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Com oferta de suínos ajustada desde 2023, ano começa com preço estável e custos em baixa

A crise da suinocultura, que durou quase dois anos, só arrefeceu efetivamente a partir da metade do ano passado, quando o produtor começou a apurar margens financeiras positivas, principalmente em função da redução dos custos dos insumos. Este cenário de recente recuperação, sem algum fato relevante que possa determinar, no curto prazo, um aumento na demanda doméstica e mundial determina um certo tempo para retomada de crescimento em patamares próximos ao que experimentamos quando da redução do rebanho chinês por conta da Peste Suína Africana.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O IBGE publicou, dia 14 de março, os dados definitivos de abate do último trimestre de 2023, registrando um pequeno aumento em relação aos dados preliminares. Enquanto o abate de bovinos em 2023 aumentou em 11,74% em toneladas de carcaças, o frango subiu 3,46% e o suíno 2,16% em relação ao ano anterior (tabela 1), atingindo a marca de 5,299 milhões de toneladas (57,173 milhões de cabeças).

O aumento da exportação de carnes não foi suficiente para reduzir a oferta interna e, em 2023, o brasileiro atingiu o consumo recorde de proteína animal, com 96,8 kg per capita ano das três proteínas somadas. A disponibilidade interna da carne bovina aumentou 15,21%, enquanto o frango aumentou 0,84% e a carne suína 0,91%, indicando estabilidade na demanda interna da proteína suína (tabela 1).

Tabela 1 – Produção brasileira, exportação e disponibilidade interna mensais (em toneladas) das três carnes em 2023 e consumo per capita (kg) e diferença para 2022. População brasileira considerada p/ o cons. per capita: 203.080.756 em 2022 e 203.596.906 em 2023. Elaborado por Iuri Machado com dados do IBGE e Secex.

Analisando a evolução do abate trimestral de suínos (tabela 2), observa-se uma redução de abate bastante significativa no quarto trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior (-5,53% em toneladas e -3,36% em cabeças) e um crescimento reduzido em relação ao último trimestre de 2022 (+1,81% em toneladas e +1,13% em cabeças), indicando estabilidade na produção de suínos ao longo do ano de 2023.

Tabela 2 – Abate trimestral de 2022 e 2023 em toneladas de carcaças e cabeças de SUÍNOS e evolução percentual em relação ao período anterior e o mesmo período do ano anterior. Elaborado por Iuri Machado com dados do IBGE.

Somente os estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Espírito Santo tiveram crescimento expressivo no abate de suínos, acima da média nacional (tabelas 3 e 4). Os três estados do Sul somaram quase 70% de todo abate nacional, tanto em cabeças como em toneladas produzidas.

Chama a atenção a redução do abate nos estados de São Paulo e Mato Grosso.

Tabela 3 – Abate de suínos por ESTADO, em CABEÇAS, em 2022 e 2023, participação de cada estado e diferença percentual de 2023 em relação a 2022. * peso médio das carcaças. Elaborado por Iuri Machado com dados do IBGE.

Tabela 4 – Abate de suínos por ESTADO, em TONELADAS DE CARCAÇAS, em 2022 e 2023, participação de cada estado e diferença percentual de 2023 em relação a 2022. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE.

Apesar da redução das importações por parte da China, os dois primeiros meses do ano apresentaram crescimento nos embarques de carne suína in natura brasileira da ordem de 12,3% (+18,4 mil toneladas) em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, o valor em dólar da tonelada exportada no primeiro bimestre reduziu em 10%, mantendo a receita total com exportações praticamente nos mesmos patamares de 2023.

Tabela 5 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada em janeiro e fevereiro de 2024, comparado com o mesmo período de 2023. Ordem estabelecida sobre volumes de 2024. Elaborado por Iuri Machado com dados do IBGE e Secex

Um fato importante sobre a exportação é o aumento dos embarques para as Filipinas que, em 2024 assumiram o segundo lugar no ranking, com 12,3% do total exportado pelo Brasil. Este destino já vinha ganhando relevância no ano de 2023 como uma forma de compensar a redução das compras chinesas. No último dia 12 de março o MAPA anunciou que as Filipinas reconheceram o sistema de pré-listing para as proteínas brasileiras.

