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Com maior economia e população da África, Nigéria é primeiro destino da missão de cooperação e comércio do Governo Federal ao continente
Meta é fortalecer o comércio bilateral entre Brasil e o continente africano.

O Seminário Nigéria-Brasil reuniu na segunda-feira (27), em Abuja, Nigéria, autoridades e empresários dos dois países. O evento abriu a Missão África Ocidental, estratégia do Governo Federal para reaproximar o Brasil da África, a partir do entendimento de que existem oportunidades para parcerias bilaterais e ganhos mútuos, especialmente para as empresas brasileiras que souberem inserir-se nas novas cadeias de produção em crescimento no continente.
A meta é fortalecer o comércio bilateral entre o Brasil e a África. Os números do ano passado mostram uma tendência de recuperação, com o crescimento de mais de 20% das exportações brasileiras para o continente. Em relação à Nigéria, o Brasil quer ser parceiro estratégico no desafio de garantir segurança alimentar e estabilidade de preços. O país africano também é visto como um potencial parceiro para o desafio global da segurança e transição energética.
Na abertura do evento, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, destacou que a iniciativa não se trata de uma missão clássica de promoção comercial. “A reaproximação com a África é uma determinação do presidente Lula, que entende ser muito importante retomar a presença em todos os países. A missão não é só comercial, mas de cooperação. O continente africano tem 1,4 bilhão de pessoas, e até o fim deste século terá perto de 4 bilhões. Nós temos oportunidades de negócios para o Brasil para cooperar com esse continente que é tão rico e parecido com o nosso para que se tenha melhor qualidade de vida e mais oportunidades. Tenho convicção que Brasil e Nigéria estarão juntos, trabalhando para garantir a segurança alimentar no mundo”, exalta.
O embaixador do Brasil na Nigéria, Carlos Garcete, reafirmou a importância da parceria entre os países. “Termos reunidos representantes do setor privado dos dois países é uma demonstração do enorme potencial da nossa relação bilateral, assim como a confirmação pela presidência do Brasil da Nigéria como parceiro dos BRICS”, salienta Garcete.
Para o embaixador Alex Giacomelli, diretor do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Agricultura do Itamaraty, o Brasil e a África têm laços históricos e culturais, além de um grande potencial na cooperação econômica. “O Brasil deseja não apenas reconhecer e valorizar nossa herança histórica em comum, mas também incentivar conexões econômicas, culturais e políticas para fortalecer nossa relação com a África”, afirma.
Segundo Idi Mukhtar Maiha, Ministro do Desenvolvimento da Pecuária da Nigéria, os dois países possuem características em comum, o
que permite um estreitamento nas relações comerciais. “Brasil e Nigéria tem um relacionamento duradouro em que podemos compartilhar história, laços culturais, e objetivos econômicos em comum. Temos o mesmo povo, solo, clima e topografia”, enaltece.
Inteligência de mercado e setores promissores
A corrente de comércio entre Brasil e Nigéria, que em 2014, foi de US$ 10 bilhões, está atualmente no patamar dos US$ 2,1 bilhões. Isso é o que aponta o Perfil de Comércio e Investimentos Nigéria, estudo da Inteligência de Mercado da ApexBrasil. Além do desafio de recuperar o dinamismo comercial, existe o desafio de diversificar as exportações brasileiras, hoje concentradas em açúcar e melaços, grupo de produtos que correspondeu a 73,5% das exportações em 2024. Sendo um dos novos integrantes dos BRICS, com perspectivas de maior abertura comercial e bom retrospecto na importação de aeronaves, o país se posiciona como um mercado estratégico para produtos brasileiros.
O estudo destaca ainda 183 oportunidades para as exportações brasileiras na Nigéria nos setores prioritários de combustíveis minerais, máquinas e equipamentos e produtos alimentícios.
Cooperação e comércio
Para promover novos negócios, a Missão África Ocidental organizou mesas setoriais entre os empresários brasileiros e africanos. Luciano Grilo, diretor internacional da Deltronix, empresa de equipamentos técnicos, contou que o projeto de prevenção de câncer de útero que a empresa oferece despertou o interesse local. “Aqui na Nigéria, por ano, morrem por baixo 8 mil mulheres anualmente só de Câncer de Colo de Útero. É o câncer mais previsível e tratável que existe, desde que você detecte no início. Então, o que a Deltronix faz? Nós juntamos os equipamentos e montamos uma clínica de ginecologia. Para isso, precisamos treinar médicos locais para esse tipo de exame e cirurgia, trazendo médicos do Brasil para cá. Então, a partir da oferta de treinamento, naturalmente surge uma demanda por nossos equipamentos, e isso ocorre gerando capacitação local, numa relação em que todos ganham”, ressalta.
Comércio e cooperação também estão na raiz dos negócios da Baldan Implementos Agrícolas para África. “Não podemos apenas vender máquinas e equipamentos em um container fechado. Precisamos oferecer peças de reposição e, principalmente treinamento para a manutenção local”, conta Fábio Fávaro, representante da empresa, que já exportou para mais de 80 países, muitos deles africanos. “Temos uma presença importante na África. Já exportamos para a Zâmbia, Zimbábue, Quenia, Malawi e, inclusive para Nigéria. Nesse último caso, perdemos espaço no mercado nos últimos anos, e essa missão é fundamental para que possamos recuperar esse espaço perdido”, emenda o empresário.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



