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Com olhar inovador, mulheres permanecem no campo e empreendem no espaço rural

Um destaque dessa liderança está na gestão de atividades não-agrícolas no âmbito da agricultura familiar como o turismo, que vem proporcionando independência financeira e autonomia das mulheres, ampliando o convívio social, a qualidade de vida e a permanência delas no meio rural.

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Empreendimentos rurais mostram o cotidiano no campo e valorizam a história da colonização alemã em SC - Fotos: Aires Mariga

A crescente inovação nas propriedades rurais catarinenses vem ocorrendo sob o comando do público feminino, que se sobressai pela coragem de empreender. Um destaque dessa liderança está na gestão de atividades não-agrícolas no âmbito da agricultura familiar como o turismo, que vem proporcionando independência financeira e autonomia das mulheres, ampliando o convívio social, a qualidade de vida e a permanência delas no meio rural. Em reconhecimento a representatividade feminina, trazemos histórias de duas agricultoras que retornaram ao campo para transformá-los em empreendimentos lucrativos e mostrar que o lugar da mulher é onde elas escolhem construir sua vida com qualidade.

Elas são Mariany Uhlendorf, 51 anos, de Trombudo Central, no Vale do Itajaí, e  Andressa Selinger Rux, 32 anos, de Jaraguá do Sul, no Norte Catarinense. Ambas modernizaram as propriedades rurais centenárias de suas famílias ampliando a fonte de renda do local para além da agricultura e da pecuária: transformaram o espaço em empreendimentos para acolher o público urbano com atividades inerentes ao cotidiano no campo, valorizando a história da colonização alemã na região. Vamos então conhecer a Krüger Haus e o Café Rural Casa Rux.

Krüger Haus, espaço de vivências colaborativas

Mariany está à frente da Krüger Haus, uma casa que possui arquitetura de influência alemã caracterizada pela técnica enxaimel, construída na década de 1930 por Hermann Krüger, um dos primeiros imigrantes alemães da localidade, bisavô do marido de Mariany, Ralf Krüger.

Mariany está à frente da Krüger Haus e junto de sua família recebe os visitantes para atividades típicas dos imigrantes alemães – Foto: Larissa Benke Fotografias

Desde 2017 o empreendimento oferece aos turistas café colonial com a contação de histórias sobre o desenvolvimento da comunidade, música e dança típica, competição do melhor serrador, corrida de tamanco, campeonato de tiro ao alvo com estilingue, corrida de saco, entrelaçamento com corda, trilha na Mata Atlântica, atividades socioambientais, exposição de móveis e utensílios que retratam o dia a dia do imigrante alemão.

A propriedade tem 12 hectares e permanece com as atividades agropecuárias: cultivo de milho e aipim, gado para consumo familiar, horta, pomar doméstico, área de preservação ambiental e fonte de água protegida. Com o turismo a renda aumentou cerca de 30%, cujos recursos são reinvestidos em melhorias no empreendimento. A casa recebe em média 200 pessoas por mês, movimentando a economia do município, pois inclui mão de obra local e aquisição de produtos da agricultura familiar.

O charme da propriedade é casa que possui arquitetura de influência alemã caracterizada pela técnica enxaimel

“Decidimos investir no turismo rural por acreditar que a atividade é viável e faz uma grande diferença na região, pois é capaz de manter a memória e a cultura dos antepassados. Em nossa propriedade conseguimos socializar a história local e manter viva a nossa própria história”, diz Mariany. As atividades envolvem toda a família: o esposo Ralf, de 58 anos, a mãe Elfriede, 74, o filho Diogo, 21 e a sobrinha Camila, 14.

Mariany conta que a ideia do empreendimento surgiu em conversa com a extensionista social da Epagri em Trombudo Central, Leonir Claudino  Lanznaster, que apresentou à família as possibilidades de investir no turismo como alternativa de renda e valorização da história e da cultura local. “A Léo foi a responsável pelo agendamento do primeiro grupo que fez visita na propriedade. Começamos em 2015 com educação socioambiental para escolares e professores. A partir de 2017 passamos a receber grupos de dentro e fora do estado”, relata a agricultora.

O empreendimento recebe grupos para atividades educativas e socioambientais

A extensionista Leonir foi colega de Mariany na faculdade de Pedagogia e desde então acompanha a trajetória da agricultora. Ela relata que a Mariany desafiou as convenções familiares de que mulher não precisava estudar e aos 18 anos saiu da propriedade da família para estudar Pedagogia, História e Geografia. Ela se casou com o agricultor Ralf Krüger e passou a morar na propriedade dos Krüger, onde sempre participou das atividades rurais, como o plantio de mandioca e milho e na criação de animais, conciliando com as atividades do magistério.

