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Com aumento da demanda, preços internos da soja apresentam alta em julho
Perspectiva para a produção da safra 2023/24 segue recorde, apesar de redução na projeção de agosto. A mais recente atualização do USDA para a safra global 2023/24 de soja é de uma produção de 403 MM t, aumento de 9% sobre a safra 2022/23, ou 33 MM t.

Os preços da soja no mercado internacional apresentaram alta em julho. A média de julho apresentou valorização de 5,5% em Chicago, em USD 15,08/bu. Os preços mostraram reação diante da diminuição da área plantada com a oleaginosa nos EUA divulgada pelo USDA, de 4,6%, além do clima irregular no mês, que apresentou chuvas abaixo da média em algumas áreas do Meio-Oeste, além de temperaturas bem acima da média na maior parte do cinturão de grãos. Nos primeiros quinze dias de agosto, a queda para as cotações em Chicago foi de 6,5%, na média de USD 14,11/bu, seguindo as recentes chuvas em áreas de cultivo de soja, que trouxeram alívio para as lavouras no início do mês.
No Brasil, as cotações apresentaram alta em todas as praças durante o mês de julho. Em Sorriso, a valorização foi de 6%, para R$ 116/saca, com os preços internos acompanhando a alta em Chicago. Apesar dos estoques elevados, a melhora da demanda favoreceu a elevação dos preços. O mês de agosto, na parcial até o dia 15, segue apresentando estabilidade para os preços internos, com leve alta de 0,5%, em Sorriso, na média de R$ 116,5/saca.
Os prêmios para os contratos mais curtos voltaram ao campo positivo. Os valores permaneceram negativos durante todo o mês de julho, porém nos primeiros dias de agosto começaram um movimento de recuperação que se deve, principalmente, à redução da pressão da colheita no Brasil (encerramento) e a melhora das margens de esmagamento na China, com o crescimento das vendas de farelo no país asiático. Entre agosto e outubro, os prêmios sinalizam valores positivos sendo que, para negócios com referência em outubro, os prêmios já chegam a USD 1/bu acima de Chicago, ajudando a formar preços melhores para o produtor brasileiro.
Balanço global segue mais confortável para a safra 2023/24
Perspectiva para a produção da safra 2023/24 segue recorde, apesar de redução na projeção de agosto. A mais recente atualização do USDA para a safra global 2023/24 de soja é de uma produção de 403 MM t, aumento de 9% sobre a safra 2022/23, ou 33 MM t. O consumo segue com expectativa de crescimento de 6%. O estoque final global da oleaginosa deve aumentar 16%, para 119 MM t e a relação estoque/consumo passa dos atuais 28% para 31% (2023/24), mantendo a indicação de um balanço global mais confortável.
As exportações de soja do Brasil, de janeiro a julho, foram 20% acima do mesmo período do ano passado. Nos primeiros sete meses do ano, os embarques do grão atingiram 72,5 milhões de toneladas,sendo favorecidos pela China, que até julho, importou de todas as origens um total de 62,3 milhões de toneladas de soja, 15% a mais que no ano anterior. Segundo fontes do país, os produtores chineses de suínos atrasaram o abate dos animais devido aos baixos preços da carne, o que aumentou a demanda local por ração animal. Voltando para o Brasil, para que a projeção de 94/95 milhões de toneladas de exportação seja alcançada em 2022/23 e utilizando a segunda parcial da Secex, que aponta para uma exportação de 9,6 milhões de toneladas
em agosto, entre setembro e dezembro teríamos que embarcar umamédia de 3 milhões de toneladas/mês.
Apesar dos prêmios à vista voltarem para o positivo, para o ano que vem seguem negativos. Quando olhamos para a safra 2023/24, entre março e maio, neste momento, os prêmios variam entre cUSD/bu -60 e -75, refletindo a expectativa de uma nova grande safra brasileira da oleaginosa, comercialização 2023/24 atrasada e possível repetição dos problemas logísticos atuais, como falta de armazenagem e frete elevado. Vale dizer que anos de El Niño, normalmente, são anos de muita chuva em Paranaguá e Santos e de redução de chuvas no Arco Norte, o que coloca um ponto de observação em relação à eficiência de escoamento dos portos para a próxima safra.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



