Notícias Beneficiamento do leite
Com apoio do Estado, cooperativas investem R$ 460 milhões em queijaria no Paraná
Projeto do grupo Unium prevê a produção de 96 toneladas de produtos e subprodutos do leite por dia, com a geração de 66 empregos diretos e cerca de 1.570 indiretos em uma nova planta que será construída em Ponta Grossa.

O Paraná vai ganhar uma nova queijaria. O grupo Unium, marca institucional das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, confirmou o investimento de R$ 460 milhões na construção de uma planta em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, voltada para o beneficiamento do leite. O projeto prevê a produção de 96 toneladas de produtos e subprodutos por dia, com a geração de 66 empregos diretos e cerca de 1.570 indiretos.

O anúncio da expansão foi feito nesta segunda-feira (20), em reunião no Palácio Iguaçu, pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior e pelos presidentes das cooperativas, Renato Greidanus (Frísia), Erik Bosch (Capal) e Willem Bouwman (Castrolanda). O projeto conta com o apoio dos programas de incentivo fiscal do Governo do Estado, coordenados pela Invest Paraná.
“Temos muito orgulho desse sistema cooperativista. Certamente o Paraná não seria o que é se não fossem as cooperativas. Um modelo vencedor, que resulta em investimentos importantes como esse da Unium em Ponta Grossa. Além de gerar emprego e renda, essa nova indústria ajuda a manter os agricultores no campo com a oferta de oportunidades de negócio”, disse Ratinho Junior.
O governador lembrou que 2021 tem sido especial na expansão econômica do Estado. Ressaltou que o Paraná deve fechar o ano com R$ 100 bilhões em investimentos privados e mais de 180 mil empregos formais, aqueles com certeira assinada, criados.
“A nossa missão como governo é criar um ambiente favorável para que esses investimentos possam acontecer, diminuindo a burocracia que sempre acompanhou o País. A busca é cada vez mais pela industrialização dessa variedade de produtos do campo que o Paraná tem, transformando o Estado no verdadeiro supermercado do mundo”, afirmou. “Aqui não usamos a palavra crise, optamos por trabalhar e trabalhar muito pelo Paraná”.
Crescimento
Greidanus destacou que a previsão de crescimento na produção de leite é de 8% ao ano entre 2020 e 2024. Com isso, a expansão dos negócios passa a ser uma forma de absorver esse volume, que pode representar 600 mil litros a mais por dia e agregar valor ao leite in natura.
A perspectiva, lembrou o presidente da Frísia, é que projeto da nova queijaria leve 30 meses até início das operações – mais da metade do investimento de R$ 460 milhões será feita na aquisição de máquinas e equipamentos.
“Podemos sentir que o Governo do Estado está ao lado de quem produz e com esse apoio tudo fica mais fácil. Posso confirmar que o Paraná tem uma administração diferenciada em termos de gestão pública. E isso melhora e muito a condição do Estado, nos incentiva a investir. Ações inclusivas, de geração de emprego, que buscam distribuir melhor a renda aos paranaenses”, afirmou o empresário. “Somente na Uniom são mais de 10 mil famílias envolvidas diretamente com o negócio”.
Bouwman, diretor-presidente da Castrolanda e um dos diretores da Unium, ressaltou que o projeto demonstra ainda mais a força da intercooperação. “Vendo o crescimento da produção de leite dos nossos cooperados, o grupo se adiantou e buscou uma solução rentável para mostrar aos parceiros que todo o aumento será revertido em produtos e valor agregado. Isso consolida cada vez mais o conceito da intercooperação, já que, em três cooperativas, o investimento para um projeto dessa magnitude fica mais leve e possível”, explicou.
Consumo
Atualmente a demanda interna de queijos no Brasil é consideravelmente maior do que a oferta por produtores locais, com o mercado nacional em crescimento. O consumo do produto no País, por exemplo, é de pouco mais de cinco quilos per capita, bem abaixo dos 37 quilos da Alemanha e menos da metade do que os vizinhos Uruguai e Argentina, que têm um consumo de 11 quilos por ano por pessoa.
Com o projeto da queijaria, a projeção é que a produção da Unium represente 1,87% do consumo de queijos no Brasil projetado para 2024. Serão produzidos inicialmente queijos tipo mussarela, prato, cheddar e massa de queijo, além de soro em pó e manteiga. Ao todo, os 600 mil litros de leite por dia que serão destinados para a produção dos derivados devem totalizar 35 mil toneladas de produtos por ano.
“É algo que tem como base o pequeno agricultor, a agricultura familiar. Pode mesmo numa área pequena aumentar a produção, o faturamento e a renda”, comentou o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.
O Paraná é a segunda unidade da federação que mais produz leite no Brasil. São, em média, 4,4 bilhões de litros por ano, inferior apenas a Minas Gerais, com 8,9 bilhões de litros/ano, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2018). Em dez anos, destacou ele, a produção paranaense cresceu cerca 55% – em 2008 era de 2,8 bilhões de litros.
Unium
Marca institucional das indústrias das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, a Unium representa os projetos em que as cooperativas paranaenses atuam em parceria. Conta com três marcas de lácteos: Naturalle – com produtos livres de aditivos –, Colônia Holandesa e Colaso.
No setor de grãos, a Unium tem a marca Herança Holandesa, farinha de trigo produzida em uma unidade totalmente adequada à ISO 22000, com elevados padrões de exigência.
Além disso, fazem parte dos negócios a Alegra, indústria de alimentos derivados da carne suína, e a Energik, usina de produção de energia sustentável, todas reconhecidas pela qualidade e excelência. Foram 1,3 bilhão de litros de leite produzidos em 2020.
Participaram do anúncio o secretário de Estado da Fazenda (Sefa), Renê Garcia Junior; o diretor de Assuntos Econômico-Tributários da Sefa; Gilberto Calixto; o diretor de Desenvolvimento Econômico e Relações Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco; e o assessor da presidência da Invest Paraná, Rogério Chaves.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



