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“Com a ordenha robotizada a família ganhou vida além do trabalho”, comemora produtor de leite

Durante décadas, famílias inteiras acordavam antes do sol para enfrentar uma lida pesada, exaustiva e quase sempre sem folga. Mas, na Granja Kasper Steffens, na Linha São Jerônimo, interior de Quatro Pontes (PR), a história tomou outro rumo.

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Paulo Steffens, da Granja Kasper Steffens: “A tecnologia entrou na granja não para substituir o produtor, mas para devolver a ele tempo, saúde e poder de escolha” - Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Na rotina da produção leiteira, o relógio nem sempre é um aliado. Durante décadas, famílias inteiras acordavam antes do sol para enfrentar uma lida pesada, exaustiva e quase sempre sem folga. Mas, na Granja Kasper Steffens, na Linha São Jerônimo, interior de Quatro Pontes (PR), a história tomou outro rumo. Com planejamento, coragem e apoio mútuo, a família Steffens decidiu dar um passo ousado ao apostar na ordenha robotizada como caminho para equilibrar produção, rentabilidade e qualidade de vida.

Hoje, Paulo e Denise, casados há 25 anos, ainda têm o costume de acordarem cedo, mas sem o compromisso de ter que tirar o leite. Tomam café em família, conversam com calma e só depois iniciam o dia de trabalho. “Antes, a gente começava a ordenhar às 5 horas da manhã. Todos os dias. Chovendo, em feriado, com ou sem visita. Hoje temos mais autonomia, mais liberdade e principalmente mais bem-estar”, resume Denise, que por muitos anos foi a principal responsável pela ordenha.

Começaram com 15 vacas da raça holandesa e produção média de 350 litros por dia. Aos poucos, com investimentos pontuais e visão estratégica, a produção foi crescendo. Chegaram a 1.200 litros/dia com 45 vacas em lactação. Mas os limites da ordenha mecânica começaram a pesar. “Com 45 vacas em ordenha, demorava 06 horas por dia: três de manhã, três à tarde. Era desgastante, ainda mais para a Denise, que ficava praticamente o dia todo na sala de ordenha”, conta Paulo.

Quando o convencional já não basta

Com o crescimento do rebanho leiteiro, a estrutura de ordenha mecânica começou a se mostrar limitada. A sala equipada com quatro conjuntos de ordenha canalizada já não atendia a demanda crescente, tornando o processo mais lento e desgastante. “A gente percebia que as vacas sofriam, ficavam irritadas pela demora para serem ordenhadas”, relata Eduarda.

A primeira alternativa pensada pela família foi ampliar a estrutura existente, dobrando os equipamentos de ordenha – de quatro para oito conjuntos – e reformando a sala, com a expectativa de elevar também a produção diária de leite para 2.500 litros.

A decisão parecia lógica, mas com a pandemia de Covid-19 em 2020 a tentativa de ampliar a sala de ordenha esbarrou em obstáculos sérios, como a escassez de materiais de construção, especialmente ferro, a falta de mão de obra especializada nas empresas da região e o atraso na entrega da estrutura metálica do barracão planejado. A obra não saiu do papel.

Diante do impasse, a família começou a fazer cálculos mais precisos sobre os custos envolvidos na ampliação da ordenha convencional. A estimativa era de que a reforma e modernização da estrutura exigiriam entre R$ 400 mil e R$ 500 mil. Além disso, seria necessário contratar uma família para ajudar nas atividades da ordenha, o que, ao longo de 10 anos, representaria um custo adicional de aproximadamente R$ 700 mil. Somando os valores, o investimento total ultrapassaria R$ 1,2 milhão.

Nesse momento, surgiu a comparação inevitável com a ordenha robotizada. A família já conhecia a tecnologia desde 2016, quando visitou uma propriedade em Castro (PR) e se encantou com o sistema automatizado. Na época, parecia algo distante da realidade deles, tanto pelo custo quanto pela complexidade da operação. Mas, agora, diante do valor semelhante entre os dois modelos, a família passou a cogitar a hipótese de implementação da tecnologia na propriedade. “Se o investimento seria o mesmo, optar pelo robô representava não apenas modernização, mas também uma solução definitiva para a dependência de mão de obra e os limites físicos da ordenha convencional. Era um investimento alto, mas a longo prazo era mais vantajoso e resolveria de vez os nossos principais gargalos”, relata Paulo, contando a decisão foi tomada em conjunto, com participação ativa dos filhos Eduarda e Giovane.