Leonir conta que a propriedade sempre foi um laboratório para as aulas de educação socioambiental de alunos e de colegas de Mariany. A partir de 2013, por meio de herança, a agricultora adquiriu uma casa enxaimel que era de sua avó materna e a transferiu para sua propriedade. O objetivo inicial era ter um espaço para integração e lazer da família, mas logo passou a ser usado para atividades lúdico-pedagógicas pelo público externo.

Os visitantes conhecem todas as atividades produtivas da propriedade rural

A Epagri contribuiu desde o início do processo. “Uma das primeiras atividades foi a pintura de parte da área interna da casa com tinta à base de terra. Outras áreas de apoio foram na definição do cardápio e dos preços, na organização dos espaços, na elaboração de projetos para participar de concursos com foco em educação socioambiental, na realização de oficinas com professores e alunos, no apoio à realização das vivências colaborativas, nas orientações em saneamento ambiental, na produção de alimento para autoconsumo e na definição do foco das atividades para melhorar os processos do empreendimento. Outra contribuição significativa foi a presença constante nos momentos de planejamento e realização das atividades, especialmente no início do empreendimento”, explica a extensionista.

Leonir afirma que Mariany é uma mulher empreendedora, forte, corajosa e decidida. “Ela acredita no que faz e não mede esforços para aprimorar cada vez mais a empresa familiar. Em meio à crise gerada pela Covid-19, em que as atividades de turismo sofreram pela ausência de público, a agricultora decidiu melhorar a estrutura física onde recebe os turistas, investindo sem medo recurso considerável para adequar o empreendimento às exigências da legislação”, afirma Leonir.

Segundo Mariany,  as novidades Krüger Haus são criadas em conjunto com a família e com a equipe de trabalho mais próxima. “Temos o projeto de implantar pousadas com a técnica construtiva enxaimel para alugar”, conta ela.

Café Rural Casa Rux, sabor do sítio nos Roteiros Nacionais de Imigração

Andressa com o marido e filhos, que participam das atividades do empreendimento

Andressa faz a gestão do Café Rural Casa Rux, localizado na Comunidade Rio da Luz, região que faz parte dos Roteiros Nacionais de Imigração tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O empreendimento funciona na casa construída em 1915 por Augusto Rux, trisavô de Evandro Rux, esposo da agricultora. Desde 2018 a família oferece café colonial no espaço, onde recebe cerca de 200 pessoas por mês. Atualmente, 70% da renda na propriedade vem do turismo rural.

O café funciona aos sábados e domingos, no período da tarde. Como atrativos a propriedade também oferece passeios de tobata (micro trator utilizado na agricultura), visitação ao museu com acervo das ferramentas e objetos utilizados pela família, além do contato com animais, plantações e natureza. Nas atividades participam também o esposo Evandro, 36; os pais dele, Edvino, 72 anos e Cristiana, 66; os filhos Fernanda, 10, e Guilherme, 4 e o primo Ivanir Rassweiler, 46 anos.

A casa dos Rux foi tombada pelo Iphan e hoje recebe turistas para café colonial e visitação ao acervo familiar de ferramentas e objetos antigos

A propriedade tem 15,5 hectares, dos quais 8 ha são usados para as atividades produtivas: criação de gado de corte e cultivo de aipim e de hortaliças, além da área construída. Em 2007 a casa centenária, que sempre foi usada como moradia, foi tombada pelo Iphan. De 2005 a 2015 a família aguardou a restauração, que ocorreu com recursos do órgão público e da família.

A extensionista social de Jaraguá do Sul, Josiane de Souza Passos, explica que um imóvel tombado objetiva a proteção de um patrimônio histórico e por isso existem uma série de restrições para que sua preservação seja garantida. “Ele não pode ser descaracterizado e nem destruído. Além disso, a família deve dar um destino à edificação, optando por moradia ou desenvolvimento de alguma atividade”, diz. Andressa conta que inicialmente, realizando um sonho do marido, a família abriu as portas para o público conhecer a casa e a história que ela guarda, mas a quantidade de visitantes ainda era pequena para manter os custos.

“O café foi uma forma de atrair as pessoas e mostrar a elas a nossa casa e o modo de vida na colônia”, diz a agricultora. Andressa e Evandro deixaram o emprego que mantinham na cidade para se dedicar ao empreendimento. Isso aconteceu com apoio da Epagri, da Secretaria de Turismo do município e do projeto Acolhida de Colônia. O Café Rural Casa Rux fica a 15 km da área urbana e o acesso dos visitantes é facilitado por conta das vias asfaltadas, como acontece com grande parte da área rural do município.

Andressa produz todos os itens que são servidos no café colonial

Andressa conta que no começo parte do café colonial era terceirizado. “Aos poucos fui me capacitando nos cursos da Epagri e hoje tudo que servimos é produzido na propriedade. Foi um caminho árduo, com muitos altos e baixos, porém a partir do momento que você se predispõe a fazer algo por você e pela sua família, sempre tem um bom retorno. Hoje temos uma vida boa: simples, porém boa. Posso estar com meus filhos, é uma vida diferente quando você trabalha fora, em uma empresa”, diz a agricultora.