O acordo autoriza todas as empresas habilitadas pelo Sistema de Inspeção Federal a solicitarem o processo de credenciamento para exportar seus produtos para o mercado filipino. As missões técnicas das autoridades do país asiático agora estarão focadas na validação do sistema, não de plantas. Anteriormente, a habilitação era realizada individualmente, com análise documental das autoridades do país asiático. Até então eram somente 04 unidades exportadoras de carne suína que estavam habilitadas a exportar para as Filipinas, ou seja, há um horizonte positivo para ampliar ainda mais os embarques para aquele país asiático.

O gráfico 1, a seguir, traz a evolução do balanço da suinocultura brasileira de 2015 a 2023, com ênfase no consumo per capita ano de carne suína que atingiu o recorde histórico de 20,68 kg por habitante por ano em 2023. Ao longo de todos estes anos a produção e o consumo doméstico cresceram sempre.

Gráfico 1 – Evolução do abate de suínos (toneladas), exportação de carne suína in natura (ton) e consumo per capita ano (kg/habitante) no Brasil de 2015 a 2023. Elaborado por Iuri Machado com dados do IBGE e Secex.

Na tabela 6, adiante, é apresentado um balanço anual detalhado da suinocultura brasileira de 2015 a 2023. No acumulado do período a produção (em toneladas de carcaças) cresceu 54,4% e, mesmo com as exportações mais que dobrando e passando de 13,77% para 20,54% da destinação da produção, a disponibilidade interna de carne suína cresceu 42,3%, com aumento per capita de 37%.

Tabela 6 – Evolução anual da produção (ton. carcaças e cabeças), disponibilidade interna e exportações nos últimos 10 anos (de 2015 a 2023). Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE e Secex

Os números de 2023 apresentam uma estabilização da produção depois de muitos anos. O crescimento do abate de suínos (cabeças) de 2022 para 2023 de somente 1,25% indica pequena redução do plantel de matrizes, visto que ganhos de genéticos de produtividade superam este percentual.

A crise da suinocultura, que durou quase dois anos, só arrefeceu efetivamente a partir da metade do ano passado, quando o produtor começou a apurar margens financeiras positivas, principalmente em função da redução dos custos dos insumos (milho e farelo de soja).

Este cenário de recente recuperação, sem algum fato relevante que possa determinar, no curto prazo, um aumento na demanda doméstica e mundial determina um certo tempo para retomada de crescimento em patamares próximos ao que experimentamos quando da redução do rebanho chinês por conta da Peste Suína Africana.

De fato, os primeiros meses de 2024 são uma continuidade do segundo semestre do ano passado (excetuando a alta sazonal de demanda e preço de fim de ano), com preços e custos estáveis no setor (gráfico 2 e tabela 7), mas com uma tendência de margens um pouco melhores para os suinocultores neste início de ano (tabela 7).

Gráfico 2 – Cotação do suíno vivo nas principais praças do Brasil (MG, PR, RS, SC e SP), em R$/kg vivo, nos últimos 12 meses. Dados de março/24 até dia 18/03. Fonte: CEPEA

Tabela 7 – Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido), em 2023 e em janeiroe fevereiro de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos) e Cepea (preço).

Considerações finais

Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o primeiro trimestre de 2024 se encaminha para se encerrar com balanço muito similar ao da segunda metade do ano de 2023, com oferta e demanda de carne suína ajustadas, com preços estáveis e com custo dos principais insumos (milho e farelo de soja) em patamares razoáveis, apesar da expectativa de menor safra brasileira de grãos em relação ao ano passado. “Pode-se afirmar que o setor atravessou o período tradicionalmente mais desafiador do ano (primeiro trimestre), com balanço financeiro positivo e com expectativa de que a estabilidade permita, aos poucos, recuperar os prejuízos passados e determinar a retomada do crescimento sustentável da produção”, enfatizou.

Fonte: Assessoria ABCS

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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