivo diferente da economia brasileira.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