Adaptação ao novo sistema

Instalado em outubro de 2021, o robô de ordenha está em operação há quase quatro anos. Embora hoje os benefícios sejam claros e incontestáveis, os 30 primeiros dias foram marcados por incertezas, frustrações e muita dedicação da família. “Acostumadas à rotina tradicional, as vacas simplesmente não sabiam que podiam se ordenhar à noite, algo que o sistema automatizado permite, mas que exige um tempo de aprendizagem. Era necessário conduzir as vacas até o robô, em um processo que tomava tempo e exigia dedicação quase integral. Houve noites em que dormimos no estábulo para acompanhar de perto essa adaptação dos animais”, relembra Denise. “Foi muito estressante no começo. Teve um momento em que achamos que tínhamos feito uma besteira enorme”, recorda Paulo.

Hoje, os resultados falam por si. Um dos principais ganhos proporcionados pela ordenha robotizada foi a redução da dependência de mão de obra, o que trouxe liberdade e qualidade de vida para a família. Com o robô operando 24 horas por dia, não é mais necessário seguir os horários fixos da ordenha tradicional, o que permite maior flexibilidade na rotina da propriedade.

Outro benefício expressivo está na eficiência alimentar. No sistema convencional, a ração era distribuída de forma fixa por lote, sem considerar as necessidades individuais de cada vaca, o que frequentemente gerava desperdício e desequilíbrio nutricional. Com o sistema robotizado, a alimentação passou a ser personalizada. Cada animal recebe a quantidade ideal de ração de acordo com seu nível de produção. “Essa individualização promoveu uma economia visível no uso de concentrados, além de otimizar o desempenho produtivo do rebanho. Vacas com menor produção recebem menos ração, evitando o desperdício de insumos e tornando a gestão alimentar mais eficiente e sustentável”, destaca Paulo.

Ganhos de eficiência produtiva

Os ganhos de eficiência produtiva na Granja Kasper Steffens são expressivos e palpáveis. Antes da adoção do sistema robotizado, a média diária de produção por vaca era de 28 litros, com média de 240 quilos de ração. Após a implantação do robô de ordenha, a mesma dieta alimentar passou a render, já nos primeiros meses, uma média de 32 litros por vaca, um salto de quatro litros sem qualquer aumento significativo no volume de concentrado ou dieta complementar. Com o tempo e a adaptação do rebanho ao novo sistema, a produtividade continuou a subir, e hoje gira entre 41 e 43 litros por vaca/dia.

Essa eficiência tem relação direta com a liberdade e o bem-estar das vacas. No novo sistema, elas escolhem quando querem ser ordenhadas, comer ou descansar. A média atual é de 3 a 3,1 ordenhas por dia, mas algumas vacas chegam a se ordenhar espontaneamente até cinco vezes. “É a vaca que decide. E, quando a vaca está bem, ela produz mais”, resume Denise.

Consumo de ração

O aumento na produção de leite não veio acompanhado de um salto no consumo de ração e esse é um dos pontos que mais surpreendem na nova fase da propriedade. Com 60 vacas em lactação, o rebanho consome atualmente cerca de 550 quilos de ração por dia, sendo 310 quilos de concentrado fornecidos no robô e 240 adicionados a dieta total da pista de alimentação. Esse volume aumentou apenas ligeiramente devido a maior produtividade por animal.

No entanto, a produtividade disparou: a média de produção por vaca saltou de 28 para até 43 litros/dia. Isso mostra que, além de conforto e autonomia, o sistema oferece uma gestão alimentar altamente eficiente, em que cada vaca recebe ração conforme sua produção individual, sem excessos nem desperdícios. A conta fecha no balde e no bolso. “Tudo ficou mais lógico e preciso. A tecnologia ajuda até a detectar cio e possíveis doenças com antecedência. Dá mais segurança na reprodução e saúde animal”, explica Eduarda, filha do casal, formada em Gestão do Agronegócio.

