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Com oferta acima da demanda, preço da soja segue em queda
Agentes de mercado consultados pelo Cepea indicam que a produtividade e a qualidade da safra 2022/23 estão excelentes na maior parte do país, reforçando as estimativas de produção recorde. Esse cenário pressionou os prêmios e, consequentemente, os preços da soja no Brasil.

Diante do menor volume de chuva a partir da segunda quinzena de março, a colheita de soja foi intensificada no Brasil – 74,5% da área havia sido colhida até o final do mês, de acordo com a Conab -, com as atividades na reta final em Mato Grosso, principal produtor nacional da oleaginosa.
Agentes de mercado consultados pelo Cepea indicam que a produtividade e a qualidade da safra 2022/23 estão excelentes na maior parte do país, reforçando as estimativas de produção recorde. Esse cenário pressionou os prêmios e, consequentemente, os preços da soja no Brasil.
Levantamento do Cepea mostra que os prêmios de exportação para embarque em abril no porto de Paranaguá (PR) tiveram indicações de compradores a -90 centavos de US$/bushel e de vendedores a -60 centavos de US$/bushel no dia 31 de março.
Frente a este mesmo período de anos anteriores, os prêmios em 2023 estão nos menores patamares da série histórica do Cepea, iniciada em junho de 2004. Vale lembrar que, em março do ano passado, os prêmios para embarque em abril de 2022 eram ofertados a US$ 1,50/bushel.
O Indicador Cepea/Esalq – Paraná registrou quedas de 6,3% entre fevereiro e março e de expressivos 20,1% em relação a março de 2022, com média de R$ 155,19/sc de 60 kg no último mês, o menor valor mensal desde junho de 2020, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro de 2023).
O Indicador Esalq/BM&FBovespa – Paranaguá (PR) teve média de R$ 162,12/sc de 60 kg em março, recuos de 6,1% entre fevereiro e março e de expressivos 18,1% se comparado ao mesmo período do ano passado.
A média no último mês também foi a menor desde junho de 2020, em termos reais. As negociações para embarque no porto de Paranaguá (PR) foram limitadas pelas frequentes interdições na principal via de acesso ao porto, devido a deslizamentos e rachaduras nas pistas. Esse cenário direcionou os embarques de soja para outros portos, como o de Santos (SP) e o de São Francisco (SC).
Entre fevereiro e março, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os valores cederam 6,6% no mercado de balcão (pago ao produtor) e 6,4% no de lotes (negociações entre empresas). Na comparação anual, as quedas foram de 22,2% e de 21,2%, respectivamente.
Entretanto, o movimento de baixa foi limitado pela valorização do dólar frente ao Real e pela firme demanda externa. A moeda norte-americana subiu 0,4% de fevereiro para março e significativos 4,8% em um ano, com média de R$ 5,2048 no último mês, a maior deste ano, em termos nominais.
No caso das vendas externas, de acordo com a Secex, o Brasil exportou, em março, mais que o dobro do volume escoado em fevereiro, com alta de 8,8% em relação à quantidade observada em março de 2022, totalizando 13,27 milhões de toneladas de soja no último mês, a maior quantidade enviada ao exterior desde maio de 2021.
Derivados
Diante da desvalorização da matéria-prima e das menores demandas doméstica e externa, as cotações dos derivados também cederam. Suinocultores relataram baixo poder de compra em março e preferiram utilizar volumes em estoque e postergar as aquisições. Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, os preços do farelo de soja recuaram expressivos 5,2% entre fevereiro e março e 6,8% em um ano, em termos reais.
Ressalta-se que as negociações de farelo de soja ocorreram nos menores patamares de preços deste ano em grande parte das regiões acompanhadas pelo Cepea, em termos reais.
O óleo de soja bruto degomado (com 12% de ICMS incluso), negociado na região de São Paulo (SP), se desvalorizou 6,2% entre fevereiro e março e expressivos 34% entre mar/22 e março, com média de R$ 6.120,13/tonelada no último mês – essa é a menor média mensal desde julho de 2020, em termosreais.
O movimento de baixa do óleo de soja foi limitado por expectativas de maior demanda para a produção de biodiesel.
Em 17 de março, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou o aumento na mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel, que passou de 10% para 12% a partir de abril. A adição do biodiesel subirá também para 13% em abril de 2024, para 14% em abril de 2025 e 15% em abril de 2026.
Front externo
Os contratos futuros da soja voltaram a ser negociados abaixo dos US$ 15,00/bushel na CME Group (Bolsa de Chicago), influenciados por expectativas de maior oferta no Brasil – maior produtor e exportador global de soja – e de área recorde nos Estados Unidos na temporada 2023/24.
Além disso, a valorização do dólar no mercado internacional, que torna o grão norte-americano menos atrativo aos importadores, reforçou as baixas.
Assim, na CME Group (Bolsa de Chicago), o primeiro vencimento da soja teve média de US$ 14,8930/bushel (US$ 32,83/sc de 60 kg) no último mês (a menor média nominal deste ano), baixas de 2,5% sobre o mês passado e de 11,3% se comparado ao mesmo período do ano passado.
A queda externa foi limitada pela menor produção de soja na Argentina, projetada em 25 milhões de toneladas pela Bolsa de Cereales, expressivos 42,2% abaixo da temporada passada e a menor produção desde 2008/09

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.