Josiane afirma que Andressa é o coração da propriedade. “Ela produz todos os itens que são servidos no café colonial. Ela veio em busca de capacitação na Epagri para oferecer produtos de qualidade aos visitantes, onde fez cursos de panificação, doces e geleias para processar as frutas da propriedade. O curso de bolachas decoradas foi um divisor de águas, pois é um produto de excelente aceitação e comercialização no empreendimento.  O fato de estar na propriedade trabalhando faz com que ela esteja mais próxima aos filhos e isso para ela significa qualidade de vida”, diz Josiane.

A agricultora fez cursos na Epagri para oferecer produtos de qualidade aos visitantes, como panificação, doces e geleias

E o reconhecimento do potencial da agricultora não para por aí. A extensionista afirma que Andressa é muito organizada e líder na atividade que desenvolve. “Todas as engrenagens do empreendimento funcionam porque ela tem uma capacidade incrível de gestão. Ela é pulso firme e delicado ao mesmo tempo. Ela faz compras, processa alimentos, prepara o café. Sempre tem muitas ideias e aos poucos vai pondo em prática, com apoio da família. Um exemplo foi no começo da pandemia, quando o momento não permitia a reunião das pessoas no local. Andressa não se intimidou e passou a produzir os alimentos para retirada no balcão”,  diz Josiane.

A gastronomia também tem forte atuação no turismo cultural, pois oferece preparações herdadas dos imigrantes alemães, como as bolachas decoradas, cucas, geleias, salames, etc. Além das preparações comercializadas na propriedade, Andressa aceita encomendas de todos os produtos servidos no café. Ela também alimenta as redes sociais do Café Rural Casa Rux e aluga uma pequena casa na propriedade aos finais de semana.

Epagri no apoio à gestão feminina dos empreendimentos rurais

A Epagri historicamente tem um trabalho com mulheres agricultoras e pescadoras através de ações afirmativas para diminuir as desigualdades e fortalecer o protagonismo feminino promovendo a inclusão socioeconômica deste público. Um exemplo é o curso Ação Flor-e-Ser, que capacita agricultoras e pescadoras para serem donas do próprio negócio. Para 2022, estão programados seis cursos para a mulher rural e dois para as pescadoras.

Cursos da Epagri capacitam agricultoras e pescadoras para serem donas do próprio negócio

Em 2021, a Epagri desenvolveu diferentes atividades para o público feminino como cursos, palestras, atendimentos na propriedade, por meio dos quais atendeu 40.679 mulheres. “Nossas capacitações na área de liderança encorajam as mulheres a ocupar espaços estratégicos em seus setores. Nossos cursos técnicos profissionalizam as mulheres para atuar e ter sucesso em qualquer cadeia produtiva”, explica Márcia Gomes, coordenadora do Programa Capital Humano e Social da Epagri. Na avaliação dela, as mulheres se destacam pela facilidade de planejar, organizar e otimizar, o que lhe dá coragem de empreender e trazer inovações para a sua atividade.

A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, concorda que a mulher está um passo à frente. “Nossa equipe é testemunha: as nossas agricultoras são as primeiras a aderir às inovações. Elas não se intimidam diante do novo, estão sempre prontas a inovar em suas propriedades, porque são elas as mais preocupadas com a sustentabilidade do planeta e o bem-estar das próximas gerações. Na nossa experiência diária de trabalho no meio rural percebemos claramente como elas são as mais dispostas a participar de atividades coletivas e buscam, de maneira geral, o benefício comum em detrimento dos interesses pessoais”, diz Edilene.

Além da capacitação, a Epagri também ajuda a tornar os projetos realidade, viabilizando o acesso a recursos dos governos federal e estadual. Só em 2021, a Empresa elaborou projetos de crédito para 980 mulheres, contra 854 em 2020.  Um resultado visível deste trabalho é o aumento da participação das mulheres como proprietárias de agroindústrias em Santa Catarina. De acordo com um estudo da Epagri, entre os empreendimentos pesquisados em 2009, a participação feminina era de cerca de 31%. E no grupo das agroindústrias criadas a partir de 2010, as mulheres já eram quase 44% dos proprietários ou sócios.

“Outro objetivo que alcançamos com essas ações é a permanência das mulheres no meio rural, levando em consideração que são as principais migrantes rumo aos centros urbanos, muito em virtude da desvalorização da sua atuação como agricultora”, diz Márcia. Mariany e Andressa são exemplos: elas chegaram a sair do campo, mas retornaram para empreender nas propriedades familiares.

Fonte: Assessoria

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Fotos: Shutterstock

Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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