Ela é uma das peças-chave no processo de modernização da propriedade. No final de julho embarcou para um intercâmbio de seis meses na Austrália, onde vai viver a rotina de fazendas leiteiras com e sem ordenha robotizada.

Qualidade de vida no centro das decisões

Com a automação, a lida pesada foi substituída por monitoramento inteligente, decisões baseadas em dados, eficiência na produção de leite e flexibilização da carga horária de trabalho. Hoje, cada membro da família tem funções específicas: Eduarda cuida das bezerras e dos indicadores sanitários; Giovane, ainda estudante, atua com as novilhas, o manejo e os equipamentos; Denise administra o robô e os relatórios; Paulo coordena a gestão, compras e maquinário; e Mathias, o colaborador da família, auxilia nas tarefas gerais da granja.

Com a implementação da ordenha robotizada, Paulo ressalta que a família ganhou vida além do trabalho. “A tecnologia entrou na granja não para substituir o produtor, mas para devolver a ele tempo, saúde e poder de escolha. A ordenha deixou de ser uma atribuição desgastante, presa a horários fixos, e passou a ser uma tarefa integrada a uma rotina mais equilibrada, na qual a família voltou a ter espaço para de fato viver, poder aproveitar um tempo de qualidade em volta da mesa do café da manhã, tomar um chimarrão com calma, poder conversar, ler um livro, cuidar da casa e fazer coisas que há muito tempo havíamos deixado de lado”, ressaltou, emendando: “A Denise até está fazendo academia agora”, disse, arrancando boas gargalhadas da família, sabendo da importância que este momento é para a esposa.

Controle de indicadores

Com a adoção da ordenha robotizada, a propriedade não apenas transformou a rotina de trabalho, mas também deu um salto significativo na forma de gerenciar o rebanho. Antes da chegada do robô, o controle da produção era básico: os registros eram mensais e restritos à produção de leite, aos gastos gerais e a anotações esporádicas sobre inseminações. Questões relacionadas à saúde animal eram acompanhadas apenas de forma visual ou quando os sintomas já se manifestavam.

A partir da robotização, a gestão passou a ser orientada por dados em tempo real. O sistema embarcado no robô fornece uma série de informações sobre o desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho, com destaque para os alertas automáticos para o início do cio, o que permite planejar a inseminação artificial com base em critérios técnicos. Paulo enfatiza que esses dados só se traduzem em eficiência quando corretamente interpretados, por isso, a robotização não é apenas uma mudança estrutural, mas uma transformação na postura do produtor. “A tecnologia só vale a pena se o produtor estiver disposto a evoluir junto com ela”, exalta.

O sistema também monitora a ruminação das vacas, sendo capaz de identificar alterações precoces que indicam possíveis problemas digestivos. Outro ponto fundamental é a análise da condutividade do leite, que permite detectar casos de mastite logo no início, antes mesmo de haver sinais clínicos.

Com esse nível de controle, a propriedade alcançou avanços expressivos na eficiência sanitária e reprodutiva do rebanho. A gestão se tornou mais estratégica, permitindo decisões rápidas e fundamentadas, o que impacta diretamente no aumento da produtividade e, consequentemente, da renda da família. A tecnologia, que inicialmente parecia distante, hoje é ferramenta essencial na condução do negócio.

Gestão financeira e operacional do negócio

A profissionalização da atividade leiteira na propriedade se reflete de forma como a família conduz a gestão financeira e operacional do negócio. A cada mês, são realizados registros detalhados de todos os custos, com fechamento anual para avaliação de desempenho. Essa rotina é acompanhada por assistência técnica especializada, que visita a propriedade duas vezes por mês para auxiliar na análise dos indicadores e no planejamento estratégico.

Com esse controle minucioso, a família consegue interpretar com clareza os altos e baixos ao longo do ano. Quando há um mês com resultado financeiro negativo, por exemplo, a explicação geralmente está em investimentos pontuais, como a compra de insumos ou a produção de silagem. Em vez de causar alarme, essas variações são compreendidas dentro de um contexto maior e diluídas ao longo do planejamento anual. O foco é manter um bom fluxo de caixa e preservar uma visão estratégica de longo prazo, que sustente o crescimento da atividade com solidez.

Esse compromisso com a gestão se estende a todos os setores da propriedade, que é administrada como uma verdadeira empresa rural, com “departamentos” bem definidos: produção de alimentos, criação de bezerras, ordenha e gestão geral. Um dos pontos estratégicos dessa engrenagem é a produção de silagem, considerada um pilar da sustentabilidade alimentar do rebanho. Trata-se de um trabalho intenso, que demanda atenção total da família por cerca de um mês, mas garante o fornecimento de alimento por até 15 meses. Um erro nesse processo compromete toda a cadeia produtiva – da alimentação ao desempenho reprodutivo.

Bem-estar animal e produtividade caminham juntos

Além da ordenha automatizada, a propriedade conta com um robô que empurra o alimento para mais perto dos animais, evitando o estresse causado pela dificuldade de acesso à comida. No barracão, uma escova rotativa foi instalada para aumentar a sensação de bem-estar do rebanho. A limpeza constante do ambiente e o conforto térmico proporcionado pelo sistema compost barn também têm impacto direto no desempenho produtivo e na saúde dos animais.

Filhos são motivados a permanecer no campo

Na propriedade, os filhos Eduarda e Giovane estão envolvidos nas atividades desde pequenos. O vínculo com os animais e com a lida no campo foi cultivado com afeto, refletido em gestos como dar nome a cada vaca.

A introdução da tecnologia, além de otimizar a produção, teve como objetivo tornar o trabalho mais leve, prazeroso e viável economicamente, criando um ambiente propício para que a nova geração se sentisse motivada a permanecer na atividade.

Apesar disso, não há imposição: os filhos têm liberdade para seguir outros caminhos, mas a rotina moderna e a gestão compartilhada mantêm o interesse vivo. “Nossos filhos cresceram vendo que é possível trabalhar com leite e ter qualidade de vida. Não tem imposição. Eles ficam porque gostam e porque veem futuro”, evidencia Paulo.

As decisões são tomadas de forma conjunta, em um ambiente de diálogo e troca constante. Eduarda destaca que aprende muito com os pais e sente que sua voz é ouvida, o que a faz enxergar futuro na atividade e no negócio da família. O carinho e o respeito estão presentes na lida diária. As decisões são tomadas em conjunto, com diálogo e espaço para ideias. “Aprendo muito com meus pais. A gente conversa sobre tudo, sobre o que fazer hoje e sobre o que queremos para daqui a cinco anos, por exemplo”, conta Eduarda

Liderança e inspiração

Foto: Shutterstock

A família Steffens foi a primeira da região a instalar o sistema de ordenha robotizada. A decisão exigiu coragem, mas abriu portas para outros produtores. “A gente compartilha a experiência porque sabe que o sistema funciona. A tecnologia, por si só, não é solução mágica, ela exige uma postura ativa, planejamento e comprometimento do produtor. Não adianta ter a máquina só como um equipamento bonito; a gente precisa tirar o máximo do que ela pode oferecer”, salienta Paulo.

Mais do que leite, a Granja Kasper Steffens produz exemplo. Mostra que, sim, é possível aliar produtividade, gestão e qualidade de vida no campo. E que a tecnologia, quando bem aplicada, pode devolver o que mais falta ao produtor rural: tempo para viver.

O acesso à versão digital do Bovinos, Grãos & Máquinas é gratuito. Para ler a versão completa on-line, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos

Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

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Foto: Gisele Rosso

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.

A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).

Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.

Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA

Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.

Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.

Exportação via estabelecimentos com inspeção federal

Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.

A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.

Avanço regulatório

Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.

Fonte: Assessoria FPA
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste

Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

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Encontro realizado na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis, ocorreu de forma híbrida reunindo participantes dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo - Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.

A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago

O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.

Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.

As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.

“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.

Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.

Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.

Encontro produtivo para o futuro do setor

Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.

Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.

O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “

Representação

Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi;  o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep;  o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.

Fonte: Assessoria Sistema Faesc/Senar
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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa

Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima

Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

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Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).

O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.

Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.

Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.

Agrometeorologia e planejamento do produtor

Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.

Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.

Rastreabilidade e sanidade animal

O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.

A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.

Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.

Fonte: O Presente Rural com Seapi
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